Memórias escrita por Não sou eu


Capítulo 1
Luce




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O frio estava chegando, ela podia sentir, mas nunca gostara das sensações que ele trazia. A chuva caia lá fora, e pela janela podia ver algumas pessoas no jardim correndo para se esconder. A aula em que estava era uma de suas preferidas, apesar de que com a chuva, tudo a deixava mais sonolenta. Especialmente estava ali por causa do professor, era uma pessoa muito gentil, do qual sempre a ajudava quando estava encrencada com algo. Estudava em uma escola interna, longe de tudo e todos que conhecia fora dali, apesar de tudo se sentia bem onde estava, podia parar de fingir ser a garota perfeita que seus pais pensaram ser. Mas infelizmente eles perceberam a verdade tarde demais.

— Está me ouvindo, Luce? — Sr Sexy, como costumava pensar nele, estava lhe chamando. Ele era sim o professor mais jovem e mais bonito que já tivera, mas não era somente por isso que lhe havia dado esse apelido. Para Luce, ele tinha várias qualidades, mas um defeito que não conseguia passar despercebido, ser um completo arrogante quando se tratava de sua aparência física. Isso a incomodava, por ele ser tão fútil.

— A me desculpe, eu perdi a ultima parte, Sr Salsmen— Sorriu desconfortável por ter sida pega em fragrante. Muitos alunos na sala voltaram seus olhos para o professor, agradeceu por isso, nunca gostou de ser o centro das atenções.

Quando as aulas no período da manhã terminaram, Luce resolveu voltar para seu quarto, precisava terminar um livro muito interessante que começara ler no dia anterior. Lembrou também que havia prometido ligar para seus pais assim que tivesse tempo, eles não gostavam muito da ideia de ficarem sem saber noticias de sua filha, apesar de pensarem que era um problema.

A ideia de ela ir para aquele internato havia sido do advogado de sua família, aconselhara que fosse bom desviar a atenção de todos, por sua filha mais nova ser um grande problema. Desde que chegara a esta “prisão” pensara muito sobre tudo o que havia acontecido durante o verão, e mesmo assim não conseguia entender tudo aquilo. Não que ela fosse perfeita, longe disso. Mas algo realmente estranho havia acontecido algo que a fazia ter pesadelos todas as noites.

Quando chegou ao seu quarto, parou ao perceber que sua porta estava aberta, só podia ser uma pessoa, da qual não estava com mínima vontade em ver agora.

—Arya, o que está fazendo aqui? — Isso sempre acontecia, ela nunca pedia permissão para entrar, desrespeitava toda sua privacidade, como isso a incomodava. Arya havia sido a primeira pessoa que viera falar com ela, sempre fora muito animada e muito amigável. Parecia ser uma pessoa totalmente louca, mas era muito engraçada, às vezes. Mas muitas vezes, algumas atitudes irritavam Luce, como entrar em seu quarto sem permissão.

— Precisava falar com você. Eu sei que você odeia quando eu entro sem pedir, mas é muito urgente. —Arya fez aquela cara que sempre fazia quando precisava de um favor, Luce nunca conseguia recusar nada, de uma coisa sempre foi certa, ela era o que digamos “coração bondoso”. — Lembra aquele dia que eu pedi para você me encobertar, para poder sair com Heson?

— Sim, o que tem?

— O diretor descobriu, e agora quer que eu faça um trabalho para recompensar isso. Você pode me ajudar? — A claro, só podia ser isso. Era o tipo de coisa que sempre pedia para Luce, a amiga nerd.

— Claro, porque não? — Arya a abraçou agradecendo, e saiu do quarto aos pulos de felicidade.

Luce caiu na cama, exausta, como se houvesse trabalhado o dia inteiro, por isso nunca gostara de frio ou muito menos de tempo chuvoso, acabavam de vez com toda energia que ainda tinha. Depois que conseguiu tranquilizar seus pais de que tudo estava bem, resolveu continuar a ler o livro de que tanto se interessara. Houve uma época em que tudo isso fora escondido dentro de si. Não aguentava ficar nem ao menos um segundo lendo, achava que era uma completa falta de tempo. Mas ai, tudo mudou quando ela percebeu qual realmente era sua paixão, o motivo por qual viera ao mundo.

