As Blue As Love Can Be escrita por Menta


Capítulo 3
Adolescência e a noite fatídica


Notas iniciais do capítulo

Quis colocar uma epígrafe, pois foi graças a essa descrição dos olhos de Capitu por Dom Casmurro, e da paixão linda (e super obsessiva) do Bentinho por ela que me baseei para escrever sobre os sentimentos do Petyr. :3



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“Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros, mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me.”

Machado de Assis, em Dom Casmurro.



Naquela noite, Petyr voltara a seu quarto, com as mesmas feições duras, porém assustadoramente tranquilas, adotadas após a tentativa fracassada de contato com Catelyn. Calmamente, ele se aproximou de um baú velho e encarquilhado, onde guardara objetos de sua até então infância. Lá havia uma pequena espada de madeira, dada a ele por Edmure, assim como um boneco de pano costurado por Lysa, e um pequeno tabuleiro de madeira de xadrez, presente de “tio” Brynden. Separou a todos em uma escrivaninha encontrada ao lado, enquanto olhou de relance para o fogo a crepitar na lareira. Mais escondido, ao fundo, dentro de um pequeno porta-jóias, cuidadosamente dobrado em quatro partes, havia também um lenço azul claro, com bordas rendadas vermelhas. Catelyn bordara-o sozinha e em segredo, e dera-lhe como presente por seus doze anos de idade. No canto inferior direito do lenço, via-se um desenho bordado em linhas delicadas: um pequeno pássaro das cem línguas, e, em uma pequena caligrafia, costurada fina e inclinada, os dizeres: Príncipe das Libélulas. Ao olhar tal objeto, depois de todos os acontecimentos duros do dia, sentira que a emoção iria tomá-lo de novo. Não posso permitir. Com as mãos agora tremendo ligeiramente, separou a caixa e dispôs a mesma ao lado dos outros pertences.


Sentindo um grande prazer, jogou ao fogo, displicentemente, cada um dos presentes que ganhara em diferentes ocasiões. Adorou vê-los arder, era como se profetizassem a concretude das palavras que proferira anteriormente. Fora muito mais fácil do que imaginara livrar-se deles, tão fácil como fizeram os que lhe traíram e pisotearam em humilhação.



Quando chegou a vez do lenço, porém, seus dedos se crisparam em volta do pano, enquanto percebia que a batida de seu coração se acelerava. Acabou por perder a tranquilidade fria de antes. Sentou-se em sua cama bem a frente da lareira, e enterrou o rosto nas mãos, enquanto a da direita segurava o lenço com força. Por quê? Por que ainda? De novo as lágrimas subiam-lhe, e sentira que se, se as deixasse cair, não suportaria mais nada daquilo; enlouqueceria. Fazendo um esforço sobre-humano, guardou o lenço na caixa novamente, e escondeu-o fundo no baú. Enquanto o fazia, a imagem de Catelyn com a coroa de flores em Pedravelha lhe veio novamente a cabeça, a mesma imagem que o embalara antes incontáveis vezes. Lembrava-se, ainda, de todos os detalhes... Seu vestido esvoaçante, seus cabelos dançando à luz vespertina, enquanto a menina ria e corria, brincando com ele. Eu amei uma donzela linda como o outono, com o pôr-do-sol nos cabelos.



Mas os detalhes mais inesquecíveis eram seus olhos azuis, que pareciam sequestrar os seus, levando-o a sempre mergulhar fundo seu olhar neles, muitas e muitas vezes seguidas. Era algo encantado; como as histórias das velhas septãs e amas do castelo; era como efeito do canto das sereias aos marinheiros incautos, o qual ele queria sentir cada vez mais e mais. Era como um vício irrefreável, do qual era incapaz de se livrar. Talvez se deixar o lenço assim, bem escondido, ao fundo de uma caixa escura e cheia de poeira, o mesmo aconteça ao que sinto agora...


