Deadhills escrita por Black Lotus, Daniel Cronwell


Capítulo 2
Lavinia - Prólogo




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Lavinia


Preparo minha xicara de chocolate quente e sento-me no sofá em frente a televisão.

– Bom dia feioso! – Matt arqueia uma das sobrancelhas ao me olhar – Iai? Não vai ao jogo hoje?

– Bom dia Lavinia! Sua simpatia me comove – Matt abre um sorriso largo como se tivéssemos compartilhado uma piada, que de fato era verdade, pois meu irmão não era nada feio – Vou me trocar. Brenam vem me buscar daqui a pouco, quando ele chegar me avise. – Matt caminha em minha direção, passa a mão direita sobre meus cabelos bagunçando-o e me dirige um beijo em minha testa, depois some ao entrar em seu quarto.

Eu e meu irmão moramos juntos numa pequena fazenda um pouco afastada da cidade, rodeada por uma cerca feita de madeira, e logo atrás, milhares e milhares de árvores, com apenas uma estrada que nos leva em direção ao centro. Fomos criados pelo nosso pai, que veio a falecer a alguns anos atrás. Um de seus robes preferidos era caçar nas redondezas, e pescar em um dos lagos próximo a nossa propriedade, ele não pode deixar de repassar o aprendizado dessas habilidades para os seus filhos, mais Matt pouco se importou. Matt, meu irmão, é jogador de um pequeno clube e baseball pouco reconhecido, não sei se é hobby ou é realmente um emprego, de qualquer maneira ele consegue trazer uns bons trocados para casa. Já eu, logo que terminei o ensino médio arrumei um emprego num mercado, não é lá essas coisas mais da para sustentar nós dois.

Ouço o som de motor vindo do lado de fora da casa.

– Matt, acho que Brenam chegou! – Grito da sala.

– Já vou, já vou! – Matt passa correndo em direção a porta – Chau maninha! – Se despede antes de sair.

Espreguiço-me vagarosamente no sofá, vamos lá Lav mecha essa bunda preguiçosa daí, ordeno a mim mesma para que isso me motive a começar a me arrumar para o trabalho. Levanto-me do sofá e vou direto ao banheiro tomar uma chuveirada gelada para despertar, me visto com uma blusa regata roxa e uma calça jeans e prendo meus longos cabelos pretos em um rabo de cavalo. Pego minha mochila e as chaves da picape que estão penduradas perto da porta, antes de sair de casa percebo que esqueci a televisão ligada. Estou movendo minha mão em direção aos botões do controle remoto quando ouço a repórter: As autoridades recomendam que os habitantes de Sacramento permaneçam em casa para sua segurança. Daqui a pouco estaremos trazendo mais informações ao vivo diretamente das ruas.

Sento-me no sofá curiosa, logo após quinze minutos de espera podemos ver outra transmissão. A reportagem começa mostrando o engarrafamento na estrada principal do centro da cidade, milhares de pessoas desesperadas em seus carros querendo voltar para a segurança de suas casas. Depois corta para outro repórter que está entrevistando um policial, logo a frente deles pode-se ver seis corpos enfileirados, jogados ao chão com uma lona branca os cobrindo, um dos corpos começa a se mover repentinamente e os outros o seguem, por fim todos se ergueram do chão e estão caminhando em direção as pessoas. Começa um tiroteio, o mais próximo deles ataca um policial mordendo seu ombro, por fim é transmissão é cortada.

– Matt! – Grito para as paredes.

Pego meu celular e tento ligar para o meu irmão. Ninguém atende. Entro na picape dirigindo em alta velocidade até o centro, quando sou forçada a diminuir o ritmo por causa do engarrafamento.

– Droga, droga, droga, droga! – Dou um soco no volante.

Algo bate na janela do carro, a minha esquerda. O homem desesperado com o braço ensangüentado continua a bater no vidro, por alguns segundos fico o encarando sem reação, até que seu corpo despenca ao chão. Saio do carro. Há uma garotinha em cima do corpo do homem gritando: Pai! Pai! Ela segura na barra da minha calça dizendo: Ajude meu pai, ele precisa ir para o medico!

