El Beso Del Final escrita por Ms Holloway


Capítulo 17
Nada a perder




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Capítulo 17

 

Nada a perder

 

- Boa tarde, Sr. Ortiz.- disse Mônica estendendo sua mão e cumprimentando o tio de Letty em uma pequena sala de reuniões para onde Carlos Ortiz tinha sido conduzido. Ele apertou de volta a mão de Mônica, mas respondeu em tom seco:

- Eu gostaria de dizer que estou tendo uma boa tarde, senhorita...

- Fuentes.- ela respondeu. – Mas pode me chamar de Mônica.

- Muito bem, Mônica.- disse Carlos. – Acredito que já foi lhe passado o motivo de eu estar aqui.

Ela assentiu observando o rosto do homem a sua frente. Ele tinha estatura mediana, corpo musculoso e bem conservado para sua idade, cabelos lisos com poucos fios grisalhos misturando-se aos negros, bigode tradicional e olhar austero. Um típico mexicano como Mônica já vira muitos em seu trabalho, especialmente tentando cruzar a fronteira dos Estados Unidos ilegalmente. Não que ela pensasse que o Sr. Ortiz fosse um imigrante ilegal no país. Seu olhar dizia que ele era o tipo de homem correto e honrado em tudo o que fazia. Não havia dúvidas sobre isso.

- Bem, já que você já sabe o motivo de eu estar aqui, podemos ir direto ao ponto. Minha sobrinha, Letícia Ortiz está desaparecida. O documento que eu recebi hoje mais cedo se referia a uma autópsia de um suposto corpo que poderia ser o dela, mas o qual a autópsia confirmou laudo negativo. Preciso entender o que está acontecendo. O que o FBI sabe sobre a minha sobrinha?

Mônica deu um suspiro e foi honesta com ele:

- Sr. Ortiz, eu não estou nesse caso há muito tempo, mas o que posso lhe dizer é que muitas dessas informações são confidenciais.

Ele balançou a cabeça negativamente.

- Se estamos falando da minha sobrinha, essa informação não é confidencial.

- Não sabemos o que aconteceu com ela.- dessa vez, Mônica mentiu. Ela sabia sim que Bryan tinha encontrado Letty, ele tinha dito isso a ela, mas também pedira que não revelasse nada a ninguém e Mônica resolveu confiar nele.

- Como não sabem?- Carlos indagou, perplexo.

- Senhor, tudo o que posso lhe dizer é que a Letty esteve colaborando com o FBI em uma investigação oficial, mas que agora não sabemos do paradeiro dela.

- E desde quando minha sobrinha andava envolvida com a polícia?- os olhos dele suplicavam para que Mônica lhe desse mais informações, mas ela não podia dizer nada. Bryan lhe dissera mais cedo que ele tinha um plano e que o paradeiro de Letty deveria continuar em segredo. – Escute, moça. Só preciso saber se minha sobrinha está viva, porque se ela não estiver, farei de tudo para descobrir quem foi capaz de tirar a vida dela!

Mônica fechou os olhos por alguns segundos e esfregou as têmporas. Ela se sentia muito mal por estar mentindo para aquele homem que parecia ser tão sincero.

- Olhe, Sr. Ortiz, eu posso tentar ajudá-lo. Me diga, quando foi a última vez que viu sua sobrinha?

- Já faz mais de cinco anos.- ele revelou. – Ela saiu de casa para ir viver com um homem chamado Dominic Toretto. Se você procurar nos seus arquivos da polícia terá a ficha completa dele. Ele esteve preso por socar um homem quase até a morte e passou dois anos em Lompoc.

- Sei de quem se trata.- disse Mônica.

- Se sabe de quem se trata deve imaginar agora porque estou tão aflito. Letícia largou tudo para ir viver com esse homem porque o amava. Dom costumava ser um bom garoto, mas enlouqueceu com a morte do pai e tornou-se um criminoso. Eu jamais aprovei o relacionamento deles depois que Dominic saiu de Lompoc. Eu não entendo o que Letícia tinha a ver com a polícia, mas pra mim, se minha sobrinha estiver morta o único culpado é Dominic Toretto. Foi ele quem a conduziu para o pior dos caminhos.

- Dominic Toretto?- Mônica repetiu.

- Exatamente.- disse Carlos. – Estive procurando por ele antes de vir para cá, sei que ele está foragido. Foi o que ouvi de alguns colegas mecânicos. Mônica, que Dominic Toretto tenha a sorte de ser encontrado pela polícia antes de mim, porque se eu o encontrar primeiro, e ele tiver feito algo com Letty, eu o matarei e não me importarei nem um pouco em ir para a cadeia depois por causa disso.

