As Blue As Love Can Be escrita por Menta


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Uma pequena introdução... A mais antiga memória que guiará a história.



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“— Vá, meu filho. Seu avô ficaria orgulhoso. Vá, verá como tudo vai ser melhor; será criado por um verdadeiro grande senhor, que fará jus a todo o seu potencial."

Com isso, Lorde Baelish se inclinou e deu um longo abraço em seu filho. Sussurrou aos seus ouvidos: "— Ouça, observe e aprenda. Estou lhe proporcionando uma chance a qual nunca fui agraciado. Será muito maior do que eu, meu menino. Adeus.”

 

Chegou a cavalo, depois de dias de viagem até Correrrio. Passou por pastagens verdes, colinas amplas, florestas e inúmeros vilarejos, acompanhado pelo irmão de Hoster Tully e sua comitiva, a qual fizera o agrado de vir buscá-lo. Assim, lembrou-se das últimas palavras do pai mais uma vez.

O menino sentia-se, simultaneamente, nervoso, irritado, rejeitado, abandonado, apreensivo e, não bastasse tudo isso, ainda por cima repleto de expectativas. Amava seu pai assim como amava os Dedos, sua terra, mas, embora muito novo, era inteligente e astuto o suficiente para começar a entender que, para o mundo além de sua infância, sua pequena ilha e sua costa minúscula não tinham significado algum. Até mesmo para meu pai, pensou, um tanto melancólico.

Não fazia ideia do que iria encontrar nestas terras de tal senhor tão querido por seu pai; segundo ele, era uma grande honra ter sido escolhido para ser criado junto de seus filhos. Poucos teriam a mesma oportunidade, pois apenas alguns tinham a honra de serem tão amigos de Hoster Tully, Lorde herdeiro de uma linhagem invejável, grande senhor das terras do rio. Lorde Baelish, seu pai, não só foi de valia para ele em vassalagem, como a provou pela lealdade em guerra, e amizade para todas as horas.

Uma fina chuva caía às margens do Tridente. Estavam agora nas fronteiras do castelo de Correrio, e uma alvorada cinzenta se erguia sobre as grandes muralhas. O jovem rapaz observou o cenário, enquanto sua pele sentia o leve toque das finas gotas de garoa matinal. Enquanto isso, os cavaleiros de guarda dos portões se moviam, para dar passagem a uma figura mais imponente.

O senhor Tully em pessoa veio recepcioná-los, acompanhado de seu escudeiro, meistre e alguns outros os quais o menino não podia reconhecer apenas pelo olhar. Surpreendeu-se com tamanha cortesia, pois a hora de chegada havia sido muito cedo.

O lorde, então, cumprimentou seu irmão e os membros da comitiva que o acompanhava, e deu um leve e cordial sorriso ao garoto, que percebeu que o tempo para apresentações se daria dentro do castelo. Em seguida, passaram por grandes jardins em meio a bosques maiores ainda, cercados de riachos, árvores frondosas e canteiros de flores de espaldar alto, azuis e vermelhas, dispostas por gramados muito verdes. Havia grande diversidade nas plantas e jardins ali dispostos. Tudo era incrivelmente bem cuidado e inspirava riqueza.

Por fim, caminharam por trilhas de pedra branca, dispostas com toda delicadeza por sobre a relva, e foram assim levados ao Salão Principal. Entraram por uma altíssima porta azul lápis-lázuli, com detalhes em bronze. Havia lá dentro uma mesa improvisada de café-da-manhã, posta especialmente para os recém-chegados viajantes.

O menino devorava com os olhos o ambiente em que acabara de entrar, muitíssimo espantado: viu inúmeras bandeiras com as cores dos Tully e a truta saltante, em um fundo vermelho e azul. Pelas paredes e bancadas reparou na decoração típica das regiões a centro-sul de Westeros: muitos móveis de madeira fina e leve, estofados fundos e diversos metais ricos, servindo de moldura e ornamentação. Muita prata, bronze e ouro se encontrava ali, dos talheres as molduras dos quadros antiquíssimos. Era um ambiente antigo e de requinte, e percebia-se que a família levava seu lema bem a sério. Os detalhes mais perturbadores eram os grandes retratos a óleo de diversos senhores Tully que pendiam largamente nas grandes paredes de pedra.

Família, dever, honra. Seu pai o ensinara algum pouco conhecimento sobre os hábitos e a história dos Tully e, de fato, não estava de todo errado. Depois de ser jogado em um ambiente tão novo e diferente, em comparação as suas vivendas nos Dedos, sentiu-se muito nervoso e não chegou nem a conseguir se alimentar.

