Capítulo XII

Moonlight

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Meu coração bate por amor, meu coração bate por amor,

É o som que eu ouço, ele me diz para eu não desistir,

Ele respira no meu peito e atravessa o meu sangue,

Meu coração bate por amor, meu coração bate por amor.

My Heart Beats For Love, Miley Cyrus.

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Kakashi suspirou feliz. Feliz por ter tomado a decisão certa. Feliz por ter partilhado aquele ótimo momento com Jun.

- Hey, Jun... – Ele a chamou, fazendo com que Jun levantasse a cabeça que estava apoiada no peito dele.

- Sim? – Perguntou tentando olhar para Kakashi, os braços dele ao redor do seu corpo.

- Toque piano para mim. – Pediu com um sorriso.

- Tocar? Okay... – A jovem deu de ombros e saiu dos braços de Kakashi, alcançando a camisa dele que havia ficado no chão e cobrindo o corpo nú com ela. Quando se levantou, seus olhos relancearam o relógio ao lado da cama. – Oh meu Deus, Kakashi! – Exclamou. – Nós vamos nós atrasar!

- Nhá... – Discordou. – Você tocar alguns minutos não vai nos atrasar tanto assim. Por favor, Jun. Apenas algum trecho.

Os olhos de Jun ainda continuavam no relógio. Sabia da péssima mania que Kakashi tinha de se atrasar para todos os seus compromissos, e sua memória afetada não havia afetado em nenhum pouco essa maneira despreocupada e relaxada dele de encarar compromissos. Suspirou e virou a cara para o relógio, tocaria apenas alguns poucos minutos para satisfazer Kakashi e em seguida o apressaria, afinal, hoje era o primeiro dia dele de volta ao emprego.

- Ok, você venceu... – Se encaminhou para o piano e se sentou, levantando o tampo das teclas. – Algum pedido em especial?

- Não, nenhum. Toque o que você tiver no coração!

- Ok! – Jun assentiu e sorriu, uma música em especial vindo a sua mente.

Abaixou os dedos sobre as teclas e se entregou a música. Aquela música que estava tocando era intitulada Sonata ao Luar, de Beethoven. Sonata essa que ao longo da história serviu de fundo músical para inúmeras histórias e amor, e mais recentemente, para inúmeros filmes. Combinava perfeitamente com ela e Kakashi. Fechou os olhos e tudo ao seu redor sumiu. Restavam apenas ela, o piano e Kakashi, como sempre havia sido antes dele ter a memória perdida.

Balançou a cabeça, não queria se lembrar disso agora. Queria apenas se lembrar do momentos maravilhosos que haviam acontecido no começo daquela manhã. E ainda com esses pensamentos e com o calor de Kakashi no seu corpo, um sorriso surgiu nos seus lábios. A felicidade estava voltando para ela.

Enquanto Jun tinha um sorriso nos lábios, Kakashi tinha os seus abertos em choque. Jun era maravilhosa. Ele quase podia apalpar o sentimento que ela transmitia com a música, um tanto melancólia mas romantica ao mesmo tempo. Ele sentia que aquela música descrevia a história de amor deles. Era divino.

Kakashi observava os movimentos que Jun fazia ao tocar. Ela balançava um pouco, envolvida na música. Seu cabelo, agora na altura dos ombros, se mexia conforme os movimentos da jovem. Ele tinha certeza que aquela cena seria mais bonita se os cabelos dela fossem longos, mas isso era algo que o tempo trataria de acertar. Jun teria seus longos cabelos de volta.

- Lindo... – Kakashi murmurou, fascinado pela cena.

- Eh? – Jun interrompeu a melodia e voltou-se para ele. – Disse alguma coisa?

- Lindo! – Repetiu em alto e bom som.

- Lindo? – Perguntou sem entender.

- Sim... Você, a cena, a música... São lindos! – Kakashi exclamou e se pôs de pé, o lençol ao redor do corpo nú. – Eu acho que... – Ele se interrompeu, com medo da reação que Jun teria às suas palavras.

- Acha o quê, Kakashi? – Jun piscou os grandes olhos verdes e o grisalho não conseguiu mais segurar as palavras.