Mônica franziu o cenho. O homem parecia mesmo decidido e saiu de lá dizendo que entraria com o recurso no Ministério da Justiça para reabrir o caso de Letty. Mas o juramento sobre matar Dominic Toretto foi o que mais lhe chamou a atenção e ela acabou se perguntando se Bryan não estaria cometendo outro terrível engano ao tentar ajudar o ex-presidiário novamente.

Suspirando cansada, ela pegou o telefone e discou o número do parceiro. Estava sendo um longo e interminável dia.

- Hey, Mônica!- disse ele do outro lado da linha alguns segundos depois.

- Hey!- disse ela. – Tenho algumas novidades.

- Ótimo porque você as me dirá pessoalmente. Preciso que venha e me encontre na rua de trás daquele shopping grande do centro em 1 hora. Vou precisar da sua ajuda.

- Vai precisar da minha ajuda pra quê?

- Eu te conto tudo quando nos encontrarmos. Te vejo mais tarde.

Mônica desligou o telefone pensando que Bryan O`Conner estava outra vez tentando metê-la numa roubada. Ela estava arrumando suas coisas e passando as últimas instruções para o agente que cuidaria da testemunha dela no caso quando o chefe deles se aproximou com cara de poucos amigos.

- Onde está o O`Conner?- ele rosnou.

- Está na rua investigando, senhor.- Mônica respondeu.

- Sei!- disse ele. – E por que você está aqui ao invés de estar de olho nele? Sabe como o O`Conner tem propensão a fazer besteira quando não tem um adulto supervisionando.

- Eu já estava indo encontrá-lo. Tive que ficar aqui esta tarde para interrogar a nossa testemunha.

- Sim, a mulher que agrediu Mia Toretto no hospital. Acho estranho que o Bryan não quis ficar aqui para interrogá-la pessoalmente. Ele foi seguir alguma pista importante?

- Digamos que sim, senhor.

O chefe resmungou algo ininteligível e então acrescentou:

- Eu soube que o tio de Letícia Ortiz esteve aqui e falou com você. O que disse a ele?

- Que ele deveria ir até o Ministério da Justiça se deseja fazer uma contestação do caso.

- Muito bem.- falou ele, parecendo satisfeito. – Pode ir. Me informem se souberem de algo importante pertinente ao caso.

Mônica pegou sua bolsa e aproveitou para ir logo antes que o chefe mudasse de ideia e a chamasse novamente para novo "interrogatório" sobre as atividades de Bryan. Aliás, ela estava muito curiosa para saber o que seu parceiro andava aprontando.

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Mia observou Letty terminando de trocar a fralda de Nina em cima da cama de Vince.

- Pode pegar o talco para mim?- ela pediu. Mia estendeu a embalagem branca de tampa azul para ela.

- Você é mesmo ótima com ela.- disse.

- Tive bastante tempo para praticar.- falou Letty.

- Eu sinto muito que você tenha tido que passar por tudo isso sozinha, Letty.

- Foi minha escolha, Mia.- Letty ajeitou a fralda descartável na menina, fechando-a com as fitas adesivas e abotoou o macacãozinho azul claro de volta. Nina sacudiu os pezinhos em sapatinhos da mesma cor e fez um barulhinho engraçado, sorrindo para sua mãe. – É, chiquita, você vai dar um passeio com a mamãe...

- Foi difícil?- Mia perguntou. – Eu digo, uma gravidez sozinha e depois ter que cuidar da sua filha...

- Seu irmão me fez a mesma pergunta.

- E?

- Foi difícil, mas valeu a pena.- respondeu Letty. – E eu faria tudo de novo por ela.

Nina remexeu-se toda, fazendo gracinha, como se soubesse que estavam falando dela. Letty sorriu e roçou o rosto na barriguinha da menina, brincando com ela. Dominic entrou no quarto e indagou:

- Já está pronta?

- Estamos.- respondeu Letty erguendo Nina nos braços.

- Já sabem para onde vocês vão?

- Não fazemos ideia.- disse Dom. – Estamos deixando tudo nas mãos do O`Connor. É bom que ele queira mesmo nos ajudar.

- Eu tenho certeza que sim.- disse Mia com convicção.

Bryan que vinha chegando naquele momento ouviu a pergunta de Dom e a conseqüente resposta de Mia. Sorriu consigo porque ficou satisfeito em saber que apesar de tudo, Mia ainda confiava nele.

- Podemos ir?- disse ele, entrando no quarto. Minha parceira já está indo nos encontrar no meio do caminho.

