Me Apaixonei sem Querer escrita por Daniele Avlis


Capítulo 14
Salve-me - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Capitulo dividido em 5 partes
Parte 1



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Capitulo doze
Salve-me...

Um diário aberto; o vento folheava suas páginas ao entrar pela janela aberta sobre uma cama solitária dentro de um quarto hostil e vazio.

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Ela fechará os olhos de uma forma tão dura e penosa como se aquele simples gesto lhe propusesse dor, tal gesto a fez derramar uma lágrima silenciosa que correu pela sua face pálida e sombria. Pansy fitava o teto vazio e sombrio de seu quarto enquanto os roncos sonoros eram quase abafados pelos grossos travesseiros de suas companheiras. Ela fitava o teto enquanto se perdia em lembranças de seus anos felizes.
 - Alguém me ajude. – sussurrou para si mesmo no mais inaudível som, no qual somente a si mesmo pudesse escutá-lo, ainda assim muito longe. E mais uma vez outra lágrima correu por sua face pálida enquanto seus cabelos se perdiam pelo travesseiro e seus olhos turvos e opacos se enchiam de lágrimas solitárias e sofridas, naquela silenciosa manhã enquanto um diário estava aberto sobre si.

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      Um homem limpava um copo grande sujo com um pano mais sujo ainda. Seus olhos severos e miúdos observavam atentamente um jovem de dezessete anos, sentado numa mesa circular e solitária. Enquanto ele servia cerveja-amenteigada para algumas pessoas ali, ele não tirava os olhos do rapaz que trajava vestes de sua casa, Sonserina. Parecia aborrecido e irritado com alguma coisa. Murmurava coisas sem sentido ou dava pequenos baques com os punhos fechados sobre a mesa de madeira velha. Ele respirava pesadamente e bufava como um leão preparando um ataque a sua presa. Bebia de longos goles um líquido avermelhado em sua caneca grande e derrubava a mesma num baque surdo, levando o braço direito com agressividade aos lábios, limpando-os. Seus olhos vagavam pelo nada a sua frente como um gorila enjaulado esperando para suas grades serem abertas. Ele se levantou cambaleando. Alguns homens, numa mesa próxima, levantaram rapidamente para ajudar o jovem rapaz. Este resmungou irritado ao sacar a varinha e ameaçar quem o tocasse. Os homens se afastaram, mas nada disseram. O jovem bateu com a caneca sobre o balcão do barman que o olhava severamente sem perceber que limpava o mesmo copo já havia uns quinze minutos. Ele encarou os olhos miúdos do barman, riu ironicamente. Voltou-se para os demais no Cabeça de Javali. Em seguida saiu pesadamente e cambaleando pelas ruas apinhadas de gente em Hogsmeade.
       Ele chegou derrapando e caiu na frente dos portões de Hogwarts depois de uma longa caminhada que havia dispensado o Coche. Levantou-se resmungando e irritado. Sacou a varinha, balançando freneticamente e feroz a sua frente.
       - BOMBARDA! – urrou ao apontar para o portão, mas este não se moveu um milímetro. Ele levou a varinha até as vistas e a olhou como se fosse algum aparelho domestico de trouxa que não funcionasse. Bateu com ela sobre as vestes como quem limpava alguma coisa e levantou novamente contra os portões. Mal conseguia se manter em pé, via os portões se mexendo em suas vistas. Balançou a cabeça como quem espantava uma mosca, bufando irritado. – BOMBARDA! – urrou novamente, mas nada acontecerá. Um velho vinha gingando pelos gramados pesadamente e apressado enquanto o rapaz continuava a atacar o portão como se o mesmo cedesse em algum momento, parecia que ele tinha o tempo todo, não era necessário esperar, alguma hora o portão cederia.
