Dizem que toda história de amor verdadeiro começa com um "eu te amo"...

            A minha não, a minha começou com um " Para sempre".

            Meu nome é Zachary Baker, Zacky para abreviar, e estou cansado de todas as pessoas falaram " Você consegue" ou " Tudo vai ficar bem". Está doendo...

            O que está doendo? Bom, tudo... Minha alma, coração... Tudo dói, agora...

            Nunca me imaginei sentado aqui, escrevendo sobre minha vida... É até engraçado, sabe, se abrir para pessoas que você não conhece...

            Na realidade, eu me imaginei na cadeira de um pisicólogo, contando minha vida à ele e ele depois, publicando a mesma em um livro...

            Sim, essa idéia de escrever sobre mim, é meio desconfortante... Mais o por que... Ahhh, meus caros leitores... Isso eu não sei...

            Queria começar com Lucy... Queria contar à vocês mais sobre ela... Deixar vocês se aprofundarem em meu passado e comigo se apaixonar de novo e de novo e de novo pela senhorita Jones...

            Me lembro bem de ser o pior garoto da escola... Sempre envolvido em brigas de bar e cheio de suspensões.

            E ela... Ahh ela, sempre me livrava de ser expúlso... Lucy me amava e eu idiota, não via isso...

            É como dizem, precisamos perder as pessoas para podermos entender o quão importante elas são...

            Lú sempre foi a garota mais certinha da escola, tirava as melhores notas, era oradora e representante da sala, fazia parte do grêmio estudantil e do corpo docente do colégio. A única coisa que ela era diferente das nerds era que era a minha Lucy e era a lider de tocida mais linda e doce que havia na escola...

            Me lembro bem de falar com ela pela primeira vez na diretoria. Ela tinha um pouco de timidez, toda vez que passava por mim, abaixava a cabeça não me deixando ver seus lindos olhos verdes.

            Mais isso não importava para mim, puxei assunto com ela mesmo assim.

            - Hey, Lucy, né? - Perguntei a olhando e brincando com um dos panfletos da noite do baile.

            - Hã? Ahh, sim... - Disse ela abrindo um largo sorriso me olhando. Lembro do meu coração ter batido rápido naquele momento... Me lembro também de ter ficado confuso entre amor ou paixão de adolescente na noite do baile.

            - Já tem par pro baile, Jones? - Perguntei não mostrando muito interesse naquele sorriso, o que a fez olhar para as mãos.

            - Já sim Baker... Noah Anderson já me convidou... - Disse ela me olhando, aparentando estar animada. Lembro também de ter sentido um aperto no coração ao ouvir aquilo.

            - Ahh, sim... - Disse e lhe dei as costas andando pela escola.

            Lembro-me bem da noite do baile também, Gena em seu vestido azul marinho e Lucy em um lindo e longo vestido vermelho, que acentuava todas as suas curvas, a deixando linda e sexy ao mesmo tempo.

            Também lembro de estar tocando " I Will Survive" e eu estar sentado no canto, bebendo e vendo todos dançarem. Gena havia ido dançar com Jimmy e eles pareciam rir bastante.

            Quando decidi me levantar e ir embora, senti alguem pegar meu braço. Era ela...

            - Dança comigo Zée? - Pediu sorrindo e eu sem outra opção, assenti. Ela sorriu. O dj desacelerou as batidas e assim que pisamos na pista, ele colocou Always on my mind do Elvis para tocar. Ela me olhou e sorriu. Era o sorriso... - Eu amo essa música... - Sussurrou passando suas mãos plo meu pescoço.

            Meu coração voltou a acelerar mais que o necessário aquela noite, eu estava nervoso, minhas mãos suavam, eu não tinha controle dos meus pés e ela sorria toda vez que me olhava. Cheguei a afrouxar a gravata borboleta azul marinho, mais de nada adiantou.

            - Lú... - Chamei e ela apenas sorriu, sebando o que eu iria dizer.

            - Para sempre... - Sussurrou me deixando confuso. - Eu vou te amar para sempre, Zée... - Sussurrou me dando um beijo na testa e saiu da pista, me deixando com um sorriso bobo nos lábios a olhando se afastar.