Dom assentiu e em seguida perguntou à Mia:

- Você vai ficar bem?

- Sim, não se preocupe. Vince e Leon vão cuidar de mim até o Bryan voltar.

- Não sei se eles são os melhores guarda-costas.- Dom comentou, mas seu olhar era divertido.

- Ei, eu ouvi isso!- disse Vince da sala de estar.

- Vocês vão me dar notícias?- perguntou Mia.

- Sim.- respondeu Letty. – Pode contar com isso.

- Me deixa carregar a Nina até o carro?- ela pediu e Letty sorriu, entregando a criança a ela.

Mia beijou a cabecinha da nenê e seus olhos se encheram de lágrimas.

- Ah, você não vai começar a chorar agora, vai?- disse Dom, provocando-a.

- Vamos.- disse Bryan e Dom recolheu toda a bagagem de Letty junto com as coisas de Nina para levar para o carro. Mia passou o bebê de volta para Letty assim que ela se sentou no banco de trás do carro de Bryan.

- A gente se vê logo.- disse Dom à irmã.

Mia balançou a cabeça, enxugando as lágrimas.

- Por que está chorando? Parece uma mulherzinha.- Letty brincou com a cunhada.

- É que eu não queria mais ficar longe de vocês.

- Não tem com o que se preocupar, Mia. Nós ficaremos bem.- ela garantiu.

- Ô Dom!- chamou Vince ao lado de Leon. – Vê se manda ver!

Letty revirou os olhos e Dom sorriu.

- Pode deixar comigo!

- Não deixa ela te zoar não, meu irmão.- Vince complementou.

- Eu acho que você é quem está precisando mandar ver, V!- falou Letty quando Bryan deu partida no carro. Eles ainda se despediram de Leon antes que Bryan buzinasse e deixasse a casa de Vince, dizendo:

- Voltarei logo, Mia!

- Muito bem, Bryan, acho que já é hora de nos dizer para onde está nos levando.- exigiu Dom quando eles já estavam quase chegando no local que ele tinha marcado de se encontrar com Mônica.

- Vou levá-los para a casa de um amigo no subúrbio. Lá é seguro. Ninguém encontrará vocês!

- Como pode ter tanta certeza?- Dom questionou.

- Vocês precisam confiar em mim!- disse Bryan avistando o carro de Mônica estacionado logo atrás do Shopping Center. Pelo menos ela fora discreta e viera dirigindo o seu carro, um Nissan Frontier 2008 até o local do encontro ao invés de chamar a atenção vindo numa viatura de polícia, pensou Bryan.

- Hey, Hollywood!- ela saudou quando o viu descer do carro, porém, ao avistar Letty e Dom lá dentro, Mônica franziu o cenho e exclamou:

- Filho da puta! O que você está fazendo?

- Você precisa me ajudar!- disse Bryan indo até ela.

Dominic olhou para Letty e disse, antes de descer do carro também:

- Fica no carro com a Nina!

Letty suspirou irritada olhando Dom ir até Bryan e sua parceira. Por acaso ele tinha se esquecido de que não mandava nela? O fato der ser mãe da filha dele não mudava isso, mas ainda assim ela ficou no carro, não por obediência à Dom, mas pela segurança de Nina. Nunca se sabia quem poderia estar observando.

- Bryan você enlouqueceu mesmo!- Mônica exclamou. – Pra onde os está levando? Hoje mesmo eu falei com o tio dessa moça no FBI e tive que mentir pra eles sobre ela estar viva.

Dominic ficou diante deles e cruzou os braços sobre o peito, observando a discussão.

- Mônica, você sabia ontem à noite que eu estava tentando ajudar o Dom e concordou com isso, por que está toda nervosinha agora, droga?- falou Bryan, ficando irritado.

- Porque eu pensei que você ia apenas fazer vista grossa sobre a presença dele em LA... – ela parou e olhou para Dom. – Ok, fica complicado falar sobre isso com ele olhando!

Dom acabou sorrindo e balançou a cabeça negativamente antes de dizer à Bryan:

- Certo, então é ela quem vai nos ajudar?

- Ela pode não parecer, mas é uma boa pessoa.- Bryan completou e Mônica olhou para Letty dentro do carro, com Nina nos braços e seu coração amoleceu.

- Eu juro que quero ajudar!- disse ela. – Mas vocês precisam me deixar fazer parte do time também. Quero saber no que eu estou me metendo!

- Mônica, você sabe muito bem que precisamos pegar o Braga.- disse Bryan. – Se existe um cara malvado nessa história toda, esse alguém é ele! O Dom está disposto a nos ajudar em troca de anistia...

