Shadow Touch escrita por Lady TMS


Capítulo 14
A meia confrontação




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Ele respirou fundo. E ela viu suas esperanças desvanecerem. Acabou. É isso. Eu tentei. -Não o suficiente! Sibilou outra das vozinhas que brigavam em sua cabeça.

Ela aguardou então. E ele começou:

– Eu não lembro muito daquela noite. Eu lembro de entrar nos limites das floresta – Jonh a olhou sem saber se ela contou exatamente tudo que havia acontecido- eu e meus homens estávamos correndo e alguns ficaram para trás falando em maldições e outras coisas. – ele suspirou como se carregasse o peso do mundo. E talvez carregasse. Parte da culpa de tudo isso tinha sido dele. – Enquanto corria eu senti um choque e um peso nos ombros e quanto mais corria mais fraco eu ficava. Era um formigamento que ficava como seus braços estivessem dormentes e minha energia estivesse se esvaindo. Eu não sei o que eu aconteceu. Eu parei de correr e fui ficando ofegante. Então desmaiei. Lembro-me de ouvir gritos dos meus homens. E depois nada...

Um silêncio prevaleceu quebrado pela indignação de Johana.

– Mas isso... Isso é frustrante. – passou a mão pelo cabelo jogando uma mecha que tinha se soltado do precário rabo de cavalo – ela ficou rígida na cadeira encarando Morgan. – E agora?

– Não podemos mantê-la aqui- Johaan sentiu uma bola se formar em sua garganta tornando difícil falar.

–Vocês vão me jogar lá embaixo com aquelas coisas tentando me pegar? – sentia a voz trêmula. Sobretudo pela injustiça da situação. Ela não tinha feito nada para merecer isso.

–Eu sinto muito. Mas é perigoso para nós. Não sabemos nada sobre elas. Elas podem vir atrás de você e arriscar toda a segurança da cidade. Você, pode se tornar um risco para a cidade.

Ela se levantou com raiva da mesa. A cadeira caiu no chão tornando tudo muito dramático. Os guardas se mantiveram em posição com lâminas brilhantes em sua mão com formas escritas nelas. Um se aproximou e ficou ao lado de Morgan. Todos com o mesmo rosto inexpressivo.

Johana se abaixou e pegou a cadeira do chão na esperança de que não vissem seu rosto e sentissem pena. Ela queria algo totalmente ao contrário. Ela queria ajuda.

– Acho melhor eu dormir e ir embora de manhã então. – ela engoliu o nó. Tentando ir de uma forma digna.

–Sim. É o melhor. – Morgan afirmou. Sabendo que ela não poderia lutar contra. Droga! Ela sabia melhor que todos que não poderia!

– Se você pudesse ao menos me informar onde me acharam... – ela não conseguiu terminar. Engoliu esperando...

– Podemos te deixar lá. Quando amanhecer. Com suprimentos e uma arma.

Ela se viu acenando. Não tinha entrado tanto em Ebon aponto de não conseguir voltar quando viesse à noite. E se ocorresse de se perder talvez tivesse uma chance dormindo longe dos solos. Em alguma árvore. No fundo sabia que não sobreviveria. Que iria morrer da pior forma possível. Mas se manteve respirando e saiu da casa.

Um dos guardas de fora a acompanhou de volta ao dormitório. Tentou não olhar para a escuridão abaixo e tudo o que isso significava enquanto passava pela ponte. Só a arma do homem a sua frente brilhava mostrando o caminho. Fixou-se nela. Milhões de ideias passando em sua mente e nenhum levado a cabo no final.

Entrou e fechou a porta. Toda vez que abria os olhos era para alguma realidade pior. A salvaram só para a deixarem ser morta outra vez. Como ela era descartada fácil. Sempre tinha sido assim. Mas nunca tinha sido se acostumado. Johana se sentou na cama enterrada debaixo dos lençóis encarando a porta. Perguntou-se se havia algo nela que fazia com que as pessoas agissem assim. Se elas nunca pensavam que ela podia ter sentimentos ou que era tão humana quanto eles. Incapaz de chorar novamente ou dormir ela só ficou ali. Parada. Esperando o dia amanhecer.

Ela viu a porta se abrindo sem ver realmente. Jonh entrou no quarto fracamente iluminado com as chamas quase se extinguindo. Colocou algumas toras de madeira na tentativa de manter o lugar mais quente. Johana não poderia se importar menos.

Ele se sentou na cama ao lado. Ela não parecia tão perigosa agora. Parecia que toda a vida tinha se esvaído dela.

–Qual seu nome verdadeiro?