A arte sempre fora o seu mistério interior, e quando percebeu que nascera para aquilo, deixou que todos os seus temores se fossem. Começou a pintar seus primeiros quadros, com 12 anos. Isso foi o começo para que seus pais mostrassem o quão orgulhosos estavam de sua caçula, mas eles exageraram nessa parte. O que começou como uma paixão, uma vontade incontrolável, se tornou cansativo, a pressão da qual a colocaram deixara sufocada com tudo aquilo. Tudo o que queria era poder pintar, ser livre para desenvolver suas ideias. Com o tempo, isso foi deixado de lado, por mais triste que seja pensar, apenas foi preciso.

Hoje, deixava que sua mente aflorasse com livros. Poderia viver em seu próprio mundo, um do qual ninguém falasse o que teria que fazer, com sua vida. Seus irmãos sempre lhe diziam como era diferente. Paul tinha 23, Anne 19 e Luce 16. Tudo sempre a incomodou em sua família, o jeito como sempre fora tratada só fazia com que percebesse que poderia ser adotada. Afastou esse pensamento quase instantaneamente, uma vez tocara no assunto com sua mãe, ela começou chorar incontrolavelmente, dizendo que isso era a coisa mais horrível que já escutara.

O sinal tocou fazendo a perceber o quão pouco havia lido, perdida em pensamentos. Era hora do almoço, mas não sentia fome alguma. Resolveu que era melhor dormir um pouco, até que as aulas do período da tarde começassem.

Seus sonhos foram tumultuados como sempre, e poucas vezes a assustara. No começo não era fácil, mas com o tempo fora se acostumando, apesar da dor das lembranças nunca terminarem.

Alguém bateu na porta, fazendo com que acordasse, e de um salto foi atender. Era Marcus, um dos populares que ali estudavam, como em todas as escolas, aquela também não poderia deixar de ter os seus. Mas apesar disso, ele era uma pessoa muito legal e inteligente. Sempre que podia ela tentava achar uma qualidade boa o bastante para se apaixonar por ele.

— Olá Luce.

—Oi,

—Não te vi hoje no almoço, pensei que estaria doente ou alguma coisa do tipo. — Sempre muito atencioso. Fofo. Mas ela não conseguia gostar dele, não no modo romântico. Assim que chegara ali, ela o conhecera, todo charmoso começara se aproximar dela, só que nunca foram mais do que amigos. Há algumas semanas, declarou o que ela mais temia, o seu amor. Ela jamais iria despreza-lo por isso, mas sentia que assim ele sofreria, pois não conseguia corresponder a esse tipo de expectativa, nunca conseguira.

—Não exatamente, mas não estava com vontade de descer hoje. Tem algo para me contar?

—Acho que não, ultimamente as coisas nesta escola andam paradas. — Ele sorriu, e ela sorriu em retribuição. — Te vejo mais tarde, sim?

—Claro.

Ele saiu todo charmoso pelo corredor, algumas meninas a olhavam estranho quando estavam juntos, se perguntando o que Luce tinha para que ele a notasse. Mas ela sabia que não tinha nada demais, isso tudo fazia parte da imaginação das pessoas. Sempre fora uma pessoa muito prestativa e integra algumas das qualidades que sempre preservou. Olhou-se no espelho, sua aparência continuava a mesma desde o verão, quando resolvera cortar seu cabelo na altura do ombro, o que a fazia se arrepender eternamente. Antigamente os cachos perfeitos em seu cabelo que formavam nas pontas, eram exclusivos seus, mas o que mais a intrigara era a cor que ele tinha um alaranjado, ruivo que combinavam muito bem com seus olhos verdes. Não se chamaria de feia, era apenas mais uma garota no padrão, mas que nunca preservou mais a beleza do que a inteligência.