- Bryan, estou há pouco tempo neste caso, mas li os relatórios. Esse não era o seu plano inicial quando colocou Letícia Ortiz nisso? E veja só o que aconteceu. O FBI não vai dar anistia a ele mesmo que...

- Que se dane a anistia!- falou Dom. – Não estou preocupado com isso, moça.- ele lançou um olhar para o carro, Letty não podia escutar o que diziam porque estavam relativamente longe. – Tudo o que eu quero é proteger minha família e no momento esse Braga é a pedra no meu sapato. Portanto, nos ajude que eu os ajudarei a resolver esse caso. Quando tudo terminar, eu vou me entregar.

- Como é que é?- retrucou Bryan, estupefato com o que ele tinha dito. Ele esperava que Dom colaborasse com os planos dele para tentarem conseguir a anistia, mas em caso de não conseguirem, sempre havia um plano B. Bryan jamais imaginou que Dominic seria capaz de se entregar.

- Eu não pretendo mais fugir, Bryan.- disse Dom em voz baixa. – Letty quase morreu tentando conseguir perdão pra mim. Chegou minha hora de recompensá-la por isso. Mas não quero que ela saiba de jeito nenhum que tomei essa decisão.

- E quando foi que tomou essa decisão?- Bryan questionou. – Quando conversamos na casa do Vince você disse que...

- Acabei de decidir!- falou Dom. – Agora é com vocês. Preciso que levem minha família para um lugar seguro e me deixem trabalhar.

Mônica suspirou. Ficou tocada com a declaração de Dominic Toretto de que abriria mão de sua liberdade pela segurança de sua família. Precisava ajudá-los.

- Tá legal, Bryan, qual é o seu plano?- ela perguntou.

- Roman Pierce!- ele respondeu com um sorriso e Mônica alargou os olhos e exclamou:

- O quê?

- Isso mesmo o que você ouviu e preciso de sua ajuda para convencê-lo a nos ajudar!

- E lá vamos nós!- disse ela, já imaginando o trabalho que teriam em convencer o homem mais teimoso do mundo a fazer qualquer coisa.

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Roman Pierce sentou-se no sofá, ligou a TV e abriu uma cerveja gelada que tinha acabado de pegar em seu pequeno refrigerador. A vida não podia ser mais perfeita. Era seu dia de folga na fábrica de carros e ele não precisava a ir a lugar algum. Passara o dia inteiro curtindo a paz de seu lar. O que ele não sabia era que Bryan O`Connor estava vindo revirar sua vida novamente com mais uma missão mirabolante.

Já passava de oito da noite quando Mônica e ele estacionaram no terreno baldio ao lado da casa de Roman. A viagem tinha durado pouco mais de duas horas e tivera mais de uma parada porque Letty precisou trocar ou alimentar Nina. Ela e Dominic estavam exaustos, pois ainda não tinham dormido desde a corrida no Hollywood Boulevard e depois de tantos reencontros e grandes decisões ambos mereciam um bom descanso antes de darem qualquer novo passo.

Bryan e Mônica precisavam dormir também, mas o modo policial dele estava ligado no automático desde o ataque à Mia e o reencontro com Letty. Ele não conseguia deixar de pensar que não estavam muito longe de pegar Braga finalmente. Bastava que o plano dele continuasse dando certo.

- É aqui?- Dom perguntou a ele.

- Sim.- ele respondeu.

- Se importa se eu perguntar a quem pertence esta casa?- Letty indagou observando a casa à frente deles. Era uma casa de madeira padrão do subúrbio, sem muro e com as tintas das paredes desgastadas. Mas o visual envelhecido e desmazelado da casa contrastava com o canteiro de petúnias coloridas ao redor dela, viçosas e bem cuidadas.

- Essa casa é de um velho amigo.- disse Bryan. – O nome dele é Roman. – Ele vai manter vocês em segurança!

- Isso depois que nós o convencermos disso. - acrescentou Mônica que já tinha descido do carro e escutara a conversa deles.

Dom desceu do carro primeiro e ajudou Letty com Nina. A criança adormecera depois da última parada e ela a pusera na cadeirinha. Com uma mão ele segurou a cadeira da filha, com a outra, ele tocou a mão de Letty e eles trocaram um olhar de cumplicidade. Ele dizia a ela com o olhar que tudo ficaria bem e ela correspondia ao olhar dele afirmando que confiava nele outra vez.

- Acho melhor você ir à frente.- disse Bryan à Mônica quando eles se aproximaram da entrada da casa. – Sabe como é, só pra garantir...

