Na hora que o padre disse: PODE BEIJAR A NOIVA, sem dúvidas foi tenso. O noivo só faltou tirar a roupa da minha tia e fazer um vídeo pornô ao vivo para todo mundo ver. No lugar de um vídeo do casal, como o normal nas festas com fotos e os melhores momentos seria lançado na festa um vídeo pornô. E isso era bem a cara da minha tia.

Quando acabou a cerimônia, todos nós fomos para o local da festa. Era um sítio gigante, era lindo.

Minha tia foi cumprimentando todo mundo, até infelizmente chegar a nossa mesa.

–Oi irmã! Você parece mais... Velha! – Minha mãe deu um sorriso falso. Ela havia trocado o tal vestido preto por um JUSTO! Muito justo, era dourado com paetês. Minha tia não tinha corpo para usar esse tipo de vestido, muito menos idade. Não é preconceito, é questão de moda mesmo. Junto com o vestido, para completar o look usava um sapato vermelho que não tinha nada a ver com o seu vestido.

–Windy! – Disse em minha direção enquanto me abraçava. – Nossa. Você tá... Gorda.

–Digo o mesmo de você, quanto tempo! Nossa, o suficiente para você ganhar vários quilos. – Respondi a altura, ela arregalou os olhos e minha mãe me olhou irritada. Minha tia não respondeu e se voltou ao Ricardo.

–Nossa, onde você arrumou esse garanhão? Ou melhor, como ele quis você Windy! Tão pirralha... – Ela disse e eu fiquei chocada com tamanho abuso de sua parte, Ricardo fez uma careta, mas me puxou para perto de si, provavelmente me segurando para não atacar minha “amada” tia.

–Vou atender os outros convidados, volto já. – Ela piscou e sorriu.

–Não precisa voltar, aproveita e cai da escada e quebra o pescoço infeliz! – Murmurei, mas ela não me ouviu.

–Para Windy! Ela é sua tia. – Minha mãe me repreende.

–Desculpe mamis, não nasci pra levar desaforo pra casa. Ainda bem que não puxei por você.

–Coitada de mim. – Ela murmurou rindo.

Na hora de jogar o buquê, milhares de mulheres desesperadas se juntaram. Fiquei sentada na ponta da mesa só encarando o movimento.

–É um... - Minha tia início a contagem. –É dois... É três... – Ameaçou jogar. – E já. – Atirou o buquê, milhares de mãos desesperadas, e de pessoas pulando para pegá-lo, o buquê caiu em cima de minhas pernas, peguei –o e minha tia sorriu.

–Teremos um casamento em breve! – Ela anunciou encarando eu e Ricardo. – Se ele te suportar...

–Meu deus! Isso foi inacreditável. – Minha mãe murmurou chocada.

–Bora casar? – Ricardo sussurrou em meu ouvido e mordeu minha orelha.

–Só que não. – Dei os ombros e ele fez biquinho.

–Sua filha me deu um fora. Não quer se casar comigo. – Ele disse para minha mãe.

–Ela não tem querer querido. Pode arrastar para o altar! – Minha mãe disse séria.

–MÃE! – Eu a repreendo.

–FILHA!

–Vamos marcar a data? – Ricardo disse brincando.

–Não. – Faço bico.

–Você está pegando a minha mania...

–Que mania? – Perguntei assustada.

–De fazer biquinho. – Ele sorriu. – Fala mal, mas paga pau. – Murmurou enquanto dava um gole em sua água.

–Uhun. – Dou um sorriso malicioso.

–Safada. – Ele sussurrou em meu ouvido.

–Você que é má companhia.

–Bem crianças, vou ir lá falar com o novo “tio” de vocês. – Minha mãe saiu.

–Ela disse vocês? – Eu perguntei e Ricardo assentiu e riu.

Minha tia se aproximou, sentou-se e eu a encarei. Ela ficou em silêncio apenas encarando Ricardo. Dei um gole em minha coca, e por um pequeno acidente dei um tapinha no copo que caiu na mesa, derramando tudo sobre o seu vestido.