Johana ignorou na possibilidade que ele desistisse dela. Lógico que ele iria descobrir a verdade. Só ficou pensando se ele contou a Morgan que ela tinha mentido.

– Você está tornando tudo difícil...

Ela estava indignada. Depois de tudo o que tinha acontecido... Não se virou para olha-lo.

– É, porque ter que puxar uma mulher pelos cabelos significa que ela realmente quer sexo. Seu ser ignorante. Quando você ia perceber? Quando me visse chorando? Ou talvez quando entrasse nessa cabeça de merda que um beco talvez não fosse o lugar romântico para qual qualquer mulher quisesse ser levada?

Arfou. Não ia chorar. Não ia chorar. Ficou respirando forçado até que viu ele se aproximar. Fechou os olhos mantendo-se quieta. Enquanto ela não se quebrasse por dentro ainda seria forte por fora.

Ele puxou o pulso dela obrigando-a a olhar em seus olhos.

–Não fale assim novamente comigo-sibilou.

–Ou o que? Vai me bater novamente? Talvez eu devesse sair por ai procurando um beco na qual você possa me arrastar.

Ele ficou rígido procurando controlar a ira. Ela viu isso pela sua postura enquanto se afastava dela caminhando pelo quarto.

–Você é tão irritante. Quando eu achei que você ia se quebrar e chorar você tenta discutir comigo e me desafiar.

–Não pense nem por um minuto que você não é pior.

– Eu não esqueci que você bateu em mim enquanto eu estava acordando. Sem motivo.

– Tudo isso é culpa sua – ela se levantou da cama ganhando vida novamente. Queria xinga-lo de todos os nomes possíveis conhecidos, mas havia algo nele. Algo parecido a uma força que a impedia.

– E como isso é culpa minha? Você que veio correndo para essa droga de lugar!

– Só porque você estava me perseguindo.

As vozes alteradas e gritos ecoavam pelo quarto. Ambos ficaram em silêncio se encarando. Como gato e rato. As batidas do coração de acalmando.

–Ouça – seus sentimentos guardados dentro dele novamente, seu rosto uma mascaram sem expressão. Ele chegou mais perto. – Eu não confio em Morgan. Ele parece não querer me deixar ir e vai mata-la a qualquer momento. – ela estava pronta a exclamar quando ele continuou – Você acha mesmo que ele iria deixar você ir assim. Te dando até provisões. Se arriscando a achar o caminho de volta e você podendo contar para todo mundo o que aconteceu?

– Ele disse que é impossível voltar – sua cabeça girando com novas possibilidades- Eu, na verdade, só estava esperando morrer de barriga cheia pelo menos e com uma arma na mão.

–Então é assim? Você já tinha desistido?

–Não ouse me julgar- ela aumentou a voz.

Ele continuava impassível a olhando.

– Eu vou sair daqui. Se você quiser vir. Antes do amanhecer. O que nos dá umas quatro horas.

– Mas você nem conhece o lugar. Aqui é um labirinto. E há guardas na porta.

–Não vou ficar aqui. – seu rosto mostrando a mesma inflexão de sua voz.

Caminhou de volta a lareira certificando-se que ela duraria mais algumas horas. Depois foi pra cama. Tirou a blusa que pinicava e dobrou ao lado da cama. Johana não pode deixar de notar suas costas. Finas cicatrizes brancas. Quase não perceptíveis contra o branco de seu corpo. Seus músculos se mexiam enquanto ele tirava o cobertor da cama. Ele era magro e alto. Mas ainda forte.

Desviou o rosto antes que ele percebesse. O que estou fazendo? Percebeu horrorizada. Já tinha esquecido tudo o que tinha acontecido?

Virou-se e soltou o rabo de cavalo se preparando também para dormir. Entrou debaixo das cobertas. Queria poder tirar a blusa, mas não confiava nele. Já era difícil o suficiente baixar a guarda e dormir no mesmo quarto.

Levantou a manga da blusa na esperança que tivesse sumido as marcas em seu braço. A fina linha azul ramificada ainda continuava lá, confundindo-se com as veias claras fáceis de ser vista em sua pálida pele. Passou o dedo sobre elas. Não sentiu nada. Suspirou. Estava tudo marcado em seu corpo, e mesmo que dormisse seus pesadelos ainda estariam lá.

Se virou encontrando os olhos azuis de Jonh a observando com um misto de curiosidade. Ignorou. E deu as costas.

Foi difícil adormecer. A sensação de ser atacada a qualquer hora.

Por fim sentiu o cansaço do dia a deixar letárgica e fechou os olhos.


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