Sparks Fly escrita por Helle


Capítulo 1
Sparks Fly


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira Harmony. Espero que gostem. Baseada na música Sparks Fly - Taylor Swift.



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   Lá estavam os dois sorrindo de uma forma idiota nos jardins da escola.

"De novo" pensou Hermione.

 Era a décima segunda vez em apenas um dia. A décima segunda vez que ela se pegava pensando em como seria se ele não fosse apenas seu melhor amigo.

 A problemática toda se repetia na mente da castanha toneladas de vezes durante um segundo. Ela ficava tonta de tanto se forçar a pensar naquilo tudo... Ou era o perfume de Harry ao seu lado?

A garota sacudiu a cabeça para afastar de si a tontura e o cheiro incrivelmente perturbador de Harry.

 Rony estava tendo aquele "caso estúpido não classificado como namoro" com a "vaca" da Lilá Brown e Harry estava caindo de quatro por Gina, mas não tinha coragem pra falar nada. Resultado? Harry e Hermione se tornaram, se possível, mais próximos que nunca. Andavam juntos de um lado pra outro no castelo e sempre ficavam junto em trabalhos feitos em dupla. A moça detestava assumir pra si mesma, mas ficar tão perto de Harry o tempo todo era tão ruim quanto ficar longe.

 Ele era como uma tempestade. Uma completa tempestade, a começar pelos cabelos revoltos que insistiam em ficar despenteados. Insistiam a chamar a atenção da garota e a fazer segurar as mãos para refrear a vontade de arrumar fio por fio.

 Os olhos eram uma tempestade a parte. Hermione fazia de tudo para não olhar dentro deles, mas era um esforço vão. Ela sempre cedia e se perdia por segundos, minutos, ou horas olhando na vastidão verde dos olhos do amigo.

 "Amigo" A palavra ressoou na mente da grifinória. Ela engoliu a saliva, mas pode jurar que havia acabado de engolir um cubo de gelo. Seu "amigo" estava a observando e perguntando algo. Algo que ela não escutava porque estava perdida em devaneios.

 "De novo" Pensou a garota antes de sacudir a cabeça pela décima vez no dia.

 -Você não escutou uma palavra, escutou? -Quis saber o moreno.

 Hermione balançou a cabeça negativamente e não conseguiu segurar uma risada. A cara de frustração de Harry era engraçada demais pra se desperdiçar.

 -Eu estava dizendo que Malfoy sismou em dizer que agora somos um casal. Ele espalhou pra Sonserina inteira e já recebi duas ameaças de seu querido Cormáco.

 A garota arregalou os olhos e se entalou com a própria saliva, que no final das contas não era feita de gelo.

-Essa sim é sua reação correta. -Disse Harry sorrindo o mais discretamente que podia.

-Ah, cala a boca. -Respondeu Hermione alguns segundos depois.

Olharam um pro outro no mesmo momento... E bem que ela tentou mas segurar o sorriso foi difícil. Era impossível quando Harry fazia aquela cara de quem vai explodir de tanto prender a risada.

-Você é um idiota Harry Potter. Um idiota. -Completou ela cedendo um sorriso brilhante e branco para o rapaz.

O dia fora chuvoso. A noite estava mais chuvosa ainda.

-Harry, o que exatamente você sente pela Gina?

O moreno tossiu discretamente, para desentalar a saliva que ficou presa em sua garganta junto com a pergunta que ele iria fazer a Hermione.

-Que quer dizer com isso, Mione?

-A pergunta não é óbvia o suficiente? Você gosta dela de outra forma ou o quê?

O moreno parou para pensar. A verdade era que se Hermione lhe fizesse a pergunta duas semanas atrás, a reposta seria: "Sim, eu gosto da Gina. Gosto de verdade." Mas naquele momento, Harry não sabia o que sentia. Ele não tinha certeza de era para Gina que todos seus sorrisos bobos e sentimentos estavam sendo direcionados. Na realidade os sorrisos dele ultimamente só tinham um destino e uma razão. E ela estava bem ao seu lado naquela tarde chuvosa.

-Tudo bem... Nem sei porque perguntei isso. Não precisa responder... Desculpa.

-Não... Eu respondo. Eu só estava pensando... Eu na realidade não tenho certeza dos meus sentimentos nesse momento. Em geral. Sentimentos em geral... -Falou o grifinório atropelando as palavras.

Hermione sorriu.

-Tudo bem Harry, eu entendi.

O moreno sentiu o ar a sua volta ficar mais quente de tanto alívio que sentiu. Se Hermione insistisse no assunto ele seria forçado a tomar uma decisão rápida e responder algo. Graças a Merlim, Hermione não era do tipo de garota que insistia em nada que deixava os outros desconfortáveis.

