A Chuva escrita por Japa_chan


Capítulo 6
Capítulo VI - Samantha e Ritchie


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi meio pequeno, só pra deixar uma curiosidade.



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Estava de tarde, o sol estava forte ainda. Fiquei sentada num banco que havia ao lado de uma árvore. O céu começou a escurecer, as nuvens acinzentadas começaram a cobrir a intensa luz do sol. Eu olhei para cima encostando a minha cabeça no tronco da árvore e colocando meus pés sobre o banco.

- Que droga, vai chover novamente. – eu disse para mim mesma. Senti minha cabeça fraca tentei me levantar, mas não tive forças, a última coisa que vi foi o clarão de um raio, quando acordei estava na minha cama e já estava noite, a chuva caindo lá fora. Levantei-me rapidamente, olhei para os lados e não vi ninguém, de repente ouvi uma voz dizendo:

- Está procurando o que Mary? – uma voz feminina perguntou, eu me virei para onde a voz vinha e uma garota estava sentada na minha cômoda.

- Deixe-a quieta, Sam. – agora foi a voz de um garoto. – ela foi acertada por um raio.

- Quem são vocês? E do que estão falando?

- Ai... Eu não estou nem um pouco a fim de ficar explicando as coisas pra essa garota. Explique você eu volto daqui a pouco. – a garota estalou os dedos e desapareceu.

- Garota irritante. – resmungou o garoto. – Bom... Eu vou te explicar, você deve estar meio confusa, afinal você foi acertada por um raio e...

- Como é que é? Eu fui acertada por um raio?

- Pois é, depois que você desmaiou um raio atingiu você, um garoto chegou e te trouxe pra cá...

- Thiago... – eu pensei alto – E quem é você?

- Eu estava chegando nessa parte. A sua sorte é que você é uma imortal, ou meio... Mas seguinte, eu sou Richard, me chama de Ritchie, e aquela garota irritante é a Samantha, nós somos parte da sua... Digamos que consciência. Eu como pode ver sou a sua parte inteligente, calma, e simpática, já a Sam é a sua parte arrogante, mal-educada e nervosa.

- E como vocês... – eu fui interrompida.

- Por algum motivo nós nos separamos de você e agora você pode nos ver. E apenas você nos vê, mais ninguém.

- Droga de chuva, mania de perseguir a gente. – Samantha apareceu novamente, toda molhada. Eu me levantei e coloquei um casaco.

- Aonde você vai? – Ritchie me perguntou. Eu o ignorei e segui para o portão.

- Não pode fingir que não existimos Mary! Nós somos parte de você.

- E quem disse que eu estou ignorando vocês? Eu não ligo pra quem vocês são, ou o que fazem. – eu finalmente disse, segui até o estacionamento. Olhei para os lados, onde poderia estar o meu carro?

- HAHAHA aonde você vai sem o seu carro? – Sam zombou.

- E quem disse que eu preciso do MEU carro? – respondi e entrei no primeiro carro que encontrei.

- Eu não sabia que você sabia fazer ligação direta. – Ritchie disse surpreso.

- Em nenhum momento eu disse que sabia. – eu peguei meu canivete, que sempre carregava, e o coloquei no lugar das chaves, estragando parte do carro.

- Você não fica com peso na consciência de estragar o carro dos outros? – Ritchie reclamou abismado.

- Não, o carro não é meu mesmo.

- O carro não é dela. – Sam disse junto comigo. Eu acelerei e segui para a estrada eu apenas via o ponteiro do velocímetro subir. Correr me fazia bem, eu podia ouvir a chuva começando a cair no teto do carro.

- Droga de chuva. – eu resmunguei.

- Engraçado como ela só vem nas horas em que seu humor não está bom, ou quando algo ruim vai acontecer. Acho que é um aviso do destino. – Ritchie tagarelava no banco de traz.

