Burning Up a Sun Just to Say Goodbye escrita por Bad Wolf


Capítulo 9
Recepção




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Depois que a multidão acenou e Donna e Shaun saíram para sua lua de mel, Wilfred Mott permaneceu do lado de fora por alguns momentos. Assistindo o canto de sua neta desaparecer ao seu redor.

Ele suspirou e fez o seu caminho de volta para dentro, mas ao invés de retomar seu assento e assistir a festa, ele passou pela recepção e foi para o jardim além dela, tomando lugar em um dos bancos.

Sua filha colocou a cabeça para fora da porta, "Papai? Você está bem?"

Ele acenou com a cabeça. "Só preciso de um momento. Eu vou entrar daqui a pouco, querida."

Por um momento, ela olhou pra ele como se fosse fazer alguma objeção, mas aparentemente decidiu que seria melhor não e se dirigiu para dentro, onde a recepção ainda estava em pleno andamento. Wilf relaxou no banco, suspirando. Que dia. Donna casada e fora para sua lua de mel em um feriado, o bilhete de loteria ainda sem conferir, que ela provavelmente colocou em seu vestido. E o Doutor – morto por causa dele. Porque ele teve que entrar na cabine para salvar aquele jovem homem.

O Doutor tinha... O Doutor tinha que... incapaz de completar o próprio pensamento, Wilf olhou ao redor, ouvindo um som familiar.

Atrás dele, quase oculta por um grande arbusto: alta, azul e impossível, apareceu a nave do Doutor. A porta se abriu, e uma perna vestida de marrom surgiu, seguida pelo seu proprietário. Wilf soltou um suspiro trêmulo, que ele não percebeu que estava segurando. "Doutor", ele disse, mais como um sussurro do que uma palavra.

O Doutor sorriu brilhantemente. "Wilfred Mott."

"Mas você... você... quero dizer... olhe pra você!"

O Doutor riu, assustando Wilf, que já estava com lágrimas nos olhos. O velho piscou, e sorriu para o amigo, que estava escolhendo o seu caminho através do jardim até ele. "Você está realmente aqui?"

"Eu estou realmente aqui", o Doutor confirmou.

"Como...?"

O Doutor ficou sério, decidindo que Wilf merecia a explicação tanto quanto – se não mais – do que os outros. "Rose", ele disse suavamente.

"A garota da outra dimensão?"

"Sim", o Doutor disse. Então completou, "Bem... não realmente. Ela é parte desta dimensão, mas estava... perdida."

"Ela o salvou?"

"Ah, sim", o Doutor disse.

"Ela está bem?" Wilf perguntou.

O Doutor olhou intrigado com a pergunta por um momento, antes de perceber que deveria parecer estranho ele estar ali sozinho, se Rose o havia salvado. "Rose!", ele chamou por cima do ombro.

Wilf observou quando a jovem que conheceu quando os Daleks atacaram o planeta saiu da nave do Doutor, seguida de perto por um belo rapaz. Ela caminhou pelo jardim, até estar ao lado do Doutor.

"Olá de novo", ela disse, sorrindo e dando um pequeno comprimento.

Wilf pisou para frente, lágrimas brilhando em seus olhos, e puxou a menina para um abraço, piscando contra as lágrimas. Quando ele olhou para o Doutor sobre o ombro de Rose, ele viu seu amigo olhando para a parte de trás da cabeça da menina, uma expressão de tanta ternura em seus olhos que Wilf sentiu que deveria desviar o olhar.

Quando Rose se afastou e voltou para o lado do Doutor, Wilf olhou para ele. "O que você fez-"

"Foi uma honra", o Doutor repetiu, com uma expressão séria.

Eles se olharam gravemente por um momento, então Wilf disse: "Por que vocês não entram um pouco?"

"Não podemos", o Doutor disse, "Donna-"

"Donna já saiu para sua lua de mel... é só uma festa agora. Olhe vocês três, poderiam descansar um pouco."

Quando o Doutor não disse nada, o belo rapaz foi para frente, oferecendo a mão para Wilf. "Capitão Jack Harkness", ele disse, apertando a mão de Wilf. "Nós ficaríamos feliz em entrar um pouco". Ele colocou a mão nas costas de Rose e a levou para as portas.

"Desculpe sobre ele", o Doutor disse, oferecendo a Wilf um meio sorriso.

"Ele está bem", Wilf disse com desdém. "Você vem?"

Os olhos do Doutor estavam na porta em que Rose e Jack tinham acabado de passar. Ele respirou fundo e olhou para Wilf. "Sim", o Doutor disse, "Manter os dois fora de problemas."

"E você está realmente bem?"

O Doutor sorriu, "Eu estou sempre bem."

***

Uma hora mais tarde, Jack encontrou o Doutor sentado em uma mesa empilhada com placas abandonadas e óculos, olhando com olhos cegos para os dançarinos na frente dele.

