As Blue As Love Can Be escrita por Menta


Capítulo 5
Duelo e Delírios: Feito em Pedaços


Notas iniciais do capítulo

Aêêê! O capítulo que todos estavam esperando! Preparem os lencinhos que o drama vai correr solto! Altas revelações no começo e um fim emocionante.
Mas se preparem que o capítulo vai estar ENORME também, hahahaah!
Ps: epígrafe é de uma música linda que eu me inspirei sempre pra descrever o amor do Petyr pela Cat. Se quiserem ouvir, eu recomendo! Vai deixar o capítulo mais meigo!



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If I was young, I'd flee this town
I'd bury my dreams underground
As did I, we dream to die
We dream tonight

Far from home, elephant gun
Let's take them down one by one
We'll lay it down
It's not been found, it's not around

Let the seasons begin
It rolls right on
Let the seasons begin
Take the big king down...

Let the seasons begin
It rolls right on
Let the seasons begin
Take the big king down...

And it rips through the silence of our camp at night
And it rips through the night
And it rips through the silence of our camp at night
And it rips through the silence
All that is left is all that I hide...

Beirut, Elephant Gun


 

Era uma noite quente e estrelada. Uma brisa fresca era trazida das nascentes do Tridente e ressoava nas folhas dos jardins de Correrrio. A família Tully se reunia em seu Salão Principal, o qual, como em todos os eventos já antes promovidos entre suas paredes, estava calculadamente arrumado e ornamentado. Mesas enfileiravam-se entre as enormes paredes de pedra e mármore, de onde se dispunham as tapeçarias com os antigos nobres senhores da Casa Tully, peças de um tamanho também digno de nota, as quais, em qualquer ocasião, sempre deveriam pender de suas paredes. Família, dever, honra.


Neste dia, Correrrio fora agraciada com a visita de dois de seus vassalos, Lorde Blackwood e Lorde Bracken, que ultimamente haviam tido confrontos a respeito da geografia de seus feudos. Assim, já que as disputas apenas pareciam aumentar, foram levados a buscar a sabedoria e julgamento do lorde ao qual juraram obediência, Hoster Tully. Os jovens e o agregado Petyr Baelish também foram convidados a participar das festividades da noite, para que os hóspedes sentissem-se recepcionados de maneira mais calorosa.


Para assim honrar seus convidados, foram encomendados um belo banquete com um menu típico da culinário do centro-sul de Westeros, dando uma especial atenção aos pratos feitos com peixe, clássicos de Correrrio. Havia também vinhos de vários gêneros, assim como cerveja. Os lordes visitantes inclusive trouxeram em suas comitivas um cantor, que assim fora chamado para dar fundo musical ao banquete.


Sentado à ponta de uma das mesas dispostas pelo cômodo estava o rapaz Petyr Baelish. Como era de praxe, fora colocado longe da mesa principal da Família Tully, a qual ficava ao norte do Salão, pois assim podia-se ver todas as outras de uma altura maior, como se estivesse disposta em um pequeno palco. Era uma noite de formalidades, nada que ele já não tivesse vivido anteriormente, e seus pensamentos voavam longe da comida que estava em seu prato, mais para perto da mesa principal na qual se encontrava a jovem Catelyn Tully. Lançava olhadelas discretas para ela, que também não parecia muito interessada nos acontecimentos presentes. Estava linda. Seus grandes cabelos ruivos pendiam soltos pelas suas costas, exceto por uma pequena trança juntando duas pequenas madeixas em suas extremidades. Ela também usava um leve vestido de cor vinho, com mangas longas e esvoaçantes, e com um ligeiro pronunciamento de seu colo, o qual já era visivelmente volumoso e firme.


