Jack

Quando o garoto alto e moreno com os mesmos olhos de Lav a abraça, não entendo o que possa estar acontecendo, mas quando Lavinia se vira com lagrimas nos olhos e se agarra ao seu pescoço começo a entender do que se trata, era o irmão de Lav!

–Achei que nunca mais ia te encontrar! –Chorou Lav.

–Não se preocupe Lav! –Disse afagando os cabelos da garota. –Nunca mais te deixarei.

–Onde você esteve! –Perguntou incrédula.

–Quando o ataque estourou, alguns de nós estavam chegando no estádio! E a maioria do time estava infectada! Ao passar do tempo eu e Cooper achamos mais sobreviventes! E acabamos voltando para a casa na fazenda.

–Matt, esse e o Jack. Ele foi um dos primeiros sobreviventes que encontrei. E um grande amigo. –Falou sorrindo na minha direção. –Até salvou minha vida.

–O que e isso Lav, não foi assim! Você teria conseguido se livrar, alem do que você me salvou muito mais que isso!

Parece que a felicidade que Lav esta sentindo abrandou um pouco minha raiva, ela encontrou a sua família, isso me faz pensar na minha mãe. Ainda sinto algo sobre o que Lavinia fez com Mel. Não posso julga-la, na verdade, eu concordo com ela. Mas mesmo assim. Lavinia parecia mais feliz a cada segundo, nos três voltamos para o os carros, eu na frente e Lav agarrada ao braço de seu irmão. Nosso acampamento improvisado agora se tornava visível, a alusão de um novo sobrevivente coloca a todos de pé, alguns com armas, como da vez que eu próprio cheguei.

–Quem é esse ai agora? –Pergunta Jinn com suas boas vindas habituais, de arma na mão.

–Bom, pelo que parece e o irmão da Lav. –Digo me sentando ao lado de lobo.

Lobo olha para o novo integrante com certa desconfiança da algumas passadas rápidas e atinge o perímetro de Matt, ele da um passo para trás em desconfiança, ele olha para Lav em busca de ajuda, e ela simplesmente sorri e dá de ombros. Lobo da mais uma volta e volta para o meu lado.

–Se o Lobo diz que tá tudo bem! –Digo em voz baixa.

Jinn continua com seu modo desconfiado de forma que não guarda a arma.

Matt começou a contar sua historia e de seu grupo de sobreviventes, duas mulheres, e vários homens, a maioria capazes de lutar, mas apesar disso encontraram poucos infectados pelo caminho. A casa dos dois não é longe do nosso cemitério improvisado. O terreno era imenso, de forma que depois de entrarmos na propriedade, a casa não era grande, mais parece que o irmão de Lav tinha deixado a casa nos trinques por todos esses anos. Era uma construção de madeira rudimentar, mas muito bela, tinha apenas um andar, mais a chaminé e as telhas de argila vermelha faziam parecer que a casa tinha saído de uma tela renascentista. Paramos a ambulância e o jipe do lado de um outro carro e uma minivan, quando entramos demos de carra com o que devia ser o Lean. Alto, pele branca e Dreads. Estava tocando um violão e cantando com uma voz macia e aveludada, ao seu lado um outro rapaz que devia ser do time de Matt, pois usava um boné vermelho igual ao dele. No outro sofá existia um policial completamente fardado, com um livro na mão e um gato estranho no colo.

–Tio Steve? –Disse o gordo se acotovelando conosco para entrar na sala. O garoto de dread parou de tocar. –Tio! –Ele correu para o policial.

–Jefferson! –Disse fechando o livro e expulsando o gato para o chão.

Eu olhei para Lav com uma sobrancelha erguida e falei sem som. “Jefferson?” Ela riu em voz baixa e me mandou calar a boca.

–Tio! Jefferson e meu pai! –Riu.

–A, bem. Vocês são tão parecidos que nunca fiz questão de lembrar seu nome!

