Senzafine escrita por Lílly


Capítulo 15
A resposta era sim


Notas iniciais do capítulo

Gente me desculpem por essa demora, mas eu acabei indo viajar e quando voltei não tinha a mínima vontade de escrever, mas depois de muito tempo criei vergonha na cara e vim terminar a fic kkk que coisa não... Enfim, último capítulo, espero que gostem.



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[Narrador on]

Em pouco tempo Tom já se encontrava no aeroporto, prestes a embarcar para Ottawa. O voo foi longo e cansativo, Tom não havia conseguido sequer pregar o olho, preocupado com Evelyn e com sua filhinha, que estava completamente desamparada sem a mãe.

Assim que desembarcou junto de Melinda, foi até um hotel onde deixou suas coisas e sem descansar seguiu até o hospital. Chegando lá recebeu a notícia, dos pais de Evelyn, que já se encontravam lá, Evee havia entrado em coma, e a menina, que ainda não tinha um nome, apesar de ser prematura, estava bem.

Tom queria vê-la, queria conhecê-la, pegá-la em seus braços, sentir-se realizado por ser pai. Mas ele não podia, não agora. O bebê ficaria internado até seu pulmão desenvolver-se completamente e adquirisse peso o suficiente para poder ir para casa. Visitas eram permitidas somente 3 vezes ao dia.

Tom foi guiado até onde sua filhinha estava mesmo sem poder pegá-la, ficou observando-a pelo enorme vidro. Ela dormia tão lindamente, que Tom se comoveu. Ele não acreditava que aquela pequena criaturinha era sua filha. Sua e de Evelyn. Um sonho realizado por parte de ambos era uma pena, Evee, não poder compartilhar essa alegria com ele.

Depois de algum tempo, ali parado, na vidraça a enfermeira pediu que ele se retirasse. Com muita dificuldade, era difícil deixar sua filha ali sozinha, voltou para a sala de espera, onde todos os outros se encontravam.

- Ela é tão linda. - Ele dizia emocionado. Então, Kate, mãe de Evee, abraçou-o. – E Evee? Eu quero vê-la.

- Mel está lá com ela, só pode entrar no quarto uma pessoa de cada vez.

Tom esperou até Mel voltar. E foi ver Evelyn.

Ele não se conformava em vê-la naquele estado. Respirando através de aparelhos. Seu rosto tão lindo, agora era tomado por machucados, curativos. Ele não queria acreditar que ela estava em coma. A beira da morte.

- Acorda meu amor. Ele sussurrou segurando sua mão. Mas ela nem se quer movia-se.

“Se você apenas soubesse

Quantas vezes eu contei

Todas as palavras que foram erradas

Se você apenas soubesse

Como eu recuso a deixar você ir,

Mesmo quando você já se foi

Eu não me arrependo de qualquer dia que eu gastei

As noites que nós dividimos

Ou cartas que eu enviei...”

If You Only Knew - Shinedown

Dias, semanas, meses haviam passado, Tom e Mel tinham voltado para a Alemanha, e junto com eles a pequena Júlia. Sim, Júlia fora o nome que ele deu a filha, o nome da mãe, biológica de Evelyn, o nome que os dois escolheram, enquanto, faziam planos para o futuro.

Os pais de Evee tinham concordado em Tom ficar e cuidar de Júlia, afinal ele era o pai. Enquanto eles, cuidavam de Evelyn, que agora tinha sido transferida para Tóquio, mas continuava ma mesma. Ninguém sabia quando ela podia acordar. Se é que ela acordaria.

*** 4 anos e 6 meses depois ***

“O tempo está passando

Muito mais rápido do que eu

E eu estou começando a me arrepender de não passá-lo com você

Agora eu estou imaginando porque deixei isso preso dentro de mim

Então, estou começando a me arrepender de não ter dito tudo para você

Então, se eu ainda não o fiz, tenho que deixar você saber...”

Never Gonna Be Alone - Nickelback 

Tom estava deitado, no sofá da sala, pensando em como as coisas tinham se tornado. Mais de quatro anos havia passado, e Evee, ainda não tinha acordado. Ele pensava, também, na promessa que fizera no dia que foi embora de Ottawa. Que cuidaria de Júlia, e nunca mulher alguma tomaria o seu lugar.