O jovem Petyr sentiu seu membro enrijecer ao ver a sugestão de decote abaixo do pescoço delicado da menina. Daria tudo para poder tocá-los por um segundo. Gostaria de poder se aproximar, falar-lhe alguma piada sobre a barba malfeita de Lorde Bracken ou da gordura de Lorde Blackwood, em vias de ver seu sorriso ser direcionado apenas para ele. Mas isso não era possível, ao menos não na presença de Hoster Tully. Seria uma longa noite. Passou os dedos levemente entre a borda do cálice de vinho que bebia, entre irritado e entediado.


Mal sabia ele o quão certo estava.


Passado algum tempo de banquete, Lorde Bracken e Lorde Blackwood, talvez animados pelos efeitos do álcool, começaram a discutir entre impropérios no meio do Salão, atraindo risos e preocupação dos presentes. Lorde Hoster Tully, um homem sério e austero, sussurrou ao ouvido de seu irmão Brynden, levantou-se e, depois de feito respeitoso silêncio no Salão, pronunciou que já era chegada a hora de conferenciar com seus vassalos a respeito dos motivos que os levavam às suas terras.


Bastou a saída de Lorde Tully ser realizada que os ares transformaram-se radicalmente. Brynden permitiu aos jovens que circulassem pelo Salão, se desejassem, e até que bebessem um pouco, coisa que a Petyr não era negada. Uma das vantagens de ser agregado... O clima do local ficou mais leve e descontraído, e até as canções dedilhadas tornaram-se mais informais e próprias de uma festa. Petyr começara a se animar um pouco, quando Lysa aproximou-se de sua mesa.


– Como está, Petyr? Meu pai conseguiu matá-lo de tédio hoje? – Sorrira para ele, tentando parecer encantadora.


Petyr sorrira de volta. – Ainda não, creio que sou muito resistente. Está bela, senhora. – Mentira. Lysa estava mais gorda do que nunca, e, parecia, mais frágil de saúde. Olheiras se pronunciavam abaixo de seus olhos, e sua pele parecia um tanto amarelada. Como podiam ser irmãs? Fingindo atenção, continuou olhando-a enquanto a menina tagarelava, feliz com o elogio que recebera, enquanto seus ouvidos esperavam uma deixa para sair de perto dela e aproximar-se de Cat. Aproveitava para sorver goles grandes de vinho, para ganhar mais coragem. Catelyn estava encantadora demais essa noite, tinha medo de fazer papel de bobo na sua frente. Foi aí que Brynden levantou-se e propôs a uma senhora convidada que fossem dançar, e Petyr aproveitou o momento.


– Com licença, Lysa. Volto logo. – Dera-lhe um sorriso quase automático, enquanto caminhava até a mesa onde Cat, com o rosto apoiado em uma das mãos, fitava sonhadoramente o tio dançando. Seus olhos de azul cerúleo brilhavam languidamente. Petyr sentiu o coração bater mais forte. O que será que está pensando? Imaginou se Cat não estava pensando em si mesma a dançar com Brandon Stark, e seu estômago deu uma reviravolta de desgosto. Continuou dando passadas longas e andava o mais firme que conseguia, embora a inveja, o vinho e o medo de passar vergonha o atrapalhassem um pouco, até que chegou ao lado da irmã mais velha de Lysa.


– Está encantadora esta noite, linda senhora. Daria-me a honra desta dança? – Petyr tentara parecer tão galante como os heróis das canções que Cat gostava quando menina, com uma reverência formal e sorriso casto, esforçando-se ao máximo para parecer sedutor aos seus olhos.


Cat riu, e concedeu-lhe um sorriso meigo. – Certamente, galante senhor. – Pousou levemente a mão direita na mão que Petyr lhe estendia. O rapaz sentiu-se nas nuvens. Agora viria a parte mais difícil.


