Abro meus olhos. Estou sentada no chão. Algo duro, mas confortável, apóia minha cabeça. O ombro de Mello. Na verdade estou sentada em seu colo como se fosse um bebê.  Dormimos no quarto de Near. Aliás, todos nós dormimos. Íris e Matt estão abraçados, deitados e dormindo ao nosso lado. Yuki está estirado no chão, a cabeça apoiada num travesseiro. Beyond já acordou e L dorme "sentado" na poltrona do quarto.
- B? - Sussurro. É agora que ele me conta tudo.
- Katherine. - Porra, como ele sabe meu nome?! Sinto meus Olhos se arregalarem novamente. O assassino me encara com as orbes vermelhas.
- Como sabe meu nome? Não tem nenhum registro dele. Ao menos não no Wammy's.
- Algum dia te conto. Quando se encontrar em uma situação na qual possa compreender.
- B! Por favooor! - Ele faz que não coma cabeça. - Ah, que se dane.
Viro o rosto para o peito de Mello e tento me aconchegar em seu colo, querendo mais proximidade. É confortável me deitar no colo de Mello. É quente. Bom. E o cheiro de chocolate que emana dele é inebriante. O sono volta a me tirar da consciência.
d(^-^o)
Volto a acordar sentindo ser observada. O negrume dos olhos de Mello me olha suavemente. Ele me recebe com um selinho.
- Bom dia. - A voz de Yukiteru é mal humorada, provavelmente por causa do beijo que ele acaba de presenciar. Kami-sama, por que isso? Nem somos irmãos de verdade! E Mello... Não tem porque me proteger de Mello. Ele jamais me prejudicaria. Até Near já se convenceu de que o amor que nós temos é, por enquanto, completamente puro.
- Olá, Yukiteru-kun. - Respondo sorrindo. Mello faz questão de me abraçar com mais força ainda. É nestes momentos que o acho exagerado.
- Olá- Diz o louro.
- Onee-chan? - Near acordou também. Deve ter sido o horário. São 8:27, exatamente a hora em que ele sempre acorda, independentemente de sua condição de saúde ou psicológica.
- Ne-Ne! - Levanto e olho para ele. - Está se sentindo melhor? Quer água?
- Estou melhor. Na verdade estou com um pouco de fome.
É impossível deixar de sorrir. Near, de acordo com todos aqui, não come há dois dias.
-    E o que quer comer?
-    Talvez alguns biscoitos de água e sal. Não me sinto bem para comer algo mais pesado que isso...
-    Tudo bem então – Saio do quarto e me dirijo para o primeiro andar. Sou impedida de entrar na cozinha por uma pequena menina de cabelos ruivos cortados na altura dos ombros. Ela olha para mim. Pequenas sardas enchem suas bochechas sob os olhos azuis. A pequena Leila, amiga de Near. É a única além de mim com quem meu irmão é ao menos um pouco aberto. Talvez seja por ela ser mais nova que ele. Independentemente do motivo, eu realmente gosto de Leila por causa disso.
-    Olá, Leila. Como vai?
-    Bem. E Near? Ele está melhor? Não pude ir vê-lo ontem... Por causa das aulas, sabe? E estamos em época de provas.
-    Sei... Ele está melhor. Até pediu para comer agora há pouco. Estou indo à cozinha pegar algo para ele.
-    Isso é bom. Quando fui vê-lo pela última vez ele mal falava. Só dizia “Onee... Chan”, seja lá o que isso for... Mas Mello disse que ele estava delirando e que só nós estávamos no quarto. Não entendi ao certo quem ele chamava. – Ela diz tão rápido que mal posso distinguir as palavras.
-    Oh. É, me falaram que Near andava delirando. – Digo ao lembrar da curta conversa que tive com Roger. – Ele estava chamando por mim.
-    Oh. – Ela sorri. – Bem, diga que lhe desejo melhoras. E mais tarde irei lá para ver como ele está. – Às vezes tenho a sensação de que ela gosta de Near.
-    Obrigada. Todo apoio é muito bem vindo. Near com certeza vai gostar de falar com você. – Sorrio para Leila e ela se afasta, indo para as escadas. Vou para a cozinha e pego o que Near pediu, voltando para o quarto em seguida. Só espero que ele consiga manter isso no estômago, porque senão teremos de hospitalizá-lo para que ele se alimente...
Near está sentado na cama. Isso é bom, agora ele está com fome, falando e se sentando. A febre deve ter baixado bastante.
Dou um breve suspiro. Matt provavelmente está certo. Near está em depressão por causa de minha ida.
Por um instante, não consigo evitar uma profunda raiva por causa do que Tomoya, Kyou e Yuki fizeram conosco.

)OoO(

PDV Yukiteru.

Kim sai do quarto para atender o pedido do irmão mais novo. O ruivo, a morena e os aparentes gêmeos me abandonam com o louro estressado e o Near. Uma pena que o doente ainda não esteja em condições de manter um dialogo descente, porque o namorado de Kim me olha com uma expressão realmente assustadora.
-    Qual exatamente é o seu problema? – Pergunto.
-    Nesse momento? Você. E o fato de Near estar mal.
-    E por que eu sou um problema?
-    Adivinhe. E eu tenho mais coisas nas quais pensar além do dito irmão mais velho da minha namorada que resolveu ser superprotetor.
-    Talvez devêssemos fazer como naqueles filmes românticos, onde o pai e o namorado da protagonista conversam sobre seus problemas e fazem as pazes. – Sugiro. “E, com sorte, concordam que é melhor que haja uma separação do casal”. Mello, acho que é o nome dele, suspira e se senta no chão.
-    Muito bem. Acho que é melhor do que silêncio absoluto. – Ele sorri sarcasticamente.
-    Sim. Agora comece me falando porque é tão irritado.
-    Minha personalidade. Sabe como é. E você, por que insiste em querer interferir na minha relação com Kim?
-    Por que sou o irmão dela. – Não é isso que um irmão mais velho deve fazer? Proteger a irmã mais nova da influencia de pessoas como Mello?
-    Ela tem quatorze anos... Sabe se decidir sozinha. Assim ela vai te odiar para sempre.
-    Ou não.
-    Enfim, isso está me entediando. Acho que concordamos em ser inimigos.
-    Sim.
“Isso sim foi uma boa conversa”, penso sarcasticamente. Mello volta sua atenção para Near, que se sentou na cama e passou a nos ouvir com atenção.
-    Sente-se melhor, albino?
-    Um pouco. – Ele responde. Pergunto-me por que o louro cuida do irmão de Kim. É por que ela pediu, por lealdade a ela, ou por ele realmente gostar do pequeno?
Meus pensamentos são interrompidos pela porta que se abre, deixando que Kim entre no quarto.