Assim passaram-se os anos. Petyr conseguiu, pouco a pouco, de fato não mais se importar com a frieza dos Tully a seu respeito. Haviam rumores de guerra além de Correrrio, e os grandes senhores não pareciam nem preocupados em levar adiante o noivado de Catelyn e Brandon, agora que conflitos surgiam além do horizonte. A preocupação maior para Hoster e Brynden era debater com seus vassalos, exaustivamente, estratégias e preparo para o que poderia vir a acontecer.


Enquanto isso, todos cresciam. Lysa também veio a ter seu sangue de lua, e Hoster começara a buscar pretendentes para ela. Pareciam-lhes que o mais apropriado era Jon Arryn, que, apesar da idade avançada, era Senhor do Ninho da Águia, apropriado para Lysa, menina que, mesmo jovem, mostrava uma certa fragilidade de saúde e também dificuldades de trato. Isso agradava Petyr. Sentiria-se mais feliz se os irmãos pelos quais sentira-se traído fossem definitivamente embora de sua vida. Fora que, principalmente, viria a ficar a sós com Cat.



Apesar de ter conseguido livrar-se de todas as suas afeições, chegando até a rasgar as antigas cartas de seu pai, Petyr continuava apaixonado. Doía em seu orgulho e em seu coração, às vezes tão fortemente que se sentia torturado. Cat continuava gentil com ele, embora, por ambos terem crescido, não mais pudessem estar tão próximos; além de tudo, ela já tinha sua mão prometida a outro homem. Se algo ainda era capaz de aquecer seu coração, era o pouco tempo em que podia estar junto da menina, agora moça. Não conseguia controlar-se: quando via como ela havia desabrochado em uma linda jovem, com formas bem delineadas e voluptuosas, além de manter o mesmo rosto lindo que tinha desde a infância, sua mente sempre volátil e rápida não funcionava tão bem. Mais ainda, sequer importava-se com esse estado de estupor tolo em que ficava. Não tinha controle de seus pensamentos por Catelyn, muito menos do desejo que ela despertava nele, cada vez mais urgente e maior, assim como a idade dos dois. O pequeno e singelo amor de menino se transformara em uma paixão adolescente desenfreada, e Petyr chegava até a se sentir tolo depois de seus meros encontros de amigo com Catelyn, no qual conversavam brevemente.



Apesar de serem momentos escassos, Catelyn mostrava, às vezes apenas com palavras carinhosas, ou com os antigos sorrisos travessos que apenas os dois compartilhavam, como gostava de Petyr, embora não pudessem mais ficar tanto tempo perto um do outro. Cresceram, mas ele ainda era seu melhor amigo. Aquilo, para ele, era como um presente dos sete deuses, mesmo se fosse celebrado por uma simples conversa durante um café-da-manhã. Bastava ela lhe dirigir a palavra, e olhá-lo com seus olhos azuis de magia, que ele perdia o foco e nada mais importava. Depois, com a moça longe, já recomposto, se sentia um perfeito idiota. Se continuar assim ela vai chegar a sentir compaixão por mim. Sorria amargurado, pensando nisso. Talvez esse fosse o pior destino possível que conseguiria imaginar para si.



Se de Catelyn o tempo fizera-lhe se afastar, o mesmo não se podia dizer de Lysa. Agora que crescera, lhe era evidente como a tola garota tinha se apaixonado por ele. Essa situação parece digna daqueles tolos romances de donzela, pensava com ironia. A menina evidentemente ficava enciumada ao perceber seu apreço especial pela irmã mais velha, e tentava o tempo todo fazê-lo reparar nela, coisa que o divertia malevolamente, mas também o irritava. Sentia-se melhor deixando-a tentar seduzi-lo, às vezes inclusive fingindo que a menina despertava nele algo além de desprezo, pois podia jogar com ela ou talvez, se um dia necessário, manipulá-la para seus interesses. Verá quão inofensivo é seu amado Mindinho.



