Spell The Most escrita por Angel Salvatore


Capítulo 19
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

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“Droga!”, disse Daemen quase rasgando o caderno em dois.

Estávamos todos juntos no refeitório em um dia calmo de domingo. Bem, eu achava que era calmo antes de Daemen se estourar de repente. Todos os olhares foram para ele, mas seu olhar ainda estava em seu caderno e seu lápis seguia furioso escrevendo e apagando as palavras mal entendidas de Daemen.

Antes que qualquer um pudesse dizer ou perguntar o que tinha acontecido, Daemen arrancou a folha de seu caderno com força e a rasgou. Meus olhos se arregalaram. Era óbvio que ele estava fazendo algum dever de casa atrasado, mas, a única coisa que não era óbvia era o motivo dele estar naquele estresse.

“O que houve, Daemen?”, Ryan perguntou tirando as palavras da boca de todos na mesa. Na verdade, acho que mais da metade do refeitório tinha escutado Daemen se exaltar.

“O que houve foi que seu coleguinha de quarto me deixou sozinho fazendo o trabalho da senhorita Hudson. E é para amanhã.”, ele passou a mão pelos cabelos castanhos claros e balançou a cabeça, ainda com raiva. “Eu ainda nem sei sobre o que eu vou falar”

“Por que você não fala sobre a Guerra dos Bruxos Elementares?”, eu perguntei tentando ajudá-lo. “Eu e Suzy fizemos sobre isso, se quiser eu posso te emprestar”, eu propus.

Em falar de Suzy, não a tinha visto desde que tínhamos conversado ontem antes do encontro duplo (o que tinha sido muito engraçado já que Luen sempre previa o que iria acontecer com o mocinho segundos antes de acontecer e levamos inúmeras pipocas na cabeça), ela já estava dormindo, segundo Lien.

“Você me emprestaria?”, Daemen perguntou. Seus olhos verdes brilhavam.

“Claro”, sorri vendo o humor de Daemen voltando. Vi os olhos azuis de Luen brilhando de agradecimento, antes dela estalar um beijo na bochecha dele.

Lien permanecia quieta no seu canto, e, outra coisa que eu tinha percebido antes de me levantar e ir atrás do meu trabalho para emprestar a Daemen tinha sido o sorriso presunçoso no rosto de Ryan. Ele parecia estar viajando em memórias distantes e , nem mesmo o estouro repentino de Daemen, o fiz menos feliz.

Quando cheguei ao quarto fui direto ao meu criado mudo, onde eu lembrava de ter deixado o meu caderno com as anotações necessárias para o trabalho da senhora Hudson. Já estava indo embora, quando algo em minha cama me fez retroceder e prestar mais atenção.

Uma rosa vermelha.

A quanto tempo eu não recebia uma rosa vermelha. Congelei por um momento apenas a observando, até que respirei fundo e a peguei. O mesmo rastro de magia da terra formigou em meus dedos, mas era uma magia boa. Tão boa que antes que eu percebesse já a estava cheirando.

E era um cheiro tão bom. Intoxicante. Marcante.

Naquele momento, minhas suspeitas sobre as rosas marcarem as pessoas que morreram estava se tornando cada vez mais absurda. Somente Mia tinha sido morta. Poderia ter sido um acidente com algum tipo de animal. Ela nunca tinha sido muito coerente. E ela não tinha recebido nenhuma rosa mágica segundo Lien.

Talvez eu tivesse um admirador secreto que tivesse contato com algum Bruxo Elementar da Terra. Pena que essa teoria também não entrava em minha cabeça dura. Eu meio que tinha sorte por Nick não insistido em subir comigo. Com certeza ele iria pirar se visse essa rosa e começaria a me acusar de estar de caso com alguém, mesmo que a ideia, naquele momento fosse impossível.

Como se eu fosse um imã, a porta se abriu atrás de mim. Ainda bem que eu ainda tinha um pouco de sorte e a pessoa quem atravessou aquela porta não tinha sido Nick, mas sim, Suzy.

Com uma velocidade que nem eu mesma sabia que possuía, coloquei a rosa dentro da gaveta do meu criado mudo. A primeira coisa que eu vi quando Suzy entrou em meu quarto, foi o brilho de seus olhos. Depois o sorriso contagiante.

“Posso entrar?”, ela perguntou quando colocou a cabeça loira para dentro do meu quarto.

“Claro”, eu respondi me sentando em minha cama e tentando acalmar as batidas apressadas do meu coração. Não gostava de esconder aquilo de ninguém, principalmente de Suzy, mas aquilo me parecia tão pessoal...

Suzy, literalmente, entrou dançando no meu quarto e se sentou na cama de Luen suspirando. O que tivesse, foi ótimo. Fazia tempo que Suzy não soltava um suspiro de alegria.

“Então, pequena tempestade, por que está tão sorridente?”, eu perguntei e antes que ela respondesse eu acrescentei: “E por que eu acho que isso tem alguma coisa a ver com Ryan?”

O sorriso alegre se transformou em um sorriso de vergonha e ela se remexeu um pouco incomodada na cama, enquanto seu rosto corava.

“Engraçado você tocar nesse nome”, ela disse, mas seus olhos estava em suas mãos. Então, de súbito, ela levantou os olhos e me encarou de um jeito que nunca tinha me encarado antes. Com garra. “Olha, eu vou ser direta, porque se eu ficar enrolando não irei conseguir falar”

“Tudo bem”, eu disse e assenti. Mais para mim mesma do que para Suzy.