Começaram a dançar uma valsa. Petyr sentia como se nunca tivesse feito nada mais difícil na vida. Como era possível que tantos homens ao redor do mundo dançassem com as mulheres que amavam sem se sentirem estonteados com a beleza delas se movimentando na sua frente? Sua vontade era de agarrá-la ali mesmo e arrastá-la para seu quarto. Se ela parada, com uma expressão de tédio no rosto, já estava linda, agora era a encarnação pura da rainha da beleza. Dançava como uma bailarina, com passos leves, suaves, seu corpo tão próximo do dele, tão cheia de harmonia... Ele podia sentir o calor da sua pele e a sua respiração batendo no seu rosto. E, mais do que isso, sorria para ele, e o fitava com as lagoas azuis que tanto amava. O pobre rapaz sentia que seu coração e seu membro viril iam explodir. – Petyr, o que está fazendo? – Rira ela, quando ele, trôpego, tentava fracassadamente acompanhá-la. Deve ter feito alguma expressão em seu rosto que fizera Catelyn sentir-se arrependida de rir dele. – Oh, não se preocupe, querido. Na próxima dança vamos mais devagar, vai ser mais fácil. - Sorrira meigamente de novo. O garoto não sabia se sobreviveria a uma próxima dança.


Acabou por sobreviver a seis. A presença de Catelyn tão próxima a ele, como se fosse sua, em uma situação tão digna de ser vivenciada por um casal o dera uma coragem explosiva, que aumentara quando o cantor começou a dedilhar a canção Estações do Meu Amor, a última que os dois dançaram. Petyr ajoelhou-se e beijou a mão da garota antes de começarem, pois ela havia se cansado após cinco danças.


– Suplico-lhe que dance esta comigo, Cat. Me reaviva certas... Memórias. – Lançou-lhe um olhar cheio de desejo e sensualidade, e viu satisfeito que o rosto da garota ficou levemente rubro.


– Está bem. Você sabe que sou apaixonada por essa canção. – Sorriu de volta para ele, embora de maneira muito menos calorosa.


Dessa vez o garoto estava cheio de confiança. Conseguia acompanhar o ritmo de Catelyn com facilidade, fazendo-a rodopiar pelo Salão e rir de alegria e surpresa com sua habilidade, não mais de suas trapalhadas.


“Eu amei uma donzela bela como o verão, com a luz do sol em seu halo”


Fizera Cat dar um rodopio, e puxou-a lentamente para perto de si, a tempo do verso que quisera cantar-lhe em seus ouvidos, com uma voz cheia de lascívia:


“- Eu amei uma donzela linda como o outono, com o pôr-do-sol em seus cabelos...”


Catelyn arfara ao ouvi-lo fazendo coro ao cantor, como se subitamente compreendesse, e evitou olhá-lo. Petyr insistiu em dançar mais próximo a ela durante toda a canção, mas a menina evitava aproximar-se além do mínimo necessário. Terminada a canção, a menina fizera uma reverência em despedida, mas, quando virou-se de costas, Petyr puxou-a pelo braço e tentou beijá-la.


– É tão linda, Cat. Tão linda... – Puxou seu rosto com delicadeza, no que a garota deu um leve tapa nas suas mãos e respondeu-lhe:


– Creio que tio Brynden deixou-o beber vinho demais hoje, Petyr. – Rira. – Obrigada pelas danças, me diverti muito. – Com um sorriso formal, afastou-se do menino e foi se sentar, sem não mais olhá-lo uma vez sequer por toda a noite.


Petyr voltou desconsolado a sua mesa, sentindo-se um tolo fracassado. Fora tão perto... Sentiu vontade de chorar, mas não se permitiria. Viu seu cálice de vinho, e começou a tragá-lo em goles longos, quase não conseguindo sorver o líquido garganta abaixo. Enquanto repetidamente enchia-o para beber novamente e não se lembrar mais da cena da rejeição de Cat, Lysa se aproximou, entre chorosa e irritada, e começara a ladrar algo sobre Cat ser falsa e manipuladora, que estava brincando com ele o tempo todo e que não devia dar-lhe importância alguma, mas Petyr dessa vez não fingia nem escutar. Só queria que o deixasse beber até esquecer disso.


Assim fora até perder a consciência.