Wilf estava sentado no lado oposto da mesa, conversando com uma senhora de idade, aparentemente respeitosa do desejo do Doutor em permanecer silencioso.

`O inferno com isso´, Jack pensou, sentando-se pesadamente ao lado do Doutor pegando um copo meio cheio da mesa. "Sem ofensa", ele disse em tom de conversa, "mas você parece estar no inferno". Ele considerou o perfil do amigo. "Ou em algum lugar bem perto dele."

"Onde está Rose?"

"Por aí... lá", Jack disse, acenando com a mão para onde Rose estava dançando com um dos amigos do noivo.

O Doutor olhou por um momento, então suspirou. "Estou totalmente condenado, Jack."

"Você tem bebido?"

O Doutor abriu a boca pra falar, então pulou, agarrando o pulso de Jack e indo para o fundo da sala, puxando-o em uma esquina e quase batendo em uma mesa coberta de algum tipo de bebida, xaroposa e pegajosa.

"Hey!" Jack exclamou, "Eu deixei a minha bebida!"

"Shh!" o Doutor disse, pegando a bebida de uma bandeja, drenando o conteúdo e depositando de volta o copo vazio.

"Você nunca vai adivinhar o que aconteceu!" a voz de Donna foi facilmente transportada para o fundo as sala, quando ele andou a passos largos em direção a sua mãe. Os convidados continuaram a dançar, como se o reaparecimento da noiva não fosse totalmente inesperado.  "Isto é apenas um bilhete vencedor! Nós estávamos em nosso caminho para o hotel e eu pensei em verificar os números, só por uma risada e eu estou rica! Eu estou indo em uma lua de mel de verdade! A lua de mel adequada para-" ela interrompeu, olhando por sobre o ombro de sua mãe.

Então ela empurrou sua mãe, ignorando o que Sylvia estava lhe dizendo. Jack e o Doutor seguiram sua linha de visão.

"Oh," disse o Doutor. "Sim. Aí-"

"Ruim?" Jack disse quando Donna chegou a Rose, a apenas alguns metros de seu esconderijo.

"Muito ruim."

Donna estava olhando para Rose, que estava com os olhos luminosos como um farol, o que em outras circunstâncias poderia ter sido muito agradável.

"Lobo Mau", Donna disse, sua voz um sussurro rouco. Em seguida, ela pareceu pular fora de seu transe e avançou, abraçando Rose firmemente. Ela se afastou um pouco, com as mãos sobre os ombros da mulher mais jovem. "Eu sei que não vai se lembrar disso, mas quero lhe dizer: obrigada”, ela sorriu. "Estou tão feliz por você estar aqui. Mantenha-o seguro. Certifique-se de que ele saiba quando parar."

Rose assentiu, sufocada com lágrimas. Então Donna recuou ligeiramente, piscou, e de repente deixou de ver Rose. Ela virou-se e correu de volta para sua mãe, rindo animadamente sobre o bilhete.

"Totalmente, absolutamente, irremediavelmente condenado", o Doutor murmurou enquanto Rose sacudiu-se e olhou em torno do salão.

"Você está bebendo-", Jack começou.

"Não estou bêbado. Rose não deveria ser capaz de fazer isso – fazer Donna esquecer que ela estava lá. Ela não deveria ser capaz de entrar em minha cabeça também. Ela viu tudo, Jack. Está tudo lá, em sua cabeça. Um dia, em breve, ela irá olhar pra mim, ver tudo isso e então ela vai embora."

"Você acha que iria fazer isso? Que ele iria deixar-"

"A pior parte é eu não sei se valeu a pena o custo. De nada disso."

Jack olhou para o amigo com firmeza. "Você não terá de volta uma única coisa que você fez. Nenhuma coisa. Tudo o que você fez, você fez por uma razão."

"Isso é apenas o que você diz a si mesmo para explicar as coisas que eu fiz."

"Sério", Jack disse secamente, "largue a bebida."

O Doutor pareceu finalmente entender o que ele estava dizendo e deu-lhe um olhar sarcástico. "Eu não fico bêbado a menos que eu queira ficar. Posso beber o quanto eu quiser, sem que a bebida tenha qualquer efeito sobre mim."

Jack levantou uma sobrancelha, "Seu ponto?"

O Doutor olhou para a mesa ao lado deles, aonde Jack tinha distraidamente traçado um padrão na bebida derramada. Ele congelou. "Por que você fez isso?"

Jack olhou para baixo, aparentemente apenas observando o que ele tinha desenhado. "Isso? É apenas um desenho que eu vi."

O Doutor se virou para ele, seu olhar intensamente escurecido, quase em pânico. "Onde? Jack, onde você viu isso?"

"Qual é o problema? É uma tatuagem na parte de trás do pescoço de Rose. Bem aqui", ele disse, correndo um dedo através da base de seu couro cabeludo.

"O grande problema, Capitão, é... O que você estava fazendo olhando para a parte de trás do pescoço de Rose?" o Doutor perguntou, estreitando os olhos.

