Jogos Vorazes- A Dor escrita por RicardoFalcao


Capítulo 12
Fixos


Notas iniciais do capítulo

Obrigado pelos reviews, peço que continuem comentando, e espero que estejam realmente gostando da história. ^^



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Em toda a história de minha existência só tive certeza de que amava 3 pessoas, Prim claro, minha irmã é tudo para mim. Meu pai, mesmo sendo muito pequena eu conseguia sentir aquilo que nos unia, e Gale, meu fiel amigo, desde pequena ele estava brincando comigo, depois passamos a caçar, nos aventurar na floresta proibida, correndo riscos, encarando o perigo. Éramos felizes, antes dos jogos acontecerem tudo era diferente, passava fome, tinha muito sofrimento, mas posso dizer que era feliz. Agora aqui estou eu, pegando Gale em meus braços, inconsciente, sagrando, morrendo. Só conseguia chorar, nada mais me chamava a atenção naquele momento, nem mesmo o fato de Prim estar agora mesmo num trem para a capital. Tudo agora se tratava de Gale.

–Katniss, temos que levá-lo para a sua mãe. Disse Peeta.

Ele tem razão, ela conseguiu salvar Greasy Sae, conseguirá salvar Gale também. Não temos hospitais aqui no 12, e sim, só minha mãe possui o nobre dom da cura.

–Sim, vamos levá-lo agora.

Peeta o pegou nos braços, enquanto olhava para trás, via Effie Trinket gritar com os pacificadores que esfaquearam Gale, devia estar reclamando seus direitos, e pondo eles em seus lugares. Mas sei que não adianta, aquilo com certeza foi uma ordem de Snow. Não sei se estou ficando paranoica, estou ficando louca? Não importa, meu estado de sanidade já não mais importa no nível em que estou. Os jogos mudaram tudo.

–Veja Kat!

Olhei para Peeta, era Gale, ele estava abrindo os olhos. Me virei para ele, pedi para que Peeta o deitasse no chão. queria falar algo importante.

–Katniss, desculpe por ter que te abandonar logo agora que Prim foi para...

Não quero que ele faça esforço, então coloco minha mão em sua boca.

–Shiu, nem mais uma palavra, você está perdendo muito sangue, temos que levar você até a minha mãe agora.

Mas Gale era teimoso, e mesmo com meus avisos ele continuava a tentar falar.

–Não vai ser mais necessário, eu estou ficando um pouco tonto, assim como nossos parentes tiveram coragem, tenho que ter também, e saber a hora de partir.

Não Gale, você não vai me deixar agora. Não posso ficar sem você, o que será de mim? Tenho Peeta, mas... não é a mesma coisa. Gale...

–Já disse para continuar calado Gale. Vamos Peeta, ele está delirando, pegue ele e vamos agora pra casa.

Tentava ser forte, mas por dentro estava morrendo. Estava vendo meu melhor amigo de infância morrer assim.

–Não Katniss, não gaste mais seu tempo comigo.

Ele olhava pra mim, queria dizer algo a mais. Mas parecia uma coisa tão sufocante, tão difícil. O que são coisas difíceis? Passar fome no distrito 12 talvez, essa pode ser considerada uma coisa difícil de se passar. Vencer os jogos vorazes é algo difícil, lutar contra 11 pessoas não é para qualquer um. O que mais é difícil? Talvez, ver sua única irmã partir num trem em direção à Capital. onde com certeza morrerá se participar dos jogos. Há outra coisa, falar dos sentimentos, isso sim, pode ser considerado difícil se analisarmos as partes envolvidas no assunto. E nesse caso, eu e Gale somos um caso específico. Sentimentos...

–Katniss... eu...

Pus a mão em seu peito e logo tirei, olhei para ela e estava coberta de sangue. Ele não estava bem. A facada foi profunda. Via a energia de Gale ir embora.

–Eu te amo.

Não. Não vou conseguir, parece que o mundo está a desabar para mim todos os dias desde que participei da 74 edição dos jogos vorazes. Gale, eu não posso dizer o mesmo, porque, eu não tenho certeza. Olho para Peeta e não consigo identificar ciúmes, talvez um pouco mas, de certa forma ele parece estar entendendo o que é a situação atual. Só consigo dizer:

–Você não pode estar falando sério. Vamos, levante-se, minha mãe vai deixá-lo novo em folha.

