Akane's POV.

– Essa porra tá ligada?

– Tá sim, Jeremaia! – Yasmin disse posicionando a câmera pra nós duas.

– Jeremaia... Cara, esse foi o apelido mais escroto que você já me deu de todos os tempos mano. -.-

– Cala boca, aquele dia foi épico, me deixe ser feliz ok? Ok. Se apresenta logo cacete.

– Afe. Oi, meu nome é Akane, Akane Matsui, não to nem um pouco afim de dar aquele maravilhoso discurso que sempre dou, bom, tenho 19 anos e moro com a minha amiga Yasmin, esse ser humano que está do meu lado. – eu disse a socando.

– Ai, porra! – gritou Yasmin.

– SSSSSH, eu ainda não terminei!

– Bem como eu ia dizendo, o que eu tava dizendo? Enfim. Eu moro com minha amiga, fugi de casa aos 14 anos, porque eu não me lembro ao certo, sim, eu tenho amnésia, acredito que essa amnésia vá evoluir para um alzheimer qualquer dia, a julgar pelo ritmo em que a coisa caminha :B Acho que meu pai batia em mim, ou melhor, me espancava. Só lembro de ter perdido minha mãe cedo demais, se não me engano aos meus 7/8 anos de idade ela sofreu um acidente de moto e faleceu.

– Enfim, o que mais? Acho que só né? Não é pra dar uma entrevista Akane, sua idiota.

– Sua vez. – eu disse me afastando um pouco pro lado.

Yasmin's POV.

– Olá, meu nome é Yasmin Willians, tenho 19 anos e abrigo uma fugitiva em minha casa há 5 anos.

– Ela está tentando ser dramática, no fundo ela não sabe o que seriam dos dias dela sem mim por perto. :D – se intrometeu Akane, pra variar. ¬¬

– Claro, o que seria de mim sem alguém pra me deixar louca passando noites em claro ouvindo Black Veil Brides no último volume enquanto joga Ragnarok? – disse eu. Vocês sabem o que é ter que dormir com uma pessoa xingando o jogo e, como se não bastasse, descontando a raiva no teclado e no mouse? D: Temos um estoque de mouses e teclados quebrados em casa. Bom, pelo menos eles podem ser usados como armas no apocalipse zumbi. >:3 Onde eu estava? Ah, sim: – Moramos em Canyon, no Arizona, e até hoje estou tentando entender como Akane conseguiu dinheiro para viajar até aqui, porque ela morava no Oregon ._.

– Eu? Hackeei sua conta do banco :3 Por isso sumiu uma parte do seu dinheiro de lá, espero que não se importe X3 – Lembrete: enforcar Akane mais tarde.

– Você o que?! Ò.Ó E só agora eu fico sabendo?!

– Não me venha com frescura no cú agora. -.-‘ Foi por uma boa causa. u.u

– Ô! Ótima causa. ¬¬

– Essa foi só uma das loucuras que eu fiz até hoje. >:D Mas as melhores a gente aprontou juntas, lembra? – disse Akane com um sorriso maligno.

– Claro! HAHAHAHA foram tantas, difícil é dizer qual foi a pior! Que tal contarmos a eles sobre elas?

– Fechou! Se preparem aê, seus putos! Agora a porra vai ficar séria! Vocês não sabem o que vem por aí. >:D

[West Village College, Abril de 2002];

Yasmin's POV.

– Qual o seu nome? - me perguntou a professora Melissa, vulgo Mel.

– Yasmin - respondi, tímida. "Eu quero a minha mãe" era a única coisa que eu conseguia pensar naquele momento. Pense num cotoco de 3 anos de idade, primeiro dia na escolinha, ou melhor, no inferninho... Prazer, essa sou eu em meu primeiro dia no West Village College. ;-;

– E você? Qual o seu nome? - perguntou a professora Mel para a menina ao meu lado.

Akane's POV.

– Qual o seu nome? – me perguntou a minhoca de saia que tenho que chamar de professora. Diga-se de passagem, ela tinha cara de ter um parafuso solto, o resto deles já devia ter caído ‘-‘

– Kanae... Não, Akane! Akane, não Kanae, Akane! - eu devia estar mais timida do que a menina ao meu lado.

A professora Mel foi perguntando o nome de cada um dos pivetinhos tímidos ali presentes.

Yasmin's POV.

– Crianças, quero que façam um desenho ilustrando a família de vocês. – típico de professorinha de jardim de infância né? – Podem usar lápis de cor, giz de cera, canetinhas e tinta guache. Quem quiser usar tinta guache é só pedir pra mim.

Professora oferece tinta guache pro jardim de infância, já viu né? Todo mundo pedindo tinta guache. E eu? Fui pisoteada por uma manada de pivetes loucos por tinta guache, e ainda por cima não consegui pegar tinta. ù.ú

Mas eu queria tanto colorir meu desenho com tinta. >.< Oh, wait! O que é isso? *0* Uma bisnaga de tinta vermelha sem dono dando sopa, É MINHA!