- Frouxo!- Mônica debochou.

- Eu só estou tentando ser prático aqui, garota!- justificou-se Bryan.

- Afinal de contas como conheceu esse Roman?- Dominic indagou. – Ele é policial também?

- Nós crescemos juntos.- contou Bryan. – Ele pode ser tudo, menos tira!

Mônica bateu na porta com os nós dos dedos e esperou por alguns instantes. Mas ninguém apareceu. Ela bateu de novo e dessa vez escutou uma voz zangada vinda de dentro da casa:

- Mas quem é o filho da mãe que está batendo na minha porta à uma hora dessas? Vá embora, não quero comprar nada!

- Abra, Roman. É a Mônica!- ela finalmente disse depois de ouvi-lo resmungar.

- Mônica?- retrucou ele, mais perto da porta. – O que veio fazer aqui?

- Tenho algo importante pra falar com você.- respondeu ela.

- O`Connor está contigo?- ele perguntou.

- Sim, ele está!- confirmou ela. – Mas... – ela não teve tempo de terminar de falar, pois Roman abriu a porta com um puxão e lançou-se sobre Bryan sem nenhuma explicação.

- Peraí, Roman!- gritou Bryan. – Vamos conversar.

Dom olhou para Mônica sem entender e Letty exclamou:

- Que merda é essa?

- Ah, isso acontece sempre.- explicou Mônica. – É o jeito particular deles de se cumprimentarem.

- Pára, Roman!- Bryan se desvencilhou de um soco que o amigo desferiu contra ele.

- Você sempre aprontando das suas né, Zé ruela? Já estou cansado! Por isso nem venha me oferecer nenhum trampo na polícia porque eu não estou afim. Cadê aquela grana que você me prometeu?

- Que grana?- Bryan retrucou ao perceber de repente que Roman não estava realmente tentando bater nele.

- A grana preta que tu anda ganhando com o teu salário de tira almofadinha!- Roman respondeu rindo e saindo de cima de Bryan que riu também.

- Cara, precisava sujar meu terno de lama?- questionou Bryan erguendo-se do chão com a ajuda dele.

- Sorte a tua que eu não quebrei esse nariz de branquelo outra vez!

Bryan tirou a areia das calças e cumprimentou Roman com um forte aperto de mão e um abraço.

- Que cê veio fazer aqui por estas bandas?- Roman perguntou virando-se e encarando as pessoas que acompanhavam Bryan. – Tô sentindo cheiro de encrenca no ar!

- Viemos até aqui pedir a sua ajuda.- adiantou Mônica.

Dominic se manteve ao lado de Letty, com um braço protetor ao redor dos ombros dela.

- Mano, quem são essas pessoas?- indagou Roman com sua desconfiança habitual.

- Por que não nos convida a entrar?- disse Bryan.

Dez minutos depois estavam todos acomodados na pequena sala de estar da casa de Roman. Por dentro, a decoração da casa combinava perfeitamente com o canteiro de petúnias lá fora, pois lembrava o lar de uma idosa aposentada ao invés da casa de um ex-presidiário. O sofá gasto estava coberto com uma capa de algodão amarela e branca cujas estampas eram enormes girassóis. Em frente ao sofá havia uma mesinha de centro onde Roman pousou três canecas com café preto quente e um copo de chá gelado para Letty.

- A nenê toma alguma coisa?- Roman ingenuamente perguntou.

- Não, ela está bem, obrigada.- disse Letty.

De frente para a mesinha havia uma televisão velha e cortinas amarelas nas janelas. Roman afastou para um canto as garrafinhas de cerveja Corona que estivera bebendo durante sua folga e puxou uma cadeira plástica sentando-se junto a eles que tinham se acomodado no sofá e em duas poltronas adjacentes cujo estofado estava rasgando.

- Muito bem, Bryan, meu camarada. Sobre o que é tudo isso?- perguntou Roman querendo compreender o que trouxera Bryan e Mônica à sua casa tão tarde da noite com um casal e uma criança.

- Você já ouviu falar de Dominic Toretto?- Bryan perguntou e Roman franziu o cenho.

- Mas é claro que ouvi. Foi por causa do Dominic Toretto que você quase se ferrou com os tiras!- disse Roman recebendo olhares desconfortáveis do casal sentado lado a lado no sofá maior. – Será que eu entendi direto? Você é Dominic Toretto?

Dom assentiu silenciosamente.

- Puta que pariu, O`Connor! Esse cara é procurado em todo o Estado da Califórnia desde que você o deixou fugir. Por que trouxe o sujeito pra minha casa?

