Revirando O Tempo escrita por Fernanda Alves


Capítulo 14
A REVELAÇÃO MALFOY


Notas iniciais do capítulo

Gente, demorei um pouquinho mas tá aí outro capítulo. Espero que gostem da revelação e digam para mim nos comentários o que estão achando, estou curiosa para saber a reação de vocês.
Se cuidem, beijos.



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Quando a sensação de embrulho no estômago de Rose passou e ela sentiu seu corpo tocar o chão novamente, não se importou em levantar-se e nem em limpar o pó de suas roupas. Ela sabia que as grossas lágrimas que saíam descontroladas de seus olhos se encarregariam disso.

Rose conhecia o pai, sabia de seu temperamento e não esperava que ele aceitasse bem seu namoro com Scorpius de primeira, mas nunca soube que ele pudesse chegar a tanto. Não há nada pior do que dizer a um Weasley que não é digno de sua família. E aquilo doía e se revirava dentro dela, e pela primeira vez ela se perguntou: Será que valia mesmo a pena ficar com Scorpius, mesmo que isso significasse ter que abandonar sua família? Deixar de ser uma Weasley para tornar-se uma Malfoy?

Mas no mesmo momento em que se fez essa pergunta, Rose se arrependeu de tê-la feito. É claro que sim, Scorpius para ela valia mais que tudo. Eles haviam feito uma promessa um ao outro, que ficariam juntos até o fim, e era isso o que ela faria. E os demais, se quisessem permanecer ao seu lado, deveriam aceitar Scorpius também.

Temendo que alguém pudesse resolver aparecer na lareira e sentindo uma necessidade imensa de se afundar nos braços do namorado, aonde poderia encontrar forças, Rose se levantou, caminhou para fora da lareira e fez uma tentativa em vão de limpar o pó das vestes. Mas no momento que o fez se retesou, pois ouviu vozes vindo em direção à sala de estar luxuosa e bem-decorada da Mansão Malfoy, aonde ela se encontrava.

-... Sinceramente, você é bem melhor do que eu pensava! E o melhor de tudo é que  apesar de tudo nós temos muito em comum, Scorp – A garota riu e balançou os cabelos loiros do garoto, que também ria.

- Sabe que isso não me surpreende?

Rose piscou duas vezes e limpou as lágrimas dos olhos arregalados para poder acreditar na cena. Scorpius, seu Scorpius, entrava na sala abraçado com uma garota muito bonita, diga-se de passagem, com a pele bronzeada, grandes olhos azuis e  cabelos loiros ondulados, e ambos riam enquanto ela bagunçava seu cabelo.

- SCORPIUS! – Ela não conseguiu se conter em gritar – Eu não acredito...

A ruiva virou-se em direção a lareira, novamente chorando, se arrependendo profundamente de ter algum dia pensado em abrir mão de sua família por aquele garoto que às suas costas se divertia com outra; que era mais bonita que ela e ainda por cima foi apresentada à sua família para estar ali.

Ignorou Scorpius quando ele chamou por seu nome, decidida a voltar para a Toca, se desculpar com sua família e nunca mais olhar para o Malfoy novamente. Ela já apanhara um punhado de Pó de Flu e estava prestes a gritar seu destino quando Scorpius agarrou sua mão, fazendo-a derrubar o punhado que tinha nas mãos e se desequilibrar enquanto ele a puxava para fora da lareira.

- Rose, – Disse Scorpius, ofegante – Por favor, não vá! Não é nada do que você está pensando!

Ela aproveitou seu desequilíbrio para empurrar o garoto de perto de si e se apoiar na lareira.

- Ah, não?! – Retrucou com uma pontada de ironia na voz, colocou as mãos na cintura e encarou Scorpius com as sobrancelhas levantadas – Então me diga, Malfoy, o que é? Porque eu realmente estou interessada em saber o tamanho da sua criatividade pra encontrar uma mentira esfarrapada para justificar tudo isso.

- Eu nunca poderia ter nada com Catherine, Rose, porque ela é minha prima!

