Recém-nascida escrita por Cambs


Capítulo 1
Prefácio




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/242345/chapter/1

Turim, Itália — 1320


O corpo foi jogado por cima da pilha do mesmo modo indiferente dos anteriores, os membros flácidos tocavam narizes e bocas dos que estavam por baixo e a cabeça ficara virada em direção aos homens de capa esvoaçante.

— Este é o último? — um deles perguntou. Este era alto e magro, com cabelos escuros formando cachos acima da cabeça, o rosto fino e normalmente pálido estava corado pela exposição ao vento gélido.

— Sim senhor — o guarda respondeu parando de esfregar as mãos desprotegidas, tanto do frio quanto da tarefa, para encarar o homem.

— Ótimo Demetri, nos deixe a sós, por gentileza — o segundo homem disse. Este era mais alto e visivelmente mais forte, com ombros e peitoral largo, os cabelos negros tampavam a nuca e o rosto translúcido também estava corado pela exposição ao frio.

Demetri fez uma reverência e gritou para os soldados dando a ordem para saírem dali. Os homens esperaram pacientemente até que eles estivessem a cerca de 2 km de distância para enfim começarem a falar.

— Carlo retirou-se de qualquer movimento que envolva tirar vidas inocentes e extermínios também — o primeiro homem tornou a falar, ele não queria olhar para o companheiro, a cena de destruição a seu redor atraía mais sua atenção.

— Não me surpreende, ele está ocupado demais paparicando a mestiça.

— Não aja como se fosse um ser sem sentimentos, eu bem sei que não é. Caso contrário não teria me contado que Dafne está grávida! — o primeiro exclamou. — Não finja ser um monstro, uma hora acabará se tornando um.

— Questiono-me porque dividi esta informação com você Anthony.

— Porque você necessita de algum sermão.

O segundo homem sorriu.

— Principalmente sermões sobre família — isto fez o sorriso do segundo homem desaparecer.

— Não somos uma família — a voz dele era dura. — Somos clãs. Escolhemos os fortes e descartamos os fracos, diga-me Anthony, pode-se escolher a família?

— Não, Marco, não podemos escolher a família — Anthony, o primeiro homem, suspirou. Era inútil discutir, já deveria saber. — Então prepare seu clã para a chegada da sua mestiça e para a repercussão do que estamos vendo. Você agora é pai de uma mestiça e acabou de exterminar os Pattris!

— Fiz o que tinha que fazer e não possuo arrependimento — Marco deixou clara a certeza das palavras, fez uma pausa e suspirou. — Vamos seguir com o plano original e continuar como se nada tivesse acontecido. Foi apenas um ataque dos rebeldes.

— E estes corpos? — Anthony questionou quando Marco virou as costas para chamar seu cavalo.

— Estamos em tempos difíceis para os humanos. Com os boatos da volta dos Templários, a morte destas pessoas não nos afetará. Afinal, assim que eles abrirem os olhos dos cadáveres para a inspeção ficará claro o que realmente são e tudo não passará de uma limpeza de seres impuros.

Enquanto Marco montava no cavalo e partia, Anthony encarava a pilha de corpos jogados a sua frente de modo melancólico. Marco estava certo. Assim que abrissem os olhos dos cadáveres, o intenso tom azul safira revelaria o que realmente eram e isso seria tomado como uma limpeza.

Nada além de uma limpeza dos demônios, nada além de uma limpeza de vampiros.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!