Quando acordou, estava em uma cama, aparentemente. Sentia um gosto forte e enjoativo de uva e álcool nos lábios, e não conseguia raciocinar nem entender direito o que se passava a sua volta. Uma menina ruiva acariciava-o, passava os dedos no seu membro viril, enquanto a outra mão apertava suas coxas. Parece que ela havia-lhe desnudado. Quis levantar uma mão e perguntar se era Cat, mas não conseguia nenhum dos dois. De alguma forma, ficou rijo. A moça falava palavras chorosas, parecia um pouco desesperada e assustada, e Petyr tinha vontade de dizer a Cat que não chorasse, que tudo ia ficar bem. Sem entender como tinha forças para aguentar, a menina montou em cima dele, e, entre delírio e realidade, sentira o corpo dela balançando-se para frente e para trás por cima de si, seus cabelos ruivos tocando seu tórax, ondas de prazer subindo cada vez mais. Cat?


“Eu amei uma donzela linda como o outono, com o pôr-do-sol nos seus cabelos.”


A menina continuava, cada vez mais rápido, e seu membro ia entrando mais profundamente dentro dela, cada vez mais rijo, até que chegou ao ápice do prazer, e seu líquido jorrou docemente nas partes íntimas da garota ruiva. A moça parecia chorar baixinho, e se curvou para perto dele, que conseguiu balbuciar debilmente em seus ouvidos, antes de desmaiar de novo, completamente sem forças.


– Eu te amo, Cat.


Quando acordou no dia seguinte, repleto de uma náusea abissal e com uma dor de cabeça como se tivessem batido com ferro em seu crânio a noite inteira, Lysa Tully dormia a seu lado, e a cama estava empapada com seu sangue virginal.


O rapaz Petyr Baelish do presente acordara sobressaltado. A aurora resplandecia nos céus de azul cerúleo que se formavam nos horizontes do castelo de Correrrio. Por que esse sonho justo agora? Não precisava lembrar da maior estupidez que Lysa já tinha feito em vida, logo agora que estava prestes a morrer. Nem de mais uma das rejeições de Cat. Talvez seja um sinal... Sorriu com amargor.



Extremamente angustiado, vestiu-se para a batalha. Pusera a cota de malha que tinha e outros poucos apetrechos já combinados como permitidos anteriormente. Lorde Tully e Brynden foram tão contra tal duelo que não permitiram sequer que algum ferreiro ou escudeiro desse assistência pessoal a Petyr. Teve de se arranjar todo sozinho, sem ajuda de ninguém, inclusive indo buscar a espada e escudo pessoalmente com o ferreiro, como se fosse filho do açougueiro ou algo do gênero. Estão me tratando com uma hospitalidade mais honesta, ao menos. Sorrira com tristeza. Desejava ao menos que Cat lhe agraciasse com um favor para lhe dar sorte e vontade na batalha, mas sabia que ela não o faria, ainda mais depois da noite de ontem, que forçadamente a beijara; além de tudo, não iria querer vendo-a pondo um em Brandon, então desistira de antemão de fazer o pedido. Sei que ao menos irá assistir-nos. Não sabia se sorria debilmente ou se chorava como uma criança. Nunca se sentira mais estúpido na vida como agora.



Esperara dar a hora do duelo, e os minutos não passavam. Recordava por esses longos momentos todas as memórias de infância com Cat, torturando-se por dentro cada vez mais. Talvez fosse a última vez que poderia lembrá-las, os melhores momentos de sua vida.



Chegada a hora, encontrou-se com Brandon no ponto dos jardins em que haviam combinado previamente o duelo. O dia estava belíssimo, pássaros chilreavam ao redor, e ouvia-se o correr dos rios, que refletiam o azul do céu, prometendo belezas de um mundo que talvez ele se despedisse naquele momento. O homem grotesco lá estava, cheio da sua ridícula pompa do Norte, como se fosse um grande senhor austero, das suas nojentas terras frias e repletas de escuridão. Ao revê-lo, sentiu seu ódio florescer novamente com força total. Brynden, Lysa e Edmure também lá se encontravam, o primeiro chocado, Lysa desabando em prantos assim que o vira, e Edmure, assustado como o menino tolo que era. Petyr prometera a si mesmo que não mostraria um vislumbre sequer de medo a Brandon Stark, e descobriu que nem precisaria tê-lo feito. Toda vez que via o homem seu desejo mais puro era estraçalhá-lo e reduzi-lo a pó, aquele que roubara o que mais amara na sua vida.



