Essa é a noite. E acontecerá de novo, e de novo.

Tem que acontecer.

Bela noite.

Miami é uma ótima cidade. Amo a comida cubana, sanduíches de carne de porco, meus prediletos.
Mas estou faminto por algo diferente, agora.

Lá está ele. Mike Donovan. Ele é o tal.

Observo-o com a família em uma comemoração qualquer. Deve ser por ter conseguido seu 2º mandato. Sigo-o até em casa, ele deixa mulher e filhos e parti para praticar seu “esporte favorito”.

Eu estou dentro de seu carro, agora, no banco passageiro atrás do motorista.

Ele entra.

– Está sob meu domínio, então faça exatamente o que eu disser. – disse, logo pus em volta de seu pescoço uma corda de nylon forçando levemente para trás, mas sem enforca-lo totalmente.

– O que quer?! – pergunta.
– Quero que fique quieto. Agora dirija.

Passamos por várias avenidas até o propósito destino. Pensei, quase, ter saído da cidade. Não percebi que era tão longe quando o escolhi. – o lugar.

– Vire aqui. – apontei ao um galpão abandonado.

Estávamos dentro.

O prensei contra a parede com as mãos amarradas atrás de suas costas.

–Tem que escutar. Faça o que eu disser.

Respirei fundo. – adoro isso.

– Olhe. - ordenei

– Não.

– Ah… sim. – tirei sua venda.

– Não, não! - suplicava

– É horrível, não é? Não é?

– Por favor…

– Abra seus olhos e veja o que fez! – apontei para os corpos no chão alinhados. – Olhe ou cortarei suas pálpebras fora. Levei muito tempo para limpar esses garotos. Um deles estava enterrado há tanto tempo que estava despedaçando…

– por favor... – chorava.

–… e tive que o tirar aos pedaços. – continuei.

– Santa Maria Mãe de Deus…

– Pare, isso nunca ajudou ninguém!

– Por favor, pode ter tudo o que quiser…

– Isso, implore. Os garotos fizeram isso, imploraram?

– Não pude me conter, não pude, eu… por favor, tem que compreender.

– Acredite em mim, eu com certeza entendo. Veja, também não posso me conter, mas com crianças nunca poderia fazer isso. Nunca.

– Por quê? – o desgraçado ainda pergunta.

– Tenho meus princípios. Logo seus pedaços serão embalados com todo o cuidado e colocados no meu próprio cantinho no mundo. Será um lugar mais organizado e feliz. Um lugar melhor.

Matei-o porque estava com sede de morte e ele me pareceu um bom alvo, pois matou crianças depois de estupra-las e merecia a morte. – sinto-me um herói.

Sou vilão.

Meu nome é Demétrius ‘Den’ Stifler. Não sei o que me fez ser como eu sou, mas… o que quer que tenha sido, deixou um vazio em seu lugar. As pessoas fingem muitas das interações humanas, mas me sinto fingindo todas.

E as finjo muito bem.

E esse é meu fardo. Eu acho. Mas não culpo meus pais adotivos por isso. Dina e Bob summers fizeram um ótimo trabalho me criando, mas ambos estão mortos agora.

Eu não os matei. – Juro.

FLASHBACK

– Você é diferente, não é, Den? – perguntou meu pai, assim, de repente.
– O que quer dizer, pai?
– Os Phillips disseram que o cão desapareceu... encontrei a cova, filho.
– Aquele cachorro era uma aberração barulhenta, pai. – tentei justificar, mas não havia justificativa aceitável. – Latia a noite inteira enquanto mamãe estava dormindo e muito doente, e aquele cachorro estava latindo para toda folha que aparecia na calçada.

– Haviam muitos ossos lá, Den. E não apenas do cão.

– Já quis matar alguma outra coisa? Sabe, algo maior que um cachorro? Tipo uma pessoa?

– Sim, mas ninguém em particular.

– Por que não matou?

– Pensei que você e mamãe não iriam gostar.

–Venha aqui. – abraçou-me
 

FLASHBACK OFF

meu pai adotivo, estava satisfeito. E eu também.
Bob era um grande tira aqui em Miami, me ensinou a pensar como um tira… me ensinou como cobrir minhas pistas.

Sou um monstro único.

Eu tenho um irmão gemeo que esta preso num reformatório aqui em Miami. Visito ele sempre quando posso – quando não estou matando.

