Paraíso escrita por vickdecullen


Capítulo 2
É apenas uma cidade pequena.




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 O dia ia amanhecendo e cheiro de peixe e agua salgada invadia as ruas de Eastport como um “peido de velha” que as crianças jogavam nas salas de aula. Seus cabelos também já começavam a ensebar o que só aumentava o seu péssimo estado de espirito. Atras do ponto de ônibus , que era na orla da praia, via a ciclovia começar a encher de bicicletas, algumas com prováveis mães fazendo seu exercício matutino, e outros, jovens indo para o colégio. Ela desejou por um segundo estar em uma delas, pois já não estaria esperando tanto.

Com uma bufada, revirar de olhos, e um cruzar de braços, se encostou melhor na cadeira e quando imaginava como estaria sua mãe agora, um carro se choca com o outro fazendo o velho lento que dirigia sair de seu Mini e ir gritar com um jovem surfista em seu carro Mustangue. Bella prestava atenção na briga que não lhe convinha, enquanto os carros começavam a se aglomerar atras deles e ir formando um pequeno trânsito. Logo buzinadas irritantes, gritarias desnecessárias, começaram a surgir deixando tudo um pouco mais divertido para a sua manhã.

Seu ônibus chega, e Isabella sobe pagando os míseros 25 centavos ao motorista e indo se sentar em uma cadeira perto da porta de saída. O sinal esta vermelho e ao lado do automóvel, um jovem muito irresponsável, por estar sem capacete em cima de sua moto, para e sorri maliciosamente para a batida que ainda produzia discussão. Ele parecia se divertir com a cena, o que fez Isabella pensar o que faria se a situação estivesse ocorrendo com ele agora mesmo. O jovem, ela pode notar, ser muito charmoso. Cabelos castanhos claros, pele bronzeada pelo sol. Verde. E assim ela deixa de pensar coisas e segue seu caminho pelas ruas de Eastport.

Chegando no colégio, Bella engoliu em seco. Todos estavam parados em cima de suas capotas de carro estilo vintage, enquanto outros corriam de um lado para o outro como se fossem macacos. Por um momento se sentiu como Lindsay Lohan no filme “Meninas Malvadas”, quando ela se refere ao colégio como uma selva. Ela se segurou melhor em sua mochila e entrou no seu inferno particular. Seguiu reto desviando de algumas pessoas até alcançar seu armário. Ao abrir viu todos seus livros ali esperando para serem usados, suspirou e começou arrumar suas coisas. Tirou seus horários impressos e plastificados (uma obra de seu pai) e grudou na parte inferior. Distraída como estava, quase não notou alguem parar ao seu lado e começar a fazer a mesma coisa que ela, mas a garoto em questão sim então educadamente se apresentou:

-Olá! Sou Emmett, e você deve ser a nova aluna que todos falam não é?- perguntou.

Isabella encarou o homenzarrão ao seu lado e concordou com a cabeça estendendo a mão para cumprimentá-lo.

-Sou Bella- respondeu com um sorriso.

-Prima da Tânia, certo? Fiquei sabendo... Bem todos ficaram sabendo- disse olhando ao redor e assim Isabella pode perceber que chamava muita atenção para ela- O que devo admitir não ser muito difícil, em Eastport não se pode dar um peido, que todos sentem o cheiro- disse divertido, Isabella que gargalhou prazerosamente.

Emmett realmente era gigante para ela e seu pequeno metro e sessenta e quatro, podia ver por estar batendo no ombro dele. Os cabelos eram encaracolados e escuros, os olhos castanhos claros. Tinha um porte atlético, poderia dizer que jogava futebol americano ou quem sabe surfava.

-É eu sei bem como é isso, não me surpreenderia se todos já soubessem até a data do meu aniversário!

-Se não me engano, 2 de abril?- Isabella não pode deixar de rir.

-Parece que alguem fez a sua lição de casa!- disse olhando para os alunos que sorrateiramente se aproximaram para escutar a conversa dos dois.

-Emmett! Porque não me esperou? Eu tive que vir com a papai de novo!- dizia uma menina de mesmo porte que Isabella. Emmett encarou a baixinha com um olhar irônico, e até engraçado. A jovem percebeu que havia parado ao lado de Bella e alarmada disse:- Oh que falta de educação, sou Alice, irmã do Emmett! Você deve ser Bella não?