"Pare com isso Potter" -Disse a consciência do rapaz em um lugar distante em sua mente. O moço sacudiu a cabeça para espantar os malditos pensamentos e resolveu sair dali. O clima frio só dava mais vontade de abraçar a garota ao seu lado.

-Vamos subir, a chuva está ficando mais forte. Aposto que a sala comunal está quentinha vamos... -disse o rapaz se levantando e estendendo a mão para que a garota fizesse o mesmo.

Podia ser a chuva, o clima frio, as horas sem comer nada, a leitura em excesso... Fosse o que fosse Hermione se achou meio louca ao sentir um arrepio subir pela sua coluna no momento em que aceitou a mão de Harry e o mesmo a puxou pra cima, fazendo com que ela ficasse a centímetros de distância daqueles olhos verdes. Ele estava tão perto. Perto o suficiente para que a garota pudesse tocá-lo, perto o suficiente para que ela rezasse pra todas as divindades que conhecia pedindo que Harry não visse nada do que se passava em sua mente.

"Centímetros..."

Centímetros que se tornaram quase meio metro com o pulo que Hermione deu ao ouvir um miado conhecido soar perto de onde estavam. Filch devia estar por perto com Madame Norra.

Eles estavam quebrando no mínimo dez regras da escola ao ficarem ali, naquela hora, e a ordem estampada nos olhos risonhos e preocupados um do outro era clara: "Corre!"

E não foi preciso verbalizar nada. Eles se entenderam tão bem que começaram a correr pelo pátio do castelo de uma forma louca, na chuva mesmo, em direção as portas de carvalho do salão principal. Hermione podia jurar que estava vendo faíscas quando Harry olhava sorrindo pro lado, pra ter certeza de que ela estava correndo ao seu lado. Ato desnecessário, uma vez que as mãos dos dois estavam tão fortemente atadas que Hermione achou que seria impossível largar quando pararam de correr.

Os risos baixos dos dois preencheram os corredores vazios do castelo enquanto Hermione se esquivava da água que estava sendo chacoalhada do cabelo de Harry.

-Harry! -Exclamou a garota quando o rapaz a abraçou com força terminando de encharcar o seu uniforme que não estava nem de longe tão molhado quanto o do garoto.

-É como dizem os trouxas "se está na chuva, é pra se molhar" -Falou o garoto sorrindo.

Eram naquelas horas que Hermione se sentia como um castelo de cartas. Um castelo prestes a desmoronar...

"Porque o sorriso dele tem que ser tão lindo?"

Harry era o tipo despreocupado que a fazia querer sair correndo e ao mesmo tempo ficar. Ficar e se molhar na chuva... No final das contas ele era, literalmente, uma tempestade.

Percebendo a falta de resposta da garota e o fato de ainda estarem abraçados, Harry se afastou e um silêncio constrangedor se instalou entre os dois.

Ficaram se olhando e tentando formular algo pra falar, gesticulando e balbuciando coisas sem nexo, até que o miado da maldita gata se fez ouvir novamente. Dessa vez eles nem se olharam pra começar a correr castelo a dentro.

-Tinha razão Hermione. Filch é mesmo meio lento.

-Meio? –Riu-se Hermione. O garoto teve que ceder e dar uma risada abafada também. Tentou não fazer barulho, pois a acústica do lugar não os favorecia.

Estavam dentro de um armário de vassouras, esperando que Argo filch e a maldita da Madame Norra estivessem longe o suficiente para que voltassem para a sala comunal.

 Pela primeira vez na vida, Hermione se sentia eufórica por quebrar regras, ser perseguida durante a madrugada e estar completamente encharcada. Motivos?

Apenas um.

Com nome e sobrenome famosos e um par de olhos verdes, Harry Potter era simplesmente o melhor amigo de todos os tempos. O melhor que Hermione já tivera.

“O mais cheiroso também.” Disse uma vozinha na mente da castanha.

“Ora cale-se!” –Replicou a garota para a própria consciência.

Harry observava a expressão da garota enquanto tentava não respirar muito fundo. Não queria parecer patético demais ao inalar tão obviamente o cheiro doce do perfume de Hermione. Temendo não obter êxito em sua simples missão, o moreno perguntou em voz alta:

-No que está pensando Mione?

A garota piscou várias vezes antes de assimilar a pergunta e sentiu-se burra e lenta ao responder a primeira coisa que lhe veio a mente:

-Tá molhado aqui né?

Harry riu um pouco alto.

-Shhh! Fez Hermione colocando involuntariamente o dedo indicador na boca do amigo.

Não esperou, no entanto, que funcionasse tão bem. Harry ficou quieto de repente. A garota sentiu as bochechas esquentarem, contrariando a temperatura do armário, com o olhar de Harry sobre ela.

-Que foi? –Perguntou em um sussurro quase inaudível, enquanto tirava o dedo da boca do moreno.