       - O que esta fazendo?! – ralhou o velho aos berros. O rapaz o olhou por um momento como se não se lembrasse de quem lhe dirigia a palavra. De repente ele arregalou os olhos, feliz, esboçando uma boca cheia de dentes, com uma animação excessiva.
       - Filch! Meu amigo! – falou numa voz embargada e enrolada. Filch o olhou de um modo assassino ao abrir os portões para o jovem que entrou tropeçando num galho de árvore no meio do caminho e quase caindo por cima de Filch, que este, deu um passo para o lado rapidamente enquanto o rapaz se segurava nos portões.
       - Volte logo para sua casa! – rosnou. – E tire esse cheiro forte de bebida antes que o professor Snape o pegue.
       - Snape?! – ele falou como se não lembrasse, pensativo e pausadamente. – Ahh ééé... – ele disse ao começar a andar cambaleante enquanto Filch vinha atrás a passos cautelosos.
       - Os duelos estão para começar e sua equipe talvez esteja esperando pelo senhor. O Senhor Malfoy... – Zabini rodou nos calcanhares sacando a varinha e apontando-a ferozmente para o peito de Filch, o jovem rapaz pareceu ser tomado por uma personalidade horrenda, e urrou:
       - NÃO OUSE FALAR ESSE NOME NA MINHA FRENTE! – eram as únicas palavras, desenfreadas e cortantes que ele conseguiu berrar mostrando o tamanho de sua fúria; apontado a varinha ameaçadora para o velho. Este o olhou de um modo atônito, mas sua surpresa para o comportamento do garoto a sua frente passou rápido. Zabini o encarava. Filch se aproximou cautelosamente.
       - Resolva o que tem que resolver de uma maneira cautelosa. – disse ao deixar o rapaz sozinho no gramado de Hogwarts. Este abaixou a varinha respirando pesadamente. Ele caminhou desoladamente pelos gramados até chegar onde alguns alunos estavam, os olhou de longe respirando pesadamente o ar denso. Abaixou os olhos para a varinha em sua mão.
       - Ele se diverte enquanto jogou todos na lama. – disse uma voz atrás do garoto. Zabini se virou e deparou-se com Pansy as suas costas. – Ele nos traiu. E agora esta lá, brincando com uma Grifinória. – Zabini encarou Pansy por alguns instantes, o olhar da garota era cheio de desprezo e ódio, uma fúria que se mostrava através de suas pupilas sem se importar em escondê-la. Ela se aproximou a passos devagar, do rapaz. – Você nunca conheceu uma figura paterna, não é Zabini? Quando sua mãe conheceu o senhor Adolf Biggerstaff, ele pareceu a você como um grande pai, não é verdade? – ela dissera. Zabini abaixou a cabeça e olhou mais uma vez para a varinha em suas mãos. – E agora ele foi preso pelos porcos do Ministério da Magia e quem... Me diga! – ela acrescentou ao fazê-lo encará-la quando ela ficou a sua frente. – Quem estava com a tarefa nas mãos para um grande triunfo, para acabar de vez com as esperanças dos admiradores de Alvo Dumbledore? Quem estava com tudo nas mãos para poder armamos um plano depois da grande catástrofe em Hogwarts e tirá-los de lá? Quem?! – ela rosnara as ultimas palavras. O rapaz a encarava com uma leve ruga interrogativa. – Zabini... – ela disse de mancinho para com uma criança tocando-lhe de leve no ombro, como amigo. – Me ajude que eu o ajudarei. – sua voz soou sombria, porém solene. Zabini tirou a mão de Pansy de seu ombro, a garota franziu o cenho.
       - Faça como você quiser... Não tenho mais nada a ver com isso. Resolverei o que tenho com ele a minha maneira. – disse ao deixá-la sozinha. A garota o viu atravessar os gramados até o castelo com um olhar cabisbaixo, porém furioso.

