Duas semanas haviam se passado, e hoje seria o casamento da Priane com o Cadu. O resultado do exame de DNA sairia em breve. Havia feito minha cirurgia.

 As palavras do meu professor da faculdade não saiam de minha cabeça.

    Fiquei a tarde toda no salão preparando-me para o casamento junto com a Priane, Liane, Shayane e Cristielen.

  A Shay ignorava minha presença.

-Você tá... -Shay disse olhando boquiaberta para Priane.

-Deslumbrante. -Completei.

-Parece uma Barbie, prima! -Liane declarou.

-Perfeita! -Cristielen finalizou.

-Vocês também estão lindas! -Priane disse. -Agora parem! Se não irei borrar minha maquiagem.

-Ok. -Shay declarou, mas logo se voltou mim. -Podemos conversar. Windy?

-Sim. -Afirmei com um belo frio no ventre.

    Fomos até uma sala onde não havia ninguém.

-Desculpe- me? -Sussurrou ela triste. -Você é a minha melhor amiga e eu não consigo ficar longe de você... Te amo sua mala!

-Ownt Shay. Eu também te amo! -Nos abraçamos e Shay se afastou de mim abanando os olhos.

-Não posso chorar, não posso chorar. -Murmura ela e eu tento evitar o riso.

-Vamos garotas! Antes que o Cadu desista de mim.

(...)

   Chegamos à igreja e o Ricardo evitava contato visual comigo, apertei meus olhos de pura frustração, nos posicionamos no altar a espera da Priane. Todos estavam apreensivos com a sua chegada.  

  Shay brincava com o Rafael, seus olhos brilhavam ao encontrar os deles.

  Dan e Liane estavam sérios e visivelmente nervosos.

  Cristielen  estava rindo de algo e o Thiago sério e calmo.

  Ricardo estava olhando para longe enquanto eu prestava a atenção em todos os detalhes da igreja.

   Parecia um casamento de princesa, a igreja estava decorada de flores rosas, um tapete vermelho lindo. O padre aguardava a chegada de Priane para começar a cerimonia, e não demorou muito para a mesma chegar com um belo vestido branco e o cabelo preso com um véu.

  Priane caminhava em passos lentos até o Cadu, acompanhada de seu pai que estava num terno preto. Voltei minha atenção a Cadu que ria igual um louco de felicidade que transbordava em seus olhos e pelo seu sorriso já se via o quanto ele a amava.

Quando Priane chegou ao altar, seu pai a entregou para o Cadu e sussurrou algo no ouvido do mesmo que assentiu com um sorrisinho. Seu pai deu um beijo em sua testa e a deixou. Priane e Cadu caminharam até o altar e a cerimonia começou. O padre falou, falou e falou, eu não prestei a atenção em nada para ser sincera. Logo trocaram alianças, juramentos e tudo mais.

   Fomos para o local da festa, o salão estava lindo. Decorado com milhares de fotos dos dois, as mesas perfeitamente decoradas com flores.

Sentamos nessa ordem: Ricardo, eu, Cristielen, Thiago.

Do outro lado: Shay, Rafael, Dan e Liane.

-Rafael. -Estava sentado ao lado de Shay, levantou os olhos em minha direção.

-O que? -Murmurou.

-Podemos conversar? – Fiz uma careta e ele assentiu sem hesitar.

-Claro. -Levantou-se.

   Fomos até a rua e Rafael me encarou.

-Desculpe-me?

-Pelo que? -Franziu o cenho.

-Por... Tudo. -Digo jogando os braços para o lado.

-Tudo bem, Windy. -Deu uma leve risada. Ameacei virar e sair, mas hesitei.

-E se você machucar a Shay eu irei te matar!

-Não machucarei. -Sorriu.

    Voltei para a festa e sentei-me.

-Como será que o Arthur está? -Questionou Dan.

-Pois é, sinto dó dele e não da Julia. -Shay murmurou.

-Eu tenho que ir lá ver ele... -Disse enquanto comia uma batata frita. Ricardo arregalou os olhos no mesmo instante, ergui as sobrancelhas em sua direção e ele respirou fundo e relaxou.

Logo após, Shay me puxou para dançar e eu lógico que fui. Sai da pista de dança 04h30min.

-Eu vou pra casa, vou chamar um táxi. -Disse pra a Priane enquanto dava-lhe um beijo no rosto.

-Não, espera. -Me puxou pela mão e logo parou bruscamente, ficando de frente pro Ricardo. Sussurrou algo em seu ouvido e deu-me um beijo no rosto.

