Distância escrita por Ushio chan


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Ei, gente! Como vão? Este capítulo é para aqueles que possam estar interessados na Ushio e no Ino.
Aliás, esse capítulo foi escrito pelo INOVADOR, que me obrigou a colocar-nos na fic : KKKK.
Eu só reescrevi, adaptando um pouco para o meu estilo de escrita, e fiz o final (a partir do fim do flashback da Ushio).
Valeu, Ino-kun! Estava completamente sem ideia para escrever e esse cap é dedicado a você!
Boa leitura, pessoal!



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Flashback P.D.V. Ushio

Meu nome era Mei. Ibuki Mei. Mas poucas pessoas me reconhecem por este nome, apenas os que conheci enquanto o usava. Nunca gostei que soubessem meu nome de verdade. É algo intimo demais.

 Sempre fui uma menina muito esforçada, ao menos ao meu ver. Meus pais também pensavam assim. Até meus professores me elogiavam muito pela minha inteligência, faziam até piadas sobre eu emprestar esta inteligência para outros alunos. Eu, não sendo sempre muito humilde, ao menos para mim mesma, me considero muito inteligente. Ainda assim, penso que, talvez, mas só talvez, os outros se façam de burros. Eles não podem ser assim tão idiotas… Podem?!

Para mim, quase tudo na vida é baseado na ciência e na lógica. Quando não, é baseado em sentimentos. Mas isso me parece tão raro que prefiro não sentir, só pensar. Entretando, ironicamente, não consigo me ver como uma pessoa racional como Temperance Brennan, do seriado “Bones”. Por quê? Porque, quando consigo encontrar um sentimento, eu o sigo até o fim. Claro que levo meu cérebro junto quando sigo um conselho do coração, mas jamais deixo de ir quando uma emoção me chama.

Nunca fui uma pessoa alta. Mesmo. Nunca fui a mais baixa da sala, mas também estou longe de ser sequer alguém de altura mediana. Meninas de estatura normal, aos quatorze anos, têm em media 1,60, não é? Pois bém, estou dois centímetros abaixo disso. Por isso tenho complexo de altura. Não admito que me chamem de baixinha e dou valor a cada milímetro.

Meus cabelos eram, originalmente, pretos a ponto de terem um reflexo azulado. Eu realmente os achava bonitos, mas lembravam demais os de minha mãe para eu continuar com eles, de forma que os pintei de violeta. Cada fio ficou desta cor. Como os meus olhos, que foram afetados por algum defeito genético que desconheço. Não há nada de especial com eles, só que as iris são violetas. Entretanto, se tivesse de escolher algo de minha aparência para manter comigo em um outro corpo, certamente escolheria os olhos.

Nasci em Tóquio, Japão, mas minha família se mudou para o Rio de Janeiro, Brasil, quando eu tinha dez anos. Bem, ao menos eu sou inteligente e aprendi logo a falar português, ainda que com muita dificuldade de pronunciar o L corretamente. Fonemas inexistentes para mim são um saco. O pior para mim foi o fato de que sou péssima em fazer amizades. Não por culpa das outras pessoas, por minha culpa mesmo. Só as deixo se aproximarem de mim quando eu, e apenas eu, decido. Ainda assim, não sou o que pode chamar de solitária, mesmo passando muito longe de ser popular. Aliás, só me livrei do bullying porque não há nada que ninguém faça que possa me atingir. Bando de bakas. Ainda assim, sempre gostei de estar no meio de umas confusõezinhas...

Não sou rica, mas também não sou pobre. Estudo em uma escola pública, mas não me considero pobre por isso. Escolas privadas são perda de dinheiro para quem já sabe quase toda a material antes de ela ser dada. Na verdade, o mundo seria um lugar melhor e com menos preconceito se todas as escolas fossem públicas.

Tenho apenas um amigo no qual realmente confio, o qual realmente amo. Ino. Seu nome de verdade é Deivid, mas eu gosto de chamá-lo de Ino. foi um apelido meu pra ele por que ele adora fazer “Inovações” e por isso Ino, abreviação de “Inovador”.