Lorde Tully, aparentemente, se recusara a tomar parte de tal afronta, e mandara um enviado em seu lugar para ser juiz da loucura que agora se tornava realidade nos jardins de Correrrio. O juiz chamara os dois combatentes próximos a si, e então Petyr viu-a se aproximando. Cat estava lá, seus lindos olhos da mesma cor que os céus e os rios azuis cerúleos, mascarando o que quer que sentia no momento, fria e distante como uma rainha de gelo, e parecia recusar-se terminantemente a dirigir-lhe um mísero olhar sequer. Aquilo conseguiu feri-lo, mesmo depois de já tê-lo sido tantas vezes antes. Olhe-me. Estou prestes a morrer por você. Por você. OLHE-ME. Mas Cat não o fitara nem por um segundo.



Petyr entrou em uma espiral de angústia. Nada mais importava. Estava tão perto da morte, e ela não se dignaria a sequer olhá-lo uma última vez. Não pedia uma palavra, um toque, apenas um olhar. E nem isso faria por ele. Não ouvira o juiz mandar começar a luta, e foi surpreendido com uma estocada de Brandon forte no seu peito, a qual não tivera tempo de defender com o escudo.



Vieram gritos da plateia, um dos quais era fácil de reconhecer: Lysa gritava histericamente, como se estivesse sendo estripada viva, atraindo a atenção dos criados que por ali passavam, e se juntavam para assistir.



Por instinto, Petyr esquecera sua estratégia e arremeteu cheio de ódio, com toda força que conseguiu encontrar dentro de si, ao pescoço de Brandon. O homem facilmente esquivou-se e deu-lhe outro contragolpe, dessa vez em seu estômago, o qual Petyr fora atingido, em parte, pois conseguiu desviar parte da força do ataque no escudo. Sua vida não mais importava, mas, se tivesse a chance de matar Brandon, não a desperdiçaria agora. Seria seu último triunfo antes de morrer em desgosto, matar o homem que tomara-lhe tudo que lhe importava, depois de anos remoendo inveja, tristeza e ciúmes.



Assim seguiram-se os golpes, mas Brandon era um homem, um soldado de guerra, e Petyr apenas um garoto que tivera aulas de tais artes com os criados dos Tully, nunca tendo ido ao combate uma vez sequer em sua vida. Obviamente, o jogo acabou virando para Brandon, pois Petyr cansou-se rapidamente de dançar a sua volta, e Brandon pôde arremeter contra o menino, já desgastado. Lançava estocadas firmes e violentas por todo o seu corpo.



Um golpe de espadas em seu ombro direito, que Petyr não fora rápido para defender, e sentiu que uma fratura acabara de se formar. O rapaz cambaleou para trás, e Brandon continuava a avançar.



Eu amei uma donzela linda como o outono, com o pôr-do-sol nos seus cabelos.



Outro golpe, dessa vez contra o outro ombro. Petyr não aguentou e derrubou o escudo, que já havia se partido com a força dos golpes anteriores. Era visível que Brandon não estava sequer se esforçando. Petyr não estava à altura de seu adversário, e não mais ouvia os barulhos das espadas, ou os gritos da plateia, ou o vento passando nas árvores. Só via e sentia o que se passava dentro da sua cabeça naquele momento.


“- Veja, Petyr. Sou Jenny, com a Coroa de Flores, em Pedravelha!” – A menina sorria e rodopiava, fingindo ser a princesa das canções, mas era mais bela do que todas elas. Petyr ouvia claramente o riso da criança Cat em seus ouvidos.



