– Onde você está me levando? Não está me sequestrando, está?

– Nossa, como você é medrosa! Não, eu não estou te sequestrando, só quero te mostrar um lugar...

"Misterioso... Eu gosto disso!" - pensei.

– "Cindy, ficou louca!" - minha conciência rebateu - "E se ele tentar te beijar? Lembre-se da peça!"

– "Ok, sua chata... Você venceu!" - pensei de volta

– "Chata? Eu sou você! Só que mais... Responsável!" - minha conciência rebateu novamente

– "Mais responsável? Você é mais chata, isso sim!"

– "Não sou não!"

– "É sim!"

– "Não!"

– "Sim!"

– Cindy? - Perguntou Derek, acabando com meu conflito interno e ainda com as mãos sobre meus olhos, me impedindo de ver o lugar. Eu já disse o quanto ele é fofo quando é misterioso? "Já disse sim..." - minha conciência resmungou - "Calada!" - pensei furiosa comigo mesma.

– Sim, Derek?

– Chegamos... - Ele tirou as mãos dos meus olhos e eu pude contemplar um lugar maravilhoso!

Parecia ser uma estufa a céu aberto! Era rodiado de plantas lindas, com flores muito coloridas, mas que não davam uma sensação de tontura e sim de paz...

– Onde estamos? - Perguntei maravilhada.

– Olha lá pra baixo que você vai descobrir... - Ele respondeu misterioso, novamente.

Notei que parecíamos estar no telhado de algum prédio. Fui até a borda do telhado, que era circundado por uma grade de ferro que batia na minha cintura. Me debrucei sobre ela para olhar lá em baixo e fiquei ainda mais pasma com o que vi.

– Estamos no telhado do colégio?! - Ele só balançou a cabeça positivamente como resposta. - Mas... M-mas como...?

Eu mal conseguia falar. Ainda olhava pasma para o pátio e o estacionamento que estavam bem à baixo de nós. Estudava nesse colégio há 10 anos e um novato chega e, do nada, me mostra um lugar na escola onde eu nunca havia pensado em ir? Esse garoto me surpreende cada vez mais!

– Como eu descobri sobre esse lugar? - Ele completou o que eu queria perguntar, mas que não estava conseguindo. Eu só balancei a cabeça positivamente e ele prossegui. - No meu primeiro dia de aula aqui, quando eu fui à secretaria para pegar o papel com meus horários e tal, eu escutei o diretor conversando com alguém no telefone, sobre algo no telhado do colégio. Eu fiquei curioso para saber o que era e no dia seguinte vim ver com meus próprios olhos. - Ele olhou ao redor maravilhado, não tanto quanto eu, mas ele também parecia estar maravilhado com tamanha beleza!

– Esse lugar é demais! - Exclamei e me sentei em um banco alí perto, o qual Derek se sentou ao meu lado. O olhei intrigada. - Ainda não entendo como você descobriu esse lugar antes de mim. Eu estudo aqui há 10 anos! - Dei enfase no "10 anos".

– Destino talvez... - O olhei intrigada novamente. Ele riu e explicou. - Entenda... Eu às vezes acho que há alguma força lá em cima, - Ele olhou para o céu. - que de alguma forma, controla tudo aqui em baixo.

– Tipo... Deus? - Perguntei.

– Não... É mais como... Não sei... Como se as coisas estivessem todas encaixadas no universo. Como se cada coisa que acontecece não fosse por acaso. Como se tudo já estivesse predestinado à acontecer.

– Até mesmo as coisas ruins? - Perguntei descrente.

– É... Acho que sim. Algumas coisas ruins vem para nos ensinar coisas.

– E... As "almas gêmeas"?

– Como assim? - Ele perguntou levantando uma sobrancelha.

– Ah, você sabe... Pessoas que estam destindas a ficar juntas para todo o sempre...

– Você quer dizer se eu acredito nisso? - Balancei a cabeça positivamente. - Acho que sim... Quer dizer, quando uma pessoa ama a outra, acho que o universo às vezes dá uma ajudinha...

– Tipo nos contos de fadas? Quando a mocinha fica com o mocinho e eles vivem felizes para sempre?

– Nada é como nos contos de fadas. Mas... Sim. Eu acho que, se essas pessoas realmente se amam, elas vão ficar juntas... Não importa o que as outras pessoas tentem fazer para separá-los...

Ele começou a encarar o horizonte e ficamos em silêncio. Mas esse não era um silêncio desconfortável... Era um silêncio confortável... Um silêncio bom. Naquela hora, eu queria que o tempo pudesse parar, só para eu poder ficar alí... Ao lado dele.

Não me pergunte o porquê (já que até hoje eu também não sei) de a hora passar voando quando você não quer que ela passe rápido, mas foi exatamente isso que aconteceu.

Depois de ficar encarando o horizonte por alguns minutos, me toquei da hora e de que eu não poderia perder a próxima aula. Olhei no relógio. "Só faltam cinco minutos para a aula da Sra. Galloway acabar?! Não pode ser!" pensei.

– Derek?

– Sim...

– Faltam cinco minutos para a próxima aula. Então... Para nós não nos atrasarmos...

– Você acha melhor já irmos? - Ele me interrompeu, completanto o que eu não queria dizer. Só balancei a cabeça positivamente e nós nos levantamos para ir.

Caminhamos em silêncio até a porta da minha próxima aula (a qual o Derek não estava na minha turma...).

– Ah! Já ia me esquecendo! - Falei, antes de entrar na sala. - Qualquer outro dia você pode me mostrar o caminho até o telhado?

– Claro. - Derek sorriu. - Contanto que você não conte a ninguém que estivemos lá. Acho que o diretor não ia gostar de saber que descobrimos o "lugar secreto" dele.

– Verdade... - Ri. - Eu prometo! - Levantei uma das mãos, em sinal de jura. Nós rimos mais um pouco e o sinal tocou.

– Até mais. - Ele se despediu com um aceno de cabeça e se virou para ir embora.

– Derek, espera. - Ele se virou de novo para mim. - Obrigada.

– Pelo que? - Ele levantou uma sobrancelha.

– Pelo o "passeio". - Fiz aspas com os dedos.

– Ah! Certo, por isso. - Ele baixou os olhos para o chão e voltou a me encarar. - Só por isso?

– Não... Obrigada por me fazer companhia e por não deixar que eu fosse humilhada pela Sra. Galloway. - Dei o braço a torcer.

– De nada. - Ele respondeu sorridente e saiu.

Durante toda a aula eu só conseguia pensar no Derek, no "Jardim Secreto" e... O modo como ele sorri e... "Epa, epa, epa! Cindy, o que está acontecendo com você?" pensei. "O Derek só pode estar te enlouquecendo! Isso mesmo: você está ficando louca!"