All That Drugs - Sugar Coma escrita por AbyssinWonderdead


Capítulo 3
CAPITULO 2: First Look


Notas iniciais do capítulo

------ gostei desse capitulo, não conta muita coisa atual, mas eu gostei desse capitulo, espero que apreciem do mesmo modo que apreciei ------



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ALL THAT DRUGS


CAPITULO 2: First Look

“Don’t you

Please make me real, fuck you

Make me sick, fuck you

Make me real, fuck you!”

– Olympia - Hole


“Ah, e mais uma coisa, vai voltar para a escola” foi à última palavra de sua mãe, antes de sair do quarto e voltar com um caderno de 450 folhas, se isso era possível, um livro de matemática, um de arte moderna, um de ciências, um de geografia e um de história.

Lembrava-se da última vez que entrou em um colégio, fora na época em que seus pais ainda moravam na capital de Washington, era a pior escola em que ela estivera, todos eram certinhos, todos iguais, eles eram iguais mesmo! Falavam igual, se vestiam igual, aquilo a enojava, todos eram cópias de personalidade, certinhos estudiosos. Ela era a anormal daquela escola, e não tinha durado muito tempo lá.

E quando voltava para casa, recebia sorrisos, e um: ”Como foi o seu dia hoje, querida?” e ela sempre dizia a mesma coisa: “Uma merda”, e subia para seu quarto e ficava trancada nele até à hora do jantar.

E agora que estavam em Seattle não seria diferente.

Protestara quinhentas vezes, dizendo que detestava todos aqueles colégios de Seattle, e que fosse para ela estudar alguma coisa seria sobre artes plásticas, ou música, já que ela cantava e tocava guitarra. E eles a ignoraram, dizendo por fim que ela voltaria para a escola quando começasse o segundo semestre, o que não estava muito longe, era daqui a duas semanas. E ela teria que ficar no quarto até esse dia, tomando uma vez por dia um comprimido de morfina.

Era ridículo o modo como a estavam tratando desde aquele dia, agora ela realmente não podia sair do quarto, não era que ela não queria sair, era que ela não podia, mesmo tomando a morfina para a desintoxicação. “Fica, até estar totalmente sóbria” dissera seu pai, no tom rude de sempre, só que enfatizando o “fica”, como se ela fosse um cachorro, se esquecendo do momento em que falara gentilmente com ela, quando sua mãe lhe deu a morfina pela primeira vez.

Aqueles dias, agora “realmente” presa no quarto, eram um verdadeiro tormento, parecia que ela tinha voltado a ser uma criancinha de sete anos que precisava ser disciplinada, então tinha que ficar de castigo.

E naquela noite ela estaria pronta para mais uma, seu celular tocou. Era Travis, ligando para saber dela, como estava indo. – Ele não tivera um castigo mais rigoroso que o dela, fora mais leve, e Frances não se surpreendera por isso, afinal, como se mantêm um rapaz de dezessete anos, viciado em heroína, trancado em casa, como ela estava sendo? Sentia-se horrível por isso, se sentia faca, impotente, como um animal enjaulado, talvez a abstinência tivesse tirado toda a coragem que ela tinha antes.

Quando ele ligou, Frances contou para ele, sobre estar sendo mantida em casa, trancada em seu quarto, sem poder sair. Contou sobre os sintomas da abstinência, e pelo silencio dele no celular, não parecia que Travis estava surpreso. Contou-lhe tudo, desde o castigo de meses atrás, até a semana passada, em que seus pais lhe deram a morfina.

Travis havia começado a dar risada na linha, ela se perguntou o que houvera de tão engraçado nos problemas que ela estava enfrentando? E depois perguntou a ele.

E a resposta dele só havia sido: “Que tal uma festinha hoje à noite? Só eu... e você” sua voz fora um sussurro pausado, e sedutor no celular. Frances sentiu-se nervosa naquele momento, as bochechas pareciam estar quentes no celular, e as palavras ficaram presas na garganta. Travis havia rido dela, e por fim disse antes de desligar: “Meia noite, na janela”.

Eles não iriam perceber se ela saísse pela janela, era o que ela pensava, ela não estava nem aí para os pais, eles pensavam que ela estava aceitando tudo pacificamente, mas ela só os fazia pensar assim, até pareciam confiar mais nela, achando que ela estava tomando a morfina todos os dias, sem eles precisarem vigiar, para que ela tomasse, mas ela não tomava sempre, uma vez por semana, o resto dos dias ela não tomava e a desintoxicação era mais lenta.

Passou o resto da tarde, tocando, brincando com Bran e lendo um livro tedioso, que ela não terminava havia quase um ano.

Sua mãe veio trazer um chá de aparência rosada e leitosa, naquela tarde. Analisou a xícara em cima da mesa que ficavam seus livros, pensou no dia em que conheceu Travis.

Ela tinha acabado de sair de uma cafeteria em uma noite de inverno, parecia que era o inverno mais rigoroso que Seattle tivera, e um café fervendo de 300ml talvez a mantivesse acordada por longas horas, e um cara com a aparência de dois ou três anos mais velho que ela se esbarrou nela, sujando a ambos de café, o que havia gerado uma briga.

Frances sorria e soltava pequenos risos enquanto se lembrava do acontecimento, que era como se tivesse acontecido ontem, e Frances sabia que não esqueceria daquilo tão cedo.

“Olha por onde anda!” exclamara Travis, com raiva pela roupa suja de café, murmurando, “ah, merda” várias vezes para si mesmo, esticando a camisa para olhar a mancha de café.

Por um momento ela também estava com raiva, mas em um outro parecia que estava tudo muito lento, ou até parado, em câmera lenta, quando viu o garoto alto olhando para a camisa, tudo parou quando seus olhos se focaram nos dele, de um azul piscina intenso enfurecido, elétrico e relampejante. Destacados por fracas olheiras, um cabelo loiro mesclado de preto, e a pele pálida.

Voltou para si e respondeu no mesmo tom: “Não fui eu que estava caminhando olhando para o nada” Ela ficou o encarando da mesma forma que ele fizera com ela. “Imbecil! Deveria pagar outro!”

O cara alto riu. “Eu? Pagar outro café para uma desconhecida? Haha, conta outra! Vai se foder, garota... Deveria forçar você a lavar essa camisa,ou comprar outra!”

“Eu, tenho a cara da sua mãe, pra lavar as suas roupas? Haha! Quem foi que atropelou quem? Me deve um café! Ah, que seja! Foda-se, eu compro outro” e ela saiu resmungando palavrões, da boca para fora, chutando o chão e os pedregulhos que apareciam a sua frente.

E aquele tinha sido a primeira vista que Frances havia tido de Travis Moranttes, um garoto rude, arrogante, e imbecil.





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Notas finais do capítulo

------ gostaram? -------