As Blue As Love Can Be escrita por Menta


Capítulo 11
A Dança das Marionetes


Notas iniciais do capítulo

Olááá! Sei que demorei pra escrever esse capítulo, mas é que ele tem MUITA coisa que eu tive que resumir...
Trata-se basicamente de tudo que acontece no Fúria dos Reis que o Petyr teve participação, ou seja, coisa pra caramba!!
Espero que gostem! Deleitem-se com a genialidade de nosso protagonista e seu amor melancólico!



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Chovia tempestivamente.


Um reflexo do que mais estará por vir... Petyr Baelish sorria, envolto em seus próprios pensamentos. Caminhava com suavidade, um passo após o outro, dirigindo-se aos aposentos da nova Mão do Rei.


Ned Stark havia sido morto a mando de Joffrey “Baratheon”. O tolo homem do Norte, como Petyr hava previsto, cavou a própria cova desde o momento que desmontara de seu cavalo na capital do Reino. Com uma atitude insensata após a outra, Eddard Stark ignorava o bom senso e arranjava mais inimigos. Condenara Tywin Lannister, um dos homens mais influentes de Westeros, ameaçara a Rainha Cersei e esquecera-se de ver que o mundo não funciona como imaginava sua cabeça de neurônios congelados pelas neves de Winterfell. Culminara, afinal, com uma ordem de decapitamento por um garoto bastardo fruto do incesto Lannister, sádico e até mais estúpido que o próprio Stark. Seria triste, se não fosse maravilhoso.


Era digno de pena. Mas, para Petyr, obviamente, vê-lo cair em desgraça fora uma verdadeira diversão. Só não era tão engraçado assim quando imaginava Catelyn sofrendo pela morte do maldito... Ou quando se lembrava da reação de sua filha, que fora obrigada a assistir a cada detalhe do julgamento e execução, dentro do septo de Baelor.


Sansa Stark, naquele momento, estava pálida e indefesa, desamparada a uma fraca luz matutina, com os olhos, aqueles olhos de azul cerúleo cheios de medo, sofrimento e choro contido. Ao ver o corpo do pai tombar inerte no chão, a menina não suportara e desmaiou. Petyr teve de se controlar até o último fio de cabelo para não avançar e segurá-la em seus braços. Não conseguia ver a memória viva de Cat sofrer daquela maneira.


Ao menos todo aquele momento dramático valera-lhe de um grande prêmio a ser usado quando necessário... A amiguinha tola de Sansa, Jeyne Poole, caíra em suas mãos facilmente, em meio ao caos das mortes dos traidores que seguiram à execução de Stark. Como a filha mais nova aparentemente debandara e nem mesmo Varys conseguia encontrar vestígio dela, ter essa menina do Norte em seu controle poderia vir a ser útil em breve, para futuras negociações a serem feitas, e aliados a serem comprados.


Com tais pensamentos em mente, Petyr galgou alguns degraus e bateu suavemente a porta dos aposentos que agora pertenciam a Tyrion Lannister. A hora era tardia, mas não seria um problema.


Ouviu os passos do anão, bamboleando-se para a porta, que abriu com um sorriso maroto no rosto horrendo. Petyr retribuiu o sorriso, ignorando as feições estranhas do homem. Afinal de contas, se identificava com ele. Mas isso seria algo que Tyrion jamais saberia.


O anão e Petyr sempre foram rejeitados pelo mundo. Petyr, o pobretão criado entre os ricos, Tyrion, o rico deformado criado entre os belos. Petyr fora rejeitado pela única mulher que sempre amara, Tyrion também. Todos os julgavam, secretamente, piadas de mau gosto, com direito a apelidos interessantes, como Mindinho e Duende. Ambos poderiam abrir um espetáculo de pantomimeiros e fariam bastante sucesso.


A diferença maior e absoluta é que Tyrion era um peão no jogo dos tronos, e Petyr, aquele que jogava por trás dos panos, controlando todas as outras peças.


O anão fez um gesto para que entrasse, e Petyr obedeceu, com uma reverência leve e polida. Enquanto isso, o Lannister sentava a uma mesa disposta próxima a uma das janelas, enquanto fechava as cortinas e servia-se de um corno de cerveja.


– Está servido, Lorde Mindinho? – Tyrion disse com petulância.