- O sujeito pode ir embora agora mesmo!- falou Dom já se erguendo do sofá. Letty fez o mesmo e com um olhar que não demonstrava absolutamente nenhum tipo de sentimento, ela disse:

- Obrigada pelo chá!

- Ei, sentem!- pediu Bryan. – Mônica e eu vamos conversar com o Roman lá fora!

- O`Conner, Letty e eu não temos tempo para essa palhaçada...

- Por favor, Dom!- insistiu Bryan. – Cinco minutos são tudo o que eu peço.

- Venha, Roman!- falou Mônica, já puxando o homem negro e forte, de quase dois metros de altura para fora da casa.

Assim que ficaram sozinhos na sala, Letty perguntou a Dom:

- Acha que podemos confiar nele?

- Ele é um cara desconfiado.- disse Dom. – Uma boa razão para confiarmos nele.

Do lado de fora da casa, Bryan chutou uma pedrinha do jardim com o bico de seu caro sapato social e disse à Roman:

- Eu nunca fui preso.

- É isso, mesmo. Você nunca foi preso!- comentou Roman com deboche. – Como se eu já não soubesse disso, O`Conner. Se você tivesse sido preso, em algumas horas estaria sendo chamado de loirinha gostosa pela galera.

- O Dom já foi preso.- disse Bryan. – Em Lompoc.- ele acrescentou. – Você sabe como é estar preso lá, não sabe, Roman?

- Lompoc?- Roman retrucou. Sim, ele conhecia muito bem a realidade do que era estar preso naquele inferno. Seis meses lá tinham sido para ele pior do que os quase três anos que passou em um reformatório para menores na Flórida. – Quanto tempo?

- Dois anos.- Bryan respondeu. – Roman, tem muita coisa acontecendo com meus amigos agora, e eu preciso ajudá-los porque em parte eu sou o responsável pelo que está acontecendo agora. Se eu ajudá-los, eles também podem me ajudar.

- Roman, estamos em um caso muito perigoso.- disse Mônica que se mantivera calada desde que tinham deixado a sala. – Já ouviu falar de Arturo Braga?

- E quem nunca ouviu falar dele?- disse Roman.

- Letty... – Bryan apontou para a sala. – Ela estava me ajudando no caso Braga em troca de uma anistia para o Dom.

- E desde quando o FBI concede anistias?

- Eu consegui uma pra você.- disse Bryan e Roman calou-se porque ele estava certo. Há cerca de quatro anos atrás Bryan foi restituído na polícia federal com a ajuda de Roman que recebeu uma liberdade condicional em troca de ajudá-lo, uma anistia.

- As coisas deram errado para Letty, muito errado e ela quase morreu por causa disso. Ele descobriu que ela estava trabalhando para a polícia e a está perseguindo. Dom voltou para ajudá-la e aceitou se infiltrar no esquema do Braga para nos ajudar. Se conseguirmos pegá-lo, ele conseguirá uma anistia e poderá ficar com sua família. Não importa o que digam, Roman. Eles são boas pessoas e agora têm uma filhinha. Preciso ajudá-los, entende?

- Do que você precisa?- ele indagou, já quase rendido.

- Como eu disse, Dom vai se infiltrar como piloto do Braga e conseguir as provas que precisamos para prendê-lo. Mas ele precisa de um lugar seguro para deixar a Letty e sua filha, e alguém para protegê-las. Posso contar com você pra isso?

Roman balançou a cabeça negativamente, e deu um sorriso.

- O`Conner, um dia eu ainda vou querer entender como você consegue se meter em tantas encrencas? Arturo Braga é coisa pesada, hein? Mas tá legal, vou dar essa força pro seu amigo, Dom. O cara tem uma filhinha e família é coisa importante. Além do mais, eu não desejo pra ninguém, nem pro meu pior inimigo uma estada em Lompoc.

Quando eles retornaram à sala, Dominic já estava impaciente e prestes a dizer à Bryan que seria melhor se eles fossem embora, mas o policial nem deixou que ele falasse.

- Já está tudo acertado. Vocês vão ficar aqui na casa do Roman por um tempo.

- Vocês podem ficar na minha casa à vontade. Só tem um quarto, mas eu posso dormir no meu trailer quando o Dom estiver aqui. Quando ele sair eu fico aqui e durmo na sala pra ficar de olho na tua patroa.

Letty franziu o cenho e disse:

- Agradeço muito sua ajuda, mas eu não preciso de babá, homem.

- Mas precisa de ajuda.- Mônica disse. – O Roman vai ser um excelente guarda-costas para você. Letal e confiável.

