- EU VOU AONDE? - exclamei quase pulando da cama.

Naquele momento eu estava toda feliz, vendo cada roupa mais bonita do que a outra, e já tinha separado duas, já que não era muito levando em conta que havia mais de 30 peças emboladas naquela mala. Como a Katniss conseguiu colocar tuda ali?

- Não é minha ideia. O maluco do Marvel disse que devíamos ir no Panem, e todo mundo concordou até a coisa da Cashemere. - Panem era uma casa moderna que abriram à pouco tempo, e rolava várias baladas lá. Provavelmente a metade das garotas tinham um bebê nove meses depois, porque como eu ouvi falar, tinha vários cantinhos escuros. - Cashmere ir sem suas amiguinhas com a gente... aí tem coisa.

- O fato não é esse, Katniss. Eu vou na balada para fazer o que? Ver o Cato e a vadia se agarrando e originando um bebê?

- Não, ele que vai ver você se agarrando com alguém. Clove, você pode muito bem arrajar um garoto de bom porte naquele lugar. 

- O que deu em você? Cadê aquela garota romântica que tinha medo de se relacionar com as pessoas? - perguntei meio abismada, já que eu não conhecia esse lado dela.

- Ela começou a namorar e a seguir suas dicas "amorosas". - ela riu e eu a acompanhei. - Por que você não segue suas próprias dicas?

Era verdade, mas nessa época (perceba como eu estou exagerando com o tempo) eu não era apaixonada por um idiota, na verdade eu era, mas não admitia.

- Ok, vou escolher a roupa. - murmurei e fui para o banheiro com algumas peças na mão.

Depois de muitas trocas, escolhi um vestido azul simples, fiz uma maquiagem não muito chamativa e fiz alguns cachos na ponta do meu cabelo. Não ficou lá essas coisas, mas eu gostei. Cheguei no quarto e Katniss não estava mais lá, e por sinal Gale já tinha ido embora. Ou será que eles estão brincando de pique esconde? Ah, foda-se. Peguei um calçado que combinava com as jóias e a roupa e sentei na cama esperando o sinal de alguma pessoa viva que abitava minha casa.

Alguns minutos depois, Katniss aparece toda linda e esbelta em uma das roupas que trouxe.

- Estou parecendo uma palhaça, mas é tudo por você. - bufou.

- Que nada, você está linda.

Ela me puxou e vímos Gale já no carro. Ele parecia nervoso.

- Estão lindas, mas agora entrem no carro, já passou da hora. 

Nós tratamos de entrar, porque quando o moreno está nervoso é melhor fazer o que ele manda. Sentamos no banco detrás para ficar longe de seus ataques. No caminho ouvímos um sussurros dele como: "Será que a Madge já está lá?" ou "Sem roupas indecentes, por favor. Que ela me aparece sem roupas curtas", o que fazia eu e Katniss darmos pequenas risadinhas levando olhares de censura em troca. Parecíamos duas criançinhas.

Chegamos no local, onde já se ouvia "Blow Me (One Last Kiss)" da P!nk. Era uma casa de três andares praticamente de um vidro escuro que não dava para ver nada de fora, mas provavelmente todos que estavam dentro viam nós. Fomos até o segurança, enquanto víamos a fila enorme nos olharem com raiva.

- Estamos com o Marvel Quaid. - falou Gale para o negão de preto na porta da casa. 

O cara tirou a prancheta de algum lugar e foi passando os dedos nos nomes, até chegar no do Marvel. O homem mostrou um sorriso "Colgate" e falou:

- O sr. Quaid já está lá dentro, aproveitem o que nós oferecemos.

Adentramos no local e perguntei (lutando contra o volume da música) para Katniss:

- Por que furamos a fila?

- Marvel é amigo do filho do dono dessa bagaça, ou coisa do tipo. - respondeu fazendo alguns movimentos com a mão para me ajudar a compreender já que o meu ouvido só conseguia capturar o som da música.

"Just when it can't get worse, I've had a shit day
Have you had a shit day?, we've had a shit day
I think that life's too short for this, I want back my ignorance and bliss
I think I've had enough of this, blow me one last kiss."

- Ah. 

O meu corpo já queria balançar no ritmo da música antes da hora, o que fazia parecer que eu estava tendo uma convulsão. Chegamos na mesa e vímos Twill sentado no colo de Marvel, Annie e Finnick se beijando lentamente (o que não fazia muito sentido, por causa da música), que lindo é o amor. Peeta se animou todinho quando viu nós, - obviamente não por mim ou pelo Gale - e foi na direção de Katniss e lhe arrancou um beijo. Madge, que para a alegria de Gale não estava com uma roupa curta e sim um blusa com uma estampa chamativa tomara que caia com uma jaqueta de couro e uma calça jeans preta,  foi até o namorado e deu um selinho. E eu? Aé, eu não tenho ninguém para me receber.

