Abraços Perdidos escrita por Graziele


Capítulo 8
Tirando fantasmas do armário.


Notas iniciais do capítulo

Lu Nandes, Thainá costa, whatsername, Isabellla, Marcela, RM, LittleDoll, jeniffas2, suzana_quintana, Thaís Mendes, ivis, Tathajovi, Juuhrawr, Ana Candeo, Eclipse She, Fiorella Scarft,IsabellaF, elispreta, alexandra0101 obg por comentarem ! o/

GENTE ! Que saudade que eu tava disso aqui *---* Vocs devem ter notado a minha demora ridícula, certo ? -'- Mas assim, não foi minha culpa ! Eu estava sem pc e escrever estava impossível ! Agora meu pc voltou, mas minha internet não, er ¬¬' mesmo assim, vai ficar mais fácil de eu escrever, e dificuldade vai ficar só em postar, mas enfim, o próximo não vai demorar tanto quanto esse, eu juro o/

E agora eu estou namorando, hehe, daí eu to tendo que dividir meu tempo pra não deixar o homem sem atenção :3 kkk

Chega de falatório kkk taí o capítulo um pouco revelador, porém pequeno D: o próximo vem maior e cheio de coisas que vocs estavam qurendo, tipo o Edward dando ~o troco~ na Bella Bitch ! kkkkk Suas malvadas, apedrejaram a bailarina nos reviews que foi uma coisa de louco, hein kkkk Aliás, eu li todos só não respondi por não ter como, mas vou fazer isso aos poucos, assim que minha internet voltar (:

Boa leitura, suas lindas ! *u*



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“Você está dizendo que não participava dessas festas na sua época da faculdade?” Jasper Whitlock exclamou do outro lado da linha do telefone, mais do que surpreso e com a voz quase beirando o horror. “Cara, acho que deviam te canonizar!”

Edward riu, enquanto terminava de assinar seu nome em mais um dos incontáveis prontuários que habitavam sua mesa naquela manhã de um sol frio.

“Eu estava lá pra estudar, não pra ficar bêbado e vomitar até minhas tripas. Que espécie de médico eu seria se fizesse isso?” O médico retrucou racionalmente, fazendo com que Jasper bufasse em meio a uma risada. Não tinha jeito, os dois sempre seriam esse tipo de oposto: o certinho e o amalucado com vários parafusos a menos. Entretanto, sabiam que era bem isso que os faziam dar-se tão bem, essa coisa de um ser praticamente o extremo do outro. Porque era como se isso fizesse com que eles se completassem de alguma forma.

“Eu vomitei até minhas tripas na semana passada e nem por isso serei um advogado ruim.” Jasper teimou. “O segredo é não fazer isso dentro de sua profissão, meu amigo. Você sabe, aquele lance de quatro paredes e tudo mais.”

Edward soltou uma risada leve enquanto trocava o aparelho celular de ouvido. “Ainda bem que eu nunca levei a sério seus conselhos.”

Ele sempre ficaria mais leve nas conversas com seu melhor amigo. Jasper tinha esse poder sobre ele, desde sua adolescência. Talvez fosse pelo fato de que ele sentia que Jasper era uma espécie de “universo paralelo” onde tudo era mais descomplicado.

“Mas então, como anda sua vida tediosa aí em Nova York?” Jasper indagou despretensiosamente.

Edward quis bufar, porque tédio era a única coisa que não estava sentindo ultimamente. Desde que reencontrou Isabella, mais especificamente. Sua cabeça perturbada com milhares de perguntas bem queria saber o que era viver no marasmo novamente.

“Preciso te contar uma coisa.” Edward confidenciou. Carecia dividir aquilo com alguém, pois, do contrário, ficaria louco.

“Perdeu a virgindade?” Jasper zombou, gargalhando e não levando o outro a sério, como era de costume.

“Na realidade eu reencontrei quem a tirou.”

Silêncio total. Edward quase podia ouvir as engrenagens do cérebro do amigo trabalhando no entendimento de sua frase.

“Você só pode tá brincando.” Jasper finalmente se pronunciou com uma voz completamente desacreditada. Claro que, há anos atrás, Edward não dava uma de menininha apaixonada pra cima do amigo contando sobre suas aventuras sexuais, mas existiam certas coisas necessárias de compartilhar. “Aquela bailarina maluca que te largou e te fez chorar por dois dias em cima do meu ombro?” Tudo bem, talvez ele encenasse a menininha apaixonada de vez em quando.

“Ela mesma.” Edward respondeu, bufando contrariado. “Ela se jogou da ponte do Brooklyn e chegou toda torta aqui no hospital.”

