Me Apaixonei sem Querer escrita por Daniele Avlis


Capítulo 16
Salve-me - Parte 3


Notas iniciais do capítulo

capitulo dividido em 5 partes
parte 3



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Continuação... 

      Na manhã seguinte ela estava dormindo quando escutou barulho de gente falando alto, passos apressados de um lado para o outro. Gargalhadas, risadas e falação. “Aff! Ninguém pode dormir em paz não?!” pensava ela aborrecida com aquela falação toda e ainda por cima, a janela a cima de sua cabeça aberta com as cortinas escancaradas e o sol entrando determinado a derreter seu cérebro. Ela se sentou emburrada não antes de olhar para o lado e ver Gina sentada lendo calmamente um livro que estava apoiado em suas pernas. Ela acenou para Ann indicando que ainda não poderia falar. Gina pegou uma pena e a molhou num tinteiro, rabiscou alguma coisa, numa folha arrancada do livro e entregou a Ann. Ela o tomou em mãos o bilhete:

       “Hermione, Harry e Rony estiveram aqui mais cedo. Já está quase na hora do almoço.”

       - É? – fez Ann a olhando. Gina pedia o bilhete de volta. Ann o devolveu. Ela passou a escrever mais coisas:

      “Eu tive tudo aquilo que a Madame Pomfrey falou justo na presença de Rony, Harry e Hermione que tiveram um ataque e só faltaram chama a equipe de St. Mungus imagina?!”

       - Acho que imagino! – comentou Ann sorrindo devolvendo mais uma vez o bilhete. Gina o apanhou rindo:

      “Mas já estou melhor. Hoje mais cedo Pomfrey continuou o tratamento no seu nariz, está respirando melhor?”

       - Sim! – respondeu sorrindo.

       “Ela disse que podemos sair a qualquer hora. Bem, eu ainda não. Zabini já foi liberado e o que me parece que Zabini e Draco se esqueceram do que aconteceu. Malfoy não pára de falar! Já recebera muitas visitas hoje todos ansiosos para saber se ele se lembra de todos. Mas parece que você é a única pessoa que ele não se lembra. Por que Será?”

       - Não faço a mínima idéia, Gina.

       “Está triste com isso?”

       - Eu?! Por que estaria?

       “Não enrola! Eu sei que você gosta daquele traste...” Gina sorriu de lado, um tanto quanto incrédula, inclinando a cabeça de lado em direção a Malfoy que estava rodeado de alunos da Sonserina, um grupo de sete pessoas animadas e elétricas. Ann viu que dentre elas estava Pansy, que estava ao lado dele e não largava a sua mão. Ann olhou para baixo e viu pelo canto do olho Gina tentando chamar sua atenção. Ela lhe estendeu mais um bilhete que Ann apanhou sorrindo da condição da garota.

       “Pansy é uma vaca mesmo! Ela falou um monte de você mais cedo, mas ao mesmo tempo, achei ela receosa e olhava para você como se verificasse que você ainda estava dormindo. Como se eu não estivesse aqui pra te contar!!”

       - Deixa ela. Só espera a gente sair daqui pra dar o troco nas amiguinhas dela.

       “Os duelos foram cancelados até segunda ordem. Os alunos de todas as casas só faltaram fazer uma rebelião!”

       - Esse duelo só veio pra fazer todo mundo ter um motivo pra duelar!

       “Mas até que gostei de dar uma boa surra naquelas garotas. Pena que nós é que levamos a pior...” Gina riu de lado ironicamente.

       - Convenhamos que as garotas da Sonserina sejam um bando de brutamontes...

       “Isso é verdade! Mas e aí? Como vai ficar você e o Malfoy?”

       - Não vai ficar nada entre a gente Gina. Não tem nada.

       “Como assim não tem nada?” Gina a olhava indignada.

       Ann deu de ombros. Gina arrancou o bilhete das mãos de Ann.

       “Vai deixar aquele palerma sem cérebro ficar com a cara de buldogue velho da Parkinson??? Você não será mais minha amiga!” Gina virou a cara. Ann a olhou ofendida.

