O mundo de Lola mais uma vez estava prestes a desmoronar e bem diante de seus olhos. Aquela velha sensação de desespero que já estava beirando a loucura voltou a assolar meus sentidos, e aquele friozinho atrás da nuca também.

Seria uma miragem? Lola pensou que por um instante, uma fração de segundos ela poderia estar extremamente cansada, e estaria vendo coisas. Infelizmente ele não era fruto de sua imaginação, era bem real e estava ali, parado em sua frente.

—Mamãe, porque você nunca me disse que eu tinha um tio? Tio Rumple é tipo assim, super legal! Ele me contou umas histórias muito engraçadas, você não tem idéia. —Rapunzel toda sorridente dizia.

—Rapunzel! Vá para o seu quarto... Deixe-me as sós com o... Titio Rumple— Só de pronunciar este nome, Lola sentia um nó na garganta.

—Mas mãe! A gente tava no meio de uma conversa e...

—Eu não perguntei! Vá para o seu quarto agora mesmo!

—Olha mãe, eu sei que tem um tempo que você ta meio sozinha... Você deve estar meio carente e tudo, mas... Não é por nada não tio, sem ofensas, mas ele tem um probleminha de pele, não sei se você notou melhor não se roçar muito nele não.

—Rapunzel! VÁ AGORA PARA A DROGA DO QUARTO!

Rapunzel foi correndo e rindo.

—Tá matando cachorro a grito, Dolores?— Rumplestiltskin sarcasticamente disse com um sorriso malicioso, mostrando seus dentes, que continuavam mal cuidados.

—Não estou matando cachorro, mas matar você até que não é uma má idéia!

—Nossa! —Rumpel fingiu estar surpreso— Eu esperava uma recebida mais calorosa, sabe faz tantos anos que não nos vemos, não vão dar um abraço no seu ‘’ Titio’’?

—Pode parando com as graçinhas! O que você veio fazer aqui?

—Comer bolo de aniversario é que não foi! Eu vim buscar o que é meu.

—Sinto muito, mas sua beleza impossível não se encontra aqui.

Rumpel se levantou e avançou para cima de Lola.

—Se eu fosse você, parava com as graçinhas! Eu não estou de brincadeira Dolores! Eu vim para levar a menina, como o prometido, se não me falha a memória há dezoito anos! Então pare de se comportar como uma comediante falida e me dê o que me pertence! — Ele abaixou o tom de voz— Por favor.

Lola empurrou Rumplestiltskin com uma luz que saia de suas mãos, ela ficou surpresa, pois não sabia que tinha este poder e sua força. Rumplestiltskin foi parar perto do armário, e todas as panelas caíram em cima dele.

—Minha querida, vai querer medir forças? Tem certeza disto? Sou muito mais forte que você, e eu conheço este poder, pois fui eu mesmo que o criei!

—Do que você esta falando, eu não peguei estes poderes do você!

—Mas é claro que não, talvez você devesse perguntar a quem te deu eles, de onde ela arrumou estes poderes.

—Ela? —Lola inocentemente perguntou.

—Não me faça de bobo! Eu sei muito bem da onde você arrumou estes poderes! E também sei como acabar com eles! Nunca se esqueça, toda magia vem com um preço — Rumplestiltskin fez um pequeno gesto erguendo suas mãos. — Já que você o pagou, perdendo seu almofadinha, digo marido. Devo admitir que sua filha é bem parecida com ele, mas muito mais bonita, é claro.

—O que você sabe sobre Lars?

—Eu não vim aqui para dar uma de pombo correio e te contar as ultimas de Heaven’s Land! Se situa mulher! Eu vim para pegar a menina.

—Você não vai levá-la!

—Ah é, e quem é que vai me impedir?

—Eu!— Rapunzel surgiu por de trás de Rumplestiltskin e bateu com a frigideira em sua cabeça, ele caiu desacordado no chão.

—Rapunzel! Eu mandei você ficar no seu quarto!

—De nada mamãe! Ai, esse tio é muito estranho, chega chegando e já quer me levar embora? Se ele fosse um pouco mais bonito eu até iria, mas...

—Cala boca menina! Ande, me ajude, vamos amarrá-lo antes que ele acorde!

—Pelo o que eu ouvi da conversa, o tio ai, tem uns poderes, você acha que uma corda vai dar certo?

—Ele não é seu tio! Pare de chamá-lo assim! Mas você tem razão, vou usar minha magia para mandá-lo para um pasto bem longe daqui! Deixar ele no meio das vacas por um tempo.