Tentara, antes de tudo, encontrar uma solução para desfazer o noivado de Catelyn. A ideia de um Stark brutamontes do Norte, que sequer lhe daria o valor que ela merecia, levando-a para congelar sua beleza em uma terra suja e rústica, em salões de pedra quase não civilizados, dando-lhe filhos pálidos que rolariam com os cães nos bosques dos represeiros decrépitos, era algo que fazia seu sangue se transformar em veneno dentro dele. O maldito poderia até nem vir a amá-la, embora Petyr achasse difícil que qualquer homem não se apaixonasse por Catelyn, mas devia considerar a hipótese de que ele poderia até mesmo ter bastardos e desonrar a esposa com a qual Petyr sempre sonhara para si. Aquilo feriria profundamente Cat, sempre tão rígida com as tolas utopias dos Tully a respeito de honra e dever. Imaginava-o colocando filhos desonrosos naquelas cadelas vadias frias do Norte, de dentes tortos e ignorantes. Enchia-se de fúria quando pensava repetitivamente em tudo isso.


Aquele homem não merecia sequer tocar nos dedos de seus pés, muito menos ousar tirar sua virgindade, ou, pior, construir uma vida ao seu lado. Sua ira, antes fina e discreta, se tornava cada vez mais difícil de conter. E o pior era que não tinha aliado algum nessa sua demanda. Como posso sequer tentar criar algum plano mirabolante se nenhum homem nestas terras confia a mim mais do que sorrisos falsos e compaixão pelo meu sangue de pobre? Embora não mais se importasse em agradar os Tully, ser julgado como uma piada de mau gosto ainda era uma faca que atravessava seu ser. Não deixaria isso barato, assim como as traições de seus supostos irmãos. Verão quão longe chegará Mindinho, o Senhor da Bosta de Ovelha.



Quanto mais o tempo passava, mais o menino via-se completamente apaixonado, e inútil perante o casamento que estava por vir. Não havia chances de conseguir conspirar contra o noivado, então se limitara a esperar fervorosamente que Brandon morresse em algum dos tolos duelos em que homens estúpidos como ele participavam. Uma vez, tentara juntar dinheiro para pagar a um assassino que o matasse, mas dificilmente conseguiria fazê-lo em segredo, e, por sua baixa renda, as chances de sucesso seriam muito pequenas. Portanto, esperava por uma oportunidade em que pudesse agir, acalentando consigo sua paixão incessante e a ira que envenenava seu coração.



Foi aí que aconteceu. Uma vez, voltando de uma pequena viagem de caça com Edmure e alguns Tully, quando percorreram florestas limítrofes aos territórios do castelo, Petyr chegara e encontrara uma cena que o horrorizara e surpreendera.



Estava passando pelos jardins, quando avistou os cabelos ruivos de Cat de costas, sentada a um dos bancos. Seu coração acelerou e, instintivamente, já iria chamá-la, quando o viu. Ao seu lado, sentava-se Brandon Stark, homem alguns bons anos mais velho do que a menina, contemplando o rosto que ele sempre amara. Catelyn não lhe contara nada, pensava ele, como para poupá-lo e evitar que fizesse alguma tolice, mas foi com um esforço além do considerado possível que não pulou para a garganta do homem e abriu-a com um punhal, ou até mesmo com dedos nus.



O maldito era como ele tinha imaginado: forte, alto, com um queixo enorme como uma bigorna, e um rosto tão austero e pesado como suas feições. Odiara-o mais ainda agora que o vira, se é que isso era possível, e maldisse em seus pensamentos toda a Casa Stark. Em contrapartida de sua vontade assassina, aproximou-se discretamente e apresentou-se com toda a cortesia.



“- Boa Tarde, querida Catelyn. E boa tarde, Senhor. Presumo que seja o Senhor Stark, estou correto?” Sorrira alegremente para ambos, em uma máscara de fingida polidez.



