É o fim de uma jornada. O começo da minha nova vida. Finalmente me formei na escola de Magia e Bruxaria. O Expresso de Hogwarts  anuncia no horizonte sua chegada. Está na hora de partir, uma última olhada para o castelo, para seus longos jardins, o imenso lago negro, e as árvores da sombria floreta proibida. Os alunos se amontoam na plataforma, prontos para partirem. Sorrisos, abraços, lágrimas, apertos de mãos, todos emocionados. Em meio a toda a agitação me congelo presa a um único olhar. Um olhar frio, mas que brilha molhado por uma única lágrima. Olhos que sempre me observaram. Seguiam-me durante a ronda noturna, me seguiam pelos desertos corredores do castelo, olhos frios, vazios, mas que sempre me hipnotizavam.

- Você não vem? – Harry relutante por ter que ir embora me perguntava, enquanto todos entravam no trem.

- Vão à frente, eu já encontro vocês. – Dei-lhe um sorriso singelo para que ele prosseguisse.

A plataforma foi se esvaziando, até restarem apenas ele e eu. Seu olhar ainda era fixo e frio. Elegantemente ele caminhou até mim, sem dizer uma única palavra ele me abraçou. Seus braços me envolveram por completo, seu doce perfume invadiu-me, desorientando meus sentidos. Ele soltou-me de seus braços e selou suas mãos as minhas, comparando em seguida o tamanho. E como que se fosse um sonho, tocou seus lábios aos meus. Bastava apenas um simples toque para eu me arrepiar toda. Ele me deu o seu sorriso irônico de costume, afastou-se e caminhou para o trem, sem olhar para trás. Como havíamos combinado. Sem despedida.

Esperei que ele entrasse para seguir meu caminho. Andando pelo corredor apinhado de alunos agitados, procurava pela cabine dos meus amigos, quando uma garotinha do segundo ano puxou-me o casaco para chamar minha atenção.

- Você deixou cair isso. – Ela entregava-me um envelope comum.

- Obrigada. – Antes mesmo de abrir eu já sabia quem me enviara, a caligrafia delicada e perfeita denunciava o autor, mesmo que eu não reconhecesse a caligrafia, jamais poderia deixar de reconhecer o aroma que dela exalava, sim era ele. Procurei por uma cabine, onde eu pudesse ficar só para lê-la. Por sorte ou acaso do destino, assim que me virei para procurar a encontrei. Entrei cautelosamente e a tranquei por dentro. Abri o frágil envelope que continha meu nome. E comecei a ler:

Garota da Grifinória

Desculpe-me por não cumprir com o que me fez prometer. Jamais devia ter feito essa promessa tola. Desculpe-me também por levar tanto tempo para lhe dizer o que no final dessa carta lhe direi. Tanto tempo perto de você, tempo esse que eu desperdicei apenas lhe maltratando. Eu devia ser cego por nunca ter enxergado em você a garota perfeita que hoje vejo. Sei que não tenho o direito de lhe dirigir a palavra, muito menos de pedir o que vou pedir. Eu não posso continuar fingindo que não te conheço, quando tudo o que mais quero é conhecê-la mais e mais. Qualquer lugar. Escolha e irei com você. O que não posso é viver sem você. Estamos partindo, pegue minha mão, e partiremos juntos. Nós estaremos à meio caminho para qualquer lugar onde o amor é mais do que apenas o seu nome. Eu sonhei com um lugar para você e eu. Ninguém sabe quem somos lá. Tudo o que eu quero é dar minha vida apenas a você. Eu sonhei por muito tempo, não posso mais sonhar. Vamos fugir, te levarei lá. Não há motivo para contar para os outros. Então, pela luz do dia nós estaremos à meio caminho para qualquer lugar, onde ninguém precisa de um motivo. Esqueça essa vida, venha comigo. Não olhe para trás, você está a salvo agora. Venha comigo, pois Eu Te Amo. Você é e sempre será a única em meu coração, pois meu coração sonserino, bate apenas por você garota grifinória.

Qualquer lugar, e estarei esperando por você.

Garoto da Sonserina

Seus olhos marejados, não suportaram ler. Ele finalmente disse. Depois do útimo encontro enre eles, para ela havia ficado bem claro que tudo não passara de um erro. Duas pessoas completamente diferentes, dois corações solitarios. Tudo começou quando seu romance com seu melhor amigo estava fragilizado. Ele a reconfortou, lhe deu luz quando ela estava em completa escuridão. Foram flertes, brincadeiras, richas, joguinhos de sedução. Desde o começo ela imaginava que sabia onde estava se metendo, mas as coisas foram ficando mais intensas, e surgiram sentimentos. Sentimentos que ele não soube lidar. Ela teve que escolher entre um antigo amor e uma nova paixão. Ela lhe deu uma chance para que ficassem, mas ele não conseguiu. Tudo o que ela lhe exigiu foram apenas três palvras, sete letras, uma pequena frase que significava muito, mas ele não conseguiu.

Ela o abandonou e escolheu tentar mais uma vez pelo seu antigo amor, mas faltava-lhe algo. Precisava preencher o vazio em seu peito. Ele a procurou novamente, e implorando ela pediu para que ele prometesse que iria se afastar dela. E assim o fez, até hoje. Ela tinha tudo planejado, iria embora de Londres, não aguentaria viver perto deles. Tudo ali a fazia sofrer. Ele a fazia feliz, mas também a viciava aos poucos. Seu amor era como uma doce droga. A mantinha bem, mas a matava aos poucos. Ela precisava tentar não ceder. Ficou ali naquela cabine até que chegasse a hora. Assim que o trem parou ela se foi. Fugiu sem olhar para tras, sem olhar para ele.

O tempo cura as feridas que devem ser curadas. O tempo amadurece sentimentos eternos. O tempo sempre se encarrega de concertar as coisas.

Fugir não resolveu seus problemas. Um dia quando seus pensamentos vagavam longe ela se imaginou com ele, em um lugar qualquer. Cansada de fingir para si mesma, ela aparatou sem destino, apenas um lugar qualquer. E lá estava ele, como prometerá, em um lugar qualquer a esperando. Naquele lugar qualquer, selaram juntos seus destinos, pois ali não existiria sonserino e grifinória, apenas um amor que ia além de seus nomes ou casas.