(Des) Ilusões escrita por Máh Scary Monster


Capítulo 1
(Des)ilusões


Notas iniciais do capítulo

Um desafio que coloquei a mim mesma, pois na minha humilde opinião o Sam será sempre do Dean e ponto final, mas juro que tentei! Aproveitem!



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– GOOD MORNING, VIETNAN! - Uma voz grave ecoou alto fazendo Sam cair daquela cama rústica dentro do quarto de um manicômio. O estado do caçula Winchester era lamentável, tinha olheiras profundas, parecia mais magro e pálido, totalmente frágil, mesmo com quase seus dois metros de altura, era alguém digno de pena para qualquer humano que o visse, ou até mesmo, conversasse com ele. Mas para o Diabo, o Diabo em pessoa que habitava aquela pobre mente, aquilo passava a ser belo e divertido.

– Qual é, Sammy? Estamos aqui há semanas e você não me dá nem um "bom dia!" Menino mau educado! - Dizia com gracejos.

As visões de Sam ou o que ele achava que fosse, estavam piorando, constantemente Lúcifer falava com ele e aparecia em seus sonhos e se ele quissesse acreditar por um minuto, conseguia sentir seu pequeno quarto cheirando a enxofre e a suor. É claro, que ele preferia ignorar e colocar o Diabo em posição ilusória do inconsciente, no lugar de dar moral aquele ser que atrapalhava sua mente vinte quatro horas por dia.

– Você não é real! Você não é... Real! - Sussurava com a cabeça entre os joelhos, encolhido na beirada da cama.

O outro o interrompeu:

– O que? Você quer enganar quem? - Ele continuou caminhando em círculos analisando seu futuro receptáculo. - Sabe que sou, consegue sentir minha presença, meu cheiro... Meu... Toque. - E passou o indicador levemente e bem devagar nos braços de Sam deixando o arrepiado.

Por um segundo o Winchester não queria acreditar no que tinha sentido, aquilo seria doentio e sabia que levaria para o resto de sua pobre vida, o fato é que estava encurralado, era como se aquilo tivesse sido a gota d'água. Sam pulou da cama com os punhos cerrados e a respiração dificultada, ele ergueu a cabeça mas estava sozinho tinha apenas uma sensação de algo bem caloroso.

As visões tomavam formas, sabores, cores e Lúcifer sabia mostrá-las como elas haviam evoluido muito bem a ponto de deixar Sammy constantemente atordoado.


O caçador rezou para as oito e meia de qualquer terça-feira chegar logo e ir ao encontro do seu irmão mais velho. E quando o relógio anunciou que os advogados, conjugês, amigos, entre outros, poderiam visitar seus ''problemáticos'' ele não hesitou, apressou o guarda que abria a porta e correu em direção a sala de visitas. Era um cômodo grande, iluminado, e com várias mesas e cadeiras espalhadas em conjunto por ele.

Seus olhos percorriam cada canto, cada indivíduo a fim de reconhecer um rosto familiar e quando estava quase desistindo, sentiu um alívio sem medidas quando viu Dean parado na última mesa, parecia meio preocupado e agitado com os dedos longos batendo frenéticamente em cima dela.

– Dean! Dean! - Sam apressou o passo e sem pensar deu um abraço forte e demorado no irmão, que conseguiu retribuir com sinceridade.

– O que fizeram com você? - Dean dizia segurando o rosto de seu irmão com as duas mãos e segurando toda raiva que percorria sua corrente sanguínea, não permitira que ninguém machucasse o caçula Winchester - Esses ''fdps'' não estão te alimentando? - Ele encarava todos - Estão te machucando? - E falava mais alto. - Estão de torturando?

– Por favor... - Sammy implorou puxando pra baixo pela manga da jaqueta obrigando a sentar em sua frente - Aqui está tudo... Ah! - Ele suspirou - Não sei se isso soaria de forma sincera mas, enfim... Aqui está tudo bem. - Suspirou novamente e quando percebeu que Dean não havia acreditado, pois encarava suas roupas sujas, os cabelos emaranhados, a tese cheia de feridas recentes, tentou de novo. - É sério! Só ando tendo problemas com... Você sabe... Lúci...

– Sam! Oh! Sam! - Dean disse tirando uma mecha de cabelo do rosto do irmão - Eu preciso tirar você dessa merda! Essa noite... Isso. - Ele se inclinou apoiando os cotovelos na mesa falando baixo - Essa noite eu virei te buscar.

– O quê? Não adianta, já tentamos no mês passado. E outra, posso ir pro Japão e ele estará comigo... Eu... Eu.. Estou cansado. - Era amargura e não cansaço e Dean sabia disso.

O loiro pressionou os próprios lábios e percebei que algo começava a arder seus olhos.

