Inspiração. Esse é nome da vadia que resolveu me ignorar! Mas eu sei que não estou sozinha nesse barco. Sim, sim, estou falando de você que está lendo essa coisa nonsense agora mesmo! Vai dizer que não é uma merda? Você está lá, na frente do seu PC, se esforçando pra ter uma boa ideia, uma mínima ideia, nem que seja uma one-shot, mas a droga da inspiração não vem. Daí você se cansa e resolve procurar inspiração nas fics dos outros. Você vai lá nos seus autores favoritos, escolhe um, clica no perfil do infeliz e vê lá postadas umas 54 histórias, enquanto você tem no máximo três, todas one-shots. Então a raiva toma conta e você tem uma vontade enorme de gritar "FILHO DA PUTA!" Mas você se lembra que a sua mãe está no quarto ao lado e que se você fizer isso vai acabar de castigo sem o seu precioso PC e a sua musa, a televisão. Por isso achou melhor ficar quieto, só com aquela cara de quem está com gases. Pelo menos você ainda tem esperanças de conseguir alguma inspiração.

Passam-se algumas horas, ou você continuou no computador ou resolveu assistir TV. Mas aquela vadia continua te ignorando. Você começa a pensar que realmente não tem talento e que é melhor mesmo trabalhar como advogado. Mas aí você lembra que também tem que escrever pra isso e acaba achando que catador de lixo é um emprego mais digno. Então você volta para aquele bendito site de fanfic's, onde todos têm inspiração menos você - lindo - quando, de repente, você milagrosamente tem uma inspiração e sai correndo pro Word (ou qualquer outra coisa) pra começar a escrever.

Você finalmente termina! Fica olhando aquela obra de arte, tão orgulhoso de que a inspiração bateu na sua porta. Lágrimas brotam de seus olhos e você entra no MSN só pra dizer a(o) seu/sua melhor amigo(a) que foi abençoado com uma fanfic. Ainda é uma one-shot, mas você não liga. Pelo menos tem alguma coisa pra postar, finalmente.

Só que, antes de postar, você volta para os seus favoritos e vai novamente para o perfil do infeliz de quem falamos no início disso aqui. Você clica na fanfic que estava lendo antes e quando você está na metade, descobre que a sua mais nova one-shot é quase gêmea da bendita fic. Sim, eu falo por experiência própria. Você perde o controle e sai xingando o computador (que você carinhosamente chama de Jack), a porta, o gato, a sua mãe (quando ela não está ouvindo, é claro) e corre quase chorando para a sua amada televisão, aquela que te consolou quando você mais precisava. Então, você liga a televisão e, como esperado, não encontra nada de bom pra assistir. Você pensa em dar uma de emo e cortar os pulsos ao som de Evanescence (porque eu não sou muito fã de Simple Plan), mas lembra que dói. E como você é sensível à dor, resolve poupar a sua gilete e deixar isso pra quem realmente precisa.

Então, você resolve ir desenhar, outra coisa que você não sabe fazer. Mas pelo menos é mais fácil que tentar escrever algo. Você desenha um de seus OC's ou então desenha a si mesmo, matando a inspiração. A sua mãe chega na sala e vê que você está com aquela cara de quem está com gases, uma que ela conhece muito bem (porque é a favorita dela). Ela pergunta o que aconteceu e você quer dizer! Mas não fala, porque sabe que ela não vai entender. Afinal, o que adultos sabem de fanfic's?

Você liga a TV mais uma vez e vê que o seu programa favorito está passando. Você fica feliz, pelo menos uma coisa deu certo naquele dia. Você janta. A comida estava boa, porque vocês pediram tele-entrega. Seu pai chega em casa, distribui beijos e pergunta como foi o dia. A sua mãe sai reclamando de tudo, indo em direção ao quarto dela. Você e seu pai ficam sozinhos na cozinha e resolve contar o que aconteceu pra ele (seu pai entende melhor, já que ele é um crianção).

Depois que você conta a tragédia que aconteceu, ele ri da sua cara (como eu disse, ele é um crianção) e diz que isso acontecia com ele também quando ele tinha a sua idade, porque, sim, seu pai escrevia histórias. Assombroso, eu sei. Mas você vai dormir parcialmente feliz, porque você não é o único fracassado na face da Terra e parcialmente com raiva do seu pai por descobrir que falta de inspiração é genética.

THE END.