“Wow” Jasper silvou, muito surpreso. “Por que ela se jogou?”

“Minha cabeça está fritando na procura da resposta dessa pergunta.”

“E por que você simplesmente não pergunta à ela?” O estudante de advocacia sugeriu, como se fosse uma coisa muito óbvia.

“É muito comum as pessoas saírem dizendo para desconhecidos o motivo de tentarem acabar com a própria vida, não acha?” Edward ironizou.

“Você não é um desconhecido pra ela, afinal ela meio que te deflorou há alguns anos.”

“Você me entendeu, Jasper.” Edward estava começando a se irritar. “Ela já era como uma cortina de ferro comigo quando tínhamos aquela coisa doida lá... Imagine só se agora ela me contaria alguma coisa!”

“E você ainda gosta dela.” Não foi uma pergunta, tampouco uma afirmação hesitante. Foi uma declaração firme, como quem responde com toda certeza do mundo o nome de quem descobriu a América; típica coisa de melhores amigos, adivinhar os acontecimentos só pela mudança do tom da voz do outro.

Edward ponderou alguns minutos a cerca da afirmação de Jasper. Ela queria dizer que não, não gostava dela, já havia a esquecido e, se ela não tivesse voltado, seria capaz de esquecer-se até que fora ela quem tirara sua virgindade. Mas sabia ser incapaz de tal coisa.

Era masoquismo, idiotice... Ele sabia, mas nada podia fazer contra a afeição remanescente que nutria por aquela bailarina. Nada podia fazer contra o fato de que ele jamais seria capaz de esquecê-la.

“E se eu disser que sim?” Edward sussurrou, sentindo-se derrotado.

“Você cresceu, cara. Não é mais aquele adolescente besta que vai se sentir machucado a cada merda que ela fizer. Você é um homem agora. E ela também.” Jasper respondeu, sensato. “Você acabou de me dizer que ela tentou se suicidar... Ela sofreu, então. Tomou decisões erradas, a vida a fez crescer. Tenho certeza de que ela não é mais aquela bailarina arrogante que se acha o centro do universo. Do mesmo modo que você mudou sua visão de mundo, ela também teve que mudar a dela.”

“E o que você que eu faça com esse seu discurso de Shakespeare?” Fungou.

“Só não jogue no lixo, por favor, demorei muito para elaborá-lo.” O outro rebateu, brincalhão. “Só quero dizer pra você não tentar refrear nada. Pra você não tentar conter esse sentimento que você tem por ela, só porque ela te fez sofrer de forma banal no passado. Quem sabe... Essa não e sua chance de amá-la do jeito correto?”

Edward piscou, absorvendo as raras palavras sensatas e aproveitáveis que o amigo proferia. Jasper tinha a mais completa razão. Eles não eram mais os mesmos de seis anos atrás e, talvez, aquela história ali não precisaria ser uma extensão do que aconteceu outrora.

Talvez... Só talvez... Aquela fosse a primeira vez em que Edward devesse seguir os conselhos de Jasper.


O sol que adentrava pela janela quadrangular ainda era tímido, e Edward espelhou o Astro Rei ao abrir a porta do quarto 232.

Em mais de um mês em que a bailarina estava ali, Edward podia contar nos dedos de uma mão as vezes em que entrara no quarto e a encontrara com os abertos; os vários remédios que lhe eram ministrados para a diminuição da dor a faziam ter um sono quase que contínuo.

E, naquele dia, Edward poderia acrescentar mais uma vez em sua contagem. Assim que colocou seus pés para dentro do quarto arejado e com cheiro de álcool, a primeira coisa que avistou foram os dois gigantescos olhos amendoados que sempre o fascinaram abertos e encarando o teto sem realmente ver alguma coisa.

Ele estacou por um momento, sem saber o que fazer. Então suspirou, consciente do fato de que aquilo seria inadiável, afinal Bella não ficaria dormindo por toda eternidade e em algum momento eles precisariam se enfrentar. Focou-se na ideia de ser estritamente profissional com ela, e de não tentar estreitar nenhum laço que ultrapassasse esse limite.

Mas isso tornou-se impossível no instante em que fitou os olhos dela. Vazios, opacos, atormentados, lacrimosos... Como ele poderia afrontar uma pessoa que lhe foi tão importante no passado e permanecer indiferente ao estado lastimável em que se encontrava?

“Essas ataduras estão me agoniando.” Ela sussurrou aflitamente, desviando os olhos para o médico e fazendo-o ver como seus orbes ainda poderiam parecer ainda mais atribulados quando encarados mais diretamente.

