Um Dia Tudo Muda escrita por Niina Cullen


Capítulo 24
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Eeeeei, vamos a mais um Capítulo? =')



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Um Dia Tudo Muda

Capítulo 24

(Narrado em 1ª Pessoa – Bella)

O que é o tempo, se não uma passagem para que tudo fique no passado?

O tempo ele passa... Uns dizem que muito rápido; outros que lentamente, mas jamais podemos nos esquecer de que ele foi vivido acima de tudo.

Pode não ter sido devidamente aproveitado, mas se estamos com pessoas que amamos, não importa, pois ele será lembrado.

E era assim que de uma forma ou de outra eu poderia ver a minha vida: vivida.

Ela foi vivida.

Com os erros, no passado... Não interferindo no nosso futuro.

Quando erramos com pessoas que amamos, é difícil achar uma maneira para se redimir, pois mesmo que você a procure você não irá achá-la.

Eu sabia que Edward jamais se esqueceria do que eu, com o meu medo bobo, fiz a ele, mas como ele mesmo disse, naquele dia que nos encontramos no cemitério: Eu amo você. Essa simples, mas poderosa frase poderia, e foi o único meio para que hoje estivéssemos aqui, e juntos.

Elisa de uma forma ou de outra nos observava, e em cada dia ensolarado eu percebia a felicidade dela espelhada nos raios de sol que refletiam por uma fresta da janela, ou ‘pedindo passagem’ pela parede de vidro da sala... Ela estava viva... Viva em nossa memória, em nossos corações, onde jamais deixou de existir. Onde jamais deixou de viver.

Ainda doe pensar que jamais verei seus olhinhos olharem para mim com uma felicidade sem igual; ou pensar que jamais a veria sorrir... Ou que jamais a ouviria dizer Mamãe. Nada disso mais eu teria, não só eu, como Edward e a família toda. Mas de um lugar que eu sabia que sempre a teria, seria em nossos corações. De lá, nem a morte era capaz de tirá-la, e jamais foi.

Durante esses três anos eu aprendi a amar – quando eu julgava já saber. Aprendi que afastar uma pessoa de você – uma pessoa que você tanto ama, e não consegue viver sem ela – não é a solução.  

As coisas em casa tinham mudado: o quarto antes de Elisa se tornou um espaço recreado especialmente ao piano de Edward, que precisava de um cantinho especial. Elisa queria ter aprendido a tocar piano por causa do pai, e o local tinha sido bem aderido a uma parte tão presente dela. Então não existia outro lugar para tal.

A vivacidade que sempre existiu em nossa casa – que por um período de tempo deixou de existir – voltara a reinar... A felicidade em nossa vida havia se tornado intensa, então não havia o por que de remoer o passado tão dolorido.

Durante esses três anos não mudou nada em nossa vida que o tempo já não tivesse feito isso.

Mas um presente divino eu ganhei no início de dezembro...

Estávamos todos jantando na casa dos pais de Edward, com toda a família reunida, quando serviram algum tipo de peixe que até então eu desconhecia.

Eu não queria chamar atenção, mas estava sendo difícil... Até que chegou a minha vez – depois de Edward – de me servir do tal peixe. Ele não tinha uma aparência esquisita, era um peixe, mas o cheiro era de embrulhar o meu estomago, e eu me via observando as feições dos que me observavam, tentando ver algum indício do mesmo que eu estava sentindo, mas nada, eles me encaravam com algum tipo de preocupação, ou seria espantados por eu estar hesitando tanto com o tal peixe?

- Bella, amor... Está tudo bem? – Edward me perguntará aquele dia, e a resposta que eu tive, para não vomitar em cima dele – o que seria terrível – ou naquela mesa linda, foi correr para o lavabo, aflita em não conseguir ser rápida o suficiente.

Aquele dia eu vomitei até o que eu não devia, e me amaldiçoei por não ter fechado a porta, pois Edward havia entrado, com uma preocupação explicita no rosto.

Eu não me importei com que ele visse o meu estado, ou me ajudasse a dar descarga quando eu tateava pelo lado de mármore – o lado errado pelo o que constatei depois que vi a mão dele do outro, e depois o barulho da água – e não sei por que, mas de novo a ânsia de vomito se fez presente, e foi eu de encontro ao vácuo do vazo de novo.

Nem o carinho que Edward fez – acho que involuntariamente – em minha nunca, ou quando tirou meu cabelo que prendia em meu rosto já suado, foi o suficiente para me acalmar.

Depois disso, não me lembro de mais nada... Devo ter desmaiado: bem minha cara.