—E você não acha que ele não vai voltar mamãe?

—Mas é claro que vai! Por isso vou mandá-lo para bem longe, para ganharmos tempo, e até eu pensar em uma maneira de sair desta situação!

—Você é quem manda, solta a magia ai!

Lola soltou alguns raios de luz em Rumplestiltskin e como se nunca estivesse ali ele simplesmente sumiu.

—Tá e agora?— Rapunzel perguntou.

—Agora, antes de qualquer coisa, eu preciso lhe contar toda a minha, a nossa história e acabar com as mentiras de uma vez por todas!

Lola aos prantos contou toda sua trajetória, suas mentiras, seu acordo com Rumple, seu marido, Lars o pai de Rapunzel,sobre Leônidas e inclusive sobre Regina, para Rapunzel, que compartilhou algumas lágrimas com a mãe.

—Olha, já que estamos falando a verdade, tem algo que você precisa saber...

—O que foi agora menina? O que você fez com o Rumplestiltskin enquanto vocês estavam sozinhos?

—Eca mãe! Que nojo! Nada, não com ele, mas... Sempre que você ia buscar frutas e eu ficava aqui sozinha à toa, eu conheci uma pessoa.

—Como assim conheceu uma pessoa? Você estava supostamente proibida de sair daqui.

—Mas eu não sai, só ele que vinha aqui, o nome dele é Flynn Rider, e ele é um rapaz assim, muito gente boa, na verdade ele é um dos guardas do palácio de Heaven’s Land, ele tinha me dito que o haviam mandado para procurar a princesa perdida, no começo eu não dava muita atenção pro que ele falava, eu achava que ele estava naquela onda dos cogumelos, JURO PRA VOCÊ QUE EU NUNCA COMI! Só uma vez, mas... Não é este o ponto, agora que você contou minha história tudo faz sentido, Flynn tinha razão, ele veio mesmo atrás da princesa. Mas como ele tinha esse, probleminha com alucinógenos ele sempre se esquecia de me levar com ele pra esse tal castelo, e a gente passava o dia todo aqui, fazendo nada juntos, se é que você me entende-Rapunzel deu uma piscadela para Lola.

—O que? Rapunzel! E você está me dizendo isto agora? Isso é gravíssimo, o seu avô Rei Leônidas iria tomar você de mim, para sempre! E este tal de Flynn, por sorte ele é meio retardado, se não você já estaria bem longe daqui!

—Ei! Não fale assim do Flynn! Ele disse que nós íamos no casar!

—E quando você pensou em me contar isso?

—Ah, um dia, você não me dava muita liberdade para compartilhar meus sentimentos, mas a questão não é essa, Flynn me disse que estavam procurando desesperadamente por mim, e ele havia sido o escolhido para me levar de volta a Heaven’s Land. Mas se eu fosse você, não ficaria preocupada com minha vida particular com o Flynn, e sim com o tal de tio... Quero dizer, com aquele feioso do Rumplestiltskin! A qualquer momento ele vai vir me tomar de você, e eu não estou nem um pouco empolgada em ir com ele! Porque não vamos pedir ajuda para essa tal de Regina?

—Rapunzel! Você é um gênio!— Lola beijou a testa da menina e correu para frente do espelho, que ficava em seu quarto.

—Mãe,quando eu disse para procurarmos essa tal de Regina que você me contou, eu pensei em tipo, agora, não temos tempo pra ficar se olhando no espelho!

—Não é isso menina! Eu vou tentar me comunicar com ela aqui, uma vez eu vi o Rumplestiltskin fazendo isso.

—Tem certeza que você não comeu nenhum cogumelo? Porque além de ter uma mãe tratante, mentirosa, e ex-rainha eu não to muito a fim de ter uma mãe viciada.

—Quieta menina! Vamos Regina, por favor, se você esta me vendo, eu lhe imploro, apareça aqui, fale comigo pelo espelho, dê um sinal de vida!

De repente o quarto ficou todo coberto por uma densa fumaça roxa, Lola e Rapunzel começaram a tossir não conseguiam enxergar absolutamente nada.

—Me chamou? Que é? Desembucha logo — Regina surgiu deslumbrantemente da fumaça, trajando calças pretas de couro e um, sobretudo roxo que combinavam com seu enorme chapéu roxo.

—Uau! Talvez não seja tão difícil de entrar aqui não é mesmo-Rapunzel indagou.

