Memórias escrita por Não sou eu


Capítulo 6
Luce


Notas iniciais do capítulo

espero que gostem.



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Marcus estava sentado em sua  cama com a cabeça baixa, em suas mãos havia uma flor. Quando ele viu Luce seu rosto adquiriu um tom avermelhado. Daniel apertou a mão de Luce, o que foi muito inesperado para ela.

— Vou deixar vocês a sós.

Sua voz parecia ter uma pontada de ciúmes e ao mesmo tempo um tom irônico, Luce podia somente estar imaginando aquilo. Ela assentiu para Daniel e entrou no quarto, Marcus estava novamente com a cabeça abaixada sentado na cama, Luce sentou-se ao seu lado.

— Eu nunca havia precisado fazer isso antes, normalmente são as garotas que me procuram, não sabia muito bem do que você gostava, então trouxe isso para você. — Ele ainda continuava de cabeça baixa, e entregou-lhe a flor. Luce nunca havia visto nenhuma flor como aquela com um tom levemente arroxeado, e seu cheiro era penetrante, fazendo com que ela tivera a impressão de que não era a primeira vez que sentia aquele perfume, sentiu que aquela era sua flor favorita e não discordara.

— É tão linda, obrigado Marcus. — Ela não pensou duas vezes e o abraçou. Ela conhecera uma parte dele que não sabia, sempre pensara em Marcus como um galanteador que sempre tivera as meninas que queria, mas agora Luce percebeu que no fundo ele não era assim, talvez, só talvez ele conseguisse despertar algo nela, que não tinha conseguido antes.

Ela pegou a flor que guardou em seu diário, mesmo que murchasse ela ainda continuaria ali, em um lugar que Luce sempre guardaria consigo mesmo. Marcus já estava de pé quando voltou, ele a olhava de um jeito carinhoso e então ela percebeu o que ele pretendia. Não podia saber ao certo, mas não estava preparada para aquilo, ela sempre esperara o momento certo, apesar de já ter 16 anos não era daquelas meninas que já havia beijado todos os garotos da escola.

Ele estava se aproximando e Luce não conseguia se mover, talvez não fosse tão ruim assim, talvez esse fosse o momento certo. Marcus já estava perto o bastante para que Luce conseguisse sentir sua respiração, era suave e doce, fez com que a deixasse mais nervosa, pensando em coisas como, e se ela não fizesse direito? Ela não conseguia afastar esses pensamentos para longe. Ele pegou uma mecha de seu cabelo que estava solta e colocou atrás de sua orelha, com um sorriso trasbordando de alegria em seu rosto. Luce podia sentir, seria agora, quase lá, quase lá..,

— Ei Luce, você pode me ajudar... — Arya estava parada entre o hall com a porta meio aberta, sua expressão parecia dizer, eu sabia que vocês dois tinham algo, mas ela não disse nada, simplesmente ficou olhando.

Apesar de Luce não ter que dar explicações para Arya, ela sentia que havia mais ali. Marcus parecia desapontado, o clima havia acabado e eles se afastaram um do outro. Arya saiu do quarto sem dizer nada.

— Hã, te vejo mais tarde então Luce. — Ele saiu e deixou Luce com uma culpa dentro de si. Ela era sua melhor amiga e havia algo na sua expressão que dizia que ela estava fazendo algo errado.

Luce deitou na cama e pensou em como seu dia passara. Havia ido a um lugar maravilhoso com Daniel e depois quase acabara beijando Marcus, e agora sua melhor amiga parecia brava com ela por um motivo que ela não sabia. Resolveu que iria conversar com ela na hora do jantar, como era sábado à noite, com certeza teria algo de interessante a noite, agora a única coisa que ela precisava era dormir um pouco, só um pouco...

Quando acordou ela se sentiu estranha. Olhou em volta e viu que não se encontrava mais em seu dormitório, ela estava deitada em meio a uma praça coberta de neve. Pessoas corriam em várias direções e tentou segui-las, mas seu corpo não acompanhava os comandos que o cérebro mandava. Alguém segurou seu braço e seu coração acelerou rapidamente, ela sabia quem era, e estava feliz por não estar sozinha neste momento.