       - Escuta aqui sua tampinha... – Gina fez uma careta espantada.

       “Tampinha?? Olha o teu tamanho!!”

       - EU NÃO VOU DEIXAR DE SER SUA AMIGA POR CAUSA DAQUELE BABACA! – ela berrou alto apontando para Draco que a olhou assustado fazendo uma careta. Todos ao seu lado acompanharam o olhar dele. Logo a sala ficou em silêncio. – VOCÊ ME ESCUTOU?!! – Gina arregalava os olhos, colocou a mão na frente do rosto e apontou para frente – FALA GINA! – gritou. Em seguida ela olhou para onde a garota estava olhando. – O QUE FOI?! NÃO POSSO DISCUTIR NÃO?!
       Gina ria em silêncio. Todos voltaram a sua conversa lançando olhares de desdém a Ann que devolveu na mesma moeda virando-se para encarar Gina.

       - Muito obrigada! Pena que foi somente em você esse feitiço da língua enrolada... queria ter recebido antes pra não ter falado besteiras ontem. – falou aos resmungar as últimas palavras olhando para Draco que agora sorria com os amigos. 
      Madame Pomfrey expulsou todo mundo da Ala-hospitalar alegando que os doentes precisavam de descanso. Ann estava sentada em seu leito abraçada aos seus joelhos, assim como Gina que agora lia o seu livro. Draco estava escrevendo algo num pergaminho. Ann o fitava com grande atenção e estava longe em pensamento. O rapaz parecia se comportar como se não tivesse ninguém mais ali com ele. De repente ele amassou todo o pergaminho e jogou em direção a Ann que caiu em seus pés. Esta franziu o cenho. Gina acompanhou com os olhos, de lado.
       Ann o apanhou franzindo as sobrancelhas.

       “Fiquei sabendo que estamos em detenção desde o começo do ano. E como monitor chefe, você estaria em minha responsabilidade. O fato é que ninguém me disse o porquê de eu está nesta detenção com você e o que mais me intriga é como eu não me lembro de você, vai ver é o fato de você ser tão insignificante que eu pretendia te esquecer e eis que acabou acontecendo...” Ann o olhou tediosa e incrédula.

       - Insignificante? – disse ela debochada. Draco de deu ombros. – Ta. – fez ao continuar lendo a carta.

       “... E nós não somos namorados coisa nenhuma. Você queria era mesmo me enganar. Está querendo o quê? Fama? Dinheiro? Poder? Infelizmente não posso te dar isso. Tenho mais o que fazer da minha vida do que ficar realizando desejo de sangues ruins como você.”