Masoquê? Quem é essa menina? Por que ela não deixa eu pegar a bisnaga? ‘-‘

Akane's POV.

Quequeéisso? No jardim de infância e já praticando furto? Tinha uma enxerida querendo pegar a minha bisnaga de tinta. ò.Ó

– Sai, menina! Essa tinta é minha! – eu disse, tentando pegar a bisnaga da mão dela, mas ela não soltou.

– Não tinha ninguém perto dela até agora, eu vi primeiro! – ela puxou a bisnaga, mas eu também não soltei.

– Soltaaaaaa! – disse, com raiva, e continuei puxando a bisnaga, enquanto ela puxava para si também. Preciso dizer o final da história?

BUM!

Tinta vermelha em cima de mim, em cima dela e em cima dos nossos desenhos.

Yasmin's POV.

Que amor, eu tava parecendo um mini papai noel com a roupa branca manchada de tinta vermelha. :3

Tudo culpa dela, menina chata! :@

– Que... Que... Que... – a professora Mel pegou nossos desenhos do chão e ficou olhando. – MAGUINIFICO! Eu amei, meninas! Só tentem se sujar menos da próxima vez que forem usar tinta guache pra colorir um desenho, pode ser? ._.

Eu queria acabar com a professora e com aquela garota. Com a professora, porque ela parecia uma mongoloide lesada, com a tal Akane, Kanae ou sei lá o que, por que ela acabou com meu lindo desenho. T.T

Akane's POV.

Tive que ir me lavar. Claro, né? Graças àquela ladrazinha de tintas minha blusa nova do Black Veil Brides estava toda manchada. – no auge dos meus 3 anos de idade já era fã do BVB ;3 –, e a pior parte é que ela estava me seguindo pra ir se lavar também. ¬¬

Entrei no banheiro e abri a torneira, lavava minhas mãos enquanto ela surgiu diante da porta. Me fitava a cada milímetro que se aproximava de mim. Ao terminar de me limpar chacoalhei minhas mãos automaticamente para tirar o excesso de água delas, e acabei molhando-a.

– Desculpa, eu não quis...

Fui ignorada e atingida por pingos de água que ela também jogara em mim. Ela sorria de ponta a ponta enquanto me via encher minhas mãos com mais água.

– EEEEI! – eu disse rindo. Começamos a fazer guerra de água no meio daquele banheiro imenso, e nem preciso contar o resto né?

Yasmin's POV.

Guerra de água, piso molhado, não podia dar em outra coisa né? Escorregamos as duas e colidimos com nossas cabeças.

– AAAAAI >.< – gritamos ao mesmo tempo, enquanto massageávamos nossas testas pra aliviar a dor.

Nos encaramos por alguns segundos e de repente...

– HAHAHAHAHAHAHAHA – não sei direito o porquê, mas nos jogamos no chão e começamos a rir feito duas hienas.

– Você é legal. – eu disse, sentando no chão e olhando-a. – Meu nome é Yasmin.

– O meu é Akane – ela disse. – Vamos ser amigas? *-* – ela estendeu o dedo mindinho pra mim.

– Vamos! *0* – eu disse, e logo depois entrelacei meu dedo mindinho com o dela, é um jeito que as crianças usam pra dizer “seremos amigas para sempre”, você também fazia isso, caro leitor, não negue. u.u

Voltamos pra sala pior do que saímos de lá, agora além de estarmos com as roupas sujas de tinta vermelha, estávamos encharcadas. E essa não é a pior parte. D;

Akane's POV.

Ô, Produção! Dá pra me dizer por que a professora Mel tem que ser tão chata? Além de aparentar não ter mais que dois neurônios, ela chamou a minha mãe na escola só porque eu e a Yasmin quase inundamos o banheiro, vê se pode?! ù_ú

Meu primeiro dia na escola e minha mãe já estava sendo chamada. Se eu já era assim no jardim de infância, imagine o que eu virei nos anos seguintes õ.õ

Apesar de eu ter ficado de castigo por um tempo, valeu a pena, se aquela guerrinha de água não tivesse acontecido eu não teria conhecido a minha – ouviram bem? MINHA – vadia que eu chamo de melhor amiga, vulgo Yasmin Willians :3

Yasmin's POV.

É, eu estava sentada do lado de fora da sala da professora Mel do lado da Akane esperando minha mãe sair de lá. ._. Simplesmente porque quase transformamos o banheiro num aquário gigante inconscientemente, maior injustiça u.u

Sorte que tudo isso teve um lado bom :D Conheci a Akane, aquela bitch que eu amo, e naquela época quem iria sequer imaginar que seríamos amigas até hoje?