– Não perca sua fé em mim, Sam. - Disse rouco.

– Eu só... Dean...

A conversa de ambos era trêmula, as vozes falhadas e pareciam prestes a chorar, mas o orgulho dos Winchester superava qualquer emoção ou dor física. Tinham crescido e aprendido a viver assim.

Por um lado Sam tinha razão, ele poderia viver da melhor maneira, mas Lúcifer estaria lá pressionando suas idéias. Por outro, Dean estava certo, aquele lugar fétido, sujo, sem calor ou atenção só piorava o estado do seu irmão.

– Dean, sabemos que você não pode me ajudar! Não se preocupe.

Antes que algum deles pudesse desviar seus olhares os guardas começaram a gritaria:

– Muito bem pessoal! O tempo acabou! Aguardem até semana que vem!

– Circulando! Circulando!

Sam se levantou e Dean cabisbaixo fez o mesmo, eles se abraçaram e o loiro saiu pela porta da frente em pequenos passos, encarando o chão, não ousou olhar pra trás.


O horário de visitas passou rápido, tão rápido que Sam poderia jurar que durou apenas cinco minutos. Ele voltou ao seu quarto


e quando um dos enfermeiros girou a chave trancando naquele recinto, ele conseguiu ver claramente aquela silhueta que odiava. Lúcifer estava sentado em um banco alto em frente a única janela do quarto, estava com óculos de armação redonda, segurando um livro grosso em suas mãos.

– Tsc! Tsc! Sam... Sam... Sam... Até seu irmão sabe que não pode lhe ajudar. - E continuou sem tirar os olhos claros que percorriam as linhas do livro. - Até ele desistiu, por que você não pode fazer o mesmo? - Ele soltou um risinho baixo.

O moreno exausto sentou-se na cama de costas para sua única companhia, as mãos tampando seu rosto sempre carregado de tristeza. Sentia uma vontade descontrolada de gritar, chorar e atear fogo no lugar. Até que começou.

Em frente a sua cama, tinha uma pequena escrivaninha, um abajur que raramente funcionava, livros e bandeja de comida intocáveis, tudo bem espalhado, porém arrumado, Sam nem pensou, com apenas um dos braços levou todos aqueles objetos detestáveis no chão, o barulho de objetos quebrando era aliviador.

Lúcifer jogou o livro e o óculos em um lado do quarto, seus olhos estavam arregalados, sentia-se perplexo e ele começou a gargalhar:

– Isso! Isso! Meu garoto! Destruição! Desilusão! Determinação! Vamos lá, meu caro pupilo! - Lúcifer andava atrás de Sam dando pulinhos, rindo, se divertindo, enquanto seu receptáculo parecia se aliviar a cada parede riscada, cada cortina rasgada, vidro quebrado, em alguns momentos ele sentiu que ria junto com o Diabo.


Quando percebeu que a única coisa inteira, e olhe lá, era sua cama se jogou de costas nela, suas costelas dóiam e tomava fôlego bruscamente, as mãos novamente aos seu rosto cansado, deixando tudo ficar escuro.

– Sabe Sam, você sempre me surpreende! - Lúcifer sentou na beirada da cama e o moreno podia sentir pelo movimento que o colchão fez aos seus pés.


Era ilusão atrás de ilusão, e o mais novo da linhagem dos Winchester sabia que isso ia corroendo sua mente, seu físico, seu lado espiritual. O cansaço bateu em suas costas porém sabia que isso era diferente, não é o tipo de cansaço que se tem quando pratica alguma atividade ou quando trabalha sem parar. Era um cansaço de viver, uma preguiça de entender sua sina e demorou alguns minutos para ele perceber que seu consciênte estava focando e prestes a se entregar para Lúcifer.

Sua cabeça girava entre a zona de conforto e os planos de fuga então ele levantou a bandeira branca, estava cansado de lutar.

– Ok, seu bastardo! Entrarei em seu joguinho. - Ele se inclinou apoiando suas costas na parede fria com as pernas encolhidas. Lúcifer ainda sentado na cama com um sorriso irônico que combinava com seus olhos e seu rosto magro. - Mas prometa-me, não trapacear! - Tentou dizer por fim.

– Opá! Parece que finalmente saímos da rotina! Mas diga-me, você quer mesmo jogar com o Diabo? - Ele se inclinou ficando a alguns centímetros de Sam. - Digo, depois de tudo que passamos? - Lúcifer conseguia ver seu novo amigo pressionando fortemente o maxilar. Ele abaixou a cabeça - Sei que anda tão exausto, se perguntando tantas coisas... Até quando irá agüentar? - Ele levantou os olhos novamente para Sam, que parecia menos tenso com aquela conversa, um tanto quanto civilizada.

– Eu não... Sei. - Ele disse encarando a janela.