 - P-Prima? – A ruiva simplesmente desatou a rir, e riu tanto que até curvou-se para apertar a barriga dolorida, sob os olhos cada vez mais preocupados de Scorpius e da tal garota a quem ele chamara de Catherine – Realmente, Scorpius, eu achava que você arranjaria uma desculpa esfarrapada qualquer, mas dessa vez você se superou! – Ela limpou as lágrimas e controlou o riso enquanto o loiro retrucava “Mas não é desculpa!” e adotou a expressão séria novamente – Sinceramente, como você quer que eu acredite nisso? Para ter uma prima, você precisa ter um tio ou tia, e todos nós sabemos bem que seu pai é filho único, Malfoy. É incrível como além de mentiroso você ainda é acéfalo. Achou que com uma mentira deslavada dessas poderia enganar a filha de Hermione Weasley?

- Mas é verdade! – A garota loira, Catherine, se manifestou dessa vez – Meu nome é Catherine Malfoy e Scorpius e eu somos primos!

Rose simplesmente arqueou as sobrancelhas e encarou ambos, impressionada como eles ainda tinham a coragem de sustentar tão firmemente aquela história ridícula. Mas pensando melhor, aquilo era um tanto curioso. Se a garota loira realmente estivesse tendo um caso com Scorpius, ela estaria se sentindo ofendida ao descobrir que ele tem outra namorada e ainda por cima estava negando seu envolvimento com ela e inventando mentiras tolas para desmentir tudo aquilo, e não o estaria ajudando a se defender. A não ser que ela soubesse... Será que alguém poderia ser burra o bastante para aceitar tão bem e ainda por cima defender a posição de “a outra”?

- Tudo bem então, se é verdade me expliquem tudo, eu realmente quero ouvir essa história – A ruiva sentou-se na poltrona mais próxima e cruzou as pernas, interessada em ouvir a invenção dos dois. Quanto tempo será que eles haviam passado combinando tudo isso? Muito pouco, provavelmente, pois aquela história era mais ridícula do que o conto de Babbit, a Coelha.

Scorpius sentara-se na mesa de centro em frente a Rose e já abria a boca para começar quando Catherine tocou seu ombro para impedi-lo e disse:

- Não, Scorp, essa história eu acho que é meu dever explicar. – Catherine sentou-se ao lado do garoto e estendeu a mão para Rose – Desculpe-me por não me apresentar direito, sou Catherine Malfoy.

- Rose Weasley – Respondeu a ruiva somente encarando a mão estendida da loira, sem nenhuma intenção de apertá-la, o que a fez levá-la aos cabelos e tentar não se frustrar com a hostilidade da garota.

- Você deve ser a namorada de Scorpius, eu presumo.

- EX-namorada – Rose sorriu cinicamente – Como se você não soubesse disso.

- Realmente não sabia, Scorpius e eu não tivemos muita chance de conversar sobre isso.

- Entendo, deviam estar ocupados fazendo outras coisas.

O olhar cínico e o tom de voz seco da garota fizeram Catherine suspirar e desistir de tentar um contato amigável, partindo direto para a história.

- Tudo bem, olhe. Há muitos anos atrás, Abraxas Malfoy, o bisavô de Scorpius, realizou uma viagem ao redor do mundo logo após que se formou em Hogwarts, era um costume dos rapazes ricos na época, foi o que ouvi dizer. Ele planejava voltar para a Inglaterra assim que concluísse a experiência, se casar e tocar a vida normalmente, mas no último destino de sua viagem, a Austrália, seu rumo mudou. Lá ele conheceu Ada Marston, uma garota bruxa australiana e se apaixonou por ela. Eles passaram alguns meses juntos e Abraxas, segundo nossos registros, chegou a planejar se casar com Ada e levá-la para a Inglaterra com ele, ignorando a pretendente que seu pai lhe arranjara, ainda mais quando descobriu que ela estava grávida.

“Porém, por um motivo desconhecido, que podemos presumir que seja por medo dos pais, medo da reputação ou até mesmo porque ela era nascida trouxa, ou tudo junto, Abraxas desistiu da ideia e do seu amor por Ada, e decidiu retornar a Inglaterra sozinho e seguir sua vida anteriormente planejada. Na época ela estava no sexto mês de gravidez e questionou sobre o bebê. Abraxas prometeu a ela que mandaria dinheiro suficiente para que eles pudessem viver bem todo o mês enquanto ele vivesse, e que permitiria que ela colocasse o nome que anteriormente eles haviam planejado no bebê, inclusive o sobrenome Malfoy, desde que sua existência nunca chegasse aos ouvidos de nenhum bruxo britânico. Ada, temendo por seu filho, aceitou a proposta e Abraxas partiu de volta a Inglaterra, sem nunca ter conhecido o filho, mas manteve sua promessa e ajudou a sustentá-lo pelo resto da vida. Nós sabemos agora que ele se casou com Cassiopeia Black e teve outro filho, Lúcio Malfoy, que nunca teve conhecimento de que tinha um irmão na outra ponta do mundo.