— Você não devia estar aqui, Lucinda. — Ela adorava o modo como ele dizia seu nome, mas naquele momento pareceu rude demais, sabia que ele estava preocupado com a sua segurança, mas não era aquilo que queria naquele momento, nada mais parecia importar.

— Meus pais e meus avôs foram para o norte, junto com um pelotão, mas eu não quis ir, não podia ir sem você. — Ele a segurou pela cintura e beijou seu pescoço, seu toque era maravilhoso, como se queimasse sua pele.

— Eu não quero te perder, eu não vou agüentar. — Suas palavras machucavam seu coração, sua voz ganhara um tom quase de suplica, mas Lucinda sabia os riscos que estava correndo, e se fosse para morrer naquele lugar, queria que fosse ao lado dele.

— Daniel, eu te amo mais do que qualquer coisa, mais do que minha própria vida. — Ao longe se ouviu barulho de tiros e Luce soube que alguém estava morrendo, nesta maldita guerra, ninguém viveria, não quando se era judeu como Luce. — Eu sei o que você está pensando, mas é isso o que eu quero, eu preciso disso.

Mesmo parecendo relutante Daniel segurou seu rosto com uma mão e com a outra passou em volta da sua cintura, no momento seguinte Luce podia sentir seus lábios contra os dele, seu hálito era doce e seu beijo ganhava intensidade a cada segundo. Sua pele queimava ao seu toque, fazendo com que Luce quisesse mais e mais, eles tinham a completa sincronia. Ela podia sentir o que estava acontecendo, a luta constante entre seu corpo a cada beijo que dava, o calor tornou-se mais forte, e ela podia sentir seu corpo em chamas, mas não queria parar, ela queria ficar ao lado de Daniel até o ultimo segundo, ele era a única coisa que valia a pena.

Luce foi jogada contra uma escuridão intensa e seus olhos foram abrindo lentamente.

Havia lágrimas em seus olhos, sinceramente estava assustada, o sonho parecia muito mais real do qualquer outro, ela podia sentir tudo que a Lucinda sentia, e Daniel, ele era tão real, e ao mesmo diferente do Daniel que conhecia.

Ela levantou foi até o banheiro e tomou um banho, escolheu uma blusa preta de uma banda que gostava com uma calça Jens clara, depois desceu para o refeitório. Tentou achar Arya em algumas das mesas, mas não via ela em lugar algum.

Depois do jantar ela foi para a biblioteca ver se conseguia achar Arya, mas ao invés encontrou Daniel. Um choque instantâneo passou pelo seu corpo, ela não sabia muito bem como reagir a isso, depois do sonho que tivera. Ele parecia estar distraído com um papel, Luce achou que não poderia esperar, tinha que perguntar a ele. Quando se aproximou percebeu que o desenho era uma mulher, mas não conseguiu ver muito bem quem era.

— Perdeu alguma coisa aqui, anjo? — Ele estava com o mesmo humor de sempre, mas seus olhos ainda continuavam distraídos no papel.

— Quero te fazer uma pergunta, mas seja sincero. — Ele a olhou com certo entusiasmo.—Você já teve a impressão de que já nos conhecêssemos de algum outro lugar?

— Fora da escola? Não, eu nunca tinha te visto antes, tenho certeza. Eu não conseguiria esquecer esse rosto nunca.

— Não somente fora da escola, mas de outra vida. — Luce corou, parecia ingênua demais sua pergunta, mas era exatamente o que sentia, que poderia ter conhecido Daniel em outra vida.

— Isso é besteira anjo, não acredito nessas coisas. — Seu sorriso era frio, mas ele não parecia mentir. Luce sentiu-se uma idiota, mas pelo menos agora comprovara que estava ficando louca. Já havia dado as costas para Daniel quando ouviu ele chamando seu nome.

— Só mais uma coisa, não acho uma boa idéia sua amizade com aquele tal de Marcus, ele não é o que chamamos de boa companhia.