Ela parecia diferente, mais alegre, com certeza, mas havia um fogo dentro dos olhos cinzentos dela que eu nunca tinha visto antes em todo o tempo que nos conhecíamos. E eu tinha gostado desse lado desconhecido dela.

Suzy meio que se acanhou. Acho que ela esperava que eu dissesse qualquer outra coisa, menos Tudo Bem. Bem, o que eu poderia fazer. Eu sou uma bruxa.

“Pode falar, Suzy”, eu a encorajei. Suzy respirou fundo.

“Eu segui seu conselho e saí com Ryan. Meu Deus, ele é um fofo. Todo carinhoso e tal. Nunca me deixou sem graça e sempre tinha um sorriso no rosto. A gente foi ver o jogo, claro que Lien não gostou de ser colocada de lado, mas entendeu. Outro que não gostou foi Jason. Mas, incrível que pareça, eu não me importei com nenhum deles. Aquela noite foi única e inesquecível. Ele disse como me achava bonita e coisa e tal. Me levou para o jardim que tem no fundo da Spell the Most e me beijou. E eu deixei. Foi mágico.”, ela parou um momento para tomar fôlego. Seu rosto estava em brasas e seus olhos ainda possuíam aquela luz quase mágica.

E eu? Bem, minha boca estava tão escancarada que qualquer mosquito poderia entrar ali na boa. Tudo que se passava em minha mente era: Cara, eu acertei! Uma vez em minha vida, eu acertei! Eu sou foda! Mas o que eu falei foi:

“Nossa!”

“É, eu sei”, Suzy respondeu e antes que a gente percebesse, estávamos pulando no quarto igual a duas crianças que acabaram de receber presentes. Também gritávamos igual a uma.

Quando paramos e voltamos a nos sentar, eu realmente parei para pensar sobre Ryan. O olhar distante dele hoje, o sorriso diferente. Ele estava lembrando da noite de ontem. Esse cara era dos bons. Nem na época de Matt, eu tinha visto Suzy tão animada quanto agora.

Será que agora Nick poderia enfiar naquela cabeça dura dele que eu não tinha nenhuma intensão de ficar com Ryan? Provavelmente, não. Ou talvez, sim. Ninguém sabe. Ou talvez Luen saiba. Mas eu não iria perguntar.

“Estava atrapalhando alguma coisa?”, Suzy perguntou me tirando dos pensamentos. Por um momento pensei que ela estava falando sobre eu andar no mundo da lua, mas depois raciocinei que ela estava falando sobre eu estar no quarto e não lá fora com o restante do pessoal.

“Não, não.”, eu balancei a cabeça e peguei meu caderno. “Só vim aqui em cima para pegar o caderno e emprestar a Daemen”

“Para Daemen?”, ela perguntou e levantou uma sobrancelha loira e perfeita.

“É, eu sei. Um choque.”, eu ri. “Mas, Jack deixou ele na mão e ele ainda não fez o trabalho da Sra. Hudson.”

Mais confusão em seu lindo rosto.

“Jack? Deixar alguém na mão? Isso é quase impossível.”, ela disse.

“Eu sei, mas quase não quer dizer que seja realmente impossível”

“Eu o vi ontem, no jogo”, ela parecia meio em dúvida com aquela afirmação. Eu não a culpava, a atenção dela, provavelmente era apenas para uma pessoa. Ryan. “Ele parecia meio esquisito, mas estava lá. Quando eu saí, ele ainda estava na quadra, acho que esperando Dylan.”

“Dylan é um idiota”, eu disse.

“É, eu sei”, ela sorriu.

“Como Mia pôde ter namorado com ele?”, eu perguntei, mais a mim mesma do que para Suzy. “Muita coragem.”

“É, e parece que uma das amiguinhas de Lana quer tomar o lugar de Mia, nesse posto”

“Sério?”, eu me inclinei um pouco para frente, como se ela fosse me contar o segredo da vida. Mas, mesmo aquilo não sendo uma escola normal, ainda fazíamos coisas de gente normal, como fofoca, por exemplo.

Suzy também se inclinou e, parecendo lembrar no quarto de quem estava, abaixou a voz.

“Aquela menina, do segundo ano que anda com Lana. Acho que o nome dela é Jennifer”, ela tentou forçar minha memória e como viu que não estava funcionando, pegou na minha mão e mandou a imagem.

Jennifer, parecia ser legal. Tinha o cabelo ruivo alaranjado e era cacheado e rebelde. Sardas pelo rosto inteiro. Era difícil acreditar que ela andava com Lana. Melhor, era difícil acreditar que Lana andava com ela.

“Ela é uma sereia”, Suzy disse quando eu me soltei de seu toque.

“Interessante”, eu coloquei um dedo em meu queixo, então olhei para o relógio em meu criado mudo e quase pirei. Já fazia quase meia hora que eu estava ali jogando conversa fora com Suzy. Levantei e me virei para pegar o caderno. “Vou descer. Daemen está esperando.”, voltei a encará-la. “Quer vir?”

“Não sei”, ela parecia mesmo em dúvida, então seus olhos se iluminaram. “Ryan está lá?”

“Mais sonhador que nunca”, eu tentei imitar a sua expressão de paisagem e Suzy me bateu. “O que foi? Estou apenas mostrando a verdade.”

“Vamos logo”, ela já estava na porta. “Antes que eu te bata”

Eu ri. Mas meu sorriso morreu quando eu parei na porta e olhei para trás. Para o criado mudo. Para a tal rosa guardada e me perguntei. Como uma rosa poderia ser tão misteriosa?


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Notas finais do capítulo

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