O filho de Abraxas e Ada chamou-se Leo Marston Malfoy, e nunca teve muito conhecimento sobre o pai. Quando questionava a mãe sobre ele, ela simplesmente respondia que ele fora um forasteiro muito importante cujo destino levou embora. Porém, quando sua mãe ficou muito doente, quando Leo tinha dezessete anos, ela lhe contou sua história. Contou sobre seu pai e entregou a ele todas as cartas, poemas, fotos e registros dos dois juntos. Quando ela morreu, Leo passou a receber pessoalmente o dinheiro mensal do pai desconhecido, guardou todos os recibos e soube que ele morreu quando em agosto de 1996 o dinheiro parou de vir.     

A essa altura Leo já era casado e com família. Ele teve dois filhos, Ryan e Joshua. Mas Joshua, o mais velho, morreu aos doze anos afogado num rio quando Ryan só tinha seis anos. Acontece que Ryan Malfoy cresceu e se casou com Ella Cooper, e teve três filhos: Catherine e os gêmeos, Josh e Ethan. Bom, agora você já sabe de onde eu vim, não? O bisavô de Scorpius é o mesmo que o meu. Meu avô Leo e o avô de Scorpius, Lúcio, eram irmãos, mesmo sem saber. Mas continuando a história, meu pai, Ryan, tornou-se um bruxo muito poderoso na Austrália, com um alto cargo no Departamento de Execução da Magia do Ministério australiano, e nós tínhamos uma boa vida, apesar de, com esse cargo, meu pai ter muitos inimigos.

Então, numa tarde de quarta-feira há mais de dois anos, enquanto meu pai trabalhava e eu estava na escola, minha mãe e meus irmãos foram mortos em casa por um bruxo das trevas poderoso que fugiu de Beralku, a prisão bruxa australiana na qual foi jogado por julgamento de meu pai. É claro que o assassino foi encontrado e executado tamanha era a raiva de meu pai, mas isso não aquietou nossos corações. Sofremos em depressão por meses e ambos de nós perdemos a vontade de viver. Meu avô Leo, que era muito apegado à minha mãe e aos gêmeos e já era muito velho adoeceu gravemente, o que só nos fez piorar.

Ao ver o sofrimento do meu pai e pensando que mudanças trariam melhoras, Lachlan Turris, o Ministro da Magia australiano e grande amigo da família, ofereceu a meu pai o emprego de Embaixador Bruxo no Ministério da Magia da Inglaterra e substituir William Smith, o atual embaixador australiano que estava em processo de aposentadoria. Meu pai recusou devido à doença de meu avô, mas este quando ficou sabendo disse que poderia ser uma boa chance, pois morreria logo, mas que se acabasse aceitando o emprego deveria saber as conseqüências. E foi dessa forma que ficamos sabendo sobre nossas origens.

Após a morte de meu avô, ainda levamos um tempo para nos estabilizar e tomar decisões, mas como já se tornara insuportável continuar no mesmo lugar onde passamos momentos maravilhosos com as pessoas que mais amamos e sentimos falta, meu pai decidiu aceitar o emprego e vir para a Inglaterra; mesmo que isso significasse ter que encarar nossa família desconhecida e assumir o posto de bastardos.  

Nós chegamos semana passada e, antes de assumir oficialmente o novo posto no Ministério da Magia inglês, resolvemos vir aceitar as contas com a família, conhecê-los e deixar bem claro que não queríamos nada além de tentar ser felizes.

Scorpius e eu nos conhecemos hoje e vimos que, apesar da grande distância, temos muito em comum, e estamos animados em finalmente termos primos. Nossos pais estão no escritório lá em cima nesse momento, conversando. – Catherine Malfoy simplesmente suspirou e concluiu – E é essa a história, Rose Weasley, espero que agora você não tenha mais motivos para duvidar. Mas caso você ainda precise de provas, lá em cima no escritório estão todas os registros de que você precisa”.

Rose estava chocada. Escutou a história com tanta atenção que até se esquecera do porque estava ali e como se sentia em relação a Scorpius. “Pois é”, ela pensou, “Parece que no final das contas não era Scorpius quem era a ovelha negra da família”. 


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