– Ah, muito agradecido, meu nobre senhor, porém creio que prefira gozar de minhas faculdades mentais intactas. – Deu um sorriso petulante em resposta, e manteve-se parado em pé, provocando o anão. Tolo duende. Pensa que pode me manipular, enquanto sou eu que controlo a corda que faz de ti minha marionete.


– Então vamos ao que interessa, correto? – O anão bebeu um longo gole, e colocou as pernas em cima de uma cadeira próxima. – Creio que ambos estamos cientes da morte de um dos nossos estimados cinco reis.


– Ah, sem dúvida, uma perda avassaladora. Estimava Lorde Renly quando fazia parte do Conselho, sempre tão jocoso com suas piadas sobre vestimentas e moda. Era, além disso, tão fã de justas de cavaleiros... Não deixava de assistir nenhuma. Alguns cavaleiros sentirão falta de sua presença honrando os torneios. – Petyr deu um sorriso falso, e esperou a reação de Tyrion, para saber se o mesmo percebia o que queria dizer com sua frase. Aparentemente, o tolo anão não fazia ideia da vida secreta de “Rei Renly” e seu querido cavaleiro galante Loras Tyrell.


Tyrion continuou, ignorando-o. – E também creio que ambos tenhamos pensado em planos semelhantes para uma grande leva de senhores da Tempestade que não declararam apoio imediato a Stannis Baratheon. – Bebeu um longo gole de cerveja, fitando Petyr profundamente.


– Pensamos? – Incrível. Ele me quer como seu aliado... – Acho que superestima minha inteligência, senhor. – Deu um sorriso irreverente, debochando de Tyrion.


– Acredito apenas que seja melhor negociador do que eu. Talvez por conta de sua aparência. E que também tema o poder de meu pai. – Tyrion agora agia aberta e declaradamente, embora ainda mantivesse o tom debochado para não se sentir inferior. Percebera que não conseguiria jamais ganhar de Mindinho brincando de quem era melhor na arte de se fazer de sonso.


– O homem prudente teme qualquer outro em posições de poderio acima, meu senhor. – Sorria da mesma forma, provocando Tyrion. – Porém, por temê-los, tenta conhecê-los melhor do que a palma da própria... Mão. – Riu baixinho.


Tyrion não pôde deixar de sorrir da petulância de Mindinho, embora mostrasse seu desagrado com o homem de forma aberta. – Então sabe que só tem a ganhar se fizer o que lhe pedir. Até porque, como sabe, há muito a se perder...


Petyr agora sentiu uma ligeira irritação percorrer-lhe os sentidos. Tyrion continuou. – Digamos que alguém que o senhor muito preza vem deixando Lorde Tywin muitíssimo descontente, a mesma pessoa que agora está sendo caçada por muitos que apoiavam Lorde Renly, sob a acusação de assassinato a sangue frio. E, como bem sabe, os Lannister pagam suas dívidas. – Tyrion deu um sorriso maligno.


Tenho ciência disso, Duende nojento. – Não se preocupe. Sei proteger meus próprios interesses. Acredito que nisso o senhor poderia aprender muito comigo. – Fuzilou Tyrion com o olhar, sabendo que entenderia a menção de Shae.


Tyrion manteve o olhar. – Então, estamos combinados. Em reunião do Conselho, poderia se manifestar a respeito.


– Precisamente. – Petyr fez uma reverência, virou as costas e saiu dos aposentos sem mais dizer palavra. Anão estúpido... Tenta ensinar o septão a rezar, mas não sabe da celebração um terço.



Os dias passaram, e, quando o momento foi propício, Petyr se voluntariou a Ponteamarga para intermediar o negócio. Sabia que conseguiria convencer os Tyrell a cederem Margaery como esposa à Joffrey. Conhecia bem os desejos de ascensão da Casa, bem como tinha certa amizade com Olenna Tyrell, provavelmente a única mente pensante da família. Tinha planos a tecer em que ela teria grande papel...





***

A hora era novamente tardia, mas dessa vez não por conta do horário.

A viagem até Ponteamarga fora demorada. Por conta da guerra que se alastrava pelos reinos e vilarejos, tiveram de enfrentar saqueadores, dormir ao relento e tomar desvios pelo caminho.

Além de tudo, Petyr levara mais tempo do que imaginava para convencer os Tyrell. Não a respeito do casamento, mas sim ao apoio em tempo para a guerra. A batalha da Água Negra se aproximava, e muitas delongas em discussões e planejamentos eram aumentadas convenientemente por temor ao que se sucederia se enfrentassem Stannis. Bem ou mal, a morte do Rei Renly ainda era um fantasma a assolar a todos, tão misteriosa, em meio a um acampamento cheio de aliados e vigilância.

