Rachel Berry Academy escrita por R_Che
Notas iniciais do capítulo
Vemo-nos lá em baixo...
– Rachel eu não sei cozinhar. – disse Quinn enquanto abria os braços para que a morena lhe conseguisse apertar o avental. Estavam na cozinha e o entusiasmo de Rachel era tão contagiante que Quinn não foi capaz de lhe dizer que não.
– Eu ajudo-te no que eu souber, mas tenho a certeza que vais conseguir sozinha.
– Mas eu nem sequer sei estrelar um ovo.
– Acredita em mim Quinn, tu sabes fazer muito mais do que isso.
– Por onde começo?
– Se calhar por ler uma receita, pode ser que ajude. Tens alguma preferência? Apetece-te alguma coisa especifica?
– Não. Dá-me a receita de qualquer coisa que tu gostes e que saibas que eu gosto.
E aquele foi o primeiro passo de Quinn na cozinha depois do acidente.
Tudo acabou por sair naturalmente. Quinn tinha muitas reações automáticas na cozinha. Entusiasmaram-se as duas na confecção do prato principal, mas foi a sobremesa que, da maneira mais clichê de todas, marcou um ponto muito importante na relação delas.
– Cuidado!!! – disse Quinn com pressa, mas sem tempo de salvar a situação. Rachel virou-se para deitar o pacote de natas no lixo ao mesmo tempo que Quinn vinha com o recipiente da farinha aberto nas mãos por detrás da morena. Com o choque, ambas ficaram cobertas de farinha. Rachel olhou assustada para Quinn para tentar perceber a reação dela. E respirou fundo quando viu que a fotografa soltou a maior gargalhada que Rachel tinha ouvido nos últimos tempos. A morena acompanhou-a no riso e começou a limpar a blusa que estava coberta de farinha. Quinn fez o mesmo, mas quando já estava mais ou menos composta, pegou na restante farinha que estava no recipiente e despejou-a por cima de Rachel.
– No cabelo não, por favor. – disse a baixinha aflita. Mas Quinn não quis saber e bateu na taça para que toda a farinha despegasse e caísse em cima dela. Rachel baixou a cabeça para sacudir e quando a levantou, Quinn sentiu um soluço de ar a cortar-lhe a respiração. E mudou automaticamente de cara. Agora estava séria, e com os olhos fixos em Rachel. A morena percebeu e sorriu nervosa, em tom de desculpa. – Não faz mal. Eu já vou tomar banho. Não há problema nenhum. – mas Quinn não reagiu de imediato – Quinn? Estás bem? Não faz m... – reagiu segundos depois, e da maneira que Rachel menos esperava. Foi tão rápido que a fotografa lançou a mão à parte baixa das costas de Rachel e a puxou que ela não processou a tempo de perceber que, depois de tanto tempo a sofrer, voltava a beijar aqueles lábios. Ou aqueles lábios voltavam a beijar os seus voluntariamente. Quando reagiu, levou as duas mãos à cara de Quinn e puxou-a com mais força para ela, não deixou de respirar porque não queria separar-se dela nem para recuperar ar. Foi quando a língua de Quinn entrou em contacto com a sua que inspirou todo o ar que podia pelo nariz e o segurou o máximo tempo que conseguiu.
Mas aguentava mais, se Quinn não tivesse cortado o beijo com a mesma velocidade e imprevisibilidade que o começou. Quando se afastou, Rachel reconheceu na cara de Quinn confusão e um rasto de vergonha. Estava assustada, porque embora não tivesse sido uma reação involuntária, foi uma reação incontrolável. – Não, espera... escuta... – disse Rachel imediatamente. – Não fiques assim. Não há nenhuma razão para te preocupares... – Quinn abanou a cabeça ao mesmo tempo e com rapidez fugiu à situação.
– Desculpa, eu preciso de estar sozinha.
– Quinn... – mas não valeu de nada chamá-la. Ela enfiou-se no quarto e fechou a porta. Não jantou e não voltou a sair do quarto até ao dia seguinte, que saiu de casa antes de Rachel acordar.