            Depois daquela noite, tudo mudou... Minha vida, meus sentimentos, EU mudei... Depois que ela me disse aquilo, não fumei mais, só bebia socialmente com os garotos pequenas doses e era nela que eu pensava, não adiantava tentar outra coisa.

            Vivi pensando nela por mais de vinte anos, foi quando meu coração foi finalmente partido.

            No dia 28 de Dezembro de 2010, primeiro aniversário da morte de Jimmy, eu recebi a segunda pior notícia de minha vida. Lucy iria se casar com Noah Anderson, o garoto do baile.

            Recebi um convite branco com detalhes em vermelho e prata, muito bonito por sinal... E lá dizia que eles ficariam felizes se eu fosse... A assinatura dela ao lado da dele e a foto dos dois, sorrindo, parecendo felizes.

            Por fora, o sorriso dela era perfeito, parecia estar mais feliz do que nunca. Por dentro, era pura amargura, eu sabia que esse sorriso não passava de uma máscara, eu sabia que por dentro era tudo diferente, tudo mais amargo.

            Como eu sabia? Eu conhecia o sorriso da minha Lucy...

            Em um gesto louco após uma briga feia com Gena entre passar ou não as férias de verão com seus pais ou não, sai de casa com o carro em alta velocidade. O casamento seria no final da semana.

            - Telefonista? Lucy Jones, por favor... - Pedi.

            - Não encontramos ninguem com esse nome, senhor... - Respondeu ao telefone.

            - Puta que pariu! Procura por Lucy Anderson, rápido!? - Pedi quase que gritando.

            - Por favor senhor, se acalme...

            - NÃO VOU ME ACALMAR PORRA NENHUMA! A MULHER DA MINHA VIDA VAI SE CASAR COM OUTRO E EU NEM SE QUER SEI O NÚMERO DELA! - Gritei socando o volante na beira de uma estrada, deserta.

            - Senhor... Encontramos Lucy Anderson... 555- 3692... Senhor? Boa sorte...

            - Agradeço... - Disse e desliguei. Anotei o número de Lucy em um pedaço de papel no carro e respirei fundo. Era para ser Lucy Baker...

            Lembro de dirigir toda a noite por aquela estrada e pela manhã, não achar nada, exceto um barzinho, fechado por sinal e um telefone público, no qual peguei minhas duas últimas moedas trocadas e disquei o número de casa e o número dela.

            - Alô? - Gena atendeu confusa.

            - Oi... - Respondi com um nó na garganta.

            - Zacky? O que... Nós somos felizes, não é? Volta pra casa amor... - Pediu.

            - Somos mesmo Gena?  - Indaguei sentindo o nó sumir.

            - Zacky... - Sussurrou ela com a voz embargada.

            - Gena... Eu... Eu não volto mais pra casa... - Disse suspirando ao final.

            - ZACKY!? - Gritou ela já aos prantos.

            - É verdade... Cancei de aguentar suas crises de ciúmes e infantilidades... Desculpa Gena... Acabou... - Disse e desliguei.

            Peguei minha última moeda e já sabia para quem iria ligar para me despedir...

            - Alô? - Disse aquela voz familiar do outro lado da linha.

            - Sou eu Lú... - Disse cabisbaixo.

            - Oi Zée... - Disse ela feliz.

            - Oi Lú... - Respondi sentindo um aperto no coração.

            - Quanto tempo, não é? - Perguntou.

            - Pois é! Saudades baixinha... - Disse soltando uma leve risada.

            - Saudades de você também bolota... - Disse ela rindo.

            - Você não deve ter mudado nada... Deve continuar a mesma chata que eu conheci no colegial... - Disse rindo.

            - Olha quem fala! o  capitão "vamos fumar porque a vida já tá ruim"!? - Disse ela gargalhando. - Aonde você tá Zée?

            - Estou no telefone tentando voltar pra casa, eu gastei todos meus trocados com você... - Disse a verdade colocando a mão sobre o peito.

