Ciganos Vampiros escrita por Titina Swan Cullen


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Oieeeee
Pov ciganinha.....aeeeeeeee



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 Pov Rosalie 


Desde que me entendo por gente nossa vida sempre foi assim. Vagando por locais longínquos, com pouca comida ou roupa. Nossa mãe dizia que éramos apenas um clã diferente formado por nossos pais, minhas irmãs e eu. Não tínhamos parentes, amigos, ninguém... vivíamos escondidos ou fugidos de um lugar ao outro.


  A verdade esteve sempre tão clara, nós que nunca percebemos.

 Fomos criadas como ciganos nômades, nos mudando sempre e acho que o máximo de tempo que ficamos em um local foram quatro luas.  Geralmente ficávamos próximos de lagos ou cachoeiras e quando crianças gostávamos de  nadar no rio; não nos afastávamos muito para  nossa segurança, como ela dizia.

Nossa mãe nos explicou que vivíamos assim para nosso bem, que existiam pessoas que queriam fazer mal a gente e por isso tivemos que fugir. Que queriam todo nosso sangue, até que não nos restasse mais nada. Até que não tivéssemos mais vida. E embora fôssemos apenas nós cinco, sentia que éramos sempre guardadas, sempre vigiadas.

Renné era uma mãe muito carinhosa com a gente e nos ensinava muitas coisas sobre o mundo. Falava de nosso povo, das festas coloridas e fartas que faziam, mas que tudo havia acabado quando os vampiros chegaram e ficaram famintos pelo sangue humano.

Acabando com cidades inteiras para saciar a sede. Eram monstros sem alma e que aprisionavam os humanos para sugar todo o sangue e levá-los a morte. Minhas irmãs e eu tínhamos muito medo se algum dia eles nos achassem.

Nosso pai Charlie já era muito distante, talvez por falar em outra língua. Quando falava com a gente era bem agressivo, até um dia que Alice foi abraçá-lo e ele empurrou ela jogando-a contra o tronco de uma arvore. Minha mãe correu  pegando-a no colo e nunca mais deixou que ele encostasse um dedo em nós. Desde esse dia ele passou a nos deixar e sumia pela floresta voltando apenas a noite. Às vezes. 

Quando mais nova, sonhos vinham em minha mente, uma casa muito bonita, musica alegre muitas pessoas ao nosso redor, lembrava de rostos semelhantes aos de nossos pais mas ao mesmo tempo  havia algo de diferente neles que não conseguia descobrir. Não sabia se era verdade, mas me lembrava de um tempo que não era assim, de um tempo que podíamos correr livres, tomar banho de chuva e deitar na grama verdinha enquanto o vento lançava o cabelo em nossos rostos; cheguei a insistir diversas vezes com minha mãe mas ela tanto falou que eram sonhos, fruto da minha imaginação que pensei estar ficando louca.

     Numa dessas mudanças passamos por uma cidade bem pequena; estávamos numa carroça coberta com tecidos escuros para que não fossemos vistas. Eu devia ter uns 10 anos, acho; lembro-me que ficamos deslumbradas com a grande festa que lá havia. Muita gente dançava ao redor de uma fogueira, as moças vestiam lindos vestidos multicoloridos e carregavam vários adornos brilhantes no pescoço, braços e tornozeleiras. Eram tão...tão livres.

Pareciam com as historias que mamãe nos contava sobre as princesas. Ahhh, as princesas; adorávamos as historias delas, sempre tão lindas e cobertas de vestidos pomposos e joias, eram sempre belíssimas e cheias de magia. Uma magia que não tínhamos.

Mas algo era diferente em nós. Não tínhamos a magia dos contos de fadas, tínhamos a magia da vida real. E foi com o despertar dessa magia que tudo começou a mudar. Até então os fantasmas que achava que eram frutos da minha imaginação, ganharam vida, rostos e até pelagem.

Lobos apareceram e nos escravizaram se antes vivíamos escondidos, agora vivíamos presas. Nosso pai era o único que tinha livre acesso aos locais e sua distancia e frieza em relação a nós aumentava gradativamente, por vezes tentamos conversar com ele, mesmo que não falássemos a mesma língua tentaríamos entendê-lo; saber por que estavam fazendo isso com a gente, mas tudo foi em vão.