-Sim, é um prazer conhecê-la.

-O prazer é todo o meu, não há outro assunto que não seja você aqui em Eastport Bella. Principalmente a Putânia... Quer dizer a Tânia, eu quis dizer Tânia, ela é a sua prima não é mesmo?- gaguejava provavelmente muito envergonhada.

-Não se preocupe- disse sorrindo- também não gosto da prima que tenho.

-Ai Graças a Deus- respondeu jogando as mãos para o ar e o constrangimento esquecido para o lado- Agora vejo que vamos nos dar muito bem.

-Verdade, essa menina sem escrúpulos, faz a cabeça da Rosalie. Quando esta comigo é alguem, mas quando a puta aparece, é como se eu nem existisse- lamentou.

Alice quase esquecendo que estava irritada com o irmão mais velho, voltou a encarar com a mão na cintura fininha e perguntou.

-Então Emm, porque você não me esperou hoje? Eu disse que estaria pronta em cinco minutos!

Isabella achou graça enquanto os dois discutiam, realmente se daria bem com eles.

As primeiras aulas foram normais. Bella estivera na mesma classe que Alice que a convidou a se sentar do mesmo lado que ela e suas amigas. Angela e Leah eram gêmeas completamente diferentes. Leah com seus cabelos indígenas, pele morena e alta como uma modelo, era apenas quarto minutos mais nova que Angela , que por outro lado era loira, baixa e com olhos azuis. A primeira era descolada com roupas hippies e queria seguir gastronomia e a outra era a nerd chique que seria uma ótima engenheira química.

Bella se dera bem com elas e também rira bastante. Na hora do almoço já havia ganhado um lugar na mesa e muitos outros amigos, a deixando mais relaxada e extrovertida. Ela mal percebeu que estava no meio de uma roda fazendo muitas pessoas rirem com suas aventuras pelo mundo com a mãe quando uma voz fina, irritante e muito conhecida, para o seu desgosto disse:

-O que esta acontecendo aqui? Circulando, circulando!- Tânia saiu do meio da multidão jogando um pouco de seu cabelo platinado que cairá no rosto para o lado, mostrando sua cara de irritação por alguém a mais tirar a atenção dos alunos de Eastport High School. Quando as duas primas se encararão Isabella grunhiu de desgosto e a prima gritou incrivelmente alto, fazendo alguns ali murmurarem palavrões.

- Gorduchinha!Você finalmente chegou! Venha cá e me de um abraço- A prima puxou o braço de Bella e a puxou para um abraço sufocante que não foi retribuído com muito amor- Puxa Bella, se não estivera tão feliz de ver você, diria que fiquei ofendida por não ter vindo me procurar antes de se mostrar para os meus amigos- soltou uma risada vinda do nariz, fazendo Isabella ter náuseas.

-Desculpa Tânia- respondeu de mal gosto- Estive tão ocupada que nem vi o tempo passar, eu havia mencionado algo com Alice aqui sobre ir procurar você, não é Liz?

Alice , Angela e Leah riem baixinho fazendo Tânia encara-las furiosa.

-Claro que sim fofa, eu não te culpo, ter a atenção só para você realmente faz o tempo voar, ainda mais para alguém que não esta acostumada como você- Isabella fechou os olhos em fenda e as lembranças guardadas a tanto tempo voltaram como se Isabella nunca ouve-se empunho uma parede sobre elas.

-Sabe prima as coisas mudaram desde a ultima vez que nós vemos, e eu não estou me referindo aos oito quilos a menos que carregava- ameaçou com uma sobrancelha arqueada.

-É para eu sentir medo dessa ameaça barata?

-É mais para encarar isso como um aviso, fofa- respondeu ironicamente o apelido, como a prima fizera a segundos atras, fazendo alguns ainda ai rirem. O sinal toca e já é hora de voltarem a suas aulas. Isabella joga um ultimo olhar para sua prima e sai fazendo suas novas amigas a seguirem. Ela conseguira, explodiu no primeiro segundo que encontrara a pessoa mais odiosa do mundo. Mesmo havendo prometido a mãe que não o faria, todos os anos de magoa e danos causados pela prima vieram a tona de tal maneira que não pode se segurar. Armara uma guerra de poderes com Tânia e que vença a melhor!