      Um rapaz de aparência dezessete anos de idade, cabelos aloirados e lisos, tão lisos e delicados quanto seda, caiam levemente sobre seu rosto pálido e sobre seus olhos azuis acinzentados. Estava deitado, fitando o teto negro de seu quarto na Sala de Monitoria-Chefe de Hogwarts. Seu semblante, incógnito, perdia-se em pensamentos dos últimos acontecimentos de todo o ano que passou. Perdia-se, absorto, durante as lembranças das pessoas que conhecerá durante este mesmo ano, indiferente ao dia que amanhecia lá fora e o sol raiando alto sobre as soleiras das montanhas e das torres, imponentes e esbeltas do grande castelo, iluminando os cantos sombrios e hostis daquele quarto. Ele sentou-se na cama, ainda parecendo indiferente ao dia, enquanto seus olhos pareciam vagar pelo local, como se olhasse o nada a frente. Andou a passos apressados pelo mesmo, matutando, pensando, consigo, intimamente. Guardando para si, qualquer que fosse suas idéias, objetivos, para aquele dia. Foi ao banheiro e tomou um banho longo e frio. Ficou mais de uma hora sob a ducha fria deixando a água cair sobre seu corpo nu. Com as mãos apoiadas na parede, de cabeça baixa, ele ainda estava absorto em seus pensamentos enquanto sua visão muitas vezes ficasse turva pelas gotas da água que escorriam sobre seus cabelos. Saiu do banheiro, trajou suas vestes cuidadosamente. Abriu a porta do quarto num só gesto bruto, sentiu o ar frio e cortante esmurrar seu rosto pálido.
       Seus passos eram apresados, porém destemidos e autoritários. Já havia alguns alunos vagando, sonolentos e alguns sem rumo, pelos longos corredores da escola. Passou por alguns quase voando. Dirigiu-se até sua casa, passou pelo buraco do retrato rapidamente. Alguns alunos já se encontravam na Sala Comunal da mesma e o olharam de esgoelar, curiosos em saber o que o Monitor-Chefe fazia ali, naquela manhã. Ele subiu as escadas de dois em dois a passos largos. Adentrou num dos quartos à esquerda. Dirigiu-se a cama mais próxima e...
       - Levanta! – disse sua voz grave e cortante, alta o bastante para que os outros alunos do quarto acordassem abobados e sonolentos. Alguns já estavam se sentando nas camas e esfregavam os olhos para fazerem os mesmo se acostumarem com os raios de sol que adentravam o quarto moribundo.
       - Hã? – fez um rapaz de cabelos negros e olhos muito azuis olhando para um Draco fora de foco. Ele esfregou as mãos nos olhos e encarou o amigo sério. – Draco? – exclamou ele. – O que faz aqui? – Draco não respondeu. Pegou as vestes do amigo em cima da cama do mesmo e o jogou para ele.
       - Veste logo isso. Tenho algo que quero falar. – disse ríspido. – O restante, pode ir dormir. Não há nada para vocês. – sua voz soou desafiadora, o que fez alguns garotos no quarto resmungarem algo enquanto retomavam o caminho do sono. Thomas Rivert trajou suas vestes lenta e penosamente, como se fosse um ritual sagrado. Assim que Tom se vestiu e ainda com uma cara sonolenta e amassada, foi praticamente arrastado do quarto masculino da casa Sonserina. Os dois seguiram a passos rápidos pelos corredores a caminho da sala de Monitoria-Chefe. Ao cruzar um corredor se depararam com Zabini, seus olhos furtivos metralharam Draco. Ele segurava a varinha firme no punho quase branco de tanto apertá-la com força. Ele veio caminhando a passos pesados até chegar perto do rapaz levando a varinha até o pescoço do amigo. Draco não se moveu.
       - Opa! – fez Tom. – Gente, calma. Vamos conversar! – falou nervoso olhando para os lados tentando se manter entre os dois.
       - Vamos resolver isso agora! – rosnou Zabinir quase cuspindo na cara de Draco, que o olhava indiferente. – VAMOS! – berrou. Draco sacou a varinha.
       - Draco!! – exclamou Tom exasperado. – Zabini está fora de si! – Zabini lançou um feitiço em Tom o jogando contra a parede de forma bruta fazendo o amigo cair no chão pesadamente. – Ora, seu! – urrou o rapaz ao se levantar de um salto sacando a varinha.
       - NÃO SE ATREVA A ME INTERROMPE, RIVERT OU VAI SOBRAR PRA VOCÊ! – gritou Zabini possesso apontando a varia descaradamente para Tom que o olho sobressaltado. Draco deu um esbarrão em Zabini para que o mesmo saísse de sua frente, ainda com a varinha em mãos. Foi caminhando apressadamente à frente com Zabini em seus calcanhares.
       - ESPEREM! – gritou Tom se escorando na parede com as mãos na barriga. – Aonde vocês vão?! – mas nenhum dos dois respondeu. – Droga... – bufou o rapaz ao caminhar lentamente ainda se escorando na parede. 
       - Tom?! – exclamou uma voz a suas costas. Tom virou-se.
       - Sam! – gritou pelo amigo. – Vai atrás de Draco e Zabini! – disse rápido de uma forma desesperada.
       - O que aconteceu?!
       - Zabini vai fazer besteira. Anda logo! – berrou enquanto empurrava o amigo para que o mesmo o deixasse ali. Sam sacou a varinha.
       - Pra onde eles foram?
       - Eu não sei! Mas acho que vão lá pra fora! – rosnou enquanto apontava o caminho. – Cara, ele me atacou feio... – disse ele fazendo cara de dor enquanto se escorregava na parede ao chão. Sam olhou para o amigo uma última vez e saiu correndo pelos corredores. Passou cruzando alguns enquanto esbarrava em algumas alunas do quinto ano da Lufa-lufa.