Quando acordei, estava em um quarto com tons de tinta claro, que chegava até a acalmar a minha aflição, mas quando percebi onde estava, foi o que fez aumentar a aflição incontida.

De repente me veio às lembranças de quando recebi a noticia da morte de Elisa, mas foi quando vi Edward, que senti a calma que jamais deveria me deixar voltar.

Ele sorriu quando me viu acordada, então tudo estava bem...

E estava mesmo.

Eu não me afligi em querer saber logo o que tinha acontecido comigo, eu simplesmente sorri pra ele, e esperei, por algo que eu não esperava.

Edward não me disse nada, o que ele fez foi colocar a mão esquerda com uma lentidão absurda em minha barriga – por cima do lençol fino –, e então foi que eu entendi.

Não dissemos nada. O silêncio se fez presente diante daquela realidade recém-descoberta.

Eu senti as lágrimas se acumularem em meus olhos, e escorrerem pelo meu rosto no mesmo momento que vi os olhos verdes de Edward brilhar, e ele encostar a boca em minha testa, que percebi que ele fungava pelas lágrimas que logo viriam.

E então...

Nós seriamos mamãe e papai de novo, daqui a nove meses.

Eu não poderia estará mais feliz. Edward – o pai babão que descobri que seria desde que Elisa nasceu – também não.

Já tínhamos tudo pronto, só a espera do nosso pequeno Edgar.

Edgar...

Quando os nove meses se passaram, a hora de ver o rostinho de Edgar se aproximava. E essa hora chegou em uma noite, com a lua bem posicionada no céu de um azul tão escuro, que chegava a ser tão vivaz e pura, que espelhava aquele dia em que conheci Edward. Era como estar vivendo um dijavú da intensidade daquele dia, só que agora, por outro motivo.

Edward estava ao meu lado, segurando a minha mão – e devo ressaltar que a de ambos estava gelada –, quando a enfermeira trouxe em seus braços – embalado em um cobertor azul claro: o nosso sonho que nunca se perderia, Edgar.

Eu senti uma pontada absurda de ciúme quando me dei conta de que o meu filho tinha sido segurado por uma mulher que não fosse eu, que não fosse a... Mas esse ciúme saudável passou quando pude senti-lo em meus braços; quando pude sentir a temperatura dele, o cheirinho tão único e ao mesmo tempo idêntico de Elisa. E foi ai que senti ele se espreguiçar e sem querer, afastar o lençol que cobria a seu rostinho, como que dizendo: “Eu quero que me vejam”.

Não foi Elisa que eu vi nas feições de Edgar, e eu nem esperava por isso, mas foi o seu sorriso, que tanto se parecia com o da irmã – que herdara do pai – que eu vi.

As lágrimas – que em nenhum momento deixaram meu rosto – escorriam solta pelo canto de meu rosto, enquanto eu o observava com os olhinhos fechados, mas sorrindo.

Ele era uma cópia justa e perfeita de Edward, com o sorriso de Elisa. Eu não me importei que ele não tivesse nada meu, mas foi quando ele abriu os olhinhos para a vida que se formaria através dele, que vi os meus olhos nos dele. E então nunca mais pensei que aquela cor fosse insignificante.

Pensei que jamais voltaria a viver devidamente quando Edward voltara a minha vida; pensei que jamais ouviria a palavra “Mamãe”, quando Edgar, no seu aniversário de um ano, a pronunciou...

Eu estava na cozinha da casa da casa de Esme, conversando com ela e Elisa – na verdade estávamos rindo da tentativa de Edward fazer com que Edgar falasse “Papai”, enquanto Edgar falava palavras desconexas, mas de fácil compreender, até que eu ouvi a voz inconfundível do meu pequeno, dizer “Mamãe”, e o mundo mudar pra mim – não que já não estivesse mudado, com o nascimento dele, mas é que pensei que nunca mais ouviria essa palavra sendo dirigida a mim de novo... Pois eu nunca mais pensei nela, mesmo com a chegada dele.

Era até egoísta pensar assim, mesmo depois do nascimento de Edgar, mas é que doeria de novo cogitar essa possibilidade, e a perder.

- Mamãe! – Ele havia pronunciado com aquela dificuldade conhecida pelos bebês, mas que mesmo há alguns metros longe dele, eu pude ouvi-la e compreendê-la.

Ele não disse olhando para Edward, quando ele disse “Mamãe”, ele apontou pra mim, e logo em seguida fechando a mãozinha e a abrindo repetidas vezes, ele me chamava, me encarando com aquele sorriso que mudava tudo a minha volta desde Edward.