- Eu acho que estou apaixonado. – A frase saiu antes que Kakashi pudesse sequer raciocinar direito.

- Hein? – A morena perguntou, sem acreditar. Kakashi estava dizendo que estava apaixonado por ela? Era isso mesmo ou era um delírio da febre que estava voltando?!

- Eu disse que... – Ele se aproximou e pôs as mãos nos ombros de Jun. – Eu acho que... Não. – Balançou a cabeça em negação. – Eu tenho certeza! – Concertou a frase. – Eu tenho certeza que estou apaixonado por você, Jun.

E sem dar direito a resposta, o grisalho cobriu a boca aberta em choque de Jun com a sua, não encontrando nenhuma resistência por parte dela.

Kakashi passou seus braços ao redor da sua jovem esposa e a começou a trazer para cama novamente, mas a razão voltou a Jun, e com algum custo ela afastou a boca da de Kakashi.

- Nós vamos... – Ela tentou dizer, mas Kakashi a interrompeu com um outro beijo. – Kakashi! – Ela dizia entre um beijo e outro.

- Não quero saber... – Ele murmurou de encontro a boca dela e tornou a cerrar o olhos. Ele não podia deixar que aquele momento mágico acabasse, pelo menos não ainda. Ele sentia um sentimento estranho e engraçado, ao mesmo tempo, quando estava junto dela. Era algo quase nostálgico. Queria sentir isso por mais um pouco.

- Kakashi... Onegai... – Jun já estava começando a perder a razão. Mas ela não o podia. Tinha que fazer Kakashi chegar no horário certo para o seu primeiro dia de volta ao trabalho. Pelo menos isso ela tinha que fazer! – Você vai se atrasar! Qual será a desculpa que você vai dar para o Jiraya? Vai dizer que se perdeu no caminho da vida?! – Ela citou uma das suas famigeradas desculpas. – Kakashi! – Apelou quando ele mordiscou o lóbulo da sua orelha, lhe arrancando um gemido.

- Eu vou dizer que eu me perdi no caminho entre a minha cama e o seu piano... – Ele murmurou de encontro à orelha dela e começou a dar leves mordidas no seu pescoço.

- Ka-Ka-Kakashi! – Ela se arrepiava a cada mordiscar do grisalho, mas ela tinha que dar um fim nisso, querendo ou não. A hora estava passando, e a cada beijo a resistência dela diminuia. Se continuasse assim, em breve ela teria se perdido e Kakashi nunca chegaria à Faculdade. – CHEGA! – Gritou e o empurrou com toda a força que tinha.

O grisalho cambaleou alguns passos e se firmou, se segurando na parede. Uma Jun muito rubra e contrariada o encarava.

- Jun? – Tentou aperlar, em vão.

- Vá já tomar um banho! – Ela mandou, sem o olhar. Pois a morena sabia que se ela desse um olhar, apenas um olhar em Kakashi, toda a resistência dela caíria por terra. – Eu vou preparar o seu obento e o nosso café da manhã enquanto isso. – E sem dar oportunidade de resposta à Kakashi, ela saiu do quarto batendo a porta, o coração prestes a pular do peito.

- Are, are... – Kakashi murmurou e um sorriso bobo preencheu os seus lábios. Jun era realmente muito fofa.

O grisalho suspirou e se pôs a fazer o que Jun mandara. Tomar um banho.

Se livrou do lençou, e nú em pelo se dirigiu ao banheiro anexo àquele quarto. Ele estava acostumado a usar o banheiro de visitas que ficava no corredor, mas hoje, hoje era um novo começo, e por isso ele usaria aquele banheiro.

Adentrou no cômodo, que como o quarto, ele nunca havia entrado depois do acidente.

Era um banheiro amplo e coberto de pequenos ladrilhos brancos. O sol da manha entrava por várias pequenas janelas que ficavam perto do teto. Era um cômodo bem claro e iluminado.

Um brilho chamou a atenção de Kakashi, que se voltou para a esquerda o procurado.

O brilho que lhe chamara a atenção vinha do sol sendo refletido num espelho de corpo todo. Se aproximou e viu a sua imagem ser refletida por ele.