—Regina! Eu preciso da sua ajuda, de novo!— Lola disse aflita

—E quando é que você não precisa, não tem a necessidade de me explicar, eu já sei de tudo o que aconteceu, afinal eu sempre sei de tudo que se passa espelhos não são nada discretos. E você, você deve ser a jovem Rapunzel? Lembro-me de você como se fosse ontem, ainda na barriga de sua mãe, você é meio lerdinha não é? Igualzinha sua mãe, será que sua mãe nunca lhe ensinou a não abrir a porta, no seu caso, jogar os cabelos, para um estranho com pele escamosa, que se diz ser seu tio distante? Francamente, esperava mais de você.

—Ele me disse que eu podia confiar nele— Rapunzel protestou.

—Que seja o que é que você quer, em, Lola?

—Regina, precisamos de sua ajuda, para derrotar Rumplestiltskin!

—Finalmente você disse as palavras mágicas! Eu aguardava ansiosamente o dia em que você iria me propor para derrotá-lo e cá entre nós, já estava em tempo.

—O que você quer dizer com isso?—Lola perguntou confusa.

—Deixe-me explicar, sentem-se é uma longa história — Lola e Rapunzel se sentaram— Você já deve ter ouvido que eu não tenho uma reputação de ser uma pessoa muito generosa, então pelo o fato de eu ter lhe ajudado inúmeras vezes, talvez a faça se perguntar ‘’ Porque Regina está sendo tão boazinha e legal comigo?’’ Bom, permita-me que lhe conte uma velha história. Há muitos anos atrás quando eu ainda era uma garotinha, meus pais estavam passando por dificuldades financeiras, os negócios da família iam de mal a pior, estávamos à beira de miséria. Minha mãe, Cora, que estava grávida na época, não conseguia encontrar nenhuma situação para nos tirar da pobreza. Até que um belo dia, este mesmo homem misterioso, Rumplestiltskin apareceu e propôs um acordo com nossa família, ele nos daria riquezas, e o melhor de tudo, poderes mágicos para minha mãe, se em troca ela lhe desse o bebê que esperava. Como não havia outra saída, minha mãe topou o acordo, se arrependendo amargamente pelo resto de sua vida. Quando ela estava para morrer, fez o mesmo ritual de sangue comigo, para me passar uma parte de seus poderes e pediu que eu encontrasse o bebê que ela havia dado para Rumples, muitos anos atrás.

—É uma linda história, Regina. — Lola disse

—Mas existe um, porém nisso tudo, o ritual de sangue, para que o poder seja ‘’doado’’ só pode ser realizado com pessoas que tenham o mesmo sangue, ou seja, que sejam da mesma família. Isso não lhe diz nada, Lola?

—Não nadinha.

—Céus! Você nunca se perguntou por que seus pais, que eram Alemães, tinham os cabelos louros e você  tinha os cabelos castanhos?

—Era por causa da minha tia avó, ela era hispânica, oras.

—Nossa você é uma porta Lola! Você é aquele bebê que Rumplestiltskin tomou de meus pais, e quando eu soube que a nora do rei ‘’sabia transformar palha em ouro’’ na hora eu imaginei que fosse mais um dos acordos de Rumplestiltskin, quando eu cheguei naquela noite no castelo, e a vi, nossas semelhanças falavam mais alto, as cores de nossos cabelos, seus olhos, até sua maneira de falar, é claro que eu sou muito mais bonita e inteligente, mas isto não vem ao caso. Eu só tive a confirmação que você realmente era minha irmã, quando o nosso pacto de sangue deu certo - Regina falava e lágrimas escorriam de seus olhos.

Lola mal podia acreditar no que ouvia.

—Agora tudo faz sentido, sua generosidade, eu não ser loira, você é minha irmã!

—Sim, eu sou! — Regina se levantou e abraçou Lola, as duas estavam chorando descontroladamente. Rapunzel para não ficar de fora correu e as abraçou também.

—Desculpa gente, achei que era à hora de fazer isso. —Rapunzel se justificou.

—Tudo bem filha. E agora Regina, o que iremos fazer?— Lola perguntou.

—Agora, agora nós iremos acabar com o Rumplestiltskin, juntas! Ele pode até ser mais poderoso, mas com nossos poderes e nossos laços de sangue, conseguiremos vencê-lo. —Regina disse com um malicioso sorriso no rosto, que já era seu de costume.