            - Comigo? - Perguntou confusa.

            - Sim Lú... Eu venho tentando te encontrar... - Disse suspirando derrotado.

            - Zée... - Sussurrou.

            - Eu sei Lú... Eu recebi o convite do seu casamento...  - Disse com os olhos marejados. Ela não respondeu. - Estou feliz por você, ok?

            - Zacky... - Sussurrou com a voz embargada.

            - Não, escuta... Por favor... - Pedi deixando algumas lágrimas caírem.

            - Tá... - Disse ela.

            - Você sabe que se eu pudesse voltar no tempo, você ainda estaria nos meus braços... - Disse chorando.

            - Zée... Prometemos nos amar para sempre... - Sussurrou ela. Ela parecia estar chorando também.

            - MAIS O PARA SEMPRE NÃO EXITE!?  - Gritei aos prantos.

            - Desculpa Zacky...  - Sussurrou ela.

            - É assim que acabamos então? - Perguntei. Não obtive resposta. - Ok... Eu ainda te amo Lucy...

            - Eu também te amo Zacky... - Disse ela aparentemente chorando.

            - O que te impede de ficar comigo então? - Perguntei olhando em volta. Tudo estava deserto, não sei até hoje nem como aquele telefone pegou.

            - Tantas coisas... - Respondeu ela.

            - Tipo? - Perguntei, chorando.

            - Adeus Zacky... - Disse ela.

            - Lucy... Espera... - Pedi.

            - Hm?

            - Você estava certa desde o começo... E-Eu não sei viver sem você, eu sou um idiota... Mas se você me der mais uma chance, eu prometo me redimir... - Disse chorando e coçando a nuca.

            - Desculpa Zacky... - Pediu novamente.

            - LUCY!? EU TÔ DESESPERADO!? - Gritei aos prantos encostando a cabeça no telefone.

            - Você escolheu nosso futuro, lembra? - Perguntou aparentemente chorando.

            - Lembro... Lembro de ter prometido a você que nós nos casaríamos e teríamos Samara, Mateus e Megan, nossos filhos, lembra? - Disse lembrando do dia e sorrindo em meio as lágrimas.

            - Lembro... - Sussurrou ela.

            - Lembra também quando você estava com medo de ir à fisioterapia? - Perguntei.

            - Você disse pra mim não ter medo... Porque você sempre estaria ao meu lado... - Disse ela chorando.

            - É... Eu prometi, não prometi? - Perguntei segurando o  colar que eu carregava com sua foto.

            - Prometeu... - Sussurrou chorando.

            - Você faz falta, meu amor... - Sussurrei olhando o colar.

            - Preciso ir Zachary... É a minha música para entrar na igreja... - Suspirei apertando o colar em minha mão.

            - Tá... - Chorei mais.

            - A-Adeus Zée... - Disse ela com a voz embargada.    

            - Adeus meu anjo... - Sussurrei abaixando a cabeça, chorando e ouvi o telefone ser desligado. Soquei com força o telefone público e sai do mesmo, atordoado.

            Andei por um tempo no sol já quente e decidi encostar em um monte de pedras e esperar meu fim por morte de fome e sede. Mais eu não iria morrer disso...

            Um som familiar veio do meio das pedras e antes que eu pudesse me levantar e me afastar, já havia sido atingido...

            O som familiar não passava de uma cobra cascavel. Vi sua pequena mordida em meu anti-braço esquerdo e suspirei.

            - Valeu amiga... Eu precisava disso... - Sussurrei, chorando e caminhando sem rumo, vendo minha visão toda embasada pelo caminho.

            Aquela era a pior sensação de toda minha vida... Claro, tirando aquela de tentar acreditar que a minha Lucy estava se casando...

            Senti que meu corpo não me permitia mais proceguir e que eu iria cair por ali mesmo... Nada mais me importava, Lucy estava se casando, havia sido picado por uma cascavél e não aguentava mais aquela dor e tortura...

            Deitei no chão quente no meio do nada e fechei meus olhos, cantando "Always on my mind". Era a nossa música... Tudo de repente se apagou...