Olhou o relógio e mesmo sabendo que precisava ir para aula, não tinha menor vontade. O internato era um lugar muito bonito, se fosse pensar. Seus pais pagavam uma verdadeira fortuna para que estudasse ali, o que a irritava demais. Mas como diziam, era preciso. As aulas eram normais, com professores dos quais encontramos em todas as escolas. A única coisa que realmente mudava ali era por ser uma escola para adolescentes problemáticos, o que os deixava em vigilância 24horas por dia.

Pegou seu material e saiu para sua próxima aula. O dia parecia não querer mais terminar, todas as aulas estavam cansativas, mas quando finalmente chegaram ao fim, sentiu um alivio inesperado.

Alguém estava a chamando no fim do corredor, percebi que era Arya.

— Vem comigo, estão chamando todo mundo no salão principal. Parece ser algo importante.

Quando chegaram ao salão principal estava completamente impossível de se ouvir alguma coisa, mas mesmo assim foram trancadas as portas, para que ninguém saísse durante os anúncios. Luce olhou ao redor da grande sala, muitos rostos ali nunca havia visto antes, por ser uma pessoa que não se relacionava muito bem, não era tão impossível assim, perceber como era invisível naquele lugar. Todos estavam prestando atenção ao que o diretor dizia os anúncios de sempre, menos Luce. Sua mente parou de escutar no instante em que avistara alguém que nunca havia visto. Ele estava encostado na parede, olhando para o chão, outras vezes ria de alguma coisa que o amigo ao seu lado, parecia contar uma piada. Ele simplesmente era lindo. Não, ele não tinha uma beleza comum, seu cabelo loiro brilhava com uma intensidade inconfundível, ele transmitia uma coisa do qual ela nunca havia visto em ninguém. Por algum motivo ele percebeu que estava sendo encarado, mas apesar de estar seriamente envergonhada, não desviou o olhar. Seriamente, Luce o encarou, ele fez o mesmo, mas depois de algum tempo sorriu. Logo depois ela desviou o olhar, e fingiu estar prestando no que o diretor dizia, mas isso era mentira, sua mente só fazia pensar, naqueles olhos violetas a encarando.

— Isso só é uma completa idiotice— Bufou Arya ao seu lado, o que a despertou de seus pensamentos.

— Do que você está falando?

—Nossa você não ouviu mesmo o que ele falou não é? — Balancei a cabeça negativamente, ela me encarou, e depois de alguns segundos continuou. —Luce, ele disse que de agora em diante nós não teremos mais permissão para sair, nem ao menos nos finais de semana. E todos nós precisaremos ter permissão de nossos pais para podermos sair nos feriados, isso é completamente horrível, isso parece mais uma prisão.

Concordou, mas para Luce isso realmente não interessava nunca saia do internato, não tinha vontade para se aventurar no mundo lá fora. Mas para Arya era diferente, seus pais não dariam permissão para que pudesse sair, ela não era de confiança, contou uma vez, falando a respeito do que seus pais pensavam dela.

O discurso acabou, e no momento em que todos se dirigiam para as saídas, Luce olhou em volta a procura daquele garoto loiro, mas não havia nem sinal dele. Quando já estavam se dirigindo para o refeitório, na hora do jantar, Marcus as alcançou. Ele e Arya haviam ficado muito amigos nas ultimas semanas, o que deixava Luce muito feliz, eles eram os únicos em que realmente confiava, os primeiros em que realmente confiou.

— E ai, meninas. O que vocês acharam do discurso? —Ele estava sorrindo, o que o deixava muito lindo. Ele sempre teve um senso de humor adorável, mas mesmo assim, toda vez que pensava que poderia sentir algo por ele, Luce sabia que isso não iria acontecer, por mais que quisesse, ela não conseguia amar alguém como ele, ela não o merecia.

— Você só pode estar brincando não é? Ele acabou com a minha vida, que raiva. — Arya parou de repente e começou a sorrir. Lucy a olhou sem entender o que estava acontecendo. Ao seu lado Marcus adquiriu uma expressão séria, e por mais que eles não estivessem gostando da nova regra sabia muito bem que não era por isso. — Mas sabe de uma coisa, minha noite acabou de melhorar.

