Sob a Luz do Sol escrita por Tatiana Mareto


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Ainda estou começando. É a primeira vez que escrevo algo e vou postando durante a escrita, gradualmente.

Espero que gostem! ^^



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Foi rapidamente que decidi ser a minha hora. Eu estava cansada... simplesmente cansada de tentar fugir daquilo que eu realmente era.

_Não me esconderei mais. – Foi o veredicto, tão logo pude me dirigir a Randolph.

_Não tens opção. – Rudolph disse, saboreando o líquido avermelhado dentro de uma taça. – Ah, isso é quase tão bom quanto deveria ser.

_Rudolph... – caminhei até ele, olhar aflito. – parece que não me leva a sério. Mas falo sério. Vou embora...

_Embora para onde? Pretende sair ao sol, ir à terra, entre eles? O que sabe deles, Beatrice? O que sabe deles que te faça acreditar que poderá estar entre eles?

_Eu não sei nada, talvez seja essa minha inquietação.

Rudolph franziu o cenho, e deixou de lado a taça de odor nauseante. Eu o encarava, tentando entender onde encontrei coragem suficiente para desafiá-lo. Se aquele meu arrobo adolescente pudesse ser considerado desafio.

_Beatrice... não há nada neles que precise conhecer ou saber; nada deles é interessante. São mortais... eles envelhecem, engordam, alimentam-se...

_Também nos alimentamos. – Corrigi.

_É diferente, muito. Eles produzem dejetos... têm cheiros muito, mas muito confusos para nossas narinas sensíveis... eles são desagradáveis.

_Vivemos sob a terra. Não seríamos também desagradáveis a eles?

_E se eles desejarem matar-te? – Rudolph jogou-me uma isca.

_Podem matar-me? – Não me deixaria fisgar tão facilmente.

_Podem tentar. Podem descobrir fraquezas... mas pode ser pior... e se desejar matar-lhes?

_Vou desejar... não vou? Afinal, nossa alimentação não é baseada exclusivamente em...

_Sim, é. – Rudolph não me deixou falar a palavra. – Mas estás mesmo pronta para... matar, Beatrice? Conseguiria conviver com a morte de um humano em seus braços?

_Não desejo matar-lhes. Sei reprimir o instinto.

Rudolph soltou uma gargalhada. Pegou novamente a taça sobre a mesa, e aproximou-a de mim. O odor era desagradável, sim. O líquido viscoso não parecia saboroso, e ele sabia disso.

_Consegue bebê-lo? – Ele desafiou.

_Sim, se desejar. Alimento-me disso.

_Conseguiria resistir se ao invés deste cheiro fétido tivesse em sua frente o mais refinado dos banquetes? Preferiria a taça morna de sangue desconhecido à veia pulsante e viva de cheiro esfuziante?

Mantive-me muda, então. Rudolph riu novamente, e bebeu todo o conteúdo da taça, deixando o salão. Ele era irritantemente sábio. Sempre certo, sempre conhecedor demais de tudo que eu desconhecia. Mas eu já havia tomado minha decisão. Eu iria para o meio deles, mesmo que isso significasse algo ruim. Não passaria o meu “para sempre” ali, solitária. Eu queria mais, mesmo que mais significasse... menos.


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