Lúcifer levantou-se, puxou uma cadeira jogada no chão e posicionou bem em frente a Sam, tombou o corpo um pouco se equilibrando com os pés ficando bem próximo do moreno e sussurou em seu ouvido:

– Seria mais fácil você dizer o que quero ouvir... Além disso, sabe que estou bem adiante de seus pensamentos. Sinto-me matéria viva, não apenas alma. Diga o que eu quero ouvir, meu garoto!

Sam virou-se e deparou com aqueles olhos encarando os seus a menos de uns dez centímetros de distância, estavam tão pertos, que segurou sua respiração.

– Nunca! - Ele respondeu entre dentes, saboreando cada letra.

– Eu sinto muito! - Lúcifer segurou Sam pela nuca e tomou seus lábios. No começo tudo era fora de ritmo, estranho, mas aos poucos começou a fluir perfeitamente. Sam era desejo, lúxuria, todos os pecados responsáveis e sendo tomado pela boca do Diabo, aquilo o aquecia ainda mais. Ambos desejaram invadir cada pedaço daquela boca carnuda, Lúcifer mordia os lábios delicadamente de Sam enquanto ele acariciava seu rosto e chupava sua língua.

– O que?... - Sam se afastou bruscamente.

– Trapaceei. Eu admito! - E sorriu gentilmente, voando sua boca na do caçador.

Sam puxou Lúcifer pela camisa e o deixou um cima de seu corpo, começou a beijá-lo, a morder suas orelhas e Lúcifer ia despindo ambos lentamente entre gemidos. O Diabo saboreava cada parte do corpo de Sam, sua língua percorria sutilmente pescoço, quadril, mamilos, e o caçador respondia com suspiros altos.

– Há quanto tempo se esconde de mim, Sam? - Ele perguntou enquanto o moreno esfregava seu membro no dele fortemente.

– Há quanto tempo você anda atordoando meus pensamentos? - Ambos sorriram, aquele sorriso sensual que consegue prender a respiração do próximo e continuaram.

Lúcifer começou abocanhando o membro de Sam, ele gemeu tão alto que o Diabo com uma das suas mãos teve que calar sua boca. Eles estavam mentalmente exaustos porém, a tempo não sabia o que era felicidade e satisfação carnal.

As carícias voltaram, Sam puxava os cabelos loiros e curtos de Lúcifer, arranhava suas costas e chupava seu dedo indicador deliciosamente, para o Diabo aquilo era a melhor festa que poderia ter sido presenteado em Terra, tinha até se esquecido da alma de Sammy, uma vez que seu corpo era mil vezes melhor.

Ele posicionou Sam de costas e com uma das mãos segurou firmemente o pênis duro de seu garotinho, com a outra auxiliou em encaixar seu membro dentro dele. O Winchester não sabia diferenciar a dor do prazer, porque tudo era tão bom e diferente que nem pensava em mandar pára-lo.

Eles começaram a levar seus corpos em movimento de vai e vem, foi ficando mais forte, rápido, e os gemidos abafados não paravam. Sam delirava e seu parceiro pressionava suas ilusões ainda mais. 

– Lúci.. Eu vou.. Eu... - Ele tentava responder, controlando sua respiração

– Jun...tos, então? - O Diabo suava e sorria.

Eles sussuravam cansados, ofegantes, até que o prazer finalmente apareceu, eles arquearam os corpos dando passagem ao líquido quente, denso e que significava um ápice além do comum, caíram na cama de solteiro um ao lado do outro. Lúcifer deu um beijo na ponta de nariz de Sam que em poucos minutos adormeceu em seu colo.


Foi acordado com uma enfermeira colocando o café da manhã em sua escrivaninha. Estava com a cabeça doendo, mas assim que teve lembranças da noite passada seus olhos arregalaram e sua pressão sanguínea foi a mil. Sentou-se na cama e viu o quarto intacto, as paredes limpas, nada quebrado ou sujo, ele com aquele uniforme branco ridículo estampado em seu corpo.

– Algum problema, Sam? - A enfermeira perguntou meigamente.

– Não.. Eu só... Estou bem. - Ele disse coçando discretamente a cabeça.

– Parece bem mesmo. - Ela flertou e saiu do quarto.

Ele respirou fundo e quando levantou para fazer a primeira refeição viu um pedaço de papel caindo de sua barriga, abaixou para pegá-lo e sorriu.


"Não! Não foi uma mentira, nem uma ilusão, ou seja lá o que vocês humanos chamam, só não queria problemas pra você. Obrigado pela noite, pupilo!"


Sam sorriu envergonhado, mas quando se deu conta uma tristeza invadiu seu tempo e espaço, era a primeira vez em muitos meses, que passava mais de um minuto sem a companhia de Lúcifer.


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