Olhou em volta, procurando o que deixara Arya repentinamente feliz. No momento em que seguiu seu olhar, perdeu o fôlego. Ele sentara junto com os amigos que estava ao seu lado, na hora do discurso. Marcus a cutucou e percebeu o que queria dizer. Arya não estava mais ao seu lado, estava se encaminhando para a mesa onde o garoto loiro estava. Lucy prendeu a respiração e sentiu uma dor percorrer seu corpo. Quando Arya começou a falar com ele, não conseguiu ouvir nada. Marcus ao seu lado gargalhava.

— Lucy, aconteceu alguma coisa?

—O que? Não, nada. É só que minha cabeça começou a doer de repente.

— Vem, você precisa comer alguma coisa. — Ele estava certo, não estava se sentindo muito bem, parecia que perdera as forças do seu corpo, e no momento em que começou a andar suas pernas fraquejaram. Ela não conseguia entender o que estava acontecendo, isso não tinha nada a ver com o fato de Arya estar interessada no garoto de olhos violetas, não é? Mas aquilo não estava certo, algo dentro dela, sabia que isso já havia acontecido e isso não era estranho.

As forças de seu corpo ainda pareciam estar a deixando, Lucy olhou em volta, sua visão estava completamente embaçada, tudo se tornara um borrão. Quando não conseguia mais se manter em pé, deixou que o desespero tomasse conta, e a escuridão começou a cerca-la. A única coisa que viu antes de apagar foi àqueles olhos violetas.

Os sonhos foram um borrão, simplesmente imagens que nunca havia visto, e pessoas que não conhecia. Quando acordou sua cabeça doía, mas parecia estar bem melhor. A primeira pessoa que viu foi uma enfermeira e deduziu que estivesse na enfermaria. Alguém segurou sua mão, e o toque fez com que seu corpo inteiro tremesse, tentou descobrir quem era, mas sua visão começou a ficar embaçada novamente, e novamente começou a ter sonhos, lembranças da qual pareciam não lhe pertencer.

Acordou novamente, e sentiu os raios solares entrarem pela janela da enfermaria, o dia havia amanhecido, e ainda continuava ali. Sua visão estava perfeita, e quando lhe tocaram o braço esperou pelo tremor, a sensação da noite passada, mas não houve nenhuma.

— Como você está Lucy? — Era a voz de Marcus, e isso a fez com que percebesse que ele não estava brincando em relação aos seus sentimentos, realmente se preocupava com ela.

— Estou me sentindo bem melhor, será que me deixaram sair agora?

— Você nos deu um baita susto, duvido muito, ninguém conseguiu entender o que havia acontecido. Você desmaiou, como se do nada houvesse ficado realmente desidratada e fraca, mas apesar de não ter comido nada durante o dia, não explicou o motivo do que aconteceu com você.

Isso era verdade, pensou. Ela sabia muito bem, que não era primeira vez que isso havia acontecido, mas não queria tocar neste assunto, ele não entenderia apesar de tudo. A única coisa que queria, era saber por que isso continuava a acontecer.

Alguns minutos depois, Marcus foi embora, deixando Lucy sozinha naquela quarto branco, decorado por margaridas em todos os cantos. Aquilo era assustador, pensara Lucy, mas mesmo assim não reclamou, sempre gostara da combinação de cores que as flores e a natureza tinham. Ao meio dia, algumas enfermeiras vieram ver como estava, e junto trazendo-lhe seu almoço. A tarde estava completamente quieta, seus amigos não haviam vindo ainda, e Lucy estava começando a ficar completamente entediada. Alguns minutos depois, um homem entrou em seu quarto, e sentou-se em umas das camas que ali estavam. Parecia ser um homem de 70 anos no máximo, já o vira muitas vezes no corredor da escola, mas jamais conversara com ele. Enfermeiras entraram logo depois, com bandejas de remédios, o homem tomou, e elas saíram mais uma vez.

— Todo dia a mesma coisa, será que elas não percebem que eu não ligo mais para esses remédios? — Ele olhava para Lucy, sua expressão era de uma pessoa sofrida, alguém que perdera o brilho no olhar.

— Por que diz isso, senhor?