–Sua desastrada!

–Desculpe! Eu sou uma idiota. – Digo cinicamente, colocando as mãos na cabeça.

–Meu vestido está manchado!

–Seca no banheiro. – Ricardo sugeriu e ela saiu correndo para fazer isso.

–Você é um demônio... – Ele disse rindo.

–Me conte algo que eu não saiba... Isso não é novidade para mais ninguém.

Não demorou muito para que a minha tia saísse do banheiro, mas com outro vestido. Agora era um rosa pink, extravagante? Capaz. Tinha uns babados, e muito, mais muito brilho! O sapato também havia mudado, agora era um amarelo neon.

–Ai Meu Deus! – Tapei os olhos com a mão, fingindo estar chocada com a mistura de cores. Minha tia se aproximou de nossa mesa e nos encarou.

–Eu tinha outro, sobrinha, caso algum acidente acontecesse... –Deu um sorriso irônico.

–Ah, ainda bem. Precavida você.

–Sempre.

–Mas e ai Ricardo, vem dançar comigo? – Piscou para ele, que se moveu desconfortável com o convite.

–Não, obrigado pelo convite. – Ele sorriu, minha mãe se aproximou e sentou em nossa frente.

–Ah, deixa de ser bobinho. – Minha tia o puxou pelo braço. –A Windy não se importa, não é Windy? –Deu os ombros, isso foi meio ameaçador como: Tem medo de perder ele pra mim?

–Não. – Sim, eu me importo sua velha do capeta!

–Estão vamos.

Fiquei observando os dois dançando, minha tia colocou uma das mãos no peito de Ricardo, minha mãe se sentou no meu lado e suspirou.

–Sua tia é muito assanhada...

–Vadia... Seria a palavra correta.

–Não fala assim dela filha!

–Falo sim, é a verdade.

Ficamos em silêncio, ela tentou beijou o Ricardo! Meu sangue ferveu, ameacei levantar, mas minha mãe segurou meu braço.

–Ele jamais trocaria você por ela... – Minha mãe alertou.

–Foda-se!

–Olha o respeito...

–Nesse momento eu não tenho, vou fazer um barraco mãe, me solta! – Berrei.

–Não, não vou deixar você se rebaixar, é isso que ela quer!

–Mas é o que eu quero também!

–Para Windy! Você precisa aprender a controlar a sua raiva, você é muito explosiva. – Minha mãe murmurou e eu sentei novamente, bufei e cruzei os braços.

Depois de alguns minutos Ricardo havia voltado, sentou-se ao meu lado. Eu estava sem expressão alguma na face.

–Tá tudo bem?

–Não, ela tentou te beijar. – Murmuro calma.

–Sim, sua tia é louca! Ela ficou falando umas putarias pra mim... Sério, vamos embora daqui?

–Não vou a lugar algum com você... – Bufei.

–Windy... Eu não fiz nada!

–Mas queria!

–Não, eu não queria!

–Windy, para de ser imatura! Se ele quisesse tinha agarrado a tua tia ali na pista mesmo! Ele nem queria ir dançar com ela, você que disse que não tinha problema! – Minha mãe murmurou.

–Tanto faz.

–Windy... – Ricardo murmurou em meu ouvido.

–O que? – Indagou emburrada.

–Vamos pra casa? O Peter está com saudade de você.

–Hum, amanhã eu vou ver ele...

–Não, vai agora comigo...

–Vão crianças, ficarei aqui para conversar com os parentes, ok? – Minha mãe murmurou e eu bufei, ela sempre estava do lado do Ricardo e isso me irritava.

Ricardo me puxou pelo braço, peguei minha bolsa que estava em cima da mesa e o acompanhei em silêncio. O caminho inteiro fomos quietos, ao chegarmos no apartamento de Ricardo ele me encarou e sorriu.

–Não adianta. Eu sei tirar a tua marra. – Ricardo riu e avançou em mim.

(...)