Até agora ele tinha mantido a promessa, e continuaria mantendo. Ele sabia que mesmo quando, por muitas vezes, quiseram desligar os aparelhos, ele tinha esperança que um dia ela iria acordar. Só muito tempo havia passado, e ela continuava na mesma. Novamente quiseram desligar os aparelhos, e dessa vez ele não pudera fazer nada. A data já estava marcada.

- Papai. Papai. – Tom sentou-se rapidamente, quando Júlia entrou em casa junto da babá. – Olha o que a tia Ale me ajudou a fazer.  A pequena entregou uma folha para o pai.

- Que lindo filha. Ele disse pegando a menina no colo.

- Ham, Sr. Tom ainda vai, precisar de mim? Rosie, a babá, perguntou.

- Não Rosie, pode ir. Tire a noite de folga. Ele sorriu.

- Obrigada, e boa noite. Ela se retirou da sala.

- Quem é essa? Tom perguntou a filha apontando para o desenho da menina.

- É a moça da foto, pai, a mamãe, eu desenhei a nossa família. Ela dizia eufórica. Naquela hora Tom sentiu um enorme aperto no coração, Júlia cresceria sem conviver com a mãe.

Nesse instante a campainha tocou. A empregada foi atender.

- Olha pai. – A pequena chacoalhava Tom, que estava perdido em seus pensamentos. – É a moça da foto pai. É A MAMÃÃEEE. A menina desceu bruscamente do colo do pai e foi em direção a mulher que adentrara na casa.

- Minha, filha. – Evelyn abraçara fortemente a menina. – Como você é linda. Lágrimas rolavam descontroladamente.

Tom dera um pulo do sofá. Surpreso, ao ver Evelyn ali. E ainda mais surpreso com seu novo visual.

- Por que você dormiu tanto, mamãe? Por que não veio me ver? A menina acariciava os cabelos, agora curtos, da mãe.

- Mas agora eu estou aqui, e não vou mais me separar de você. Eu vim te buscar. Ela riu. Sua filha era uma menina muito inteligente, para a idade que tinha.

- Buscar? A gente vai pra onde? Porque você ta chorando, mãe? Não chora. A menina enxugava, as lágrimas de Evee.

- Nós vamos pra um lugar bem bonito, junto com a vovó e o vovô.

Tom permanecia intacto. Era um baque, muito grande ver Evelyn ali, viva, totalmente recuperada, enquanto, a menos de minutos ele pensava que faltavam poucos dias para desligarem os aparelhos.

- E o papai, vai junto com a gente?

- Não, Só nós duas. Evelyn sorriu olhando para a filha.

- Mas eu quero que o papai vá junto. Se o papai não for, eu não quero ir.

- Filha, o papai vai poder ir te visitar, você não quer ir morar comigo? Vai ser legal.

- NÃO! Eu quero ficar com o papai. Você quer tirar o papai de mim, eu não gosto de você assim. Volta a dormir, eu não quero você – A menina saiu dos braços da mãe. – Eu quero a tia Ale pai, eu não quero essa mulher, manda ela embora ela quer tirar você de mim pai. A menina dizia agarrada a perna do pai, desesperada.

- Júlia,  vai  para a cozinha com a Dalva,  papai precisa conversar com a mamãe.

- Ta bom, pai. A menina foi até a cozinha, guiada, pela empregada.

Evee sentou-se no sofá, desolada pelas palavras da menina.

Eles ficaram alguns minutos em silêncio, Tom não sabia, o que falar.

- Ee-Eu não sei o que dizer. – Ele disse sentando-se ao lado dela. – Quando acordou? Por que não me contou nada?

- Pra quê? – Ela disse com a voz embargada. – Não devo satisfações a você.  Eu só quero minha filha.

- Nossa filha. – Ele a corrigiu. – E você devia ter me avisado que estava vindo para cá, assim eu podia ter preparado a Júlia e a reação dela seria outra.

- Olha só, Tom, você não sabe o que senti quando acordei. Você não tem ideia da dor que eu tinha. O choque que levei quando me contaram que eu fiquei mais de quatro nos em coma. E mais, que minha filha tava longe. Quando caiu a fixa que, ela tinha crescido sem mim, que eu não a vi dar o primeiro passo, que eu não ouvi a primeira palavra que ela disse. Acha que foi fácil? Acha que eu tinha cabeça pra avisar alguma coisa? Assim que o médico me liberou eu peguei o primeiro avião e vim pra cá, pra ver que minha filha não gosta de mim.

- Não é bem assim. Foi uma surpresa pra ela. Ela mal te conheceu e você já disse que ia levar ela embora. O que queria que ela fizesse?