“Vou providenciar que as troquem.” Ele disse, aproximando-se do leito. “E suas dores?”

“Melhoraram.” Deu de ombros.

Edward esquadrinhou-a e notou-a pálida, com a pele quase translúcida. Isso era preocupante, e poderia retardar sua recuperação. Ela era como uma boneca de porcelana... Imóvel, lívida, perfeitamente perturbada, afogada num mar de tormento dos quais se refletiam em seus olhos profundos, perfuradores.

“Sinto falta do brilho dos seus olhos.” Edward soltou num sussurro, quase sem perceber. As palavras flutuaram pelo ambiente, letargicamente, até pousarem, sem um real sentido, nos ouvidos de Bella. Ela fitou o médico, com os olhos arregalados e desacreditados, claramente a procura de indícios que comprovassem que aquilo fora um delírio de sua mente frágil.

“Como disse?” Ela indagou, acabando com as esperanças que Edward mantinha dela não ter ouvido o que acabara de confessar.

“Disse que seus olhos estão muito opacos... Pergunto-me o que pode ter havido com o brilho deles.” Ele admitiu por final, procurando olhar para qualquer ponto no quarto que não fossem os olhos daquela mulher. Engoliu em seco, desconfortável.

“Você vai se assustar se eu te contar.” Ela finalmente disse, depois de uma longa pausa. “Muitas coisas podem acontecer em seis anos, doutor.”

“Eu sei disso.” Ele concordou, terminando suas anotações no prontuário dela e suspirando ao ter que escrever que uma passagem a um psicólogo seria algo bom. “Talvez você devesse me contar o que mudou nos seus seis anos.” Arrependeu-se assim que a última sílaba saiu de sua boca. Previu o ataque ela daria, dizendo-lhe como ele era insignificante em sua vida e que ele não tinha absolutamente nenhum direito de saber o que havia acontecido com ela.

Mas o silêncio reinou. Cautelosamente, ele desviou seus olhos da prancheta e arriscou fitá-la. Ela não o olhava, mas sim o teto. Estava quase em transe, como se assistisse a um filme. Mas a um filme de terror, daqueles que a aniquilação é inevitável.

“Muita coisa.” Ela sussurrou com um fio de voz trepidante. “Meu conto de fadas desmoronou.”

Silenciou-se. De um jeito efetivo, tal que Edward teve a certeza de que ela não iria revelar mais nada. Pelo menos não naquele momento.

“Hey, está um sol tão bonito hoje...” Ele iniciou, num sussurro reservado. “Talvez... Você queira aproveitá-lo um pouco.” Engoliu em seco, receoso.

A cabeça da bailarina virou-se na direção dele num clique descrido.

“Como assim?” Indagou incerta.

“Você... quer dar uma volta comigo?” Ela nada respondeu, apenas continuou a encará-lo. “Tudo bem, eu deveria saber que você não...”

“Eu adoraria.” A resposta dada o surpreendeu de uma forma gigantesca, tanto que ele piscou repetidas vezes para ver se não estava sonhando.

“Está falando sério?” Indagou incredulamente; ela apenas murmurou um tímido ‘sim’, como se estivesse arrependida de ter aceitado o convite. “Então, quando for umas quatro horas, eu volto aqui para lhe buscar.” Ele tratou de consertar.

Ela apenas acedeu, mas, em seu íntimo, repreendeu o médico por querer vir buscá-la tão tarde. Ela estava ansiosa para sair daquele quarto, ansiosa para ver a luz do sol, para tirar de si aquele cheiro de álcool e morte.



A grama do jardim do hospital nunca lhe pareceu tão convidativa e bela. Assim como o sol – que antes lhe era desprezível por queimar a sua pele, agora lhe aquecia da forma mais agradável possível.

Isabella Swan não escondia o pequeno de sorriso de plenitude enquanto andava ao lado do médico. Ela não estava bem – nem fisicamente, muito menos mentalmente –, e também não podia dizer que, talvez, estivesse chegando nesse estágio, mas haviam pequenos momentos que simplesmente a faziam esquecer de todos seus pesados problemas e sentir-se... Normal.

Depois da morte dos pais, ela teve que ser perfeita. Em todos os sentidos: no balé, na escola, em casa, no convívio social... Nunca podia machucar o joelho, nunca podia sujar as roupas, nunca podia dar risadas altas... Era uma boneca de porcelana, criada num ambiente que não lhe deixava brechas para tentar escapar de seu destino.