        Ann amassou o bilhete com raiva e o jogou de volta bufando. Deitou-se na cama ignorando o sol que queimava seu rosto.
       - Acordei com o pé esquerdo hoje. Não só hoje. Devo ter pisado na Inglaterra com o pé esquerdo desde o começo. Só me aparece desgraça...
       - Ei! Ei menina!
       - VAI VER SE EU TO NA ESQUINA MALFOY!! – gritou.
       - Pessoa mal amada é assim... – disse ele debochado guardando suas coisas calmamente. – Você não tem namorado não? Imagino que não. Queria impressionar quem dizendo que eu era seu namorado? Achou que eu iria cair nessa?
       - CALA A BOCA!
       - NÃO, NÃO VOU CALAR NÃO!
       - AI QUE GAROTO IRRITANTE!
       - Não sei o que aconteceu e até agora eu não entendo! Como é que você foi ser a minha responsabilidade durante o ano todo! Ainda custo a acreditar! – ele pareceu exasperado.
       - Se está tão desesperado assim fique sabendo que nem é mais preciso ficar na minha cola. Agora cala a boca e me deixa quieta!
       - Não precisa? Não precisa?! Eu não vou dar o luxo de perder meu cargo de monitor chefe pra qualquer um só porque desistir de ser babá de uma Grifinoria, não mesmo.
       - Você não vai ficar no meu pé o dia inteiro! – vociferou ela alarmada. – Nem pense nisso!
       - E você acha que estou gostando? Acha que mesmo que estou gostando? Vou perde meu tempo inteiro ficando atrás de você... vá lá pedir aquela velha pra me tirar dessa detenção. – vociferou dando ênfase ao me.
       - Eu já pedir aquela bruxa velha pra me tirar dessa maldita detenção se quer saber... – ela fez o mesmo que ele. Deu ênfase ao me.
       - Agradeço aos dois pelo carinho que tem por mim. – soou uma voz severa e arrastada a porta da Ala-hospitalar. Draco e Ann arregalaram os olhos quando avistaram a presença de Minerva Mcgonagall com seus lábios finos e contraídos os olhos furtivos e ameaçadores. Os dois engoliram em seco. – Pelo grande carinho – ela frisou bem o carinho. – que vocês dois tem por mim. Não deixaram de cumprir está detenção até o ano que vem, se for necessário. Agora eu irei vigiar mais de perto. – concluiu calmamente. – Barão sangrento! – chamou. O fantasma surgiu voando pelo ambiente. – Está incumbido de vigiar estes dois. – ela apontou de Ann para Draco. – durante as vinte e quatro horas. O tempo inteiro. Todos os dias. – Os olhos de Draco e Ann se encontraram numa singela cumplicidade temerosa. – Tenham um bom dia. – disse ao caminhar até a sala de Pronfey.
       - A culpa é sua! – berrou Draco apontando para Ann. Ela o olhou exaltada.
       - Quem a chamou de velha foi você primeiro! – Ann escutou alguém gargalhar ao seu lado. Gina segurava a barriga e chorava de rir. – Ótimo! Ela está recuperando, não só a fala, como também o bom humor não é Gina querida? – disse Ann entre dentes enquanto fitava Gina com um olhar assassino.
       - Cri... cri-an-ças... – balbuciou Gina ainda rindo. Os dois a olharam com raiva.