Fomos submetidas a agressões físicas e psicológicas e não pelo nosso sangue como era o medo de nossa mãe, mas agora por estes dons. Éramos incentivadas, ou melhor, obrigadas a aperfeiçoá-los. Sabíamos que alguns ciganos tinham dons que não eram iguais aos nossos; descobrimos que quando juntas surgia uma espécie de poder infinito, um poder que se caísse em mãos erradas tomaria proporções desastrosas para o mundo. Alguém sabia disso e os queria só para si.


Renné queria que fugíssemos e por varias vezes tentamos, mas sempre éramos pegas e castigadas ficando sem comida e água. Mais  na ultima vez fizeram o pior.

Era quase o amanhecer do dia, com minha audição ouvi que os lobos dormiam em sono alto. Geralmente ficavam três ou quatro em nossa guarda e nesse dia havia apenas dois. Saímos sem fazer o menor barulho. A grama verde facilitou absorvendo o impacto de nossa caminhada para não despertá-los. Adentramos a floresta escura onde apenas o som de algumas aves agourentas e a brisa gélida da manhã  varria a relva. Já tínhamos avançado alguns km quando a luz do sol adentrou as grandes copas das arvores e com ela um uivo alto quebrou o silencio. Pulamos para trás com o susto, mas o choque realmente veio quando o grande lobo se transformou no homem que se dizia nosso pai.

Logo os outros  homens-lobos se juntaram a ele e nos levaram de volta a nossa prisão. Desta vez nós três não fomos castigadas, sua ira caiu sobre nossa mãe. Eles a levaram para outro local e quando ela voltou estava muito machucada. Não quis nos contar o que aconteceu mais tinha certeza que foram eles que fizeram isso. Desde então desistimos de fugir.

Assim vimos o tempo passar; lua e sol, noite e dia, vento, neve, flores e folhas ao chão.  Não tinha mais esperança, estava cansada, exausta. Alice era muito mais espirituosa que eu, do jeitinho dela conseguia pregar peças nos lobos fazendo brigarem entre si.

Isabella sempre foi  muito tímida e apegada a mamãe, adorava dançar nas poucas vezes em noites frias  que deixavam Renné fazer uma fogueira  e nos reuníamos para ouvi-la.

Há duas passagens de estações nosso pai chegou de uma de suas saídas misteriosas e trouxe consigo um objeto. Era algo prateado e trazia uma agulha a ponta. Nossa mãe ficou com medo que ele usasse aquilo em nós e veio correndo tomando nossa frente numa posição defensiva.

 Falou em outra língua com ele demonstrando um claro pedido de clemência. Ele começou a rir e apontou pra ela que ficou em choque. Logo puxou o braço dela a espetando com a agulha. Ainda tentamos empurrá-lo mas já era tarde, ele já havia tirado a agulha.

Ela ficou desacordada até o dia amanhecer e nunca mais foi a mesma. Seu sorriso desapareceu e com ele a alegria que nos transmitia. Mais duas vezes o homem que conhecíamos como pai fez isso com ela e cada vez mais ela ia ficando fraca e inconsciente. Alice de alguma forma com seu dom, conseguiu descobrir uma erva eficaz contra aquilo; mas mamãe rejeitou.

Não agüento mais ver tantas injustiças com vocês. Prefiro morrer a ter que continuar cooperando com isso!


Foram as palavras dela. Continuamos insistindo para que aceitasse o remédio que Alice lhe dava mas sem sucesso; ela tinha perdido a vontade de viver.  A tristeza se abateu sobre nós e sempre intercalavamos nosso sono vigiando o dela.

 Uma noite ela acordou vomitando e pediu que pegássemos um pequeno embrulho no meio de nossas poucas e mal tratadas peças de roupa. Ali estavam envoltas em um lenço desgastado pelo tempo três fotos. Fotos de homens assim como nosso pai. Mas estes eram bem limpos, bem tratados como os príncipes de conto de fadas que ela nos contava.

- Roubei isto a pouco tempo daqueles pulguentos.- disse distribuindo as fotos no chão. -Estão vendo estes jovens?- ela disse  puxando o ar com força enquanto virava as fotos para a gente.

- Descanse mamãe.- disse mas ela não me ouviu.