Enquanto isso, a Rainha dos Espinhos sondava Petyr incessantemente. Olenna era maliciosa, como bem lembrava, mas seus espinhos cresceram e tornaram-na praticamente inacessível. Demorou a reconquistar a confiança da velha, mas, quando conseguira, segredou-lhe o necessário para deixar a idosa acreditar que seus planos foram plantados por si mesma.

Em uma tarde, passeavam pelos jardins dos Tyrell, cheios de roseiras e outras flores delicadas, enquanto a mulher idosa lhe fazia perguntas ambíguas sobre a vida na Corte e em Porto Real. Tentava, assim, descobrir mais a respeito do Rei Joffrey, e confirmar os boatos de seu sadismo. Além de, claro, descobrir o quão difícil seria depor os Lannister do poder.

Quando foi conveniente, Petyr decidira tocar no nome de Sansa.

– Bem, minha senhora, a vida na Corte não é mais do que tudo que conversamos. Alegra-me seu entusiasmo e cortesia, mas creio não ter muito mais a acrescentar. Margaery será muito bem recebida. Todas as moças da Corte irão amá-la e tratá-la como a princesa que é, recebrá muitos presentes e viverá sempre cercada das mais finas damas de companhia. Assim como Sansa Stark...

– Ora, meu querido Petyr, e não é que tocou em um assunto interessante? Diga-me como está a pobre menina. Tratam-na com gentileza, mesmo sendo filha de um traidor terrível, certo?

– Ora, mas é claro. Não somos selvagens... Embora a menina não esteja acostumada com um tratamento tão fino, mesmo tendo nascido uma senhora elegantíssima. – Riu cúmplice e partilhou gargalhadas com a velha, que também não simpatizava com o Norte.

– Curioso... Tenho algumas conhecidas na Corte, bem sabe o senhor, e me diziam que a menina aparentava sempre estar tão triste... Não pode ser apenas por causa do pai, será? Uma delas, olhe que tristeza, me contou que uma vez o Rei Joffrey fizera com que arrancassem a força a parte de cima de seu vestido, porque a tola menina contrariou-o em público! Logo, disse-me também, o Duende correu ao auxílio da menina e estapeou o rosto do sobrinho! Parece-me parecido com selvageria, não concorda? – Sorriu maliciosa para Petyr.

– Ora, senhora... Mas crê mesmo que uma criança como Joffrey seria capaz de maquinar sozinha tamanhas maldades? Tem apenas treze anos de idade, e nenhuma vivência nas maquinações terríveis da Corte. Vive cercado por sua mãe, que sempre castiga-o caso trate mal a antiga prometida, e, bem, como bem disse...

– O Duende. Eu já imaginava. Nenhuma criança nasce tão perversa.

– Se me permite segredar-lhe... Um dos primeiros a pensar na aliança por meio do casamento de Margaery e Joffrey foi Tyrion Lannister. Acredito que faria de tudo para cair nas graças do pai, uma vez que é apenas a Mão do Rei temporária. – Deu um sorriso tristonho para a idosa. – As coisas que os homens são capazes de fazer por poder... Mas isso, claro, minha senhora, fica entre nós, correto?

– Corretíssimo, Lorde Baelish. E, se me permite um agrado... – Deu-lhe um tapinha de leve no rosto e um sorriso maternal, e depois caminhou até um arbusto próximo. – Creio que lhe agrade a cor.

A mulher colhera uma flor de espaldar magro e alto, com um caule fino e pétalas azuis cerúleo, lindas como a coloração que banhava um riacho próximo. – Há um ditado de minha casa que diz que o homem bom não aprecia buquês, e sim a flor mais bela que houver. Sabe separar, como se diz na capital, “o joio do trigo”. – Deu-lhe um sorriso cúmplice, e continuou. – E agora, se não se importa, querido, estou me sentindo fraca e preciso de um cochilo. - Petyr sabia que a mulher correria a contar para Margaery o conteúdo da conversa, e conferenciar com outras senhoras da Casa Tyrell. Ao vê-la se afastando, pôs-se a admirar a flor que ganhara.

