Ordinary Girl escrita por MissLerman


Capítulo 28
Capítulo 29 Desculpas


Notas iniciais do capítulo

Como eu havia mencionado no capítulo anterior, não postei ontem porque tinha casamento para ir a noite e passei a tarde toda me ocupando de coisas como cabelo, unha e etc. Maaaaas, aqui estou novamente, postando mais um capítulo para vocês. Boa leitura (:



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- Mãe? - Charlie disse apenas.

Assim que desviei meu olhar para a porta da sala, avistei a senhora Andreson com um olhar cansado e vazio. Ela parecia estar tão assustada quanto Charlie. Seus olhos estavam com olheiras enormes, como se ela não tivesse conseguido dormir por várias noites. Me perguntei se isso tudo seria medo de que seu filho partisse e ela não o visse mais.

Claire e Peter, provavelmente depois de terem escutados nossos comentários, apareceram na sala. Assim que avistaram a mãe de Charlie, ambos ficaram pasmos. Ninguém conseguia acreditar que a senhora, mesmo depois daquela briga com o filho. Será que ela havia voltado por saudade? Ou talvez arrependimento? Ou então por algo de pior ter acontecido? Tentei ao máximo afastar aqueles pensamentos. Esperava que fosse apenas a visita de uma mãe que estava com muita saudade de seu único filho.

- Mãe, o que está fazendo aqui? - Charlie perguntou recuando um pouco da porta. Suas palavras estavam carregadas, ele provavelmente ainda estava magoado por tudo o que sua mãe lhe dissera naquele outro dia. 

Elizabeth, notando que seu filho ainda estava triste, cobriu a boca com ambas as mãos. Ela parecia feliz e triste ao mesmo tempo. Talvez feliz por ver seu filho, e triste por saber que ele não ficara feliz com aquela visita.

- Meu filho, eu precisava te ver. Não sabe como estava com saudade. Você não deu mais notícias, não ligou, cheguei a pensar que o pior teria acontecido. Mas pelo visto você está bem. - ela disse e se voltou para mim.

Senti meu rosto corar de... vergonha talvez? Sim, provavelmente. Ela me conhecia desde que eu era pequena, e, com certeza, havia notado que havia algo a mais entre nós dois. Mordi o lábio inferior tentando me acalmar.

- Sim, estou muito bem. Era só isso? - Charlie disse segurando na maçaneta da porta, como se quisesse fechá-la logo. 

Achei sua atitude um tanto bruta, mas ele estava magoado, não podia culpá-lo. Sua mãe pareceu ficar ainda mais nervosa.

- Charlie, não fique deste jeito! Vim aqui, escondida de seu pai, porque queria te ver. Não sabia quando ia viajar, então sabia que teria que vim logo. E dizer que lhe desejo toda sorte do mundo. - sua mãe disse tocando o rosto do filho.

Avistei Charlie cerrando os punhos. Aquilo não pareceu ajudar nenhum pouco. 

- Você contou para ele? Contou para meu pai? - ele perguntou encarando o chão por um momento.

- Sim, contei. E, assim como eu, ele não ficou nem um pouco feliz com isso. Mas, eu sabia que, se você partisse e continuasse bravo comigo, eu não teria mais notícias suas. E isso iria me matar aos poucos. - senhora Anderson disse com os olhos repletos de lágrimas.

Me afastei um pouco da cena e me juntei a Peter e Claire. Eles tinham as mãos entrelaçadas, pareciam estar dando força um ao outro mentalmente. Olhei então para Charlie, e desejei que ele fosse forte. Desejei que ele conseguisse vencer essa enorme barreira: seus pais. Praticar snowboard era seu sonho, ele não podia simplesmente desistir. Senti uma enorme vontade de ir até ele e segurar sua mão, do mesmo jeito que Peter fazia com Claire. Porém, não queria atrapalhar. Talvez fosse melhor deixá-los resolver aquilo tudo sozinho.

Encarei Peter por um minuto e ele entendeu, era melhor que nós três saíssemos da sala. Claire saiu, e meu irmão foi logo atrás. Antes de entrar na cozinha, olhei uma última vez para Charlie. Seus olhos encontraram os meus e eu sorri para ele, tentando lhe mandar alguma energia positiva. Ele apenas suspirou e tentou sorrir também. Sai da sala logo após, conversaria com Charlie mais tarde.

Assim que pisei na cozinha, vi que Peter parecia estar cozinhando alguma coisa. Na verdade, ele estava esquentando leite. Era de manhã, eu ainda não havia tomado café, e estava com muita fome. Peguei algumas torradas e meu irmão me deu um copo com leite. Passei requeijão nas torradas e bebi um gole de leite. Tentei ao máximo me concentrar para poder escutar a conversa de Charlie com sua mãe. Não conseguia escutar nada com clareza, mas eles pareciam estar discutindo. Senti um pequeno aperto no peito com isso.

Não gostava de ver Charlie triste daquele jeito. Por mim, arranjaria um jeito de sua mãe aceitar sua escolha, faria qualquer coisa para que esta cena não se repetisse. Mal comi uma torrada, nada parecia querer entrar em meu estômago.

- ... Não precisa se preocupar com isso, mãe. Logo estarei longe, bem longe daqui. Então você e meu pai não precisarão se preocupar mais! - escutei Charlie dizer exaltado.

- Mas, Charlie, sabe que não é desse jeito que as coisas funcionam. Seu pai e eu te amamos, e só queremos o seu bem. Sei que disse coisas horríveis para você meses atrás, mas me perdoe. Eu só quero meu filho de volta.

Não sabia ao certo se Charlie perdoaria sua mãe. Eu esperava que sim, mas ele era um tanto orgulhoso. Meu coração estava apertado, e eu não podia fazer nada.