–x-
Andou uma manhã inteira às voltas pelas ruas da cidade. Tomou o pequeno almoço sozinha e comprou algumas coisas na Macy’s. Quando voltou, a curiosidade e a coragem consumiram-na, entrou no restaurante. A imagem da destruição fê-la sentir um aperto no peito, e quando a memória da mãe lhe passou pela cabeça, as lágrimas nasceram nos seus olhos.
– Posso contar-te uma coisa? – Quinn assustou-se e virou-se automaticamente para o sitio de onde veio a voz.
– Assustaste-me. – mas pousou os sacos no chão e abraçou com força o dono daquele sorriso triste.
– Tinha saudades disto bambina.
– Como é que estás?
– Na mesma. Mas um dia de cada vez. E tu?
– Não sei. – disse enquanto baixava a cabeça.
– A Rachel?
– Não sei.
– Já percebi que estás confusa.
– Sim. O que me ias contar?
– Estás a ver aquela divisão?! Era uma sala privada, com uma cascata.
– E porque é que era privada se tinha uma cascata? Não era suposto a parte bonita da decoração ser mostrada?
– Sempre achei um desperdício, mas era o sitio onde mais gostavas de passar tempo. Era a cascata dos peixes coloridos.
– Eu gosto de peixes? – disse ela com dúvida.
– Não gostavas quando te conheci, mas depois achaste piada a uns numa loja de animais e quiseste um de cada cor. Deste-lhes nomes e tudo.
– A sério?
– Os nomes dos teus amigos do Glee Club. Todos tinham uma cor diferente. Deste-lhes o nome por cor.
– Por exemplo?
– A Santana era o peixe vermelho, a Britt o rosa, o Kurt o branco, a Mercedes o laranja... e por aí fora.
– Mas tinha mesmo todos?
– Sim. Até o Finn era o peixe preto. O Mr. Shue também existia, mas esse morreu. Bom... – Massi baixou a cabeça triste.
– Agora morreram todos, não é?!
– Pois.
– E quais eram os outros? As outras cores? – Massi sorriu com a pergunta e não deixou passar impune.
– Queres saber alguém em especifico?
– Queria saber todos.
– A Tina era o roxo, o Puck o azul escuro, o Artie o castanho. Tu eras o amarelo. Ah e o cinza era o Mike. – disse Massi sabendo bem que lhe faltava Rachel.
– Porque é que tu és assim?! – disse Quinn com um sorriso tonto.
– Queres saber, pergunta!
– Agora já não quero saber nada. – riu-se Quinn com ternura.
– Pronto, então mudando de assunto, sabes se...
– Pronto ok. Eu pergunto. Que cor era a Rachel? – o cozinheiro começou a rir à gargalhada. – oh, pronto... vês porque é que eu não pergunto nada?!
– Era o Golden Fish.
– Pois imagino que sim, mas que cor tinha? – Quinn percebeu que era uma expressão e não a cor.
– Era mesmo dourado, e o único que era de uma espécie diferente. E era bem bonito.
– Eu não me reconheço nessa pessoa que vocês contam que sou.
– Já sei que não bambina, mas eu tenho a certeza que tu ias adorar reconhecer-te nela.
Os dois começaram a andar pelos destroços do restaurante. Massi perguntou a Quinn como estavam as coisas com Rachel de novo, mas a fotografa não quis contar demasiado. O cozinheiro não insistiu. Quando chegaram à entrada principal pela parte de dentro, Quinn agarrou com força o braço de Massi e permaneceu quieta e com o olhar fixo no chão por segundos. Tinha uma cara de sofrimento e Massi agarrou-a o mais rápido que conseguiu, com as devidas dificuldades do seu estado.
– O que foi bambina? Estás bem? – perguntou assustado.
– Sim. Não havia aqui um sr. a receber pessoas com uma mesinha alta?
– Sim! O John. Ele tem vindo visitar-me, e pergunta sempre por ti.
– Eu tive um flash. Mas isto ficou mesmo destruído. Haviam flores naquele canto. – disse Quinn enquanto apontava para um sitio especifico.
