Olá, meu nome é Cindy Parks! E não, esse não é o apelido de Cinderela, mas sim o meu nome...Tenho 16 anos e moro em Los Angeles, Califórnia. A história que vou contar a vocês é sobre como eu virei uma "Cinderela Moderna"...

Tudo começou quando resolvi que ia me escrever para uma peça de teatro da escola, quer dizer, não foi bem assim...

Primeiro dia de aula na mesma escola que eu estudo há 10 anos, ou seja, nada do tipo "O que eu vou vestir? Com quem eu devo falar? Como devo agir?". Eu só estava acompanhando minha melhor amiga, Alison, até o teatro da escola, pois ela sempre sonhou em ser atriz e, por isso, participava de todas as peças da escola (de "Chapeuzinho Vermelho" a "Hair Spray"), logo, ela participaria da nova peça que a Sra. Filler (nossa professora de teatro) estava produzindo: Cinderela Moderna.

Eu estava assistindo, por trás da cortina vermelha, aos testes para o papel de Cinderela quando alguém tocou o meu ombro:

– Com licença... Você vai fazer o teste para qual papel?

Quando me virei, um garoto lindo com lindos olhos verdes e cabelos castanhos estava parado na minha frente falando comigo! COMIGO! Isso quase nunca acontece! Tenho certeza que se uma candidata a Cinderela não tivesse espirrado ali perto, eu teria ficado paralisada pelo reso da vida. Então respondi:

– Não, não. Eu só estou esperando uma amiga. Não vou fazer nenhum teste.

– Ah... Que pena... - Disse ele - Porque eu acho que você seria uma ótima Cinderela...

Um garoto lindo falar comigo é uma coisa... Mas ainda por cima me cantar?! Se era um sonho, não queria que ninguém me acordasse! Mas infelizmente...

– Cindy! Cindy! Preciso muito de você, amiga! Me ajuda! Socorro! - Alison começou a gritar do "camarim".

Bom... Não é bem um "camarim"... Na verdade, é o banheiro feminino com lençois separando a área de cada espelho.

– Ah... Tenho que ir... - Eu disse ao garoto.

– Posso saber pelo menos o seu nome? - Ele estava querendo saber mesmo o meu nome? Tá... talvez não fosse um sonho...

– Cindy. E o seu? - Perguntei.

– Derek. - Ele respondeu.

– Agente se vê. - Eu disse depois de ouvir mais um grito de Alison, saindo logo em seguida.

– Tá legal, é melhor o problema ser mesmo enorme, porque você me tirou de perto de um garoto lindo! - Eu disse a Alison, enquanto entrava no banheiro.

– O vestido com que eu ia me apresentar rasgou! - Disse ela apavorada.

– Não pode ser um rasgo tão grande que nós não possamos consertar... - Eu disse tentando acalmá-la.

Quando ela me mostrou o vestido eu quase perdi o fôlego! Era um rasgo do tamanho do meu braço!

– Como você conseguiu isso, Alison? - Perguntei preocupada.

– Eu estava terminando de me arrumar e notei que tinha esquecido o blush no carro, então eu fui até o estacionamento e voltei em menos de 5 minutos e quando eu cheguei aqui o meu vestido estava assim! - Explicou ela.

– Quem poderia ter feito uma coisa dessas?!

– Não sei... Talvez as outras concorrentes... - Ela falou infeliz.

– Talvez... E o que você vai fazer agora? - Perguntei.

– Desistir...

– O que?! Você não tem um outro vestido? Ou você pode até fazer com a sua roupa normal.

– Enlouqueceu?! - Perguntou ela como se eu tivesse dito: "Por que você não coloca anchovas no sapato?" - O figurino é tudo em uma boa apresentação!

– Tá... Vou falar com a Sra. Filler que você não vai mais fazer o teste... - Eu disse um pouco triste por Alison.

No caminho até a mesa da Sra. Filler, eu pensei um pouco sobre o papel, em como eu nunca tinha participado de nenhuma peça da escola e em como a Alison tinha disperdiçado uma ótima chance por causa de um vestido.

– Sra. Filler? - Eu perguntei.

– Sim? - Respondeu ela.

– Alison Portier não fará mais o teste.

– Oh, minha nossa! - Disse ela teatralmente - Ela é uma das minhas melhores atrizes... E até agora não achei nenhuma melhor... - Ela olhou para mim intrigada - E você mocinha? Não vai fazer o teste?

– Não, senhora. - Respondi um pouco surpresa pela pergunta - Vim somente acompanhar a minha amiga Alison.

– Ora, por que não tenta? Não tenho ninguém boa o suficiente para o papel de Cinderela... - Ela disse olhando as outras candidatas e suspirando.

– Mas eu nunca participei de nenhuma peça, eu sou muito tímida e...

– Tudo tem a sua primeira vez! - Interrompeu-me ela, convencida de que talvez eu salvasse o espetáculo.

– Mas... - Eu comecei a dizer.

– Mais nada! - Disse ela me interrompendo novamente - Você vai fazer o teste e ponto final!

Caminhei, ainda um pouco assustada com a Sra. Filler, até o palco, peguei um escrípte e comecei a cena principal. Quando terminei, todos estavam de olhos arregalados para mim e de boca aberta.

– Fui tão ruim assim? - Perguntei um pouco preocupada com a resposta.

– Ruim?! - A Sra. Filler disse indgnada - Você é a melhor atriz que eu já vi! Digna da Brodway! Se não fizer parte dessa peça... Reprovo você na minha matéria!

– Ah... - Eu disse, ainda um pouco assustada com toda aquela atenção - Tudo bem, eu faço a peça.

– Brilhante! - Exclamou a Sra. Filler com um sorriso radiante no rosto - Você vai ser a melhor Cinderela de todos os tempos! - Ela dizia enquanto saia da sala.

Eu ainda estava em estado de choque, quando uma voz me dispertou:

– Cindy? - Perguntou Derek - Você está bem?

– Não... Quer dizer... Sim... Ah! Sei lá! - Notei que havia dito aquilo mais alto do que esperava e então me apressei em me corrigir - Desculpe. Eu só estou um pouco... Atordoada com tudo isso. Eu nunca participei de nenhuma peça na minha vida, muito menos um musical! Ao qual a escola inteira vai assistir... E se eu errar?

– Tente se acalmar um pouco. Eu tenho certeza que você vai se sair super bem e não vai errar uma nota sequer! - Ele disse tentendo me tranquilizar. Que fofo!

– Como você pode ter tanta certeza? - Eu falei um pouco desanimada.

– Não tenho. - Ele disse enquanto saía.

Aquilo tudo me deixou com a pulga atrás da orelha. Eu era mesmo tão boa atriz assim? Tudo bem, eu já consegui enganar meus pais muitas vezes para pensarem que eu estava doente... Mas um musical? Eu não estava pronta para atuar na frente da escola toda! Será mesmo? Eu já ia me esquecendo de Alison, no "camarim" com seu vestido rasgado, quando ouvi:

– Cindy! Cindy! Cindyyyyyyyyyy!

"É... O dever chama..." Pensei, me voltando para o banheiro feminino.