Desde o acidente, Kakashi estava fascinado por espelhos. Não pelo espelho em si, mas sim pelo reflexo dele. Kakashi ainda achava estranho se olhar no espelho e ver o seu rosto e corpo mudados pelo tempo. Tempo esse que ele não se lembrava.

Levou a mão ao rosto e contornou a cicartriz que lhe adornava a face. Até que ela não era tão má assim, lhe dava um charme.

Riu com o pensamento.

O grisalho se afastou um pouco do espelho e se viu por completo nele. Ele tinha algumas cicatrizes pelo corpo, mas a maior e mais feia era uma que estava nas costas. Se virou para vê-la.

A cicatriz continuava lá, do mesmo jeito que sempre estivera desde o acidente. Uma linha grossa e alguns tons mais escuro que a sua pele cortava as suas costas, do ombro esquerdo até o osso do quadril do lado direito.

Jun havia lhe explicado que isso fora causado por uma das ferragens do carro. Não havia sido tão grave, pois não havia atingido nenhum orgão interno, mas muita pele e tecido conjuntivo havia se ido, por isso a feia cicatriz.

Suspirou e seu olhar segiu um pouco para cima. Agora um sorriso lhe preenchia os lábios. Não por causa da cicatriz, e sim por causa de outras marcas que estavam nas suas costas. As marcas da unha de Jun.

Kakashi quase riu. Mas se segurou.

Como podia aquelas marcas lhe deixarem de tão bom humor? Ele não sabia, mas estava feliz por elas estarem ali.

- KAKASHI! – O grisalho escutou a voz da esposa, vindo de longe e interrompendo os seus pensamentos. – Eu não estou escutando o barulho do chuveiro!

- Are, are... – Kakashi murmurou e dessa vez não segurou o riso. Uma boa e sonora risada saiu dos seus lábios. Jun era pior que uma ditadora. Mas ela estava certa. Ele deveria tomar banho de uma vez por todas. Hoje seria seu primeiro dia de volta ao trabalho.

Realmente, aquele era um dia de muitos recomeços.

Entrou no boxe e notou alguns produtos de higiene feminina. Ele estava curioso. Curioso para saber mais sobre Jun. Mas infelizmente ele não tinha tempo para isso agora. Mas depois, ele investigaria cada canto, tanto do quarto, quanto do banheiro. Queria saber mais sobre ela.

Ele queria saber quais eram os seus gostos. Queria saber como ela gostava de tomar banho, e qual era o sabonete que usava. Queria saber também da onde vinha o leve cheio de jasmim que parecia estar impregnado em todo o corpo dela e cabelos. Ele queria saber tantas coisas. Mas ele teria tempo para isso.

E ainda com esses pensamentos, ele abriu o chuveiro, deixando que a água quente lavasse seus pensamentos.

Ele precisava de tempo para aprender. E isso era algo que Jun com certeza não lhe negaria.

De banho tomado, e parcialmente vestido, Kakashi foi para a cozinha. Ele podia ver uma atarefada Jun preparando torradas do batente aonde estava encostado.

A jovem continuava vestida com a sua camisa, e Kakashi sabia bem que debaixo dela não havia nada. O grisalho ficou um pouco tentado em envolvê-la com os seus braços. Mas sabia que se fizesse isso, ele nunca chegaria a faculdade.

Suspirou.

- Kakashi? – Jun se voltou para ele, atraída pelo audível suspiro. – Seu obento já está pronto. Como estamos sem tempo, ele consiste do almoço de ontem. Espero que não se importe.

- Não me importo. – Kakashi deu de ombros. Ele realmente não se importava.

- Ok. – Jun assentiu. – Eu preparei torradas. Tome o seu café da manhã enquanto eu tomo banho, tudo bem? – Kakashi assentiu, e Jun já ia saindo em direção ao quarto quando se sentiu tonta.

- Jun! – Kakashi se adiantou e a pegou pelo braço, a firmando. – Você está bem?! – Toda a preocupação da noite anterior voltando. Ele havia se esquecido completamente que Jun estava realmente mal no dia anterior.

- Claro que eu estou! – Jun sorriu. – Eu apenas tropecei. Obrigada por me pegar... Bem! – Exclamou e se afastou de Kakashi. – Vou tomar o meu banho. Já volto.