Gordo não pareceu nem um pouco abalado, parece que aquela piada, já durava anos. Mais uma vez me via lembrando de minha mãe, parece que todos estão reencontrando seus parentes. O garoto de dread soltou o violão e pediu em uma voz cantada para que todos nos reuníssemos na sala. Então apareceram dois homens grandes da porta que vinha da cozinha, um homem mais velho, de uns quarenta anos, com um machado apoiado no ombro, e do seu lado mais um do time de Matt com os braços abarrotados de lenha. Duas mulheres surgiram de algum quarto, seguidas por uma criança que aparentava ter a mesma idade de Mary. A maioria parecia olhar conosco com indiferença, mais alguns nos olham com desdém. Lobo avistou um saco de peles deitado no chão, quando se aproximou, o gato se desenrolou e o arranhou no focinho, e saiu chiando .Lean foi o primeiro a levantar e nos dar as boas vindas, abraçou afetuosamente a todos, ate que parou em Scott, e perguntou o que aconteceu.

–A, foi um zumbi diferente, ele era muito gordo e... –Não consegui continuar.

–A! O especial! Aqui nos só o chamamos de Boomer! Ele te acertou nos olhos não foi? –Riu o amigo de Matt, o que devia ser Cooper. –Não esquenta cara! Isso passa logo logo! Ele me acertou a algum tempo!

Scott parecia visivelmente feliz com isso, cruzei a sala para ver uma enorme cabeça de veado presa a parede acima da lareira, com uma foto de uma pequena Lav segurando um peixe com a metade de seu tamanho, com uma copia mais velha de seu irmão, que devia ser seu pai. Com o tempo descarregamos as armas e as comidas, mais algumas pessoas continuavam desconfiadas. A noite se aproximava, então decidimos como seria a divisão de quartos, pelo que parecia, haviam colchões e colchonetes para todos.

–Que tal homens do time no quarto do Matt, as mulheres no quarto da Lav, o resto pode dividir o quarto dos pais da lav! –Alguém sugeriu.

Lav ficou visivelmente desconfortável, de modo que seu irmão precisou resolver a situação, argumentando que o quarto não era usado a muitos anos, e foi deixado intocado desde a morte de seus pais. Lavinia ficou aliviada quando a sugestão caiu.

–Que tal assim? Lav e as outras mulheres no quarto dela, os caras do time com o Matt, eu, Leon, Jinn e o Gordo ficamos na sala, e aproveitamos e ficamos de guarda. –Sugeri. –Você se importa Leon?

Ele assentiu com a cabeça e um sorriso, eu começava a gostar de Leon. Foi então que o outro garoto do time avançou e me levantou pelo colarinho, dizendo que eu ianda estava muito abaixo da cadeia alimentar para poder sugerir algo. Essa historia de ser levantado por qualquer um já estava me deixando irritado, mas agora não tinha lav para ajudar, estava entorpecida pela felicidade com o irmão. Felizmente já estava pronto para isso. Com o pé apoiado em seu peito me impulsionei para trás, jogando seu corpo para frente e eu mesmo para trás. Por um erro de calculo dou um mortal e caio sobre um joelho. Para os outros que estavam olhando, foi uma visão digna de filmes de ação, mas para mim foi uma dor terrível. Sentei no seu peito, prendendo as mãos dele com os pés. Sua respiração estava muito prejudicada com todo meu peso. Mais uma vez saquei a pequena faca na minha panturrilha. Essa faca e mais usada para ameaças consegui perceber.

–Então caro rapaz. -Sorri como um maníaco, me lembrando de Liz. –Quem e que esta no topo? O jogador marrento, ou o assassino? –O comentário me fez lembrar do que Lav me disse.

–Vamos botar ordem no galinheiro! –Gritou o tio do gordo. –Jack, eu aprovo sua ideia, sempre e bom ter alguém de olho. E quanto a você, eu teria cuidado com esse garoto! –Riu olhando para o jogador no chão, branco de medo.

E assim se passou o resto da noite, eu pensando na família que perdi, na família que ganhei, e na que novamente perdi. Lav, com sua nova e feliz família, Liz que perdi por sua bondade. Lobo se juntou a mim no meu colchão, pelo menos ainda tinha o pelo quente dele para me aconchegar.