E então veio a chance de ir para a França... Paris, a Cidade Luz, onde todos os sonhos se tornam realidade... E ela prometeu que nunca mais desabaria por culpa de ninguém. Mas foi fraca. Ele a enfeitiçou. A fez acreditar em mentiras – mas que eram tão bem contadas que em seus ouvidos soaram como as mais belas verdades... E ela desabou novamente.

Já não havia mais lugar para ela no balé. Então mudou para Nova York e foi tentando ganhar a vida de outras formas... Mas já estava desequilibrada, com vozes atormentando sua cabeça, apontando para todas as direções, lembrando-a de seu passado...

Os hospitais haviam se tornado a sua nova morada.

E num golpe do destino ela o reencontrou. Talvez a única chance realmente concreta que ela havia tido de ser completamente feliz. O adolescente franzino, chato e persistente... Mas que sempre fora o único que a aguentava, que a ouvia, que a aconselhava... O adolescente que mordera sua língua certa vez agora era um homem feito, saudável, inabalável, feliz... Tão diferente de si...

Ela também queria ficar bem. Não feliz, nem completamente saudável. Apenas bem, na melhor das hipóteses. Apenas tentando olhar pra frente, ainda que as correntes do passado lhe puxassem de volta para seu abismo particular de tortura.

“Ir para a França foi a pior decisão da minha vida.” Ela confessou, num sussurro praticamente impossível de ser escutado.

Edward desviou seu olhar para ela e ficou em silêncio, mesmo que seu íntimo se revirasse ante à expectativa de saber de algo do passado dela. Ele tentou transmitir com seus olhos toda a confiança necessária, mas ela só conseguia enxergar duas esmeraldas brilhantes que lhe tiravam toda sua concentração.

“Por quê?” Ele finalmente indagou, gesticulando para um banco e esperando até que ela sentasse. O vento de fim de tarde batia em seus corpos e fazia com que o robe hospitalar não fosse suficiente para esquentá-la.

“Minha vida não foi feita pra dar certo.” Ela não olhava nos olhos dele quando falou; tinha os olhos opacos fixos em suas mãos esquálidas, como se estivesse procurando pelas palavras certas que usaria. Edward não sentia que aquela era Isabella Swan. A altiva e inabalável bailarina pela qual fora apaixonado. Agora ela estava debilitada, frágil, vulnerável... Como um gigante que cai sem conseguir se segurar em sua própria sanidade. “Você sabe qual é a sensação de perder uma parte de você?” Ele não respondeu, até porque, ela não parecia ter perguntado para ele. “Eu perdi. E foi por culpa da pessoa que colocou essa parte em mim.”

Edward piscou, confuso. O silêncio foi absoluto por alguns segundos e os passarinhos serviram de trilha sonora durante esse tempo. O médico, cautelosamente, segurou a mão fria dela entre as suas, como que dizendo sem palavras que ali ela estava perfeitamente segura.

Eu sempre estive com você.

“Eu perdi um filho.” A revelação veio com a voz embargada, mas que não trazia lágrimas. As palavras flutuaram pelo ar, incógnitas, até que pousaram nos ouvidos de Edward, que estacou. “Não precisa se preocupar você não era o pai.” Ela soltou uma risada amarga, e depois o fitou intensamente, perfurando-o com o olhar mais sincero e derretido em agonia que ele já presenciara. “Eu queria que você tivesse sido.”

A cabeça dele rodou. Ele quis perguntar mais coisas, queria saber o que tinha acontecido de fato. No entanto, ao vê-la cabisbaixa e calada, ele soube que não iria conseguir fazê-la falar.

Ficaram mais algum tempo ali no jardim. Viram o pôr-do-sol, completamente calados. Ele pensava. Muito. Em muitas coisas. Ao mesmo tempo. Olhando pra ela, Edward Cullen quis consertá-la. Quis saber de todos os segredos obscuros que ela guardava, quis saber de tudo que ela não lhe contara no passado... Quis desesperadamente reerguê-la, fazê-la sorrir... Ele ainda a amava. Porra, talvez ele nunca tivesse deixado de amá-la!

E então, teve a certeza de que deveria seguir o conselho de seu melhor amigo: iria amá-la do jeito certo daquela vez e iria fazê-la sentir o mesmo.

Iria resgatá-la daquele precipício medonho no qual ela mesma parecia tão resignada a permanecer.



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Notas finais do capítulo

Eae, gostaram ? As coisas estão um pouco mais claras ? O capítulo foi bom, regular, ruim ou ~volta a ser somente leitora~? kkk Digam o que acharam *--*

O próximo não demora, mas não vou dar datas porq estou sem internet e tals --'

É isso aí amores, até o próximo então ! o/

Beijoos, suas lindas :**