Mais um golpe. Petyr já não estava mais nos jardins, fora empurrado para perto de um dos rios. – Rende-se? – A voz pétrea de Brandon falava, muito, muito longe, tão ao Norte quanto as suas malditas terras. Petyr crispou os dentes em ódio e balançou a cabeça em negativa. Tentou avançar contra o homem, e levou outro ataque, dessa vez nas costelas. Cuspiu sangue. – Rende-se? – Repetiu Brandon, e o mesmo se seguiu, também a resposta sendo outro golpe no corpo já espancado do garoto.



“- Petyr, você é tão inteligente.” – Cat sorria. “- Petyr, machuquei meus pééés!” – Cat chorava. “- Petyr, você tem gosto de menta...” – Cat sorria travessa, depois de terem brincado de beijos no bosque sagrado. ”- Meu Príncipe das Libélulas! Você não me pega! Ahahahahahaha!” – A menina Cat ria, gritava e corria feliz pelos campos de Pedravelha.



Outro golpe, dessa vez no estômago. Confuso com as imagens mentais e as reais, espancado como um boneco de pano, Petyr agora vomitava sangue. Não tinha forças para tentar atacar Brandon, e quando este perguntou mais uma vez se o menino se rendia, apenas meneeou debilmente a cabeça.


Cat dançava com ele ao som de Estações do Meu Amor. Cat dava-lhe seu tejo, seu pássaro das cem línguas. “- Eu te amo, porque você é meu melhor amigo, e nada vai mudar isso.” – Cat beijava-lhe a testa.



Brandon dera o golpe final. Sua espada conseguira destruir por dentro da cota de malha do rapaz, que já não suportava as repetidas investidas do nortenho, e cortou-lhe da primeira costela até um dos ombros. Sangue espirrou dos seus ferimentos, pingando também da lâmina do homem do Norte que o despedaçara. O líquido vermelho desceu pelo seu corpo, espalhando-se pelos seus membros, pintando sua pele até seus pés.


Cat e Lysa corriam nos jardins de Correrrio no dia em que fora levado para lá. Lysa esperneava, querendo brincar, e Cat tentava acalmá-la, e foi aí que ele viu-os: seus olhos, suas lagoas encantadas de azul cerúleo, cor do céu da manhã dos lindos dias de outono como seus cabelos cor de fogo, cor dos rios dos dias quentes em que nadaram felizes, cor do amor que sempre sentira e sempre sentiria por sua amada. Petyr piscou, e sua espada caiu das suas mãos.



Delírio e realidade misturavam-se; o céu, antes azul, agora escurecera e parecia avermelhado, assim como a copa das árvores e a grama a seus pés; até mesmo os rios tinham uma coloração rubra. Poderia ser do sangue em seus olhos, mas a ele parecia, naquele momento, que tudo virara o pôr-do-sol de um dia de outono. Tão vermelho...



Seus joelhos dobraram-se, enquanto seu corpo caía lentamente, por quanto tempo nunca poderia se saber dizer; poderia ser um segundo ou por toda a eternidade, mas fora o suficiente para manter seu olhar firme nos únicos olhos que amara. Agora Catelyn estava parada ali, à sua frente, com a idade que tinha no momento presente, e finalmente olhava-o. Os mesmos olhos que sempre amara, desejara, precisara.



Olhava-o preocupada, com calor, com ternura. O olhar da sua Cat, da Cat da sua infância e do começo da sua adolescência, da Cat que não era de Brandon Stark nem nunca seria, sendo apenas dele e de mais ninguém. Seu céu, suas lagoas do amor cerúleo. Finalmente. Azul. Podia morrer agora, afogado em tanta doçura. Manteve seu olhar no único azul que ainda restava no mundo e sussurrou, com suas últimas forças, a palavra mais doce que já aprendera:



“- Cat...”



E já não viu mais nada.








 


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Notas finais do capítulo

Hihihihi quero ver reviews hein zentiii!