Ele é um garoto muito extrovertido, legal, e até bonito. Talvez só pensasse assim no começo por ele ser inteligente, mas ele logo se tornou meu melhor amigo. Nossa amizade poderia ser chamada de amizade colorida, até certo ponto. Nós sempre podemos ser vistos andando de mãos dadas às vezes. Ele costuma me abraçar de um modo tão carinhoso e meigo… já até nos beijamos algumas vezes. Parece que somos um casal há séculos, mas nunca passamos de beijos e abraços ainda, nada de sentimentos… Acho. Sinto-me insegura e nova demais aos 12 anos para realmente amar Ino-kun desse jeito... Mas no Brasil tem garotas já grávidas com 12 anos… Argh! Será que nenhuma delas pensa que terá toda uma vida pela frente para isso?!

Enfim, muita gente falava sobre nossa relação pelas costas. Nunca nos importamos. Se nos amamos ou se apenas somos amigos, mesmo que coloridos, isso é problema nosso!

Quando conheci Ino, ele já só tinha a mãe. Não demorou muito, entretanto, para que, um dia, quando fomos à sua casa para fazer o dever e passar o resto da tarde assistindo nossos queridos animes e lendo mangás – estes últimos eu, inicialmente, traduzia para ele. Mas meu amigo começou a pegar um pouco de japonês ao longo dos anos. -, um homem ligasse para Ino com uma mensagem um tanto macabra. Uma mensagem que pedia uma altíssima quantia em dinheiro em troca da mãe de Deivid de volta. Deus, eu avisei tanto a Ino-kun para chamar a polícia… Mas ele não me escutava. O medo, eu acho. O medo não o deixou pensar. Ino-kun, mesmo sem cerca de 40% do total de dinheiro requizitado, foi lá para tentar negociar sozinho a liberdade da mãe. Claro que não totalmente sozinho, eu não deixei. Segurei sua mão todo o tempo enquando vimos… Enquanto vimos a bala ser disparada do revolver e perfurar o crânio da mãe de meu melhor amigo.

Creio que o termo “arrasado” seja ameno demais para descrever a situação de Deivid. Ele passou algumas semanas em um orfanato. Eu fugia do caminho de casa para ir visitá-lo às escondidas. Falávamo-nos pela janela do banheiro para que ninguém visse ou ouvisse. Na maior parte das vezes, ele apenas chorava e eu tentava tirar sua mente de pensamentos ruins sobre “ser sua culpa”.

Três semanas depois do incidente, no entanto, percebi que meus pais gostavam de Ino-kun tanto quanto eu. Eu perguntei para eles se estava tudo bem e… Eles o trouxeram para morar conosco. Nunca o vi como um irmão. Certamente o amo muito, mas algo dentro de mim diz que esse amor é só 85% fraternal. Bem, nós vivemos em família durante dois anos. Deivid superava um pouco da dor a cada dia. Bem, na verdade, com minha companhia, ficava muito difícil para ele pensar na dor. De vez em quando eu via de relance uma expressão de dor em seus olhos, mas logo o reanimava novamente. Sei que ele sofre, mas faço o possível para aliviar esta infelicidade.

Entretando, dois anos depois deste incidente, eu entendi o verdadeiro significado de “infelicidade”.

PDV – Ushio: O incidente. 

Estávamos indo juntos para casa depois da aula. Era uma tarde de sexta feira e nós íamos passer o resto da tarde assistindo “Clannad After Story”, o anime que deu a Ino-kun a inspiração para meu apelido. Ele acha que minha voz é incrivelmente infantil e, por isso, passou a me chamar de Ushio. Entretanto ele amava usar pronomes de tratamento em japonês, de modo que logo virei “Ushio-san” e, atualmente, sou a “Shio-chan”. Ino-kun é… Ino-kun. Às vezes até o chamo de Ino-chan, mas só quando um de nós está triste ou quando vou lhe pedir um favor.