Fico sem escolhas, e sou forçada a colocar o homem na caçamba da picape, a garotinha senta-se na frente comigo. Dou ré no carro e subo a calçada dobrando em uma das ruas. Dirijo o mais rápido que eu posso sem jogar o pai dela pelos ares, dobro outra rua, a menina toca o meu braço dizendo: Moça! Meu pai não esta bem. Acalme-se, estamos quase lá, digo. Nesses poucos segundos de distração percebo que meu carro está quase a ponto de atropelar dois garotos e um cachorro. Enfio o pé no freio rapidamente, a picape estremece e derrapa antes de parar. Saio do carro batendo a porta, e corro em direção a um dos garotos.

– Ai meu deus! – Estendo a mão para o ele – Você está bem?!

– Sim... – O garoto de pele morena segura a minha mão e se põe de pé – Foram só alguns arranhões.

– Graças a deus! – digo esbanjando um sorriso aliviada - SEU MALUCO! COMO VOCÊ ANDA NO MEIO DA RUA ASSIM! – chuto a sua canela e o empurro de volta ao chão.

A garotinha sai do carro vindo em minha direção.

– Moça! Moça! Meu pai está estranho! Ele está piorando! Por favor nos leve ao hospital!

– Tudo bem! – Respondo.

A garota está caminhando a minha frente em direção ao carro quando seu pai cai da picape com a cara no asfalto. O homem se levanta de uma forma estranha.

– Papai! – disse a menina – Você levantou! – começa a correr na direção de seu pai.

– Segura a menina! Ele está infectado! – grita uma voz atrás de mim – Lobo, pega!

Salto para frente puxando a garota pelo braço rapidamente. Um cachorro salta com violência em cima do homem fazendo-o cair, então o garoto sai correndo há minha frente com um facão em punho.

– NÃÃÃÃÃOOOOOOOOO! – a garotinha se debate em meus braços tentando se desprender.

O garoto fincou a faca no pescoço do homem, fazendo com que o sangue espirra-se para ambos os lados, mais não conseguiu arrancar sua cabeça. Com uma de suas mãos o homem segura o tornozelo do garoto, mais o cachorro foi mais rápido investindo contra ele e arrancando sua mão em uma mordida. O garoto se prepara para dar mais uma facada, a cabeça do pai da menininha rola pelo chão ao se desprender dos ombros. Relaxos os braços dando espaço para a garota sair, ela corre em direção ao menino que esta com facão, chorando e lhe dando socos.

Sento-me no asfalto, ofegante. Esta tudo acontecendo muito rápido, onde eu fui me meter? Penso, bom, preciso achar meu irmão e rápido! Levanto decidida. Estou caminhando em direção ao carro pronta para sair dali quando ouço: Eii, a onde está indo? Diz o garoto do facão.

Dou de ombros.

– E a menina?

– Ela não é mais minha responsabilidade! Preciso achar o meu irmão! – Falo ao fechar a porta da picape.

–Claro que é sua responsabilidade! Ela não tem mais pai! - Argumentou

–Você o matou. Boa sorte com a pequena. – Disse enquanto ligava o carro.

O garoto enfia o braço pela janela e arranca a chave de ignição.

–Se o matei foi para salvar isso que você chama de vida. Querendo ou não estamos juntos agora. – Em sua voz havia um tom de irritação. Ele segura a garota pelo braço e a joga dentro do carro, em seguida o garoto rechonchudo sobe na caçamba junto com o cachorro. O garoto contorna o carro e senta-se ao meu lado. Olho furiosa para ele desaprovando seus atos. Ele estende sua mão, entregando-me a chave como se tivesse feito um grande favor.

– Agora vamos. Temos que achar o seu irmão.
Com isso ele estendeu a mão e disse: Prazer, Jack carter.
-Lavinia Agnel.-Disse irritada sem olha-lo nos olhos.



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