-Nada. –Respondeu Harry sentindo vontade de impedir Hermione de quebrar o contato. Porém, não fez nada a não ser olhar pro teto.

-Acho que já podemos ir. –Disse a castanha depois de um minuto absolutamente perturbador de silêncio. Ela podia sentir faíscas voando na atmosfera,  que para ela estava quente e pesada, com as respirações geladas dos dois.

-É... –Concordou o garoto parando por um segundo ou dois, para ouvir melhor os sons que vinham do corredor onde estavam, ou seja, silêncio absoluto. –Podemos ir.

Hermione sorriu quando Harry fez um gesto cavalheiro e ao mesmo tempo desastrado para que ela saísse primeiro do armário.

-Obrigada, Senhor Potter. Muito nobre de sua parte deixar que eu me arrisque no corredor primeiro.

Harry arregalou os olhos e se entalou com a saliva tentando explicar que aquela não fora sua intenção.

A garota gargalhou o mais baixo que pode. Podia ver as engrenagens girando no cérebro do rapaz.

-Relaxa Harry, eu tô brincando.

O garoto franziu o cenho e tentou segurar um sorrisinho complacente, mas foi inútil.

Seguiram em silêncio pelos corredores, sempre atentos ao menor barulho. Estavam no sexto andar quando Hermione escorregou no rastro de água que Harry deixava para trás e caiu sentada.  Os estudantes começaram a rir e quanto mais a garota tentava levantar, mais alto os dois gargalhavam. Ficaram nessa brincadeira até que com um puxão mais forte, a garota levantou de uma vez só, se chocando contra Harry, que se apoiou em uma parede. Aos poucos pararam de rir, mas nenhum deles teve coragem para quebrar a proximidade que haviam adquirido.

Nenhum dos dois soube dizer como, mas se viram tão próximos que as respirações entrecortadas se misturavam deixando ambos meio tontos. Hermione fechou os olhos em um gesto involuntário e Harry simplesmente se deixou levar pelo impulso ao beijar a amiga. Foi um beijo tão confuso e bom que os dois desataram a rir ao se separar. Olharam um pro rosto corado do outro e se beijaram mais uma, duas, três vezes, até que parassem de rir e calculassem a gravidade dos atos. Era uma passagem só de ida para um relacionamento mais maluco do que o que já mantinham. Estavam cientes disso. Mas a cena toda havia sido tão cômica que não tinha maneira de ficarem sérios. Ou isso ou a felicidade de serem correspondidos era grande demais.

A cena, em suma, foi simplesmente cômica... E seria mais, se não ficasse trágica a partir do momento em que Pansy Parkinson entrou em ação, saindo de um canto mal iluminado do corredor onde estavam.

-Ora ora ora... A sangue-ruim e o testa rachada fazendo um tour romântico pelo castelo a essa hora? –A morena fez um sinal negativo com um dedo enquanto sorria de forma maliciosa.

-Como monitora, serei obrigada a dar uma detenção aos dois e pedir para que se dirijam à sala comunal de vocês. Irei ter de relatar o caso a diretora da Grifinória. Acho que vou retirar uns 50 pontos dos dois por esse estardalhaço de água que estão deixando no corredor.

Harry apenas observou a garota anotar algo em um papel  com um sorriso meio afetado.  Hermione tremia um pouco ao seu lado e ele sabia que era pelo fato de estarem encharcados por causa da chuva que levaram logo cedo.

-Que estão esperando? Podem ir. Vão vão logo, seus idiotas! –Disse Pansy fazendo um gesto com as mãos, como quem espanta algum animal indesejado.

Hermione se controlou para não falar nada. Não iria arranjar problemas com Parkinson, era o que ela queria. Segurou na mão de Harry e passou pela sonserina com a postura mais altiva que conseguiu fazer.  Levando em consideração eu estava feito um pinto molhado e havia caído de bumbum no chão fazia apenas alguns minutos, Hermione se deu muito bem.

Por Harry estava tudo ótimo. Seria simplesmente maravilhoso ter mais uma desculpa para ficar ao lado de sua melhor amiga que agora, ele tinha certeza, podia ser algo mais. Quem sabe a melhor namorada, ou melhor esposa, ou simplesmente a melhor pessoa em sua vida. As opções eram muitas e Harry sorriu ao constatar que a mesma coisa devia se passar pela mente da castanha que ostentava o mesmo sorriso travesso que ele.

Que viesse as detenções. Que viessem as tempestades. Eles estavam juntos agora e nada iria mudar a sensação de calor que e espalhava pelo peito dos dois jovens.

Seria uma longa semana e muitas faíscas ainda iriam voar. Estavam contando com isso.


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Notas finais do capítulo

E aí? Eu nunca me arrisquei nessa área. Não me crucifiquem hein? ♥