-Boa noite. -Sussurrou e saiu rindo.

-Vamos? -Ricardo perguntou.

    Eu não conseguia acreditar no que ela tinha feito. Mesmo boquiaberta assenti.

   Fomos o caminho inteiro em silêncio, mas quando estávamos chegando perto o fitei.

-Ricardo? -Murmuro indecisa.

-Hum? -Me olhou de canto.

-Precisamos conversar... - Questiono. Hoje era o dia de lavar roupas sujas, com certeza.

-Eu sei. – Respirou fundo.

(...)

-Então... O que quer falar? - Questionou. Passei meus olhos rapidamente pelo apartamento e respirei fundo, senti falta daqui. Era completamente acolhedor. Era completamente estranho estar ali, havia preparado um discurso, mas as palavras fugiram, achei melhor improvisar.

-Quer tentar “terminar” o que resta entre nós? – Ricardo questionou magoado.

-Não... Eu...

-Ah, não. –Ricardo deu uma risada enquanto me interrompia. – Você não sabe o quanto doeu ficar naquela droga de praia plantado por você ter se julgado incapaz de amar alguém? É, você realmente não sabe. Não sabe o quando doeu dizer que o motivo de terminarmos, de nos afastarmos era justamente eu gostar de você! Você não valoriza o que os outros fazem por você, você não valoriza ninguém Windy, sabe por quê? Por que você é egoísta! Você é individualista! Você... É a pessoa errada Windy.

-Ah, obrigada. –Sorri de canto. – Nenhuma novidade até o exato momento.

-E você ainda se orgulha disso. – Ricardo passou as mãos entre os cabelos.

-Não, eu não me orgulho. –Suspirei e joguei o cabelo para o lado. – Mas eu sei como sou, e você soube desde o início. Sou um problema na vida das pessoas, mas você pareceu gostar no início.

-Gostava. – Ricardo murmurou. – Gosto.

-Sabe, foi bom nós termos terminado. -Fiz aspas com os dedos. Ricardo ergueu as sobrancelhas.

-A gente não terminou. –Ricardo disse sério. -Você terminou. -Disse se mantendo firme.

-Ah, ok. Se "eu" não tivesse terminado, possivelmente não teria percebido o quanto gosto de você. -Assumi.

-Esse é o problema, Windy. Eu não quero que você goste de mim... Quero que você...

-Te ame? -Interrompi, ele piscou diversas vezes e assentiu.

-Sim, eu quero.

-Esse é o problema... -Sussurro.

-Eu querer que você me ame. Como eu te amo? -Ergueu as sobrancelhas.

-Não. -Minha voz falhou.

-Então...

-O problema é que eu te amo tanto, mas tanto que isso me assusta. -Assumi os fatos e um sorriso bobo surgiu em seus lábios.

-Muito, muito, muito mesmo? -Questionou enquanto dava passos lentos em minha direção.

-Você nem faz ideia do quanto. -Sorriu e levou uma das mãos até meu rosto e acariciou minha bochecha com a ponta dos dedos.

    A outra mão estava em minha cintura, meio tremula.

-Eu faço ideia sim, porque sinto o mesmo.

- Jura? – Fiz um biquinho e ele riu.

- Preciso mesmo jurar? Pensei que você já soubesse...

-Tá esperando o que pra me beijar? – Revirei os olhos e ele riu.

    Então nossos olhos se cruzaram, Ricardo deu um sorriso fofo e levou sua mão até minha cintura, enquanto eu levei a minha até seu rosto.

-Como eu pude ficar tanto tempo sem você? –Disse quase num sussurro e ele sorriu e apertou os olhos.

-Orgulhosa! – Declarou.

    Foi como se meu corpo não me obedecesse mais, senti minhas pernas tremulas e borboletas na minha barriga. Meu coração acelerou como nunca tinha acelerado, nossos lábios se encontraram e um misto de saudade, carinho e desejo invadiu o beijo.  Depois de alguns minutos Ricardo parou o beijo com selinhos e seus olhos brilharam.

-Eu te amo. –Disse.

-Eu te amo, também.

-Sabe... Eu estava aqui pensando... –Ricardo disse pensativo.

-No que? –O questionei.

-Eu gosto de fazer as pazes na cama... E você?

-Bom, pelo visto temos algo em comum. – Dou os ombros e ele esbanja um sorriso malicioso.

(...)