- Destino? Hunf. Isso não existe, destino é só uma coisa que os fracos que não conseguem guiar sua própria vida inventaram. Quem dita as regras do meu jogo sou eu, quem escreve a minha história sou eu. Cada passo que você dá muda a sua vida, por acaso é o destino que deu esse passo? É claro que não.

- Tá que seja, pra onde é que a gente tá indo? – Sam perguntou.

- Ver meus pais.

- Eles não são seus pais, Mary. Você sabe disso, você se apegou a eles por serem parecidos com seus pais, mas eles não são. Seus pais não existem mais! Você tem que entender isso.

- Cala boca! Não é verdade isso que você está falando!

- Não é verdade ou você não quer admitir que eu estou certa? Essa é sua fraqueza, você se deixa levar por sentimento, simples sentimentos inúteis de compaixão. Você não pode substituir seus pais Mary, você não quer estar perto daquela garotinha, a Halley, pois ela tenta substituir a mãe que ela perdeu, não tão desesperadamente como você, mas sim você se vê naquela menina.

- Você não sabe do que está falando, você não sabe nada sobre mim. – Eu negava incondicionalmente, mas sabia que isso era verdade, meus pais eram umas das pessoas mais importantes para mim.

- Você tentou substituir seus pais por Janice e Peter, e agora está fazendo o mesmo com o pobre Thiago.

- D-do que você está falando?

- Você sabe muito bem, está tentando substituir o seu “amado e querido” Thomas pelo pobre Thiago, você o usa para limpar sua mente de Thomas, para tentar esquecê-lo.

- I-isso não é verdade!

- Você sabe que isso é verdade, mas não consegue assumir. Até quando você vai tentar se enganar Mary? Você precisa de alguém sempre ao seu lado, para se apoiar. Você não é nem um pouco independente! Você é uma fraca... – eu continuei pisando no acelerador.

- Para! – gritei.

- Tola...

- Eu disse para parar! – Eu Gritei com todas as forças e o carro se descontrolou na pista molhada. Logo o carro saiu da estrada e bateu em uma árvore, Sam e Ritchie haviam sumido quando eu gritei. – Droga! – eu peguei meu canivete e dei um soco de raiva no volante, destruindo-o. Eu segui por fora da estrada correndo, sentia a chuva gelada caindo no meu rosto quente. 

Quando cheguei perto da cidade parei de correr e fui andando normalmente para não criar desconfianças.

- Você tem que parar de se apegar a essas pessoas Mary. – Sam começou, e eu a ignorei, já estava começando a me acostumar a ignorá-la.

- Mary... – a voz de Ritchie era calma e doce – Você não pode fazer isso, tem que parar de se torturar.

- Me torturar do que você está falando?

- Você no fundo sabe, porém não quer aceitar, que a cada vez em que você dá um passo pra perto dessa sua família é um passo a mais dado para que algo aconteça com o caro Tomaz. – ao o ouvir falar de Tomaz parei imediatamente.

- Tomas... – eu olhei para cima a chuva já havia parado, mas as nuvens ainda cobriam o céu daquela noite. Eu fechei meus olhos e encostei-me no poste ao meu lado. – Droga! Não sei o que devo fazer, eu não consigo pensar! Parece algo bloqueando a minha mente.

- É aquela menina, Ritchie. Eu disse que havia algo errado.  – Sam avisou. Quando eu tentava pensar no meu passado humano começava a ouvir zumbidos e vozes na minha cabeça, cada vez mais altos. Eu coloquei minhas mãos sobre meus ouvidos na esperança de que os ruídos parassem... Mas era impossível, então parei de tentar me recordar da minha época humana, e o silencio voltou na minha cabeça.

- O que você quis dizer com algo errad... – comecei a perguntar para Sam, mas fui interrompida por um chamado.

- Maaaary! – Halley apareceu ao meu lado e me abraçou. - Aonde você vai tia? – Eu olhei para os lados sem responder para a menina, Sam e Ritchie haviam desaparecido. Percebi que a menina me olhava com ar de dúvida. Apenas a ignorei, o que será que Sam quis dizer? O que podia haver de errado com Halley?


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