- Então o que custa aceitar que eu estou indo para a Suiça e que nada do que você falar vai me fazer mudar de ideia? - escutei a voz de Charlie novamente.

- E você vai deixar tudo para trás? Sua família? Seus amigos? Até mesmo... Nina?

Senti meu corpo enrijecer assim que escutei meu nome. Sim, dona Elizabeth havia percebido. A voz de Charlie se calou, não consegui escutar o que mais ele falava. Parecia sussurrar algo. Ambos pareciam estar sussurrando. Parei até mesmo de comer, para ver se conseguia escutar, mas tudo isso fora sem sucesso. Já não escutava mais nada.

Irritada, e também um tanto culpada, terminei de beber o pouco de leite que restava e, quando estava prestes a sair pelo quintal, notei que Claire parecia preocupada. Ela me olhava como quem diz "Precisamos conversar". Suspirei e não pensei duas vezes, saí pela porta da cozinha e fui me sentar no velho banco no quintal. Não demorou muito até que Claire fosse até mim.

- Nina, tudo bem? - minha amiga perguntou, mesmo já sabendo a resposta.

Suspirei, não sabia ao certo o que responder.

- Não, Claire, não está tudo bem. Você já sabe o que acontece entre mim e Charlie, mas esses dias... As coisas parecem estar ainda piores. Não sei se é pela ausência de Frank, ou pelo fato de que, daqui a algumas semanas, Charlie não estará mais por aqui. Eu sinto como se estivesse partida em duas. E, essas duas metades continuassem unidas. Mas cada uma quer seguir uma direção, e eu não sei qual delas devo escutar. Estou me sentindo completamente bagunçada, Claire! - digo sentindo meus olhos começarem a acumular lágrimas.

- Bom, então acho que é hora de fazermos uma faxina. - minha amiga disse sorrindo.

Arqueei a sobrancelha. Não havia entendido o que ela realmente quis dizer com aquilo. Claire pareceu perceber que eu estava confusa, pois ela deu risada e disse:

- Quer dizer que é hora de começar a jogar fora certas coisas que estão acumuladas em seu coração. Tem mesmo certeza de que ainda não se decidiu entre o Charlie e o Frank?

- Sim, tenho. Uma hora eu sonho com Frank, sonho com seu beijo, com seu abraço, sinto um buraco em meu peito com essa saudade toda. Mas então, eu encontro Charlie, e é como se nada mais importasse. Não sei ao certo o que isso quer dizer, mas só sei que ainda não estou pronta para escolher um deles. E se eu fizer a escolha errada? - eu disse encarando a grama que tocava meus pés.

Claire não disse nada, apenas se apoiou em meu ombro. Suspirei e apoiei minha cabeça sobre a sua. Eu não sabia o que fazer.

- Então trate de se resolver logo, porque nenhum dos dois pode ficar esperando por uma decisão sua pela vida toda. E, você sabe que Charlie não estava mais aqui a partir do mes que vem. E Frank provavelmente tem mais coisas para fazer, mais filmes e festas. Seria bom se a senhorita se decidisse logo. - Claire disse se levantando de meu ombro - Agora, para espantar esta tristeza toda, o que acha de fazermos um brigadeiro?

Dei risada, tentando animar-me. Me levantei num pulo e segui minha amiga até a cozinha. Peter já não estava mais lá, provavelmente fora trabalhar. Claire e eu ficamos a tarde toda cozinhando, inventando, fazendo doces e bolos de todos os tipos. Não vi mais Charlie, mas, provavelmente, ele fora levar sua mãe para algum lugar. Depois de tanto cozinhármos, Claire foi tomar um banho e eu fiquei na sala assistindo TV. Mal haviam passado das quatro da tarde e eu já sentia o sono começando a chegar. Minhas costas estavam doloridas pelo pouco tempo que passei dormindo no sofá esta manhã.

Estava zapenado pelos canais mas não consegui encontrar um programa descente. Era sábado, e eu ficaria em casa. Me perguntei se minha vida poderia ser mais monótona. Acabei pegando num sono antes mesmo do relógio completar cinco horas.

Quando recuperei a consciencia, me senti mais quente, e estava em movimento. Abri os olhos lentamente e me deparei com alguém me carregando. Era Charlie, claro. Olhei em volta e notei que tudo estava escuro. Não sabia ao certo por quanto tempo havia dormido, mas não fora um simples cochilo. Me arrumei em seu peito fazendo com que meu ouvido direito ficasse exatamente na direção de seu coração. Ele batia rápido, quase tão rápido quanto o meu naquele momento. 

- Devia parar de dormir no sofá, sabia? - Charlie disse praticamente sussurrando.

Dei risada apenas e tornei a fechar meus olhos. 

Assim que senti que ele havia me colocado em minha cama, abri meus olhos. Charlie estava com a mesma roupa que usara mais cedo. Deduzi então que havia chegado a pouco.

- Onde esteve? - pergunto.

- Fui levar minha mãe para um hotel, para que ela pudesse passar a noite. Nós meio que estamos bem agora.

Sorri apenas. Estava cansada demais para falar mais alguma coisa.

- Boa noite, Nina. - Charlie disse apenas, dando um beijo em minha testa e deixando meu quarto logo em seguida.

E, pela primeira vez em muito tempo, não tive pesadelos.


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Notas finais do capítulo

Enfim, é isso. Bem, não sei até quando a fic vai, mas vocês já podem ir fazendo suas apostas. Para quem me conhece, sabe que não gosto de coisas óbvias, será que já tem uma noção de como esse triângulo amoroso vai terminar? Até mais NHAC ;3