 – Não... não posso... Talvez amanhã seja tarde demais para mim. – segurou meu braço para que a ajudasse a ficar sentada.

 - Mamãe está cansada.... – Alice disse mas logo foi cortada.

- Escutem....- ela olhou cada foto apontando com o dedo.- Estes são os que querem seu sangue.

Olhamos com temor para as fotos.

- Então... são eles que nos querem mortas? – perguntei com pesar.

- Não... não.- disse negando com a cabeça. - É só vocês darem um pouco de seu sangue para eles que eles não lhe farão mal... irão lhes proteger.- ela disse com olhar intenso.

- Mãe, a senhora disse....- começou Isabella.

- Ouçam... esqueçam tudo o que eu disse...- falou em voz alta – Há muitas coisas que não sabem mas por hora o que precisam saber é isso, quando encontrarem eles apenas dêem um pouco de seu sangue, façam um corte no dedo, no braço onde seja, que eles irão lhes proteger.

Aquilo tudo não fazia sentido, tínhamos que nos ferir para dar o sangue  a homens que se quer conhecíamos e que por diversas vezes ela havia dito que eles nos matariam.

Renné começou a tossir  golfando uma placa grossa de sangue.

- Acho que eu.... não... tenho mais muito tempo...- seu rosto assumiu uma postura terna -  entenderam o que eu disse minhas rosas?- assentimos.

-Mãe nós entendemos, agora....- disse mas logo fui interrompida.

- Alice ...- ela não me ouviu - o nome dele é Jasper. – entregou a foto de um rapaz a ela -Jasper...grave menina, Jasper- ela disse numa língua estranha  que não entendi. Alice olhava a foto tentando repetir o nome.

-Isabella – mostrou a foto - este é Edward.

- Mãe eu não quero me separar da senhora. – Isabella falou abraçando-se a ela.

-Não vamos nos separar. Eu sempre vou estar com vocês. – afastou a enorme franja de Isabella –Ande, repita o nome. E-D-W-A-R-D. -E ela repetiu o estranho nome com a foto nas mãos.

Em seguida me entregou a foto de um rapaz muito forte, robusto parecia até um dos ursos que andavam pelas florestas. Ele olhava para um outro lado com olhos felinos que pareciam distraídos a procura de algo.

-Este e Emmet, E-M-M-E-T.- disse e eu repeti em um gesto mecânico. - Não se equeçam, quando eu não estiver mais aqui somente eles poderão ajudá-las.

 Desde essa noite ela não mais acordou. Tentávamos fazê-la engolir o remédio mas não  fazia mais efeito. Nossa segurança também teve mudança, agora não dois ou três lobos nos mantinham reféns, parecia que a matilha inteira nos cercava, vivíamos vigiadas. Ainda nos mudamos mais duas vezes parando numa alta e gélida montanha. Era coberta de gelo e fazia  muito frio. Nos colocaram num pequeno casebre, fétido, imundo e gélido assim como tudo que nos cercava. Ficamos menos de vinte minutos até que uma correria começou do lado de fora. Abriram a porta num rompante e fomos arrastadas pela neve.

Parecia que estavam alarmados com algo e de repente estava dentro de uma caixa. Gritava por minhas irmãs e só ouvia seus gritos abafados pedindo por socorro. Comecei a sentir a caixa se mover seguida por uma explosão.

Foi o pior momento da minha vida. Estava só, presa numa caixa sem saber como elas estavam. Após algum tempo que pareceu ser uma eternidade a caixa foi aberta.  Cerrei os olhos tentando me acostumar com a claridade e fui empurrada para um avião, só que pequeno. Poucas vezes tinha visto este tipo de aeronave.

Assim que entrei vi Isabella com nossa mãe no colo; as abracei me sentindo quase completa. Quase. Faltava Alice, onde ela estava? Com um baque surdo as portas foram fechadas e Isabella e eu nos levantamos perguntando por ela. O Único homem presente no avião se virou e com apenas um braço empurrou nós duas que por pouco não caímos sobre a mamãe. Ele berrou algo que não entendemos mas reconhecemos a fúria em sua voz que nos obrigou a ficar caladas chorando em silencio por nossa irmã.

Estávamos desoladas, seria esse então o nosso fim? Nos abraçamos e assim ficamos até que um sussurro de uma voz muito conhecida chamou nossa atenção.

