Às vezes, eu gostaria de poder encontrá-la na minha cama. Sentada, deitada, parada, submissa. Não me importa como, apenas a quero na minha cama.

Já me disseram várias vezes. Sou um maldito egocêntrico, alguém demasiado egoísta para tentar possuí-la. Mesmo que o tenha feito no sentido literal da palavra. Sorrio com malícia ao lembrar como o havia feito na noite anterior. Selvagem, furioso, sem parar, exaurindo-a, sentindo o êxtase correr pelas minhas veias, juraria que podia escutar o latir desenfreado de seu coração. A adrenalina de que alguém pudesse abrir a porta do quarto, de que alguém pudesse ouvi-la gritar o meu nome até ficar sem voz, que alguém tentará impedir-me de tomá-la, de possuí-la em corpo e alma, é demasiado irresistível como para não pecar. Ooh, como gosto disso.

Mas não seria possível. Não era possível separar-me dela. Ela me pertencia tanto e nenhuma lei poderia mudar isso. Nenhuma regra. Nenhuma norma. Não importa o que aconteceu antes da minha ausência. Nada importava. Porque cada vez sentia a sua pele sobre a minha, seu calor a cima do normal, suas bocadas de ar, sua respiração entrecortada, o rubor em suas bochechas, seus olhos fechados e o cenho franzido de prazer me faziam sentir poderoso. Mil vezes mais poderoso que o resto, mais poderoso que ele.

Por que ela era minha.

Minha desde que conseguia se lembrar. Minha porque ela gostava de estar comigo, podia sabê-lo pela forma como seus passos a traziam para a minha casa, quando dubitativamente tentava golpear a porta da entrada, quando fechava os olhos e se deixava levar pelos sentidos, quando desejava que a tocasse, que a beijasse, que a deixasse louca, que lhe sussurrasse aquelas palavras de consolo ao mesmo tempo em que a tomava com violência e selvageria, que fizesse seu corpo arder, que a mordiscasse, que a desejasse. Seu corpo a traía cada vez que entrava em meu quarto. Quando suas pernas se envolviam com as minhas, quando nossas mãos se entrelaçavam, quando os nossos beijos pareciam perder-se na intensidade e na suavidade. Porque podia ver a forma como seus olhos brilhavam, como seus braços me abraçavam cada vez que tocava o céu, como seus longos e finos dedos acariciavam o meu rosto quando acreditava que eu estava dormindo.

Minha em corpo e alma.

Porque podia ver como a magoava vestir a roupa recolhida do chão. Porque podia vê-la sentir a dor no peito quando saía pela minha porta. Porque sentia saudades do meu calor cada vez que ia embora. Porque não era a mim que ela beijava quando chegava em casa. Porque não era eu quem dividia a cama com ela. Porque a dor de se afastar de mim não era tanta como a dor que sentia cada vez que colocava o anel no dedo da mão esquerda.

– Draco... – murmurou em seus sonhos, acomodando-se em meu peito, suspirou enquanto um sorriso se formava na comissura de seus lábios. Acariciei seu cabelo.

Parece que o errado realmente ama minha companhia, mas se estar errado é o preço que tenho que pagar para tê-la, estar errado nunca me pareceu tão certo.

Porque, depois de tudo, ela era Hermione Weasley.