Flor Tully... A flor que a velha lhe entregara era nativa de Correrrio, e a preferida de Cat na infância, porque tinha a mesma cor que seus olhos. Petyr colhia para ela quando ambos eram crianças, e ela sempre lhe agradecia beijando-lhe as faces. Uma vez fora castigado pelo jardineiro porque colhera todas as que haviam sido plantadas, apenas para assim ganhar mais beijos de Catelyn.

Enquanto a velha se distanciava, Petyr guardava, surpreso com a astúcia da velha, a flor com cuidado em um bolso das vestes. Pena que morrerá antes de retornar a Porto Real...

Mal sabia ele que isso era apenas um presságio do que estava por vir.


Desta forma, em cima do laço, os Senhores de Ponteamarga decidiram manifestar apoio total ao Rei Joffrey, e rearranjaram as tropas para ajudar os Lannister e aliados na Batalha de Água Negra. Puseram-se em viagem rapidamente, para o contentamento de Petyr, e, ao chegarem próximos a capital, Lorde Baelish pediu licença a Loras para conferenciar com Garlan Tyrell.

Sabia das inclinações do homem para a pompa, e, como o mesmo por vezes sentia-se na sombra do Cavaleiro das Flores, Petyr pensara em uma ótima ideia para inclusive ajudá-los na batalha.

Era a última noite de acampamento, e Petyr foi recebido na tenda de Garlan Tyrell pelo mesmo e por alguns de seus escudeiros e companheiros próximos. Petyr reverenciou-os com pompa a todos, bem do modo como lhes agradaria, e tentou ser sucinto nas palavras.

– Caro Lorde Tyrell, não sou nenhum mestre da guerra, mas, se me permite uma sugestão...

Garlan interrompeu-o: - Provou sua astúcia há muito, Lorde Baelish. Dou-lhe licença para falar. Escutaremos com atenção.

– Pois bem. Acredito que ainda detenham a armadura do falecido Rei Renly.

Os homens olharam-no estupefatos. Petyr foi rápido, para que não pensassem tratar-se de algo de mau gosto. – Senhores. Sabemos que Stannis desejava tirar a vida de Rei Renly, e que seus homens temem a magia negra da feiticeira de Asshai. Se o senhor, Lorde Garlan, for à luta usando os trajes de Renly, inclusive E especialmente o elmo, seria uma manobra que traria grande efeito no psicológico dos soldados. Poderiam até mesmo achar que o fantasma de Rei Renly decidira ir à batalha para fazer-lhes justiça.

Os homens se entreolharam e seus semblantes tornaram-se pensativos. Passados alguns momentos, Petyr ia se dirigir à saída da tenda, e fez uma reverência, dizendo o que seria o golpe final.

– Sinto muito, meus caros. Talvez a sugestão tenha sido ofensiva a memória de tão querido Rei...

– Não se preocupe, Lorde Baelish. Creio que acatarei sua sugestão. O Rei havia decidido lutar contra seu irmão, e, se eu puder conceder-lhe seu desejo após sua morte, acredito que ficaria feliz.

Petyr reverenciou-os novamente, e saiu da tenda. Sorria exultante. Tudo, tudo conforme o planejado...



***


A Batalha da Água Negra já havia terminado há muito. Petyr tivera êxito em seus planos, e os soldados de Stannis, ao verem o fantasma de Renly atacando-os, após os tormentos do fogovivo que Tyrion lhes impusera - o que Petyr já sabia que ocorreria -, debandaram atemorizados pelo fogo que não se extinguia e pelos supostos homens que haviam voltado à vida.

Petyr, agora, escrevia um bilhete à meia-luz de seus aposentos de Mestre da Moeda. Estava cansado de tantas conferências e deliberações dos últimos tempos, e lembrava-se exultante dos frutos que deram o que plantara.

Lorde Tywin agora o respeitava o suficiente para dar-lhe o título de Senhor de Harrenhal, graças as suas contribuições. Mindinho sabia que não poderia usufruir fisicamente de seu castelo, mas o título daria-lhe o poder que tanto almejara desde que fora um garoto. Tornara-se o Senhor das Terras Fluviais, mesmo que atualmente Roose Bolton comandasse o Castelo. Robb Stark também estava fadado a perder, mas, antes disso, Petyr precisava separar-lhe de Catelyn, um quanto antes. Sabia que estar próxima do garoto apenas trazia riscos para ela...