       Em poucas horas, Ann se despediu de Gina, que ainda tinha que ficar uma noite na Ala. Ann já estava recuperada do nariz e atenta a qualquer aluna da Sonserina que viesse a atrapalhar sua estadia em Hogwarts, mas não adiantava muito ficar feliz com isso, de está fora da Ala, pois tinha que aturar um certo alguém que neste exato momento, caminhava ao seu lado, bufando.
       - Se vai ficar bufando o tempo todo, me faça o favor de tomar um pouco de distância. Está atrapalhando meus pensamentos. – falou ela tediosa. Draco não respondeu. Ele cruzou um corredor e agarrou o braço da garota a levando junto consigo quando esta estava para seguir em frente. – Ei! – protestou ela. Ele a ignorou. Continuou seu caminho a arrastando ao seu lado. Entraram num corredor conhecido onde dava para a sala de Monitoria Chefe. Ele abriu a porta com tudo jogando Ann praticamente lá dentro. Entrou e fechou a porta. Caminhou a passos pesados pela sala recolhendo alguns objetos e livros. Foi até o quarto, ao atravessar uma porta, deixando Ann sozinha na saleta. Ela correu os olhos pelo local, esperando.
       Ele reapareceu carregando uma mochila nas costas, estava visivelmente aborrecido com algo e não admitiria ninguém a tirá-lo de seu silêncio. Ann apenas o observava. Ele passou por ela, mais uma vez agarrando em seu braço e saiu da sala do mesmo modo que entrou.
       - Não é necessário ficar me arrastando! – rosnou ao se soltar com força. Ela a encarou com um olhar ameaçador. Mas deixou-a livre. Ele seguiu em frente a passos pesados e Ann o acompanhou bufando, mais atrás.
       - Dá pra andar mais rápido? – pediu ele irritado. Ela o olhou com desdém. Olhou para o lado e começou a andar mais rápido, mas ainda assim, dois passos atrás. Eles andaram pelos corredores enquanto passavam por vários estudantes caminhando para suas atividades. Ann notou que ele caminhava para a torre da Grifinoria. Adentrou no corredor da torre e foi até o quadro da mulher gorda. – Vai. E seja rápida. – Ele não a olhou. Ann o olhou de lado. Disse a senha baixinho e entrou.
       - Ahhh... – fez ela respirando fundo o ar dentro da casa como se há anos não tivesse feito isso. – Como é bom está em casa... como é bom... – disse ao caminhar para a escada do dormitório feminino.
       - Ann! – alguém a chamava.
       - Moine!
       - Já saiu?
       - Sim. Gina ainda teve que ficar...
       - E? – Hermione pareceu curiosa.
       - E o quê?
       - Soube do que aconteceu com Malfoy. – Ann estremeceu os lábios por alguns segundos.
       - É... – suspirou cansada. – Parece que sim.
       - E o que vai fazer?
       - Eu?
       - Sim.
       - Nada.
       - Como não? – Hermione pareceu indignada.
       - Hermione, não começa a fazer o que Gina fez comigo. Eu não sei o que está acontecendo. Já estou cansada disso tudo. Só quero ter a minha vida normal. Como se eu começasse de novo, entende? – Hermione fez um ruído com a garganta e olhava Ann como se a avaliasse, de sobrancelhas franzidas.
       - Ainda acho impossível ele ter se esquecido de você... sabe...
       - Eu não sei, Mione, não sei de mais nada... – Ann concluiu com um ar cansado e retomou seu caminho para o dormitório. Entrou no quarto silencioso e vazio. Começou a catar suas coisas e a jogar tudo dentro da mochila de qualquer jeito. Suspirou pesadamente e caminhou de volta para a porta. Desceu as escadas acenou para Hermione que estava conversando animadamente com uma garota do quinto ano.
       - Ann! – ela chamou.
       - Oi.
       - Espera! Eu vou com você.
       - Tem certeza? – Hermione franziu o cenho.
       - Por quê? – fez ela ao pegar os livros em cima de uma mesinha e se encaminhava para a porta.
       - Não sei se você se lembra, mas estou em detenção com o Malfoy. – Hermione a olhava confusa. 
       - Ah! – fez ela batendo a mão na testa. – Ainda?! Mas não era nem mais preciso isso.
       - Era... – ela frisou o era. – Mas a Professora Mcgonagall escutou uma coisa nada agradável e agora colocou o Barão Sangrento no nosso pé.
       - O que ela escutou? – Hermione parecia se divertir com aquilo. Ann a olhou de rabo de olho.
       - Escutou que a gente a chamou de velha. – sibilou ela como se temesse que alguém escutasse e logo caminhou para a saída sendo seguida pelos risos de Hermione.
       - Depois eu vou. Não quero atrapalhar o namoro vigiado de vocês dois! – Ann fez uma careta horrorizada com o comentário de Hermione. E segui em frente. Saiu do buraco do retrato. Draco estava sentado no chão, esperando. Levantou-se de um salto quando ela apareceu.
       - Demorou. Não poderia ser mais rápida? – ela o ignorou. – Dá pra parar de me ignorar? – rosnou ao segurar o braço dela.
       - Como se você se importasse! – ela se soltou com raiva. – Vamos fazer o seguinte. Ficamos um do lado do outro, mas ignoramos sua existência, está bem assim? – ele pareceu pensar na proposta. Girou nos calcanhares e a deixou sozinha. – Ei! – ela o chamou. Ele parou e a olhou com deboche.
       - Você não pediu pra ignorar sua existência? – ele disse cínico. – E anda logo que não tem tempo! – Ann bufou. “Foi mais rápido do que pensei.”