Jack teria rido se o Doutor não parecesse tão preocupado. "Ela amarrou seu cabelo para cima."

Havia a impressão de penas eriçadas sendo suavizada. Apenas ligeiramente. "Sim, bem... não faça isso."

"Sério. O que significa isso?"

O Doutor subitamente evitou seu olhar, olhando para o símbolo. "É... bem. Dependendo de como você olha para ele,  significa Lobo Mau ou," ele girou a bandeja, enviando líquido para fora das bordas e espirrando em Jack. " É meu nome. Isso. Bem ali. Meu nome." Ele sorriu, como se tivesse prazer em vê-lo.

"O que, como: Doutor?"

Ele balançou a cabeça, colocando as mãos nos bolsos do casado. "Não. Meu nome, Jack."

Jack ficou momentaneamente embaraçado. "Oh."

"Oh, de fato."

"Sem chance de ela ter visto isso na parede do local em que fez a tatuagem então?"

O Doutor bufou de diversão para isso. "Duvidoso."

Depois de um momento em que os dois olharam para o símbolo em silêncio, Jack disse, "Lobo Mau, hein? Você acha que não teria notado isso antes?"

"Eu estive ocupado! E não é como se eu visse isso escrito muitas vezes. Em tudo. Sempre. Não por... mais tempo do que eu gostaria de lembrar."

Jack levantou uma sobrancelha, olhando para o rosto do Doutor. "Então, o que exatamente é?"

"Sem chance", retrucou o Doutor, olhando por cima do ombro enquanto Rose passava.

Jack sorriu. "Ela está olhando para você. Vá falar com ela."

"É a decisão errada. Ela é humana. Principalmente humana. Muito humana."

"E...?"

"E eu não sou. Eu sou um Senhor do Tempo de 900 anos de idade." O Doutor disse como se isso fosse óbvio.

"Você já percebeu que você parece mais jovem cada vez que diz a sua idade?" Jack sorriu para o olhar que seu amigo lhe deu. "O quê? Você acha que tem conquistado o mercado em termos de milhagem, sério, mas você ainda parece insanamente jovem e bonito." O Doutor revirou os olhos. "Quantos anos você acha que eu tenho?", Jack perguntou.

O Doutor olhou, estudando Jack por um momento. "Eu não sei... trezentos, quatrocentos?"

"Eu sou mais velho que você."

"Oh."

"Yeah, oh."

"Eu-"

"Não se atreva a pedir desculpas", Jack retrucou. "A maior parte tem sido ótima. E eu ainda te amo tanto. Mas eu não vou vê-la partir porque você está muito preso a si mesmo para fazer o que o resto do universo faz todo maldito dia."

"E quando ela morrer?" O Doutor perguntou, sua voz um sussurro.

"Todo maldito dia, Doutor." Jack disse num tom mais suave. Ambos observaram quando uma irritada Rose sentou numa cadeira e olhou para ele por entre os convidados. "Eu acho que", Jack disse, observando o Doutor de perto. "há maneiras piores de ser condenado. Eu vou me misturar. Até mais."

O Doutor o observou partir, e depois virou para ver que Rose ainda estava olhando para ele, escondida nas sombras.

"Ele está certo, você sabe", Wilf disse, atrás dele

O Doutor não se virou, manteve os olhos em Rose.

"Minha esposa morreu. Anos atrás. Não importa há quanto tempo. Um dia ou mil anos. Isso sempre vai doer da mesma forma e sempre vai ter valido a pena." O Doutor se virou para olhá-lo, surpreso. "Essa menina", Wilf disse, acenando com a cabeça na direção da pista de dança. "Essa menina te ama, Doutor. Tanto quanto você merece. E mais do que você demonstra que a ama. Você nunca pareceu um covarde. Mesmo quando você está com medo de fazer a coisa certa. Você me salvou, salvou Donna... e até tentou salvar o Mestre, não foi?"

O Doutor abriu a boca para falar, mas foi cortado.

"E então este é o lugar onde você está se escondendo a noite toda. Você pode sair agora, sabe, Donna já se foi."

Ele se virou. Rose estava ali, com as mãos nos quadris e uma expressão irritada no rosto.

"Eu estava apenas-"

"Você viu Jack?", ela interrompeu. "Ele prometeu que iria dançar comigo."

O Doutor podia sentir os olhos entediados de Wilfred Mott na parte de trás de sua cabeça. "Não", ele disse.

Ela olhou para ele, estreitando os olhos desconfiadamente e então disse, "Bem, se você o vir, diga-lhe que estou procurando por ele." Ela se virou para ir embora, e o Doutor a chamou.

"Rose Tyler!"

Ela parou e se virou para olhá-lo, sua expressão mais suave. "Sim, Doutor?"

Em dois passos largos ele já estava ao seu lado, pegando sua mão. "Corra!"



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