Brandon retribuíra os cumprimentos, fazendo uma leve reverência silenciosa, levantando-se ao fazê-lo. Petyr retribuiu-a, com mais um sorriso falsamente cortês. Catelyn olhara para Petyr com uma ligeira reprovação nos olhos. Parecia tentar antever o que estava tramando por trás, e seus lindos olhos mostravam-se preocupados pelo que poderia vir a falar. Coisa que esse idiota que não a conhece como eu jamais seria capaz de adivinhar. Ao invés de manifestar tudo isso com palavras, Cat se limitou a sorrir de volta e retribuir os cumprimentos, enquanto apresentava seu futuro noivo a Petyr.



“- Creio que Lorde Tully o tenha convidado a jantar, e talvez até a passar mais alguns dias em Correrrio.” Ao receber resposta afirmativa, Petyr já havia se decidido. “- Deixarei os dois conversando a sós, para que possam enfim se conhecer, então.” – Olhara rapidamente para Cat ao dizer isso, que entendeu o que ele queria dizer por trás dessa frase, e, em resposta, olhou-o um tanto irritada, como se lhe dissesse que não fosse tolo. “- Estou encantado por conhecê-lo, Lorde Stark.” Sorrira fingindo uma falsa alegria, para conseguir esconder seu ódio, agora explodindo dentro do seu peito. Sentia um gosto amargo na boca, e seu estômago revirava enquanto proferia aquelas palavras mentirosas, mas manteve o papel.



Afastando-se da cena, teve uma súbita vontade de chorar; lágrimas ferventes de ódio se formavam nos cantos de seus olhos, que ardiam como fel no seu globo ocular. Mas, ao invés de permiti-las descer, engolira-a assim como engolira seu ódio. Mas este eu permitirei se manifestar, e não demorará. Poderá ser uma ridícula tolice, mas pode ser também a grande oportunidade da minha vida.



Esperara o jantar se realizar, assim como todas as formalidades. Hoster Tully cumprimentara o futuro genro com avidez, dando-lhe todas as honrarias; as melhores bebidas, um lugar de honra próximo a ele no grande salão, pratos riquíssimos e todo tipo de coisa que nunca fizera a Petyr, o que também veio a deixar-lhe doente de inveja. Este homem não serve para sua filha, velho caquético. Tinha vontade de gritar, mas manteve-se impassível, exceto quando lançava olhares furtivos a Cat. Ela não olhara para ele a noite toda. Mesmo já não sendo mais criança, ainda esperava, no âmago do seu ser, que ela se dirigisse ao seu pai dizendo que tudo aquilo era um absurdo, e que cancelasse o noivado, já, pois sempre quisera se casar com outro, e, assim, sorrisse para Petyr: a mesma fantasia que imaginara muitas e muitas vezes enquanto torturava-se com seus pensamentos invejosos. Lysa muitas vezes dirigia-lhe o olhar, preocupada com sua reação, mas isso só deixava-o mais furioso. Para castigá-la, não dirigiu-lhe nem a palavra, tampouco o olhar, por toda a noite. Ao perceber que seus olhos arregalados fitassem-no, aflita, ele a feria olhando para Cat, para que o visse fazendo tal ato e deixasse-a sentindo-se rejeitada.


Quando o momento foi propício, pedira para fazer um brinde. Já passara da sobremesa, e todos bebiam, riam e se divertiam. Alguns cantavam canções obscenas, acompanhados por menestréis em suas liras. O brinde foi-lhe concedido por Hoster Tully, e, antes de começar a falar, virara-se para Catelyn e lhe lançara um longo olhar. Sei que você me entendeu, vejo isso nos seus olhos. Cat agora olhava para ele firmemente, e mostrava-se muito preocupada.