— A mocinha, vocês jovens podem não saber o que isso significa, estão sempre ocupados demais, com coisas passageiras, para perceberem o que realmente interessa. — Ele fez uma pausa, para tomar fôlego, e Lucy ainda o olhava atentamente, curiosa em saber o tinha a dizer. — Sabe, eu trabalhei metade da minha vida, nestes corredores, e jamais me cansei. Mas isso sempre teve uma razão, e ela morrera há dois anos. Nós nos conhecemos em outubro de 1960, e nos apaixonamos. Lembro como se fosse ontem, ela era linda, aqueles olhos azuis que me lembravam tanto o oceano. No começo foi difícil convencê-la de meu amor, mas no final consegui. Casamo-nos, e vivemos assim por 50 anos. Ela me amava e eu a amava, não importava mais nada, nossa vida era simples e nem sempre as coisas foram fáceis, mas mesmo assim, enfrentamos todos os obstáculos, que surgiam. E algumas semanas antes dela me deixar, passávamos horas e horas, juntos, como se o mundo não existisse. Agora me diga criança, qual o sentindo de eu continuar vivo, se o motivo da minha existência não está mais comigo? — Ele abaixou a cabeça, e naquele momento, as lágrimas, que há muito tempo queria ser liberadas, em fim conseguiram. Lucy chorava, mas mantinha seus olhos, naquele homem, que vivera uma história de amor tão linda. Será que um dia algo assim aconteceria com ela?

Ela não sabia muito bem o que dizer á aquele homem, então esperou. Quando seus olhos se encontraram novamente, ela sabia como a sua dor, lhe machucava o peito, ela não entendia como, mas aquilo estava dentro dela. Depois de alguns minutos que ali estavam aquele senhor se apresentou como Jorge. Por mais que fosse uma pessoa muito mais velha que Lucy, ficaram ali conversando por horas, como se fossem grandes amigos. Jorge contou-lhe como era sua vida com sua falecida esposa, Catarina. Lucy lhe contou de sua convivência com seus pais, e por mais que já havia ouvido aquelas palavras milhões de vezes, vindas de Jorge, ela até conseguia acreditar.

— Criança, acredite, não tive filhos meus, por minha querida Catarina não poder ter. Mas seus pais a amam, apesar das escolhas que tomem.

No fim da tarde, Jorge disse que precisava ir, e Lucy prometeu-lhe que continuaria a visita-lo quando melhorasse. Havia algo naquele homem, tão sábio e sofrido, que ela simplesmente sabia, que era o amigo que precisava, aquele que sempre procurou em ter.

Arya veio visita-la depois do jantar, com muitas novidades.

— Acho que não te contaram quem lhe carregou até a enfermaria não é? — Não havia sorriso em seu rosto, o que deixou Lucy aflita, ela não era exatamente uma pessoa séria.

— Não, não sei. Marcus?

— Não, aquele cara novo, que eu estava conversando. Daniel.

Lucy prendeu o fôlego. Então esse era o nome dele. Daniel. Quando percebeu que Arya a olhava desconfiada relaxou sua expressão, por que também, não havia motivo para se sentir assim, ela nem o conhecia.

—Acho que isso não é nada demais. Poderia ter sido qualquer um. — Arya concordou, mas ainda continuava séria. — Mas, aquele dia antes do meu pequeno incidente, você foi conversar com ele, e depois?

—Nada, quer dizer, aquilo não foi realmente uma conversa. Ele parecia tão distraído que nem me respondia às coisas corretamente. Talvez ele não se interessou por mim.

— Você não sabe, talvez esteja enganada.

— Quem sabe, mas isso não faz muito diferença, a uma pessoa bem mais interessante para mim, do que Daniel. — Luce olhou para ela, mas não havia nenhum sinal de brincadeira, Arya parecia não querer contar quem era esse alguém que a interessava, então não insistiu, resolveu mudar de assunto.

Ficaram ali, conversando por horas, sobre coisas do dia-a-dia, pessoas que conheciam, mas não voltamos ao assunto Daniel. Por um momento Luce tentou descobrir o que estava acontecendo com ela, aquela sensação que não conhecia.

Depois que Arya foi embora, a enfermeira veio avisa-la que poderia ir embora logo de manhã.



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