Falava com lágrimas nos olhos, via o verde dos olhos de Gale ser consumido por aquela que é radical, aquela que chega sem avisar, que não discrimina raça, sexo ou idade, via meu melhor amigo sendo levado pela morte.

–Não é besteira, eu te amo. Sempre te amei e...

Sua boca parou, seus olhos estavam completamente mortos. Tento sentir alguma pulsação, mas já não há. Gale está morto.

Olho ao meu redor, só há árvores, e vejo assim cada uma delas perdendo suas folhas, olho para o céu e vejo uma rachadura, o cinza se espalhando. O preto e branco surgindo. Só consigo distinguir uma cor, vermelho. Olho para Gale vejo bem isso. Vermelho por toda parte, sua camisa completamente encharcada.

–Desculpe Katniss, não podemos fazer mais nada. Gale se foi.

Ouço Peeta falando isso como se fosse apenas um susurro. Tudo parecia se mover lentamente demais. Não posso acreditar que ele morreu. Gale não. Ele não. Me vejo agarrada a Gale como nunca fiz antes, chorando como uma louca. Abraçada ao cadáver do meu melhor amigo.

–Vamos avisar a sua mãe. Ela saberá o que fazer agora.

Peeta nunca foi muito amigo de Gale, acho que tinha até ciúmes. Não está chorando, mas também não posso dizer que o que ele está sentindo agora seja alegria. Não. Ele pode ser muitas coisas, mas não é insensível. É como se o tempo houvesse parado e depois continuado repentinamente. Pois numa hora me vejo abraçada, chorando com Gale, e agora abro meus olhos e vejo um teto. É minha casa. Estou em meu quarto. Foi tudo um sonho? Torço para que essa seja a verdade, mas logo me decepciono, pois desço as escadas e vejo todos chorando. Minha mãe, Haymitch, a mãe e irmãos de Gale. Todos inconsoláveis. Onde está Peeta? Não sei. Acho que o choque foi tão grande que perdi a noção do tempo, não sei que dia é hoje, quanto tempo eu dormi. Não sei onde está Peeta nem Prim.

Ao descer as escadas faço barulho nos degraus, e assim chamo atenção da minha mãe.

–Você acordou.

É só o que ela consegue dizer. Seus olhos estão muito vermelhos, e acho que ela já não consegue mais chorar. Suas lágrimas devem ter secado, afinal, Gale era da família.

–Onde ele está?

–Peeta?

Claro que não. Nesse momento, não há mais Peeta, não há mais Effie, nem Prim. Não há mais alegria nesse mundo. Não tenho mais alegria de viver, perdi aquilo que me movia. Perdi Gale.

–Não... Gale.

–Seu enterro será hoje de tarde. Faremos uma cerimônia no cemi...

Minha mãe não consegue terminar uma frase sem chorar. Aquilo não parecia real, não podia ser, não podia estar realmente acontecendo.

Consolo a mãe de Gale, ela me fala coisas realmente bonitas. Procuro um certo conforto em seus abraços também. Decido subir para o meu quarto, não quero ver ninguém, ou falar com ninguém. Quero ficar sozinha. Olho para a parede, vejo a corda de Prim, me lembro dela pulando corda com Madge. Mortas.

Me lembro de Gale e eu crianças, pulando corda juntos. Morto.

Olho bem para a corda, e sinto uma atração por ela, quem sabe enrolada ao meu pescoço essa dor não passaria? Talvez essa seja a única solução. Me levanto da cama, pego a corda, e amarro-a em um lugar mais alto. Faço um vão para que ali se encaixe exatamente meu pescoço. É isso, não há mais motivos para viver. Madge morreu, Gale morreu. Prim... não sei seu destino, não sei onde ela está. Não posso mais viver assim.

Subo em uma cadeira, amarro a corda em meu pescoço. Adeus Peeta, adeus mãe, adeus Prim. Adeus distrito 12.


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Notas finais do capítulo

Isso é o fim? Posso afirmar que não. O capítulo 12 não é o último dessa fic. Vejo vocês no próximo capítulo. Só vou escrever o próximo capítulo se receber pelo menos 1 comentário. Não vale a pena eu continuar se ninguém está lendo ne.. Valeu ^^



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