- Obrigado, Roman.- disse Dominic estendendo sua mão para ele. – É muito importante que a minha família fique segura.

- Eu sei.- disse Roman porque realmente o entendia. Ele não tinha mulher e nem filhos, mas sua mãe e as duas irmãs menores que estavam moravam na Flórida eram a coisa mais importante do mundo para ele.

Com as coisas resolvidas, Bryan decidiu que podiam relaxar um pouco antes de voltarem para LA. Ele telefonou para um serviço de comida chinesa local e pagou um jantar para todos. Eles comeram enquanto discutiam sobre os últimos acontecimentos e descobertas que Mônica relatou a eles.

- Diogo Muñoz, você disse?- Letty indagou enchendo um garfo com yakissoba e especiarias.

- Sim.- Mônica confirmou. – Esse foi o nome que "a falsa enfermeira" que atacou a Mia nos repassou. Ela disse que se envolveu em toda essa confusão a mando de um homem chamado Fênix.

Letty estremeceu por dentro ao se lembrar do vilão que quase acabou com sua vida e a de sua filha ainda na barriga. Mônica espetou um camarão com um pauzinho.

- Mandamos verificar a história e ela está dizendo a verdade.- ela continuou. – Ela é uma moça simples de cidade pequena que se viu numa situação desesperada. Teresa contou que o irmão a ajudava a criar o filho com o que ganhava nas corridas.

- Diogo Muñoz está morto!- Letty afirmou.

- Como sabe disso?- Bryan perguntou.

- Porque eu o conheci.- ela respondeu. – Nós estávamos na mesma equipe de pilotos do Braga. Ele não sabia de nada, apenas esperava ganhar alguns trocados como todos ali.- Letty fechou os olhos e os abriu em seguida, suspirando: - Eu o vi ser morto na minha frente quando os capangas do Braga partiram pra cima da gente para nos matar. Eu tentei ajudá-lo, mas quando percebi, tudo já estava uma merda! Tive que fugir.

- É uma pena.- falou Mônica. – Teresa não terá boas notícias. Pretendo colocar a ela e o filho no serviço de proteção à testemunha. Ela poderá testemunhar contra o Braga mais tarde.

- Se o Braga tentou matar a Mia, é porque ele sabe que somos irmãos, e sabe que eu e Letty estamos ligados. Como então vou me infiltrar na equipe dele? Ele quer me usar para chegar nela.- disse Dom.

- Mas ele não sabe que você sabe onde Letty está. Eu tenho certeza disso!- afirmou Bryan.

- Mas ele definitivamente sabe que voltei para Los Angeles.- falou Letty. – A mulher que eu encontrei no banheiro do aeroporto é uma prova disso!

- Que mulher?- questionou Mônica.

- Quando eu retornei à LA, uma mulher me abordou no banheiro do aeroporto enquanto eu estava trocando a Nina.- Letty contou. – Ela ficou querendo tocar a minha filha e disse que ela tinha os olhos do pai...é claro que isso me deixou bolada!

- Soou como uma ameaça pra mim.- disse Mônica e Bryan assentiu. – Como era essa mulher?

- Ela era alta, magra, tinha cabelos loiros e um ar de falsa doçura, entende o que eu quero dizer?

- Meu tipo preferido de mulher.- Mônica gracejou. – Você faria um retrato mais detalhado em outro momento para um especialista, Letty? Assim podemos tentar encontrá-la nos arquivos da polícia.

- Não acho que seja seguro.- Dom interviu. – Oficialmente a polícia não sabe que a Letty está viva ou que estou com ela.

- Nós podemos trazer alguém de confiança, Dom. Não se preocupe!- Bryan assegurou.

- Precisamos ir agora, Bryan. Há muito a ser feito.- Mônica lembrou.

- Ok.- ele concordou. – Dom, amanhã cedo trarei o seu carro para a corrida.

- Faça isso!- disse Dom. – Preciso fazer algumas modificações nele antes da corrida.- ele se voltou para Roman: - Você por acaso não teria uma garagem velha onde eu possa me ajeitar com o meu carro amanhã?

- Tá falando a minha língua, meu camarada.- disse Roman. – Acho que tenho um lugarzinho que pode servir.

- Ok, nós vamos indo então.- disse Bryan, despedindo-se.

Mônica levantou-se da cadeira e olhou para Nina, adormecida em sua cadeirinha. Sorriu e acariciou-lhe os cabelos.

- Valeu por tudo.- Letty agradeceu e ela apenas sorriu.