Estava de tal forma ansioso que não chegou a se lembrar bem, depois, dos ritos de apresentação ao seu novo Senhor, e juras de lealdade e vassalagem. Apesar de ter prestado todos bem, com o melhor porte que conseguiu ter, a memória de Lorde Tully, altivo e nobre, se confundia com o rosto triste de seu pai, simples e melancólico, ao se despedir, deixando-o com os últimos vislumbres dos Dedos. O pior era a sensação que lhe deixaram as ostentações da família Tully que, depois de tudo, pareciam engoli-lo por inteiro, como se lhe gritassem que os obedecesse, se curvasse em sua insignificância e os servisse. O que poderia fazer? Era apenas um jovem menino, de dez anos de idade, e, com um certo amargor, pensou: Sinto-me como um peixe fora d’água. Deu um sorriso irônico, como muitos os que, futuramente, tornariam-se marcos clássicos de sua personalidade.

Após terem sido feitos todos os deveres e formalidades, foi levado aos seus aposentos. Ali, mais uma surpresa. Longe dos leitos principais do castelo, e próximo a locais não muito nobres: a copa e a cozinha do castelo se localizavam quase vizinhas aos seus aposentos, e, ainda por cima, seu quarto encontrava-se praticamente no andar térreo.

Pelo visto, sorte minha que não sou vizinho das masmorras...

Apesar da tenra idade, o menino foi capaz de perceber o que isso significava. Poderia ser um hóspede, e um agregado dos senhores do castelo, mas não era, nem jamais seria, da mesma família que um Tully.

Foi se deitar, com saudades do pai e da simplicidade de suas terras. Ao menos, lá, era capaz de se sentir pertencer a algum lugar...

Acordou poucas horas depois. Procurou por algum criado para que lhe explicasse o que deveria fazer, mas ninguém atendeu ao seu chamado. Atônito, olhou por uma fresta de uma das janelas e percebeu que já era de manhã. Pássaros cantavam e chilreavam ao seu redor. Pássaros das cem línguas, os tejos.

Reconheceu os pequenos tordos voando para lá e para cá, e se sentiu um pouco mais reconfortado. Ao menos eles também cantam onde nasci e vivi. Diminuída sua rejeição sofrida, vestiu-se e resolveu passear pelos jardins, até encontrar alguém que lhe indicasse o que fazer. Passou pela cozinha ainda vazia, e desceu por uma das portas de trás.

Caminhando pelos bosques, ao não vislumbrar ninguém, encontrou um carvalho junto ao rio e resolveu sentar-se ali para observar a paisagem. Pelo menos o mesmo céu contempla a minha terra também. Este, agora, estava azul cerúleo, como a cor do limpo rio que passava a sua frente. Contemplativo, ficou assim por algum tempo, até sair de seu torpor quando ouviu vozes e ruídos próximos: risos abafados e sons de passos correndo.

— Não, Cat, eu já falei, é a sua vez de ser o monstro! Eu quero ser a donzela de novo! Pare de ser má e seja uma boa irmã! — esperneou uma menina ruiva e ligeiramente gorducha, com sardas no rosto e olhos arregalados. A outra menina a qual se dirigia se aproximava, mas estava mais a sua frente, ainda não visível aos olhos do garoto.

— Lysa... Pare de ser mimada, já paramos de brincar disso há muito tempo, brincamos por uma hora, até cansar. Por que não vamos juntas olhar os passarinhos e colher flores, para variar?

A menina que acabara de falar se aproximou, saindo de trás de um arbusto. Usava o mesmo vestido que a irmã, mas era mais magra, e alta, com um rosto como de uma boneca de porcelana. Sorria um pouco aborrecida, de olhos fechados, como se estivesse impaciente e divertida ao mesmo tempo. Foi aí que abriu suas pálpebras, e levantou seu olhar. O garoto sentiu como se o tempo tivesse sido paralisado.

Ali, enfeitiçado, em estupor, fitou-os: olhos profundos, encantados. Olhos azuis, de um meigo azul cerúleo. Lagoas da beleza e, descobria agora o menino, de maneira tão doce e ingênua... Do amor que o afogou, no qual mergulharia para sempre.


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Notas finais do capítulo

Hmmm... Acho que eu tinha algo a escrever aqui, mas esqueci. Enfim, espero que seja uma fic com alguns bons capítulos, espero que o prólogo tenha sido bom!