E eu não podia, e nem pude resistir.

Fui até ele, me abaixei a sua altura, e coloquei minhas duas mãos do lado de sua face.

Ele continuava a sorrir, como que não entendendo nada, como que não entendendo o quanto que eu precisava daquela palavra e da consciência dele em saber quem eu era.

Foi assim com Elisa, mas eu pensei ter perdido essa capacidade de me abstrair de tudo com essa simples, mas significativa palavra.

Até de Edward, por segundos incontáveis, eu me esqueci de sua presença, mesmo sendo difícil, já que Edgar era a prova viva dele.

Edward poderia até ter feito uma brincadeira, do tipo:

“Foi eu quem tentou durante os meses a fio fazer com que o meu filho dissesse papai, e ele simplesmente muda o script todo, dizendo mamãe?”.

É ele poderia ter dito isso, mas não, ele sabia o quanto aquilo significava para mim, e simplesmente nos abraçou.

O quanto uma simples, mas de puro e real valor, palavra pode significar pra você? Desde uma frase que faz seu mundo melhor, até aquela que você jamais pensou em voltar a ouvi-la? O que um simples ato pode significar na sua dor pra você? O quanto tudo pode se tornar insignificante perante a estar ao lado de pessoas que você ama?

Acho que nem que vivemos uma eternidade a fio, entenderemos o que cada palavra poderá nos proporcionar. Esse é o tipo de coisa que não é preciso entender, e sim, é preciso presenciá-la, revivê-la ou vivê-la, e se sentir única ou único por ter ouvido.

Foram atitudes que me colocaram aqui hoje, com a felicidade que tenho hoje.

Aprendi que mesmo que eu não tenha mais Elisa comigo, presente em cada momento meu, eu sei que sempre estarei com ela. Com sua perda, eu pude perceber que nada é perfeito nesse mundo, nem o amor que nutrimos pelos nossos filhos e nem pelo amor da sua vida. Não é perfeito, nada nessa vida é perfeito, mas foi e sempre será perfeito ter vivido isso, ter tido Elisa, ter sabido apreciar ser mãe com a chegada dela. Foi Deus que a colocou em nossas vidas, pois ninguém vem de encontro a você e lhe faz feliz, sem um propósito. O propósito de Elisa aqui na Terra, aqui no meu coração, no coração de Edward, no coração de todos nós, foi premeditado, foi vivido, e com isso, sei que aprendemos que da mesma forma que um sorriso pode vim pela manhã, ele pode ir embora ao chegar da noite. Mas o que jamais podemos nos esquecer, é que o amanhã sempre virá de novo, te dando a chance de fazer algo que no ontem, você achou ser impossível. O hoje está ai te dando à oportunidade de recriar um novo dia, de amar quem você nunca cogitou que seria possível, se expressar a sua vontade de viver, mesmo que a vida tenha lhe tirado algo de precioso.

A vida me tirou sim algo de precioso, algo que eu nunca pensei perder, mas também me deu a oportunidade de começar de novo, de continuar a amar quem eu nunca devia, ou deviria deixar de amar.

O tempo não levará a dor que carrego aqui dentro, do meu coração, mas sei que o tempo, um dia, como aconteceu com a chegada de Edgar, me trará mais felicidade.

 A tormenta pode vim pela noite, pelo dia, pela tarde, mas ela vai passar. Tenha a certeza que tudo passará.

Um dia, tudo mudou minha vida e as dos presentes nela.

Em um dia, tudo o que era perfeito se tornou realidade, uma realidade dolorosa, mas que com pessoas que amo, essa realidade se fez outra. Fez-se uma realidade com a qual eu conseguia viver.

Eu sei que errei, todo mundo erra, não é mesmo?

Mas você só saberá o verdadeiro ensinamento por trás do errar, quando aprender que não basta sofrer sozinha, que tem, que deve, compartilhar com o seu amor, e não afastá-lo de você.

Eu descobri o verdadeiro ensinamento por trás disso, ou talvez não, talvez seja só a minha humilde opinião, mas saibam que ninguém está nesse mundo para sofrer, estamos aqui de passagem, mas temos que fazer essa passagem valer a pena.