E ela se foi antes que Kakashi a pudesse alcançar novamente.

Alguma coisa estava acontecendo com ela, mas Jun era teimosa demais para lhe contar.

Kakashi passou os dedos pelo cabelo úmido e suspirou. Tudo o que tinha que fazer agora era conquistar a confiança dela, para que no futuro ela finalmente pudesse lhe contar o que diabos estava acontecendo.

Suspirou mais uma vez e se sentou, para tomar o seu café da manhã.

Estava na segunda torrada quando Jun voltou, devidamente arrumada e penteada.

A jovem se aproximou e ainda de pé, pegou uma torrada para si e começou a passar geléia nela.

- Hey, Jun. – Kakashi a chamou, obtendo atenção da mesma. – Eu queria lhe perguntar uma coisa.

- Pergunte. – Ela deu de ombros e voltou os seus olhos para a torrada em que passava geléia. – Eu já lhe disse que você pode perguntar tudo o que quiser para mim. – Bem, Kakashi poderia perguntar tudo o que quissesse, mas isso não significava que ela iria respondê-lo. Ainda mais se o que ele perguntasse estivesse relacionando as tonteiras e febres dela. Suspirou. Só esperava que Kakashi não tocasse nesse assunto.

- Bem... – Kakashi protelou, o que ia perguntar em nada tinha haver com a suposta doença da esposa. Ele ia perguntar sobre algo em que ele havia pensado enquanto ela tomava banho. Kakashi não sabia qual seria a reação de Jun a sua pergunta, mas ele também estava com receio da resposta que ela lhe daria. Ele tinha medo de ser uma negativa. Suspirou e deixou a pergunta sair, antes que se arrependesse. – Eu gostaria de saber se eu posso voltar para o seu, quero dizer, nosso quarto. Bem... Eu posso me mudar do quarto-de-visitas para lá? – Perguntou.

A morena ficou tão surpresa com a pergunta que deixou a faca escorregar da mão, e a mesma caiu no chão, a poucos centímetros do seu pé, com um tilintar.

- K-K-K...

- Isso foi perigoso Jun! – Kakashi se abaixou e recolheu a faca. Talvez ele não devesse ter feito aquela pergunta tão repentinamente. – Imagina se a faca cai de ponta no seu pé? – Repreendeu. Quando ele viu a faca escorregar da mão dela, ele quase teve um troço. Jun era mesmo muito desastrada.

- Eu me surpreendi!

- Percebi. – Kakashi rodou a faca na mão, esperando pela resposta de Jun. Com certeza ela não esperava por aquele tipo de pergunta, e ele poderia ver isso na surpresa genuína que estava estampada nos olhos verdes. – E então...? Eu posso? – Engoliu em seco. Era agora a hora da verdade.

- Mas é claro que pode! – E Jun atirou seus braços ao redor do pescoço de Kakashi, o surpreendendo com o ato. – Claro que pode. – Repetiu. Lágrimas ameaçavam transbordar dos seus olhos. Aquele era o melhor dia da sua vida desde que Kakashi acordara.

- Obrigada... – Kakashi murmurou e se livrou da faca, envolvendo Jun com seus braços e a sentando no seu colo. – Obrigada por me dar essa chance de recomeçar.

- Não me agradeça... – Jun se afastou um pouco e envolveu o rosto de Kakashi com as suas mãos de dedos longos e pálidos, afagando  com o polegar a cicatriz que lhe cortava o olho e bochecha esquedos. – Eu faço isso por egoísmo...

- Iie. – Discordou. – Você faz isso por amor.

Jun sorriu com aquelas palavras de Kakashi. Talvez ele tivesse razão.

Ela o amava, amava a ele mais do que ela já amara a qualquer um. E por o amar tanto, estava disposta até a desistir dele para que ele fosse feliz. Mas isso não fora necessário.

- Sim... – Murmurou e lentamente trouxe o rosto dele para si. – É por amor... – E murmurando isso, ela cobriu os lábios de Kakashi com os seus, o beijando gentilmente.

Parece que, mesmo depois de toda a correria, eles não chegariam na hora.

Continua...