Sentei na minha cadeira ao lado de Twill e Marvel, e soltei sem perceber:

- Cadê o Cato?

- Saíram à uns minutos, depois de alguma briga. A coisa foi feia. - respondeu Annie se separando de Finnick por um minuto e voltando a melação. 

Minutos depois ainda vendo os casais se engolindo ali, Cato aparece sozinho arrancando-me um sorriso maliscioso.

- Onde está a vadia? OOPS, desculpe eu não quis xingar as vadias. - falei alto o suficiente para todos da mesa ouvirem e parando de se engolir. Cato apenas se sentou no meu lado e falou:

- Foi embora. Terminou comigo. - disse emburrado. Um sorriso vitoriso brotou nos meus lábios, e ele percebeu e sussurrou no meu ouvido: - O que foi, maluca que me bate e sai andando?

Não tenho que dizer que fiquei toda arrepiada... tenho?

- Nada, garoto atrevido do inferno. 

CATO POV

- Para de dizer o nome dela. - resmungou entre os beijos.

- Eu não disse nada. - menti me separando. Passei a mão nos meus cabelos num sinal de nervosismo.

- Cato, eu não sou surda. - respondeu apontando para a orelha. 

E foi nesse momento que a briga voltou. Por alguma razão desconhecida por meu ser divino, eu tenho pensado naquela que roubei seu beijo injustamente: Clove. Olha que eu já beijei muitas garotas, mas daquela vez foi diferente, ela não tentava me possuir como a Cashemere, ela só apreciava o beijo lentamente. Nunca fui de admitir que sou um galinha, mas no momento que ela me deu um tapa com os olhos meio marejados, eu percebi o quão escroto eu fui.

Agora estamos eu e Cashemere num cantinho perto do bar discutindo depois de uns amassos, e que sem querer, falei o nome daquela pessoa minúscula - pelo menos ao meu olhar -, Clove.

Fiquei calado, dando a entender que eu me rendia.

- Awn, que fofo. Ele gosta da baixinha, pois saiba que ela odeia você, assim como eu odeio você agora. - disse irônica me dando um tapa. Meu rosto vai ficar dolorido agora.

CLOVE POV

"Everybody Talks" começou logo depois que respondi ao loiro. Como eu adorava aquela música, me levantei e puxei um garoto que estava sozinho, mas que era bonitinho, para dançar. O ruivo tomou um susto mais aos pouco começou a ficar mais animado.

"Hey baby won't you look my way
I can be your new addiction
Hey baby what you gotta say?
All you're giving me is fiction"

- Qual é o seu nome? - perguntei no ouvido.

- Darren, e você? 

"I'm a sorry sucker and this happens all the time
I found out that everybody talks
Everybody talks, everybody talks"

Não consegui responder porque um braço me puxou para o lado e ví que era Cato. Ele sorriu e disse:

- Você vai dançar comigo.

- Oh, agora você manda em mim? Ah é, gostou de ser o cachorrinho da Cashmere e quer experimentar como é ser um dono comigo?

- Não, Clove. Eu só quero dançar com você.

"It started with a whisper
And that was when I kissed her
And then she made my lips hurt
I could hear the chit chat"

- Dança com outra, você sempre faz isso.

- Eu não quero outra, eu quero você. 

"Everybody talks, everybody talks
Everybody talks, too much

It started with a whisper
And that was when I kissed her
And then she made my lips hurt
I could hear the chit chat
Take me to your love shack
Mamas always gotta back track
When everybody talks back"

E pela a segunda vez no mesmo dia ele juntou nossos lábios, ele aprofundou o beijo sem a minha permissão, mas aos poucos acabei sedendo.

- Mudou de opção rápido, hein Cato? - falei depois que respondi. - Aposto que você vai agarrar outra quando eu ir embora.

Ele pegou meu queixo, e chegou no meu ouvido.

- Eu adoro sua teimosia. 

Fiquei na ponta dos pés e sussurrei o mais próximo possível:

- Eu odeio - falei devagar e continuei: - te amar.

Voltei ao normal e dei um sorriso fraco e sentí algumas lágrimas tentando escapar. Ele me olhava assustado, mas eu não devía explicações, me virei e fui em direção ao bar. Peguei alguma bebida e falei:

- Deixa na conta do Cato, ele me deve uma.

"Hey honey you could be my drug
You could be my new prescription
Too much could be an overdose"