- Ela disse que eu era a moça da foto, você nunca levou ela no hospital? Nunca falou pra ela de mim? Minha filha nem sabia que eu existia.

- Seus pais e eu achamos que era melhor assim. Ela sabia que estava em coma, seguidamente fazia perguntas, ela queria saber quando que ia acordar...

- Ela disse que era pra eu voltar a dormir, ela me, odeia.

- Não Evee, ela não te odeia. Entenda que foi difícil pra ela achar que ia embora sem mim.

- Tudo bem, eu vou embora. Minha filha não quer saber de mim. Eu não tenho mais nada, pra fazer aqui. Evee levantou-se e foi em direção a porta.

- Espera Evee, tenha paciência, não é assim que as coisas funcionam. Ele foi atrás, dela.

Evelyn corria pela rua desesperada. Estava atordoada, ela não devia ter feito aquela longa viagem, e sem se quer ter descansado ela foi até a casa de Tom, e aquela situação foi um choque para ela. Ela queria a filha, nada mais. Não pensou em mais nada. As coisas que a filha lhe dissera foram muito dolorosas. Ela achava que a filha detestava-a.

- Me larga, Tom. Ela disse quando Tom, depois de alcançá-la, a segurou pelo braço.

- Você precisa descansar. Está alterada demais.

- Eu não preciso de nada. Eu já entendi tudo. Eu vou embora. Ela dizia, debatendo-se.

- Para Evee! – Ele a segurou pelos dois braços. – Você está entendendo tudo errado. Eu vou te levar pra casa. Precisa descansar, mal acordou de um coma e fez uma longa viagem. Está fazendo tudo errado. Amanhã conversamos melhor.

- Eu não vou a lugar nenhum com você.

- Está fora de si. Me deixa cuidar de você. Ela parou de lutar para que ele a soltasse, até mesmo porque era em vão. E começou a chorar, novamente, desesperadamente.

Tom guiou-a até a casa, levou até seu quarto.

- Tome um banho, e descanse. Ela não falou nada, apenas obedeceu-o.

Depois que tomou um banho, Tom separou uma de suas camisetas para ela, lhe caberia como um vestido. Então, ela deitou e dormiu, estava exausta.

Tom ficou ao seu lado, acariciando-lhe os cabelos. Ela dormia um sono profundo.

Ele sorria feito um bobo. Poder tocá-la, novamente, era tão bom. Ainda estava se acostumando com a ideia, foi um tremendo susto, jamais imaginava que a qualquer momento ela podia entrar pela porta, como fez.

Mas, também, ele, ficou triste. Evee estava descontrolada, obcecada pela ideia de levar Júlia com ela, e ela ficou atordoada com as palavras da filha, ele não entendia o porquê disso, ele iria ligar para Kate, precisava saber o que estava acontecendo.

Ele, então, desceu e foi ver Júlia. Dalva estava terminando de lhe dar o jantar.

- Pode ir descansar, Dalva. Deixa que eu cuido de Júlia.

- Sim senhor. A empregada retirou-se.

- Você não vai deixar ela me levar, né pai? A menina pediu.

- Claro que não. Você vai ficar aqui comigo e com a sua mãe.

- Mas eu não quero que ela, fique aqui.

- Ju meu amor, não diga isso. Sua mãe estava um pouco descontrolada quando falou aquilo. Ela ama você.

- Mas ela quer me tirar de você.

- Não. Ela não quer, o que ela quer é ficar com você.  Houve longos minutos de silêncio.

- Ela é bonita, pai. Tom riu.

- É sim, e você é muito parecida com ela.

- Ela vai morra aqui com a gente?

- Vai sim. - Tom acariciou, o rosto da menina. Evee iria ficar ali, com eles. Ele faria de tudo pra isso acontecer. Nunca mais a deixaria partir. – Mas agora você precisa dormir, mocinha.

Os dois foram até o quarto da menina, Tom ajudou ela a preparar-se para dormir. Ele ficou ali com ela, até a pequena pegar no sono.

Ele foi, até o seu quarto, Evee, dormia profundamente. Tomou um banho e deitou-se ao lado dela, ficou com receio de dormir em qualquer outro quarto, talvez, ela precisasse de algo durante a noite.

No outro dia depois que acordou, Tom ligou para Bill, que agora morava com Mel, na casa em frente, que não iria para a loja hoje, explicou-lhe o motivo, Bill quase tivera um ataque ao saber da novidade. Ficou imensamente feliz por saber que a melhor amiga estava bem.

