Acho que depois dessa eu merecia um premio Nobel por “melhor jeito de foder a vida de sua melhor amiga”.

POV. Mariana

Depois que Larissa saiu de casa que eu percebi o tamanho da idiotice que eu tinha acabado de fazer. Eu não conseguia encarar ninguém naquela sala, então depois de expulsar Ambre daquele apartamento – depois desse episódio eu conclui, meio tarde demais que aquela vadia não prestava – subi para meu quarto com Steven, peguei uma garrafa de cerveja e comecei a beber. Eu não pretendia me embriagar, mas chorar para esquecer aquilo tudo estava fora de questão.

- Chega né Mari? – Disse Steven, tirando a quinta – ou sexta – garrafa da minha mão.

- Ah cala a boca Steven.

Eu já tinha acabado com meia cartela de cigarros, quando ouvi Izzy saindo atrás de Larissa. Levantei com o mundo girando e resolvi ir atrás dele.

Eu estava a alguns metros de distância de Izzy, quando ele entrou em um bar bem vagabundo. Alguns segundos depois eu ouvi alguns gritos, e logo Izzy saiu carregando Larissa, o mais rápido que seus braços – e pernas – aguentavam. Comecei a correr para tentar alcança-lo, mas porra, eu estava bêbada, e aquilo não ajudava em nada. Alguns minutos depois ele entrou em um hospital e eu consegui alcança-lo.

- Que porra aconteceu com a Larissa Izzy? – eu disse, chorando.

- Ela entrou em coma alcoólico por sua culpa Mariana! – ele berrou, também chorando.

Acho que eu nunca me senti tão vadia quanto naquele momento. Eu queria me matar da forma mais dolorosa possível. Como eu fui tão retardada de fazer isso com a Larissa? Eu sai correndo daquela merda, voltei para o apartamento e fui até a cozinha. Abri a gaveta e peguei a faca mais afiada que achei, corri para o quarto e tranquei a porta. O que eu fiz com aquela faca? Quebrei umas 1000 promessas que tinha feito com Lari. Eu cortei meus dois pulsos, cortei minhas pernas o mais profundo que suportava. Eu sabia que aquilo não resolveria nada, mas estava sentindo uma raiva imensa de mim mesma. Eu tratava aquilo como uma punição por ser tão idiota com todo mundo.

Eu deitei no chão e fiquei ali, chorando. Escutava alguém esmurrando a porta, mas eu não me importava, porque minha melhor amiga estava em coma. Eu acabei relembrando tudo o que tínhamos passado até ali, desde o começo. Aquela menina tinha me impedido de me matar tantas vezes, e eu agradecia fazendo uma merda dessas com ela. Ótimo Mariana, parabéns.

 POV. Steven

 Não sei que porra aconteceu com a Mari. Ela voltou de sabe lá Deus aonde, chorando feito louca e se trancou no quarto. Eu passei a noite inteira batendo na porta, mas ela não abria. Conheço aquela menina. Ela fez alguma burrada.

Já havia passado do meio dia quando Mari saiu daquele quarto. Izzy ainda não havia voltado e Slash, Axl, e eu estávamos ficando preocupados com aquela situação. E o Duff? Nem sinal daquele filho da puta.

- Que porra Mari, não custava abrir a porta! – gritei.

- Não enche Steven. – disse ela, friamente.

- onde você vai a essa hora? Cadê o Izzy? E a Larissa? – Slash perguntou.

Ela sentou no sofá e suspirou.

- Ontem a noite Larissa saiu e bebeu além da conta. Izzy foi atrás dela e eu sai logo em seguida. Ela tá no hospital em coma alcoólico e o Izzy puto comigo. Eu tô indo ver como ela está. – ela disse.

Ela se levantou e saiu.

Slash estava estupefato – eu desconfio que ele goste da Lari – e Axl indiferente. A depressão daquele cara melhorava aos poucos, mas ele ainda estava mal. Mas foda-se o Axl agora, havia 1 milhão de coisas para se preocupar.

Sai de casa atrás de Mari e segurei seu pulso. Ela berrou.

- LARGA PORRA, TÁ ME MACHUCANDO – disse ela.

Levantei a manga da blusa dela, e vi cortes até a altura do cotovelo. Um mais profundo que o outro, e nos dois braços.

- QUE CARALHO MARI! POR QUE VOCÊ FEZ ISSO SUA IDIOTA? QUER FICAR IGUAL A LARISSA É ISSO? AS DUAS VÃO MORRER AGORA? – gritei

Ela ficou me encarando por um tempo, e depois começou a chorar. Eu voltei para o apartamento e bati a porta.

POV. Mariana

Naquele dia eu esgotei meu estoque de lágrimas (de novo). Depois de brigar com Steven eu continuei andando pela rua. Meus pulsos voltaram a sangrar depois de tanta força que Steven os apertou, e aquele sangue todo manchava minha blusa. As pessoas me olhavam. Eu ignorei o mundo como nunca havia feito antes. Além de quase matar minha melhor amiga, eu havia feito meu namorado gritar comigo pela primeira vez. E aquilo doía, ah como doía. Fui até o hospital e encontrei Izzy. Ele estava com uma cara do tipo “vou te matar sua vadia”.

- Qual é o médico responsável por Larissa? – perguntei.

Ele indicou com o dedo e deu de ombros. Eu suspirei e fui atrás do médico.

- Então doutor – eu perguntei, timidamente – como Larissa está?