“- Caros senhores e senhoras” – Alguém ao fundo gritara “- E agregados!” ao som de que algumas risadas debochadas eclodiram. Petyr fingira não notar. “- Esta é uma noite memorável. Não apenas para a família Tully, como para a Casa Stark, e para mim.” – Cat, ao longe, engolira em seco. “- O Senhor Stark finalmente veio conhecer sua prometida, decorridos os três anos em que seu noivado fora firmado. Um homem admirável, sem dúvida; grande em batalha e grande em seus valores, honrado e leal.” - Muitos aplaudiram, enquanto outros o olhavam sem entender. Por que o agregado dos Tully estaria fazendo tal brinde? Alguns, até, nem sequer prestavam atenção, mas a grande maioria estava bêbada e suscetível. “- Ora, a família Tully também é honrada. Diz seu lema: “família, honra, dever”, foram as palavras que me foram ensinadas, embora eu seja apenas um mero agregado, trazido para tão agradáveis terras desde menino, pela graça e gentileza do nobre Lorde Tully. Eu mesmo sou um lorde herdeiro, filho de Lorde Baelish, embora, convenhamos, meu nascimento de elevado só tenha a altura das rochas dos Dedos, como sabem” – Sorrira, fingindo divertimento, enquanto conquistava a plateia, que rira com ele. Olhara para Hoster Tully, que parecia confuso. “- Em tal família, comprovado pela história de sua linhagem, acredita-se em alguns valores também comuns à família Stark, com acontecimentos decorrentes semelhantes. Um deles é que, caso dois senhores estejam interessados na mesma donzela, ambos estão livres para desafiar um ao outro, e o prêmio de tal desafio para a parte vencedora, após um duelo de espadas, seria a mão da mulher amada.” Sorrira, e agora esperava o resultado de sua jogada mais arriscada, por todos os seus jovens anos de vida.



Um eco de surpresa vibrou pelo Salão. Muitos dos convidados batiam palmas, apoiando, enquanto bramiam “Sim! Duelo!” e outros gritavam "Dá-lhe, Mindinho!" alguns riam, outros praguejavam e alguns nem sequer prestavam atenção. Hoster Tully mostrara-se indignado, Brynden parecia desapontado, e Catelyn... Catelyn se recusara a olhar para ele, o que o machucou mais do que a visão súbita de Brandon Stark próximo a ela nos jardins. Antes de haver tempo de conter os gritos e reações do Salão, Brandon Stark levantou-se e declarou:



“- Aceito o seu desafio. Diga-me suas condições, data, hora e local.” – O homem parecia nem sequer ter se importado com a ligeira afronta que tal desafio significava.



“- Muito bem, eu mesmo pretendia deixar a escolha ao senhor, caro Lorde Stark. Já que a honra me foi concedida, proponho que seja feito amanhã, a décima hora da manhã, nos Jardins. Sem armaduras.” – Finalmente permitira que suas verdadeiras emoções transparecessem um pouco, e olhou para o homem sem sorrir, tentando lhe passar com o olhar todo o ódio que nutrira por ele desde que descobrira sua existência. Stark foi firme, e devolveu-o o olhar, embora no seu apenas houvesse indiferença. Com isso, sentou-se e agiu como se não tivesse feito nada mais além de um brinde em homenagem ao casal.



Após tal situação, o Salão estava impraticável. Hoster Tully deu ordem de finalizar a festa, e todos se retiraram. Petyr virara-se para sair, ignorando Brynden Tully que tentava chamá-lo discretamente, provavelmente para tentar impor algum tipo de juízo na sua cabeça agora perturbada, mas não resistiu e olhou mais uma vez para Cat, e mais uma vez sentiu-se ferido. Dessa vez, de uma das maneiras mais dolorosas que já sentira.



A moça levantara-se para se dirigir ao seu leito, dando passos suaves e lentos, e seu rosto cabisbaixo levantou-se, no que pareceram horas e até mesmo dias, e encarou-o. Petyr instintivamente ia sorrir-lhe, até que viu seus olhos. Seu olhar foi profundo e penetrante, e mais uma vez foi sugado para o fundo das suas lagoas de azul cerúleo, sem defesas, afogando-se mais uma vez. O sentimento que sempre temera receber dela estava estampado abertamente em seu lindo semblante, pelos seus olhos azuis envoltos em sobrancelhas franzidas em uma expressão tão triste, silenciosa, que ele preferiria que mostrasse raiva, ódio, ou o tão sonhado amor correspondido...



Mas, em seu lugar, só havia pena.

 


 

 

 



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Notas finais do capítulo

E aíí. Curtiram?