Durante toda a manhã Tom ficou com Júlia, desenharam, pintaram, até de bonecas, eles brincaram. E Evelyn, ainda, dormia.

Logo depois do almoço, Tom foi até seu quarto, surpreendendo-se, ao encontrar Evee acordada. Ela olhava para o nada.

- Achei que ainda estivesse dormindo. Ele deu um breve sorriso.

- Ah, não. Acordei faz um tempo já.

- E por que não desceu?

- Sei lá... – Ela fez uma longa pausa. – Estava criando coragem.

- Está melhor? Ele perguntou sentando-se na beira da cama.

- Bem melhor. - Ela disse colocando uma mecha, dos cabelos curtos, atrás da orelha. – E Júlia?

- Está com a babá.

- Tom, eu queria me desculpar por ontem, eu estava fora de mim. Eu fiquei muito atordoada com tudo o que me contaram, só queria a minha filha e não pensei em mais nada, na reação dela, sabe eu devia ter pensado antes de agir.

- Eu entendo, sei o quanto foi difícil para Júlia não ter a mãe por perto durante todos esses anos, e imagino que não foi nada fácil pra você quando acordou e soube de tudo.

- É, não foi. Mas eu pensei muito, e decidi que vou ficar aqui, ir me aproximando aos poucos de Júlia. Ir reconstruindo minha vida.

- E você vai ficar aonde?

- Vou ficar em um hotel, já deixei minhas coisas lá, até a reforma que meus pais mandaram fazer na minha casa ficar pronta.

- Você não acha melhor ficar aqui? Acho que será melhor tanto para você do que para Júlia.

- Eu ia adorar poder ficar junto com ela todo o tempo, mas é melhor não.

- E por que não?

- Ah, Tom você tem a sua vida, não posso simplesmente chegar aqui e virar tudo, do avesso.

- Evee. – Ele segurou a mãe dela. – Não é bem assim. Você faz parte da minha vida.

- Não, Tom. – Ela puxou a mão. – A única coisa que nos liga é Júlia.

- Você está se exaltando novamente. Não chegaremos a lugar algum dessa maneira.

- Eu já decidi o que quero. Vai ser assim. Eu na minha casa e você na sua.

- Não vou te obrigar a nada, só peço que fique aqui durante a reforma, vai ser bom pra Júlia. Ele não ia desistir.

- Me responda uma coisa antes... Quem é Ale? Quem é essa mulher, por quem Júlia queria? É Alesha não é? Você deixou aquela mulher cuidar da minha filha? Como pode, fazer isso comigo? Evee se controlou para não começar a chorar.

- Não é ela. Pra falar a verdade eu nem sei por onde ela anda. No dia em que eu soube que você tinha sofrido o acidente e soube de Júlia foi à última vez que eu a vi. E Ale, é Alexandra, a irmã da babá e professora da creche. Júlia gosta muito dela.

- Ela é sua namorada? A pergunta saiu, sem querer e, Evelyn, se arrependeu amargamente por ter perguntado isso. Os ciúmes estavam expressos no rosto dela.

- Não. Tom riu.

- Ham... Bom eu preciso ir. Ela tentou sair da cama, mas Tom a impediu.

- Você não respondeu se vai ficar aqui, ou não?

- Melhor não. Ela tentou, mais uma vez, sair e, novamente, ele lhe impediu.

- Seja sincera, você está com medo, não é?

- Eu só quero um jeito de resolver tudo isso, nada mais.

- Então, o que eu tenho que fazer pra você ficar aqui?

- Nada. – Ela levantou-se rapidamente. – Acho que vai ser melhor eu ficar em um hotel.

- Você quer uma solução, e eu tenho.

- Qual? Ela sentou-se novamente.

- Casa comigo?

- O quê? Sua voz era falha.

- Não há nada no mundo que eu queira mais do que isso. – Ele se aproximou. – Casa comigo?

Evee estava paralisada. Cada vez mais Tom se aproximava, e seu coração batia mais forte. Ele estava muito perto, ela não ia conseguir resistir. E ela não queria.  Ele selou seus lábios nos dela, iniciando um longo beijo. Como ela sentia falta disso, falta dos seus abraços, do seu cheiro, de tudo que envolvia ele.

Casamento. Era tudo o que ela queria. E agora não tinha mais nada que os impedisse. Só havia uma resposta, e, era sim


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Notas finais do capítulo

Então? Gostaram?