- Me perdoem... – a voz de Renné saiu arrastada.

Isabella chorava enquanto segurava suas mãos no rosto.

-Por que estão fazendo isso com a gente? – minhas lágrimas se transformaram em soluços e fui tomada por uma dor aguda de agonia e desespero em meu peito - Ahhhhhh... eu não aguento mais.... – tampei o rosto com as mãos deixando-as banhadas com as lagrimas. - Eu não aguento....

- Mãe...mãe...- Isabella chamava e ergui meus olhos. Renné tinha os olhos desfocados e não se mexia mais. Antes que o desespero me tomasse senti um leve tremor do avião. Estava pousando. O piloto desceu e fiquei olhando pelos vidros tentando identificar onde estávamos e planejar uma fuga, tinha que tirar Isabella e mamãe dali; seria muito difícil, nunca tinha visto tantos lobos juntos, antes que pudesse pensar em algo a porta foi escancarada e dois homens entraram, olharam de mim para Isabella com um sorriso de deboche.

Com um forte puxão ergueu Isabela do chão pulando pra fora do avião; com o outro braço me puxou com igual brutalidade.

- Mamãe...mamãe – chamávamos. O outro homem a pegou nos braços carregando. Fomos levadas para uma casa logo a frente sendo seguidas por um terceiro. A casa também era pequena só que mais organizada que todos os outros lugares aos anda separava a outra parte da saleta. Assim que entrou, levou Isabella até um canto deixando-a lá. Pôs um dedo na boca dela sinalizando silencio. Me levou até o outro lado me sentando em um dos bancos. Logo o outro homem chamou minha atenção; trazia nos braços  mamãe e jogo-a nos chão aos pés de Isabella. Senti uma pontada em meu braço e arfei fazendo Isabella me olhar a tempo de ver a agulha sendo retirada dele.

Os três homens se dirigiram para a porta e antes de sair o que me aplicou a injeção me lançou uma piscadela.

- MONSTROS! - Isabella gritou se lançando contra eles, mas a porta foi fechada antes que os alcançassem.

- Irmã... – chamei baixo , não sei se era efeito da droga que injetaram em mim mas sentia meu coração bater num ritmo mais lento. – Irmã eu estou com medo. – disse. Isabella segurou minha mão e nos sentamos próximos a mamãe no chão.  Não demorou muito até que um novo alarde começou do lado de fora. A sonolência me pegou e meus olhos fecharam sem autorização.

- ...eu não sou a mãe de vocês...- ouvi ainda muito longe a voz de Renné num murmurio quase inaudível.- foi o feitiço... meu nome é Dandara. Perdi a consciência.

Uma dor de latejante ameaçava explodir minha cabeça. Abri os olhos devagar e uma claridade chamou minha atenção mas nem tanto quanto aquele perfume característico que tanto já estava habituada, virei a cabeça de lado, sentando um pouco rápido demais me fazendo ficar zonza.

- Alice! – disse assim que a fitei ao meu lado. Comecei a chorar igual a uma idiota envolvendo num abraço minha maninha. – mas... como...- as lagrimas me silenciaram. Eram tantas perguntas que não sabia por onde começar.

Abri os olhos a tempo de ver uma Isabella esbaforida correndo em nossa direção cobrindo a boca com as mãos. Estava muito vermelha e com a respiração acelerada.

- Ele... beijou minha boca... – murmurou. Um pigarro fez com que nós três nos virássemos ao mesmo tempo. Ohhh... não acredito! É ele, o ursão da foto.


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Notas finais do capítulo

Nossa que barra as ciganas passaram
Confesso que em determinados momentos até chorei buááá
Mas agora tempos melhores virão.. mas até quando?
Espero que tenham gostado do cap e me desculpem a demora, essa semana e a próxima são de provas e trabalhos na facu.
O próximo já está pronto só falta revisar e ou amanhã a noite ou segunda posto, ok?
Como sempre agradeço a todas as reviews que são meu combustível para as postagens
Achei interessante sabermos um pouco do que elas passaram para entender o quanto nossos vampirinhos vão ter que suar a camisa para conquistá-las.
Deixo um grande bjo no coração de todos e um ótimo FDS.
Fuuuuuiiii e inté....