–Claro. -Eu disse e fomos nos despedir de todos, ficaram chamando o Cadu de corno e o Rafael bufou de raiva. O Arthur me levou até uma praça e sentamos num banco de frente pra um pequeno lago.

–Agora conta. -Ele disse jogando uma pedrinha no lago e dando um sorriso de canto.

–Depois que eu saí do Brasil eu nunca mais namorei de ódio dos homens e tudo mais.

–Obrigado pela parte que me toca. -Ele disse me interrompendo e riu.

–Enfim, ai eu conheci o Logan. Ele era um amor comigo...

–O oposto do Rafael. -Ele disse me interrompendo novamente.

–Exatamente. Mas ele gostava de mim e eu não dele, ai quando eu percebi que estava ficando sério eu parei de ficar com ele e disse que não o amava e ele disse que era para que eu desse uma chance a ele, mas eu não queria vê-lo sofrendo e ele disse que sabia onde estava se metendo.

–Ai vocês namoraram e se acomodaram e você achou que o amor dele fosse o suficiente pra manter a relação. - Ele disse e eu o encarei.

–Você lê meus pensamentos, sendo que mal me conhece. Eu gosto disso. -Eu disse sorrindo.

–Ah, ainda bem. -Ele deu uma risada meio nervosa.

–Eu sou tão previsível assim? -Perguntei e ele ergueu as sobrancelhas.

–Pra mim, sim. -Ele sorriu e se levantou, ficando de frente para um lago e logo se virou me fitando.

–Que foi? -Perguntei.

–É que... -Ele se aproximou de mim e me pegou no colo, pulou comigo no lago.

–Tá maluco? -Eu disse tocando água nele. -É proibido entrar aqui. -Bufei.

–Quem disse isso? -Ele perguntou com um sorriso irônico.

–Não pode ficar no lago, saiam agora. - Um guarda disse e eu olhei pro Arthur com um sorriso de: "Eu disse". Saímos da água e o guarda ficou nos encarando.

–Sorry. -Eu disse o encarando.

–Ah desculpa, os senhores não falam português. -O guarda disse e se retirou.

–Boa ideia a sua. -Arthur sussurrou no meu ouvido.

–Eu falei sorry por mania mesmo. -Eu disse rindo. -Vamos embora daqui, estou com frio.

–Vem. -Ele disse me abraçando.

Cheguei em casa e o Dan estava na sala com a Liane a Priane e o Rafael.

–Ui cunhada, está molhadinha, é? -Liane disse rindo.

–O que aconteceu pra você estar molhada desse jeito? -Dan disse e pegou uma toalha, logo atirou a mesma pra mim.

–O Arthur que me pegou no colo e me jogou no lago lá da praça. -Eu disse me enrolando na toalha.

–Vai dar namoro. - Priane disse.

–Vou subir para tomar banho, Priane sobe lá comigo? -Perguntei.

–Sim.

Tomei um banho e me sentei na cama para conversar com a Priane.

–Então... Você conheceu o Carlos? -Ela perguntou.

–Sim, o namorado da Roberta... Eles são uns amores.

–Quero te contar uma coisa... Promete que não vai me julgar? -Priane disse aflita.

–Longe de mim julgar alguém.

–Eu fiquei com o Carlos, eu não sabia que ele tinha namorada... O cachorro nunca tocou no assunto. Quando eu descobri fiquei mal porque já tinha um sentimento envolvido. - Fiquei de boca aberta e nem sabia o que dizer. - Eu era amiga da Roberta e tudo mais... Não amiga, mas colega sabe? Pois é. Agora eu nem olho mais na cara dela com vergonha.

–Que situação! - Eu disse de boca aberta.

–Bem, eu vou ir embora. Já está tarde...Depois a gente se fala. - Ela disse e me deu dois beijos no rosto.

Me deitei e fiquei imaginando várias coisas, besteiras e ao mesmo tempo sobre o que eu faria para acabar com o Rafael até cair em sono profundo.

(...)

Acordei no outro dia cedinho, sábado finalmente. Arrumei-me rápido, e saí de casa quase atrasada. Hoje era a minha prova do vestibular. Cheguei na faculdade e me perdi, era enorme e incrível. Entrei na sala e fiz a prova de redação, almocei por lá mesmo, pois a tarde eu teria a prova objetiva. Sentei-me em um banco e fiquei ouvindo música.

–Que mundo pequeno. -Disse alguém sentando ao meu lado, voltei-me a encara-lo e, quando vi que era o garoto que esbarrou em mim na balada eu bufei e fiz uma careta.

–Pretende fazer qual curso? -Ele disse e eu permaneci em silêncio.

–Mal educada. -Ele disse.

–Olha quem fala. -Retruquei.

–Agora você fala... Hm. -Ele disse.

–Dá pra deixar esse jeito de patricinha por um minuto? - Ele disse e eu o encarei.

–Ok. -Disse com um sorriso cínico.

–Qual o seu nome? - Ele deu uma pausa. - Vou fazer sistema de informação, gosto de informática e tudo mais. E você? -Ele perguntou.

–Windy e o seu? Gastronomia...

–Ricardo. Eu odeio meu nome. -Ele disse e fez biquinho.

–Para de jogar charme. -Eu disse e ele me encarou.

–Porque eu jogaria charme pra cima de você? -Ele perguntou sério.

–Me responda. -Eu disse.

–Eu tenho até namorada, sou um cara sério. -Ele disse.

–Coitada dessa garota. -Eu disse.

–Confessa que você gostaria de ser ela. -Ele disse convencido.

–Nem morta, agora me dá licença que eu tenho coisas melhores a fazer. -Eu disse e me levantei, voltei para a sala e fiz a prova objetiva. Logo após fui para casa cansada e com dor de cabeça de tanto pensar. Entrei no banho e deixei a água escorrer pelo meu corpo, saí e coloquei uma camisola e fui até a cozinha pegar um remédio para a minha dor de cabeça.

Dan entrou rindo com o Arthur e assim que me viram ficaram sérios.

–Já vai dormir? -Dan perguntou me olhando de cima a baixo.

–Sim, dor de cabeça. -Eu disse.

–E a prova? -Arthur perguntou.

–Fácil, mas cansativa e longa.

–Sempre foi inteligente, vai passar maninha. -Dan disse e eu sorri fraco.

–Vou dormir. Tchau pra vocês.

–Tchau. -Os dois disseram juntos, fui pro meu quarto e adormeci.