Pode um dia começar tão mal assim? Animação por fora, desânimo por dentro. Porque o olhar dele me prende tanto? É incrível a forma como fico desconcertada e toda sem jeito perto DELE. E isso me irrita profundamente. 

Na sala de aula eu estava inquieta. Por mais que seja constrangedor, eu gosto de ir para o intervalo e ficar o olhando. Porém, no intervalo recebi uma surpresinha um tanto desagradável. O vi todo cheio de sorrisinhos com uma garota: a Suzanne. A menina mais vaca e infantil que eu conhecia, além de ser repetente. O pior foi quando os vi juntos, tipo, juntos mesmo, se beijando. Pois é, tchau, tchau esperança. Porque justo ela? Aquela insuportável!

Meu sangue ferveu quando de repente me lembrei: “Ahin, não fica brava comigo? Mas eu fiquei com o seu irmão. Não agüentei; ele é muito lindo!”.

Vadia!!! Não consegui me segurar. Comecei a caminhar em direção aos dois. Minha amiga Ellena tentou me segurar.

_Spencer, aonde você vai? ... Não! Spencer volta aqui...

Não dei ouvidos. Continuei andando. Acho que a Suzanne percebeu meu olhar a fuzilando e se afastou, mas percebeu que não tinha para onde correr.

_ Você não tem vergonha na cara, não, garota? _ Eu não conseguia pensar direito no que estava fazendo. E aquilo fora a gota d’água.

_ O que você quer dizer? _ Falou com sua voz de taquara rachada, se fazendo de desintendia.

_ Mas é muito cara de pau, né? _ falei com sarcasmo.

_ Eu não sei do que você está falando, queridinha...

_ Olha aqui, sua vadia. Há menos de três dias você estava na minha frente falando com essa voz nojentinha o quanto meu irmão era lindo. Eu não estou nem aí para quem você ficou ou deixa de ficar, isso é problema seu; e também não ligo para quem o meu irmão ficar, mesmo ele tendo uma mau gosto _ torci a cara. _ Agora, da próxima vez que você vier aqui falar de quem quer que seja eu não vou ter dó de você. E se eu souber que você está com graça mais uma vez pro lado do meu irmão você vai se entender comigo.

_ Ta acontecendo algum problema aqui? _ ELE! Meu Deus. As batidas do meu coração vacilaram, mas me recompus antes  de dar mostras do quanto ELE me fascinava.

_ Nada que diz respeito a você _ tentei demonstrar indiferença, mas minha voz falhou.

_ Vou reformular minha pergunta: O que está acontecendo aqui? _ Que garoto impetulante e intragável.

_ Vou reformular minha resposta: Nada que seja do seu interesse. _ resolvi encará-lo, mas logo que meus olhos se encontraram com os dele minha expressão de durona murchou.

_ Grande diferença da resposta anterior _ falou ironicamente.

_ Será que não deu pra perceber o quanto você está sendo inconveniente? _ Usei o mesmo tom.

_ isso não vem ao caso no momento!

_ Quer saber? Eu não vou ficar perdendo o meu tempo com vocês dois. Com licença... _ Me esquivei dos dois e quando eu estava lhes dando as costas ELE segurou meu braço.

_ Você pensa que vai aonde? _ Arqueou uma sobrancelha.

_ Você pensa que é quem? _ Virei-me furiosa.

_ Muito prazer, Caleb. _ Abriu um sorrisinho.

_ Que interessante _ falei ironicamente. _ Me solta agora!

_ Você ainda não me respondeu o que está acontecendo aqui.

_ Eu não lhe devo satisfações. Se você está tão interessado em saber, pergunta pra sua amiga.

_ Eu estou perguntando pra você, não pra ela.

_ Grande coisa! _ Revirei os olhos. _ Eu não sou obrigada a ficar agüentando vocês dois. Me solta! _ gritei e puxei meu braço com força.

Olhei-os com desprezo e me retirei.

_ Que menina brava _ o escutei falando, mas resolvi ignorar.

Como aquele garoto podia ser tão idiota? E como eu pude me iludir por tanto tempo? Grrr, que raiva! Afastei-me o máximo que pude da onde se encontravam aqueles insuportáveis. Um merecia ao outro.

Não demorou muito para a Ellena me encontar.

_ O que exatamente foi aquilo?

_ Eu não suporto aquela garota! _ Declarei.

_ Eu sei disso. Mas tinha que fazer aquilo bem na frente DELE?

_ Eu nem pensei na hora. E se você quer saber, que se explodam. ELE e ela juntos.

_ Amiga...

_ Vamos falar sobre isso depois? Por favor.

_ ok.

Nesse momento o sinal tocou. Minha salvação! Subimos para a sala e eu me joguei em meu lugar, querendo esquecer aquele intervalo. Só então percebi o quanto tremia.

Parecia que o ponteiro do relógio andava bem lentamente só para me irritar. Como eu queria ir embora. Mas, graças ao bom Deus, o dia finalmente acabou.