Elisa não viveu a vida dela toda, posso ter errado com a minha pequena, mas do mesmo modo que tudo mudou um dia, eu voltarei a vê-la de novo, e talvez a sentirei em meus braços, e irei ouvi-la dizer mamãe de novo – não mais em meus sonhos –, mas enquanto esse dia não chega, e eu ainda quero viver muito, ouvirei o mamãe de Edgar, sentirei ele meus braços, ouvirei o som da sua linda risada, e também do seu choro, mas eu estarei ali, por ele, e continuarei a viver assim, feliz por tê-lo, feliz por ter Elisa mesmo que por três anos... E é claro, feliz pelo o amor que nunca me abandonou, feliz por Edward estar comigo, e me fazer feliz nos singelos momentos que teremos pela eternidade a fio. Sim, eternidade. Ela não está presente só nos livros da incomparável escritora Stephenie Meyer, mas também na vida de cada um que quer vivê-la. Não podemos dizer: até que a morte nos separa, pois nem ela foi capaz de me abstrair, de levar o meu amor pela minha filha, e também não vai ser capaz de levar o meu amor por Edward. Ele está aqui comigo, mas quando o nosso dia chegar, ainda estaremos juntos.

- Eu amo você. – Ele sussurrou no pé do meu ouvido enquanto as lágrimas tomavam conta dos meus olhos.

Peguei o rosto dele em minhas mãos, e o fiz olhar em meus olhos, não que precisássemos da verdade explicita neles, mas por que assim, era mais...

- Eu amo você também.

Sim, essa sempre foi à verdade, e nunca me ocorreu nenhuma duvida. Eu sempre o amaria, e assim voltamos a continuar com as nossas caricias sem fim; eu sentindo o seu hálito inebriante mesclado com o meu, sentindo suas mãos percorrerem meu corpo com um cuidado invejado, mas só vivido por mim, e foi assim que tivemos que interromper isso tudo, por causa de uma voz manhosa, de quem acaba de acordar, me chamando...

- Mamãe!!! – Tão intensa.

Não havia som mais lindo, ou palavra mais linda do que essa...

Um Dia Tudo Muda, mas só depende de nós mesmos escolhermos o que queremos que mude. Eu optei por não sofrer mais, por não me jogar mais na escuridão que era a minha dor. Eu optei por viver, viver pelo amor, viver pela minha pequena, viver pelo meu pequeno Edgar, e... Viver por mim, pois ninguém está nesse mundo para sofrer.

Só depende de nós mesmos, nós fazemos as nossas escolhas, e temos que conviver com elas. Eu sempre sentiria uma dor oca em meu ser por não ter mais Elisa, e sabia que essa dor jamais seria curada... Mas minha filha sempre estaria comigo, me dizendo de uma forma muda ou em meus sonhos que ela sempre estaria comigo, com todos nós.

A vida de muitas pessoas pode mudar drasticamente, mas um dia, essa mudança, se torna uma lição de vida, que será entendida ao longo do tempo, e que jamais será esquecida, mas com a plena certeza de que voltamos a viver constantemente, como agora.


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Notas finais do capítulo

É isso ai gente... Tivemos a explicação de tudo, do que significa uma perda, ou vocês acham que eu exagerei?
Bom... Quando pensei nessa Fic, pensei em como seria para uma mãe perder um filha/filho - acho que isso foi obvio né -, queria retratar que qualquer perda, qualquer dor, por mais forte que ela seja, ela sempre estará presente. Tem pessoas que possam vir a superar, mas há outras que sempre se lembraram daquela ferida deixada...
Devo ressaltar que nunca perdi ninguém, então acho que talvez eu possa não ter ido bem aqui né... Mas saber que todas vocês acompanharam, nossa... ME DEIXA TÃO FELIZ (:
Obg mesmo a cada uma de vocês...
Vamos aos agradecimentos?
Dayane Caracas, daianebella, Thais Vidolin, Helena Ferreira, Lucy Ferreira, Eduarda, Alice, Janete, novacullen, angeles cullen, mamita, Jessica Groff, Lindy Cullen... ^^ Cada uma de vocês, se tornaram especiais por estarem aqui comigo, Obg meeesmo.
Aaah, se não coloquei o nome de alguém que está sempre aqui, Sorry... And... As Leitoras Fantasmas, eu também agradeço, mesmo que não tenham se manifestado aqui, em um comentário que seja...
Gostaria de dizer algumas palavras para vocês que acompanharam Um Dia Tudo Muda - palavras bonitas rs e não tão sem sal como uma simples agradecimento -, mas a culpa é de vocês, vocês me deixam sem palavras *-*
Aqui é pra Ruby Luna Cullen, que me deixou tão ALONE nesses tempos )': Se você, algum dia, vim ler Júh, saiba que foi muito bom ter você aqui, com a sua ajuda na Capa, com as suas ideias... Obg mesmo. Sinto Saudades ^^
Meninas... Ainda tem mais rs... Bônus? YES!!!



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