-Bella!- exclamou Leah- Nunca vi alguem ser tão corajosa como você! Ninguém aqui nunca ousou contradizer-la.

-É- concordou Angela- Você sabe que a partir do momento que você colocou os pés para fora daquele refeitório, a sua vida começara a se tornar um inferno né?

-Acho que ela se saiu perfeita- disse Alice- já tava mais do que na hora de alguém colocar um basta nessa hierarquia que Tânia implantou no colégio. E outra Bella atraiu muitos olhares hoje, e ponho as mãos no fogo, de que a metade ali pensa a mesma coisa que eu.

-Obrigada Alice, mas não era para nada disso acontecer- respondeu Isabella- Havia até prometido que não o faria, o problema foi que cansei de ser humilhada na frente das pessoas como ela já fez comigo.

Angela deu batitinhas nas suas costas em forma de consolo enquanto as outras apenas a olharam piedosas. Elas seguiram para mais horas de classes e durante a apresentação de um filme na aula de literatura, Isabella podia jurar ter escutado seu nome, algo como minha ídola, e algo como louca, sendo sussurrados por toda sala.

-Alice isso realmente esta começando a me incomodar- lhe disse baixinho quando se deu conta que agora todos a encaravam.

-Relaxa Belinha isso logo vai passar te prometo- respondeu também sentindo um certo incomodo e não acreditando em uma palavra que acabara de dizer para reconfortar a amiga.

Bella queria muito poder voltar no tempo para que aquela pequena cena não tivesse acontecido, porque agora não estaria tão abaixada em sua cadeira e com as mãos no rosto sentindo apenas vergonha. Mas o que ela não se arrependera, absolutamente!

No final da tarde depois de se despedir de seus amigos, Bella foi correr o ônibus para poder voltar para casa, mas ao chegar no ponto ele acabara de partir, fazendo ela falar alto e muito bem pronunciado: Merda!

Ela escutou uma risada maliciosa atras dela e para sua surpresa viu o jovem de hoje de manhã que estava encostado em sua moto e fumando um cigarro quase escasso. Ela pode olha-lo melhor e viu o quão lindo ele era com a perfeita combinação de camiseta branca com calças jeans negras surrados que usava. Seu sorriso sacana, o cabelos desarrumados, e os cabelos loiros do braço o deixava tentadoramente sexy. Bella disfarçou ter o reparado tanto e sentou na calçada esperando que um ônibus chegasse o mais logo possível.

Um minuto, dois minutos, trinta minutos, uma hora... O cara continuava ali e o ônibus não chegava. Ele estaria em seu terceiro cigarro e Isabella continuava a roer as unhas loucamente enquanto a perna esquerda batia sincronizadamente no chão, somente mostrando seu desespero e fazendo o jovem se divertir mais. Bella contava mentalmente para não explodir e gritar com o pobre coitado, não tão coitado assim, pelo seu mau humor. Então a solução mais sensata que tomou quando se deu por vencida de que a porra do ônibus não iria chegar, foi pegar sua mochila de couro nervosamente e começar a caminhar até sua casa. Ela já podia sentir seus pobres pés gritarem de dor ao chegar, mas não tinha muitas opções já que seu celular agora estaria sem bateria em sua casa. Para a sua surpresa escutou o ruido de moto logo atras dela, e ao virar de costas o viu seguir-la devagar, rindo torto. Desesperada agora notando que ele poderia ser um lunático ela acelerou os passos e apertou tanto as mãos nas alças de sua mochila que os nós dos dedos ficaram brancos. A sua adrenalina começou a produzir no momento em que sentiu que o perigo estava perto. O coração batia tão forte que ela juraria ver ele saltar sobre o peito.

Calma Isabella, repetia para si mesma, é uma cidade pequena você não esta mais em Nova York. Para a sua desgraça o som da moto começa a ficar mais alta a cada segundo que passa até um carro parar ao seu lado e dele aparecer a ultima pessoa que queria ver, mas que mesmo assim foi maravilhoso.