       Ann abriu os olhos e se deparou com o teto do dormitório feminino da casa Grifinória. Levou a mão direita aos olhos, fechando e os abrindo novamente como se quisesse que os mesmo se acostumassem à luz do sol que entrava pela janela do quarto. Sentou-se na cama e correu os olhos pelo local, viu Gina dormir sonoramente na cama ao lado assim como as outras garotas que habitavam o mesmo naquela manhã silenciosa. Ela bufou deitando novamente, amaldiçoando a falta de sono que a fez acordar tão cedo. Mas ficar de olhos abertos deitada na cama escutando o ronco dos outros no mesmo lugar, não dava muito certo. Sentou-se mais uma vez bufando. Levantou-se e arrumou-se para sair. Desceu as escadas para a sala comunal, já havia alunos presentes. Ela passou sem dar muita importância ao burburinho de alunos aglomerados no quadro de avisos da casa. Passou pelo buraco do retrato tomando ciência do frio cortante que rondava aquele corredor. Deu um passo a frente para seguir seu caminho quando levou a mão ao peito. Parou.
       - Hum? – fez ela. – Que sensação estranha... – falou sozinha sentindo uma pequena palpitação no peito. Não deu importância e saiu andando para o salão principal. 
       Ela cruzou um corredor quando esbarrou em alguém que vinha apressado.
       - Eita! – rosnou ela. – Olha pra onde anda! – O rapaz da Sonserina bufou ao lança-lhe um olhar de desprezo. Ann notou que ele estava com a varinha sacada. – Olha, vê lá o que você vai fazer com isso, eu só esbarrei em você! – disse rapidamente levantando as mãos para o auto. O rapaz apenas a ignorou e seguiu seu caminho. Ann franziu o cenho. – Que garoto mais irritado... O que ta acontecendo? – perguntou a si mesma ao descer as escadas e ver uma aglomeração de alunos correndo para fora do castelo. – Não passa um único dia sem que esse povo faça um alarde não? – dizia enquanto seguia a passos lentos seguindo a aglomeração de alunos, interessada. Desceu as escadinhas de pedra e olhou em volta, havia bastante alunos espalhados e comentavam aos cochichos uns para os outros e apontavam para um lugar. Ann caminhou franzindo o cenho para onde eles estavam apontando.
       - Theron! – chamou uma voz alta e irritada a suas costas. Ann virou. Um garoto da Sonserina se aproximava. Ann franziu o cenho. “Qual era mesmo o nome dele?” pensou ao se perguntar.
       - Vai lá parar seu namorado! – ele rosnou assim que chegou perto dela quase cuspindo as palavras, estava bem alterado. “Ah! É, o nome dele é Tom”. 
       - Mas heim!? – exclamou ao digerir as palavras que ele havia dito “Namorado?” ela franziu o cenho. – Namorado? Eu não tenho namorado... – Tom agarrou-lhe o braço de forma bruta, ele estava mais pra cuspir fogo e saiu arrastando a garota por entre a aglomeração de alunos. Ann tentava se soltar. – Hei! Pára com isso, eu nem te conheço direito e eu não tenho namorado! Me solta! – berrava, mas o rapaz não a soltava. Pararam abruptamente e ele segurou o queixo da garota a fazendo-a olhar. Ann arregalou os olhos. – Draco?! – exclamou.
       - É! – respondeu Tom ao seu lado. – Agora, vá lá parar seu namorado! – berrou perto do ouvido de Ann, esta teve que levar as mãos aos ouvidos. “Ele não sabe que isso pode causar uma gravidade nos tímpanos de alguém?!”
       - Ele não é meu namorado! – berrou da mesma forma que ele. Ele a olhou de esgoelar num misto de desprezo, como se ela não estivesse a sua altura para berrar, muito menos com ele. – E não me olhe desse jeito. O amigo é seu!
       - Até onde eu sabia, ele era seu namorado. Agora vá lá!
       - Eu não tenho que fazer nada! Se ele quer se matar que ele faça bom proveito! – rosnou enquanto batia o pé e saia dali. “Era só o que me falta, salvar Draco... esse povo hoje levantou querendo tirar uma com a minha cara... Não deveria ter levantado tão cedo...”. Um grito horrendo e várias garotas gritando pedindo socorro ecoou pelos gramados. Varias pessoas começaram a correr, a maioria numa mesma direção: ao contrário de Ann, que voltava para o castelo. Outras correram para o castelo desesperadas. – Mas o que...? – ela virou-se e viu Draco no chão. Alguns garotos da Sonserina que faziam parte da equipe de Draco correram em direção ao amigo. Um deles fazia um cerco com a varinha enfeitiçando para que as pessoas não se aproximassem. Zabini estava sangrando e estava se debatendo no chão como se tivesse se queimando por dentro. Pansy estava ao lado de Draco, chorando descabelada e desesperada. Ann viu quando o garoto que esbarrara nela mais cedo, segurava Pansy pela cintura a tirando dali. Ann sentiu um empurrão para o lado. Alguns alunos que correram para dentro do castelo estavam voltando com algumas figuras imponentes que Ann notou serem os professores.
       - Ann! – disse uma voz ofegante a suas costas. Ann virou-se.
       - Hermione! – exclamou.


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