       Eles caminharam em silêncio, normalmente. Ele na frente e ela atrás, lhe lançando olhares de esgoelar e bufando em silêncio. Nem tinha passado dias deste que ela brigará sério com ele e o esbofeteará no rosto com tamanha raiva e desprezo que sentia. Agora, nem parecia sentir tudo aquilo. Ele a fez esquecer em míseros segundos somente com uma simplicidade. Mesmo que ela revivesse aquele momento, nem raiva, nem qualquer outro ressentimento a rondava naquele instante; com ele a sua frente, apenas alguns passos de distância. Acendo para alguns alunos que o cumprimentavam no caminho, e ela logo atrás como uma sombra sombria. Ela o observava, cada expressão, cada gesto, cada sorriso, cada palavra que saia de sua boca dava mais vontade de olhá-lo, mais vontade de estar perto, de tocá-lo. Ann balançou a cabeça como se espantasse uma mosca, com raiva. Se repreendeu pelas sensações que estava tendo no momento. Não era para estarem assim, era para estarem se matando, não? Não era? O que era aquilo? Um complô contra ela? Ele estava participando de alguma coisa que tinha que a fazer de otária? De brincar com ela, com os sentimentos dela? Por que ele se lembra de todo mundo menos dela? Ele se lembra de tudo, menos das coisas relacionadas a ela... por quê? Por que menos dela? Seria tão insignificante para ele ao ponto dele esquecê-la de uma hora para outra?
       Ela estava perdia em pensamentos que nem notará uma presença entre eles. Pansy estava abraçada a Draco, ela o abraçava pela cintura enquanto ele tinha o braço nos ombros dela. Eles pararam de andar e Ann nem havia percebido isso. Estavam parados à porta. Os alunos da Sonserina estavam brincando uns com os outros e Draco sorria com eles. E ela estava atrás, fora deste circulo de amizade. O professor acenou para eles entrarem. Todos entraram. Draco nem se quer moveu um dedo para chamar Ann, tinha feito o que ela pediu: ignorar sua existência. Ann começou a se amaldiçoar por ter dito isso e começou a se contradizer: “Não era isso que queria...? Ai meu Deus agora estou confusa”. Ela se jogou na primeira carteira que encontrou e notou que estava do outro lado da sala, longe de Draco que ainda estava agarrado a Pansy e sorrindo com os amigos, ele parecia nem se importar com ela. Ann ficou olhando para frente enquanto o Professor Binns começava a sua aula tediosa de História da Magia. 
       -... Ele se lembra de tudo menos dela...
       -... Por que será?
       -... Eu não sei, vai ver ele detestava ela...
       -... Coitada. Achava que era importante para ele...
       Ann suspirou pesado enquanto escutava duas alunas da Sonserina comentarem à suas costas. Ann abriu seu livro com raiva e começou a ler mesmo que não tivesse na página certa, não estava interessada na aula e nem mesmo de ficar escutando comentários sobre isso. Ficou pensando num jeito de sair desta detenção quando viu o Barão Sangrento sobrevoar a sala e olhar diretamente para ela. Ann correu os olhos pela sala e encontrou os de Draco que a fitava, incógnitos. Ela desviou o olhar para o livro. Não seria fácil de sair dessa, até mesmo na sala de aula, bendito seja o fantasma, estava lá. Ruídos de carteiras se arrastando tomou conta da sala. Ann viu as pessoas espalharem suas carteiras pela sala formando duplas sentiu alguém colocar uma carteira ao seu lado e logo lhe tomar o livro das mãos. Não precisou nem procurar para saber quem era. 
       Draco começou a ler o livro de História que estava com Ann, como se a garota não estivesse ali. Ela olhava para fora da janela.
       - Não posso nem está com meu livro. – suspirou pra si mesmo. – Joguei pedra na cruz... só pode.
       - Fortescue esqueceu o dele e eu emprestei o meu. – Ann o olhou rapidamente de olhos arregalados. Ele a encarou. – O que foi? – Ann levou a mão à testa do rapaz.
       - Você está bem? – perguntou.
       - Hã?
       - Você é surdo? Perguntei se está bem! – rosnou.
       - Estou. – disse ele com raiva e voltou a ler o livro. Ann ainda ficou o encarando. – O que você quer? – disse sem tirar os olhos do livro. Ela sorriu irônica.