– Sim bambina! Tens de ir ao médico. Se tens flashes pode ser que a tua memória volte mais rápido.
– Não sei Massi. Não acho que esteja a recuperar nada, é só uma imagem. Não me sinto diferente de maneira nenhuma.
– Mesmo assim.
Quando saíram do restaurante, Quinn finalmente voltou a casa. Sabia que Rachel lá estaria e que tinha de enfrentar a situação. Assim foi. Abriu a porta de casa e lá estava ela, sentada no sofá. Mas desta vez não teve nenhuma reação quando Quinn entrou. E isso foi estranho para a fotografa. A morena estava sentada no sofá a olhar para o telemóvel, e foi quando Quinn reparou nisso que se fez luz na sua cabeça.
– Recebeste mais alguma mensagem? – perguntou com rapidez enquanto se sentava ao lado de Rachel da mesma maneira. A baixinha mostrou-lhe o telefone sem responder.
“Já tenho tudo preparado. Não te preocupes, não vais sofrer mais com essas pessoas que te rodeiam... a partir de agora vai ser só tu e eu. O paraíso espera-nos.”
–x-
– Tens de ir ao médico! – disse Rachel mal soube que Quinn tinha tido flashes de memória.
– Não é preciso, eu não...
– Não, não! É preciso sim!!! Quero saber o que foi isso. – não havia discussão possível relativamente ao assunto. Depois de tranquilizar Rachel sobre a mensagem, e dizer que nada de mal ia acontecer, Quinn contou com medo a situação do restaurante. – Vou só à casa de banho e vamos lá.
– Não Rachel. Eu vou ao médico, mas não é agora.
– Não vale a pena discutires comigo. Vamos agora e ponto final.
Assim foi. Rachel acompanhou Quinn à médica e não se arrependeu nada. Quando a dra. disse que os flashes eram bom sinal, a morena rasgou um sorriso feliz, e para Quinn visualizá-lo foi ganhar o dia.
Rachel não se calou com o assunto mesmo quando chegaram a casa.
– Fiquei tão mais descansada quando ela disse que flashes eram sinal de recuperação. Senti um alivio... – disse a morena enquanto se sentava no sofá.
– Eu reparei. – respondeu Quinn com um sorriso ternurento que não conseguiu disfarçar. O som do telefone de Rachel fez-se ouvir, e o nome de Santana no ecrã apareceu. Quinn revirou os olhos e Rachel percebeu, ficou curiosa com a reação, mas decidiu atender a chamada antes de perguntar.
– Santana?! Estás bem?... o que aconteceu?... Como??? – perguntou a morena surpreendida. – Estás a brincar, certo?... Não é possível isso... claro que não, isso só pode ser um engano... Mas... – Quinn estava cada vez mais curiosa e impaciente – Mas porquê? Ele disse porquê?... Eu ainda não estou a acreditar, e agora?... Sim... Eu vou lá ter... não, não, eu vou lá ter... até já. – quando desligou não conseguiu fugir ao olhar de interrogação de Quinn. – A Santana apanhou quem me envia as mensagens.
– Apanhou??? E quem era? Conheces? Estás bem? – perguntou tudo com rapidez, e a última pergunta fez ao reparar que as lágrimas nos olhos de Rachel já se formavam.
– Tenho de ir à esquadra, vens comigo? – perguntou a morena com fragilidade. Quinn tinha imensa curiosidade na resposta à sua pergunta, mas foi incapaz de verbalizar fosse o que fosse ao ouvir aquele pedido daquela maneira. Sentiu naquele momento que dava a própria vida por proteger aquela mulher.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Eu sei que prometi não desaparecer. Na realidade não desapareci... só que como vos contei, estou num sitio sem internet. E ainda por cima só se prevê que essa situação mude lá para setembro. De todos os modos, sempre que conseguir venho a um hotspot publico e tento postar. No próximo capitulo já se desvenda o autor das mensagens.
Prometo tentar ser o mais breve possível.
Obrigada a quem não desiste.