— Por que se importa? — Ele não podia falar isso, ele não conhecia Marcus e não havia porque disso, Marcus nunca me tratara mal.

Ele saiu sem dizer mais nenhuma palavra, Luce teve vontade de segui-lo, mas se conteve ao sentir um calafrio inesperado. Ela olhou em volta e percebeu que algumas sombras sobrevoavam as estantes de livros, segui-as e deparou com a sessão de livros diferente. Parecia impressão sua, mas de todas as vezes que estivera ali nunca vira aquela estante de livros antes. Olhou os títulos dos livros e surpreendeu-se. Anjos renegados, Anjos, porque caíram? Parecia uma sessão de livros inteiramente dedicados a história de anjos. Depois de olhar alguns exemplares, resolveu deixar para lá. Nunca se interessara por livros assim.

Quando estava passando atravessando o hall de entrada da biblioteca sentiu uma dor intensa no ombro e viu que alguém havia trombado nela. Parou e esperou pela pedido de desculpa, mas isso não aconteceu. Sem entender resolveu que estava cansada das pessoas pensarem que podia tratá-la do jeito que achassem melhor.

— Ei, você trombou em mim. — A menina se virou e Luce percebeu que era Jenna. Um sorriso malicioso se formou em seus lábios, estava acontecendo exatamente como queria, e Luce se sentiu pior por dar esse gostinho a ela.

— E daí? A saco de osso vai bancar uma de valentona? — Ela gargalhou alto deixando Luce com mais raiva.

— O que você tem contra mim?

— Na verdade não tenho nada especifico, odeio tudo em você. — Luce se sobressaltou ao notar que a distancia entre elas estava menor, como se ela já conseguisse sentir qual seria seus próximos passos, e ter uma briga era o que menos queria. Mas não teve jeito, no momento seguinte Luce só lembra de Jenna ter a empurrado contra a parede, com uma força fora do normal e por mais que Luce tentasse reagir ela não conseguia, o impacto havia sido forte demais e seu corpo ainda não estava totalmente recuperado.

— O que você pensa que está fazendo? — O amigo de Daniel estava entre Luce e Jenna, seu rosto tinha uma expressão muito séria, o que fez Luce estranhar. Jenna se afastou e ele saiu logo atrás.

Luce achou aquilo totalmente estranho, ela não o conhecia tão bem assim para interferir na briga e o mais estranho, ele parecia conhecer Jenna melhor ainda. Luce os seguiu a uma distancia razoável para que não percebessem sua presença.

—Você enlouqueceu, só pode. Você sabe muito bem que não deve fazer isso.

—Ela me tira do sério, eu não consigo entender por que ela, por que ele a escolheu Matt?— Seu rosto contorcia de dor e raiva.

— Pare de se torturar Jenna, não adianta nada.

— Não, não adianta. Só espero que dessa vez quando ela morrer, não volte nunca mais.

Luce não queria mais ouvir, aquilo havia sido a gota d’agua. O que ela queria dizer com morrer de novo? Sua cabeça dava voltas, e todos os seus pensamentos não tinham mais coerência. Não queria ter que voltar para seu quarto, então saiu correndo para os jardins, onde foi em direção a casa de Jorge. Quando Jorge abriu a porta Luce sentiu as lágrimas escorrerem.

Ele não fez perguntas e Luce agradeceu por isso, ela sentou-se no sofá e ele foi até a cozinha e preparou chá para eles. Conversaram sobre coisas do dia a dia, e Jorge foi muito gentil em perguntar se ela queria passar a noite ali. Ficou aliviada e aceitou. Quando estava prestes a dormir, deixou que sua mente viajasse. Eles estavam falando sobre ela, o que fazia com que as coisas não tivessem sentido. Apenas uma coisa havia ficado clara, Jenna havia sido alguma coisa para Daniel, uma ex-namorada. Luce sentiu inveja dela por um momento, mas logo afastou esse pensamento, era ridículo pensar assim. Prometeu a si mesmo, que conseguiria a respostas para todas essas perguntas.

Finalmente quando adormeceu, sonhou que Daniel falava que a amava.



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