- Gorduchinha da vovó!- exclamou Mary Lu quando tirou seus óculos de sol.

Isabella respirou fundo e relaxou quase instantaneamente. Antes mesmo que pudesse responder o som dos pneus tocando fez ela ver o maluco sair correndo pelas ruas.

-Oi vó.

-O que esta fazendo caminhando? Entra aqui querida eu te levo para casa!

Isabella entrou no luxuoso carro da avó enquanto ela ordenava ao motorista para que as levassem algum lado que ela não pode escutar bem, ainda tentava entender o que acabara de acontecer ali.

-Querida o que aconteceu com você! Parece pálida?

-Nada vó- respondeu a encarando com os lábios secos- Eu só atrasei no ponto de ônibus e não pude voltar para casa, e pensei que vi alguém me seguindo...

-ÔNIBUS?!- disse ultrajada com o fato de que ela pegava transportes públicos e ignorando totalmente a possibilidade de que a neta quase fora violentada ou sequestrada- Como Charlie permite que isso aconteça com você?

-Vó ônibus são mais práticos e baratos do que manter um carro, não posso me dar o luxo de gastar mais de cinquenta dólares semanais para gasolina.

-Bella que tolice! Falarei com seu pai sobre essa falta de senso que o atacou. Magina deixar a filha andar por ai em ônibus? Sabia o quanto eles são sujos e habitados por pessoas... Não gosto nem de imaginar- falando isso tirou de sua bolsa um pouco de álcool gel.

Isabella apenas passou as pontas dos dedos nas pálpebras tentando o máximo não mandar a velha calar a boca. O por do sol começava a baixar e a agua do mar parecia ser cristalina para logo se tornar uma tormenta negra e perigosa que era de noite. Mary Lu não parava de falar um só minuto desde que entrara no carro, e Isabella apenas obrigada a sorrir e concordar com: um sim, claro, magina, esta certíssima! Quando o carro parou na frente de sua casa Mary Lu disse Au Revoir e partiu.

-Lola!- gritou quando a porquinha correu para o seus braços- Lolinha você não sabe o que me aconteceu hoje!

-Espero que tenha uma boa explicação Isabella Swan- disse Charlie com os braços cruzados e posição de bom pai.

-Nada de mais Charlie- respondeu dando de ombros- Eu perdi o ônibus, por sorte encontrei a vovó e ela me trouxe até aqui.

-E custava atender a merda do celular?- respondeu realmente nervoso.

-Desculpe pai, não levei ele comigo hoje, me esqueci na cabeceira.

Charlie tira o celular dela do bolso e lhe entrega.

-É pude perceber. Isabella não quero que isso volte acontecer, caso ao contrario, ficara de castigo.

Isabella percebeu que o aviso realmente era serio, então tirou o sorrisinho do rosto e pediu desculpas ao pai. Mesmo ele tendo aceitando, Bella sabia que o mal humor seria por todo o resto do dia, por isso beijou Charlie na bochecha e subiu para o seu quarto, junto a Molly. Isabella logo tirou sua roupa e entrou no banho , e enquanto lavava seus cabelos, fazia uma revisão geral do que havia acontecido no dia.

Primeiro, havia enfrentado seu primeiro dia de aula conhecendo gente nossa e arrumando briga com a prima.

Segundo, quase fora estuprada ao meio da rua e seu pai ficara irritado por ter chegado tarde, sem ter o celular, em casa.

É não estava tão mal assim.

Depois que colocara seu pijama, decidiu escutar um pouco de musica e para entrar no clima praia, colocou One Love de Bob Marley, o que a fez viajar no tempo onde em uma viagem com seus amigos usou marijuana pela primeira vez na vida. Ela sorriu. Realmente aqueles dias tinham sido incríveis e gostaria poder repeti-los. Olhou para a sua enorme janela e observou as ruas quietas e com pouca iluminação. Viu um vulto passar correndo de moto e se assustou podendo achar que era o menino louco de hoje cedo, mas quando passou de sua casa e cruzou a rua, relaxou se dando conta que era apenas fruto de sua imaginação.










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