POV Daniel

Eu ainda não acredito que disse para aquela irritante que eu ainda gosto dela. Cacetada, é agora que vou ser zoado o resto da vida. Eu já estava indo em direção a minha casa, afinal a Julie passou a maior parte da manhã desmaiada, e eu ao lado dela. Quando estou virando a esquina escuto alguém ao longe me chamar.

- Daniel! Daniel, espera por favor – reconheci a voz de imediato

Saí apressando o passo, não queria dar de cara com a Julie novamente, ainda mais depois do que eu falei.

- Daniel, por favor... eu... ainda estou fraca – disse fingindo uma fraqueza

Corri apressado até ela, segurando-a entre meus braços, fazendo nossos corpos ficarem colados. Eu sentia seu perfume, o toque da sua pele. Me lembrei o quanto era apaixonado por essa garota. Senti vontade de beijá-la ali mesmo, mas me contive, não vou cair nesse jogo de novo.

Levei-a para casa, subi as escadas com seu corpo frágil em meus braços, abri a porta do seu quarto em um chute. A deitei na cama, apoiei meus joelhos em seu colchão procurando equilíbrio. Estava eu, de novo, perigosamente próximo de seus lábios, eu não resistiria àquilo, eu não conseguiria... me aproximei devagar, vi os olhos da pequena se arregalarem, senti seu cheiro... então toquei meus lábios no dela, apenas toquei... eu pude sentir o mundo novamente ganhar cores, minha vida tomar sentido. Porém, outra vez aquelas lembranças me assombraram e eu levantei da cama num pulo.

- Dan... – a interrompi

- Já te coloquei na cama, agora vê se dorme que vc não está bem. Vou falar com Martim e Félix – disse e saí correndo em direção a edícula.

Quando cheguei, os dois me olharam confusos

- Daniel! – disse Felix com uma interrogação na cara – é vc mesmo?

- Não seu tapado, sou o papai Noel, apenas vim disfarçado de Daniel para ninguém me reconhecer – aff!

- PAPAI NOEL!!!! – gritou Martim, pulando no meu colo, sentando, literalmente – eu quero um baixo novo nesse natal e – o interrompi, empurrando ele do meu colo e ele caiu no chão

- DEIXA DE SER BESTA MARTIM, SOU MESMO O DANIEL – bufei

- Martim, como vc é burro – Felix disse, revirando os olhos e espalmando sua mão em seu rosto

- Ai, pela grosseria já vi que é ele sim – Martim se fez de ofendido

- Eu estou com saudade de tocar com vcs – disse – mas a Julie só da mancada, fala sério...

Contei aos meninos que tinha ido procurar Demétrius para ver se poderia viver novamente, na intenção de conquistar Julie, mesmo depois de ter sofrido aquilo tudo... Mas parece que na transição algo em mim mudou, já não tinha certeza se eu queria engolir meu orgulho em nome do amor. Na verdade, nem sei se valeria a pena, ela sempre arrastou uma asa para aquele panaca do Nicolas.

Me despedi de Martim e Felix e atravessei a sala em direção a saída, quando esbarrei em Julie e nem me virei para ajudar a se levantar.

- GROSSO! – ela gritou

- IRRITANTE! – rebati

- ARROGANTE! – ela completou

- CÍNICA! – bufei  e saí pela porta

COMO ELA TEM O DOM DE ME IRRITAR, CARAMBA! Se acalma Daniel, se acalma... tá, vc não consegue ficar nervoso com ela, não adianta fingir. Os xingamentos de Julie já não me irritam mais, agora só me causam dor... eu tentava desesperadamente esquecer esse sentimento mas não conseguia. Quanto mais eu lutava, mais eu me prendia naquele amor.

Não me aguentei, dei meia volta e rumei novamente em direção a casa da Julie.