Chego no reformatório e logo sou assediado por uma das guardas. Ela pisca o olho depois de uma revista um pouco atrevida pro meu gosto. Gostaria que ela parasse com isso. É um daqueles rituais de acasalamento dos quais não entendo.
– Está liberado, Sr. Stifler.

– obrigado.

Entro na sala de visita e vejo muitos jovens esperando as suas. Haviam umas seis cadeiras e mesas e logo atrás delas uma parede de vidro onde se via os outros presos.

Enquanto esperava meu irmão, olhava para aquele vidro e pude notar a presença de uma jovem. Era linda, cabelos loiros e envolvidos nas pontas, olhos negros penetrantes. Desejosos. Tem o olhar satânico, provocativo. Parece olhar dentro de sua alma.

Pensei que ela estivesse flertando comigo, mas logo percebi que meu olhar sob o dela a estava incomodando. Ela parecia querer se avançar em mim, mas conservei meu olhar nela a fim de provoca-la, ver até onde ela aguentara.

Meu irmão chegou.

– Oi, mano. – cumprimentou-me.

– E ai, cara. Como está sendo aqui?

– Bem, antes estava sendo um tédio, mas...

– mas? Já sei, pintou uma garota, é?

– Bom, como vou explicar...

– O quê? É um homem? Você é gay?

– Não, Den, eu não sou gay. Relaxa e deixe-me terminar.

– ufa.

Revirou os olhos.

– Ela é uma maluca, sádica e linda.

– Maluca e sádica é só o que tem aqui, irmão.

– Mas ela é especial. Acredita que ela matou 32 pessoas?

– Nossa, tenho uma concorrente? – ri.

– Talvez, mas isso não vem ao caso. O fato é que ela me intriga e acho que estou apaixonado por ela, mas, também, tenho medo dela.

– Como assim apaixonado e com medo dela?

– É impossível sentir-se a vontade perto dela. É estranha e parece perceber tudo que acontece a sua volta. Você entenderia se a visse.

– e como ela é?

– Olhos negros sombrios, cabelos loiros ondulados nas pontas, corpo maravilhoso, porém tem um ar mais sombrio que os olhos. Quando te olha parece ver dentro da sua alma tudo que você fez.

Meu Deus – pensei – é a menina do outro lado do vidro. A que tanto me instigou. Eu não poderia tira-la de meu irmão, apesar dela não ser dele. Acontece que também estou, não apaixonado, mas interessado nela. Diria até, que ela seria uma ótima parceira nos meus atos... Dylan nunca iria me perdoar, eu sei disso, mas sua presença tem uma força que não sei explicar.

–... acredita nisso? – perguntou Dylan tirando-me de meu devaneio.

– Desculpe, não prestava atenção. Perdão. O que dizia?

– Que ela teve dois amores até agora e que...

– Não vá me dizer que ela tem namorado – soou mais como uma decepção para mim do que um lamento pelo meu irmão.

– Não, acalme-se e deixe-me terminar, poxa!

– Está bem, desculpe. – ri.

– Não, ela não tem namorado. Os dois amores dela foram pessoas completamente diferentes uma da outra. A primeira pessoa foi um homem casado, marido de sua parenta. E a outra... – hesitou

– Vamos, conte. – fiz sinal com a mão para que ele prosseguisse.

– Era uma garota.

Olhei-o perplexo.

– Ela é bi?! – pensei alto.

– Não penso desse jeito. Penso que ela não se importa com o sexo, não te dizer o porquê, mas veja bem, ela matou seus dois amores por traição. Sem dó nem piedade.

– Parece bem interessante e você a quer? Mesmo ela sendo assim? Digo, você esta aqui por minha causa, por ser meu irmão gêmeo e ter sido acusado por um crime que eu cometi. Você estaria disposto a amar uma assassina?

– Não sei, mas estou tentando.

– fim de papo – avisou-nos uma das guardas taradas desse lugar – ri com esse pensamento.

– Tchau, mano. Apareça mais vezes. – pediu.

– Claro! Você é minha única família esqueceu?

Antes de ir embora passei na recepção e perguntei o nome da garota dando suas principais características. Amanda. Esse é o nome da garota que se tornou um dos motivos para mim visitar meu mano mais vezes...

Amanda

Mais um me olhando daquele modo. Mais um pedindo para morrer.

E o mais interessante na morte dele e do outro é que eles são irmãos. Gêmeos.

Morte em dobro. – fascinante.