       - Será que vamos ter um novo Draco Malfoy? – disse sarcástica ao voltar para olhar a janela. – Vou pagar ao Zabini por isso... contanto que ele faça tudo de novo de modo que eu não seja envolvida... – ela se virou para olhá-lo novamente. – É um carma que estou passando. E é de se admirar que tudo o que envolva você eu tenha que está no meio.
       - Não é minha culpa se você me persegue.
       - Persegue? Eu? Te perseguir?! – indagou indignada.
       - É o que me parece não? – ele fez um cara de óbvio. Ann fechou a cara. Voltou-se para a janela. Ele ficou em silêncio. Ela o olhou de lado. Ele estava na página que ela estava. Ann levantou os olhos para o quadro que indicava a página certa. Ela passou as páginas do livro sem pedir licença a ele. Ele não fez objeções. Assim que ela achou a página ele a olhou de lado. Ela sustentou o olhar. Draco olhou para o livro na página certa em seguida olhou para o quadro. Passou as páginas com ferocidade para onde estava. Ann bufou.
       - Só tava querendo mostrar a página certa. – disse ela.
       - Não me interessa a página certa.
       - Mas é a que o professor está pedindo!
       - Mas não é a que eu quero ler!
       - Ah! – fez ela ao voltar-se para a janela. Esboçou um sorriso bobo no rosto. “O que estava acontecendo?”. Ela colocou a mão na boca querendo suprimir o riso a força. “Que droga!” ela olhou a sua volta. Estavam todos lendo em silêncio e Draco ao seu lado continuava a ler a página errada por mais de dez minutos, teve sérias dúvidas se ele estava mesmo lendo a página. “Alguém lançou algum feitiço em mim...?” pensou ao procurar por alguma coisa suspeita. “Não” respondeu a si mesma. Estava com vontade de conversar, de conversar com ele. Mas parecia que ele estava bem concentrado na página. Ele estaria contanto quantas letras tinham ali?
       - O que está olhando?
       - Nada. – respondeu ela divertida tentando inutilmente esconder o riso.
       - Ta rindo da minha cara?
       - Não! Por que estaria?
       - Vai ver tem alguma coisa no meu rosto. – ele passou a mão no rosto. Ann não agüentou, riu. Gargalhou. Logo parou ao notar a sala toda a encarando. Ela acenou constrangida. Ela o olhou quando todo mundo voltou ao que estava fazendo. – O que foi agora? – ele parecia aborrecido. Ann respirava fundo para não rir. – Alguém colocou algum feitiço do riso pra você ficar rindo do nada?
       - Não... não sei... – disse ela entre risos abafados. Gargalhou novamente.
       - Você é doida. – Ann balançou a cabeça concordando.
       - Talvez seja efeito do feitiço que levei ontem por sua causa.
       - Por minha causa? Eu não tenho nada a ver com suas briguinhas idiotas por aí.
       - Ahhh você tem... e como! – ela pareceu debochada. O olhou mais uma vez.
       - Vou passar a cobrar por você está admirando minha beleza. – Ann riu e ele a olhou esboçando um meio sorriso maroto nos lábios, enquanto ela tentava disfarça. – De que porra você está rindo.
       - Você se lembra do Welling?
       - O estudante metido de Beauxbatons? Lembro. O que tem ele? – perguntou displicente. O sorriso de Ann foi sumindo aos poucos. Draco ainda a encarava. – Então era para ele que você queria impressionar dizendo que estava me namorando? Que coisa patética. – Ann gargalhou mais uma vez levando rapidamente a mão à boca. Draco sorriu de lado. – E ainda dizendo que eu é que faço besteira. – suspirou ele voltando-se para o livro.
       - O que você sabe sobre o Welling? – ela perguntou. Draco virou-se para encará-la.
       - Que ele estuda em Beauxbatons, não? Que ele está aqui para o Duelo de Prata, não?
       - Sim, e mais alguma coisa? – Draco ficou pensativo coçando o queixo de leve.
       - Não, não sei de mais nada.
       - Ahh... – fez Ann ao olhar para frente.
       - Por que quer saber?
       - Pra nada...
       - Pra nada?
       - Nada.
       - Tem certeza?
       - Tenho.
       - E por que continua rindo?
       - Pra que quer saber?
       - Curiosidade.
       - Cuidado com ela.
       - Com ela quem? A curiosidade? – ele perguntou a olhando de uma forma interessada. Ann franziu o cenho, achou melhor encerrar o assunto por ali mesmo. Mas ainda assim não conseguia tirar o sorriso do rosto. Achou melhor passar na Ala-hospitalar depois da aula a fim de saber se era efeito colateral do tratamento de ontem.


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