Petyr se enganara a respeito da mulher. Pensava que Cat teria ficado em Winterfell com seus filhos mais novos, dando-lhes a proteção que precisavam. Não compreendia seu intuito de seguir os passos de Robb Stark. Parecia que realmente a ingenuidade de Ned Stark a contaminara, e isso deixava Petyr muitíssimo aflito. Chegara ao ponto de fugir com a mulher-homem de Tarth, e correu o risco até de ter sido assassinada pelos Tyrell. Convenientemente, conseguira manipulá-los a tempo, para que apenas condenassem a moça enorme, e não a Cat. Se tivesse chegado mais tarde a Jardim de Cima, talvez não tivesse tido tanto sucesso.

O que será que Catelyn diria se me visse agora? Ou o maldito Lorde Tully, agora gagá em seu castelo nos rios? Lysa, aparentemente, estava orgulhosíssima. Tola mulher... Petyr tinha até um leve sentimento de compaixão pela moça, tão apaixonada e cega por ele que não percebia o quanto a manipulava e usava para seus próprios propósitos. De qualquer forma, Lysa também tinha dias contados, se continuasse agindo da forma que agia. Talvez usá-la ao meu próprio favor pudesse ser até uma forma de protegê-la de si mesma... Sorriu debochado.

Mas, ao menos, tinha Sansa Stark novamente para alegrar os seus dias... A menina parecia mais triste do que nunca, o que, Petyr percebia sentir, machucava o pouco que restara de seu coração. Comprimia-lhe os sentidos ver a pobre donzela, agora já desabrochada, tão linda e tão melancólica... Ao menos, por pouco tempo.

Observou o bilhete, e leu-o uma última vez.

Vá para o Bosque Sagrado após o jantar, se deseja voltar para casa.”


Descansou a pena, e abriu a porta dos aposentos. Lá estava um dos Kettleback. Tyrion acreditava que os mesmos trabalhavam para si, quando Petyr os subornara havia tempos. Anão tolo... Se continuasse tão petulante, poderia mandar matar Shae. Mas esta se revelará para ele no tempo necessário... – Sorriu malevolamente. Sabia que o Duende havia se apaixonado por sua puta, e também sabia o quanto a mulher não dava a mínima para o anão.

– Leve o bilhete aos aposentos de Sansa Stark, mas não deixe que ninguém veja-o carregando-o. – Deu-lhe um dragão de ouro e um sorriso.

Osfryd concordou com a cabeça, e pôs-se a fazer o que lhe foi pedido.

Petyr fechou a porta do quarto, e olhou pela janela. De lá, podia ver uma pontinha dos aposentos de Sansa. Uma vez, conseguira vê-la despindo-se, e sentira o mesmo desejo de tê-la em seus braços como sentia por Cat quando eram adolescentes. São tão, mas tão parecidas...


Lembrou-se da vez em que Sansa ainda era criança e comentava sobre canções e sonhos de menina. Parecia mesmo a Cat de sua infância, vivaz, alegre e charmosa, cheia de esperança nos homens e na vida. Petyr sentiu pena e contentamento ao vê-la assim, e lhe dissera:

“- A vida não é uma canção, linda menina. Um dia você pode vir a descobri-lo... Para a sua tristeza.”

Assim como ele descobrira que, para a princesa Cat com a coroa de flores em Pedravelha, jamais seria seu Príncipe das Libélulas...

Mais tarde, nessa noite, sonhou que era um pássaro. Voava e observava os homens lá do alto, sorrindo com malícia de como levavam suas vidas, sem se preocupar com quem os controlava por trás e podia vê-los, em posições e posições acima. Mas, seu olhar antes de desprezo aos homens, tornou-se encantado quando viu uma donzela ruiva, linda, de olhos azuis melancólicos, sentada rezando em um Bosque Sagrado.

Decidiu pousar em suas mãos, para tentar alegrá-la. Era tão bela, tão maravilhosa, não compreendia porque sofria tanto. Era tão mais encantadora, tão sublima em comparação as outras que caminhavam...

Pousou em suas mãos e pôs-se a cantar. E, surpreso, viu os olhos e o semblante da menina passarem a refletir alegria e contentamento. Esperava que saísse um gorjeio de seu bico, mas descobrira que cantava com voz de homem, e justamente algo que não controlava, apenas fluía de si como uma música naturalmente já esperada a ser ouvida...

“Eu amei uma donzela linda como o outono, com o pôr-do-sol nos seus cabelos.”


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Tentei resumir os acontecimentos de forma que não ficasse muito "jogado", mas também não muito prolongado... Reviiiiieeeews, por favor! ^^