- Nos vemos amanhã. Até mais, pessoal!- falou Bryan e eles deixaram a casa. Roman os acompanhou até a porta e quando voltou disse a Dom e Letty:

- Eu vou só pegar umas coisas no meu quarto e levar pro trailer. Vocês podem ficar à vontade.

Letty agradeceu e Dom apenas meneou a cabeça. Quando Roman saiu, Nina acordou e começou a chorar. Letty a pegou no colo e a levou para o quarto onde a trocou, alimentou e a pôs para dormir.

Dom tomou a liberdade de pegar uma Corona na geladeira de Roman e sentou-se no sofá, abrindo a tampa da garrafa. Tomou um longe gole da bebida, tirou os sapatos e aproveitou para esticar as pernas. Estava cansado. Sabia que o dia seguinte seria ainda mais longo do que o anterior. Recostou a cabeça em uma almofada rendada que colocou no topo do sofá atrás de si e fechou os olhos. Tanta coisa acontecendo em tão pouco tempo. Mas há um ano atrás esse costumava ser o seu ritmo normal de vida. Sorriu levemente. Percebeu que sentia falta disso. De sua vida correndo à quilômetros por hora como um carro veloz. Porém, ele também sabia que agora que ele e Letty tinham Nina, precisavam ir mais devagar. Precisavam pensar nela antes de tudo. Ele precisava pensar em suas duas garotas agora mais do que tudo.

E falando em garotas, Dom ouviu passos suaves saindo do quarto e indo para a cozinha. A casa de Roman não era muito grande e da sala, Dominic poderia visualizar praticamente toda a cozinha, o lugar para onde Letty se dirigiu logo após sair do quarto, usando nada além de uma pequena calcinha de algodão preta. O coração dele falhou uma batida e sua mente exclamou um incontrolável: Uau!

Letty sempre tivera um corpo perfeito, nas proporções certas, mas a gravidez tinha lhe feito um bem enorme, Dom concluiu agora que ele podia ver mais do que ela estivera disposta a lhe mostrar antes. Suas costas naturalmente bronzeadas e sinuosas refletiam a luz da lua que entrava suavemente pela janela entreaberta da cozinha. Os olhos dele concentraram-se nos cabelos compridos dela que estavam soltos e cobrindo-lhe os ombros, nos seios nus, cheios e empinados, no traseiro grande e arrebitado que o tecido da calcinha mal podia cobrir. Dom sentiu sua virilha doer e respirou fundo apreciando a bela visão à sua frente. Tomou mais um longo gole da cerveja e levantou-se do sofá indo até a cozinha.

Ela voltou-se para ele sem qualquer preocupação em cobrir-se. Ao olhar para Dom, Letty umedeceu os lábios instintivamente, tornando-os ainda mais rubros e úmidos. Dominic gemeu baixinho e a olhou inteira. Simplesmente perfeita. Os quadris um pouco mais largos do que ele se lembrava, mas não havia qualquer sinal de gordura desnecessária em sua barriga.

Letty estremeceu por dentro ao sentir os olhos de Dom sobre ela e seu corpo inteiro aqueceu-se. Ela olhou para os braços musculosos dele e seu peito rígido e lembrou-se de como gostava de se agarrar a ele, como se Dom fosse sua montanha particular. Letty se sentia tão pequena quando Dom a tinha nos braços e adorava isso. Pequena, mas forte e dominadora. O olhar dela desceu do peito dele para partes mais óbvias de sua anatomia e soube que ele a desejava e muito. Ela também queria o mesmo, mas ainda era muito cedo. Ela o deixaria sofrer mais um pouco, mesmo que isso significasse seu próprio sofrimento também. Estava tão excitada que se ele encostasse um dedo nela seu corpo derreteria inteiro. Mas Letty se manteve firme em seu propósito de torturá-lo conforme tinha dito à Vince que o faria, e lançando a Dom um olhar arrogante, disse:

- O que foi?

As palavras dela soaram como um balde de água fria em Dominic. Quando ela falava assim com ele, Dom sabia que não ia ganhar nada, por isso, para não admitir a ela que seu corpo estava quase entrando em estado de combustão espontânea, ele pigarreou e limitou-se a dizer:

- Eu só queria saber se posso pegar um travesseiro da sua cama para eu levar para o sofá.

- Fique à vontade.- Letty disse, virando de costas para ele e enchendo um copo de água na torneira antes de beber.

Dom deu as costas a ela e entrou no quarto com cuidado para não acordar Nina. Pegou um travesseiro e saiu. Letty entrou no quarto logo em seguida e fechou a porta. Dominic jogou o travesseiro no sofá e resmungou baixinho entre irritado e excitado:

- Mas que droga, Letty!

 

Continua...


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