- Ei, Ino-kun, entendeu a regra de Krammer hoje? – Falei enquanto girava a maçaneta da porta, que era de metal pintado de branco. A porta me pareceu estranha… O simples toque na maçaneta me deu calafrios. Em especial quando constatei que não estava trancada. Ainda assim, a abri.

Entendi sim, teremos que fazer as t-tare... – Ino-kun começou a gaguejar e o olhar se tornou seco e profundo. O que está acontecendo? Quando me virei para frente, o choque me tomou. Senti-me com o mesmo tipo de olhar que Ino-kun. Na parede oposta a porta, havia marcas. Marcas vermelhas e ainda úmidas. E o cheiro de metal… Este cheiro não enganaria ninguém. Sangue. E era muito sangue para que um humano possa ter saído vivo de tal sangramento. Foi então que a verdade me tomou. Os únicos humanos na casa eram meus pais. E eles certamente não tinham sobrevivido à hemorragia.

 Ino-chan… Diga que é um pesadelo, Ino-chan…–Senti as lágrimas escorrerem por meu rosto. Deixei que meus olhos seguissem a trilha vermelha e molhada, ainda ligeiramente gotejantes. Estava indo para a sala. Deus, não quero ir lá. Não quero ver, não quero saber a verdade! Lembro de ter pensado naquela hora.– Por favor, Ino-kun, me faça acordar. – Pedi, falando em japonês. Ele já entendia o bastante e eu parecia ter esquecido o português.

Desculpe, Shio-chan. Não posso. Você está acordada.

Não… Não pode ser… - Choraminguei. - Mãe? Mããããe?! Paaaaai! –Disparei para a sala, seguindo o rastro. Nada. O rastro tinha ido para o meu quarto. A porta estava aberta e o ambiente estava coberto de sangue e de cheiro de ferrugem.– Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah! – Soltei um berro tão poderoso quando o horror que se apossou de mim quando olhei para minha cama. Um berro que denunciava o que eu vira. Ouço passos atrás de mim, mas não me viro. Este ritmo dos passos já é conhecido por mim.

 O que está acontecendo Shio-cha… – Ino-kun se interrompeu no meio da frase ao aparecer em minhas costas. – Meu deus o que é isso?! Mei… Diga que é mentira, Mei. –Implorou. Virei o rosto para encará-lo. Meus olhos continuaram a transbordar, as lágrimas de pânico, medo, terror, escorrendo por minhas bochechas enquanto os soluços me faziam pular. Como isto podia estar acontecendo?! Eu abria e fechava meus olhos com pressa para ver se tudo aquilo desaparecia, mas não havia mais como. Eu tinha perdido. Naquele dia, perdi as pessoas mais especiais da minha vida.

Ino-kun me arrastou para fora do quarto, eu não querendo sair de perto dos corpos. Levou-me para a cozinha e me fez sentar em seu colo, abraçando-me. Enfiei meu rosto em seu peito, tentando suprimir minha dor, mas não havia como.

Por que, Ino-chan, por que? Porque mataram meus pais? Eles nunca fizeram nada! Eram as melhores pessoas do mundo! Não dá para entender as pessoas! – Solucei em seu colo.

Eu não sei, Mei… Não sei. – Ele também chorava, mas tentava ser forte para me consolar. Reparei que ele usava meu verdadeiro nome.

Fim do Incidente.

Depois deste infeliz incidente, eu já não era eu. Esqueci dos sentimentos, na maior parte do tempo. Comecei a ouvir j-rock no meu Iphone o tempo todo. Passava ainda mais tempo com Ino-chan, mesmo que com um fone dentro de um dos ouvidos, já que fomos parar em um orfanato e eu amandonei o resto da sociedade.

Fim do flashback – PDV USHIO

 Após um anos tivemos que mudar de orfanato, pois o Wammy’s House nos queria. Agora estou aqui. E Ino-kun também está. Não somos mais Mei e Deivid. Somos Ushio e Ino, aqueles que juntos competirão pelo cargo de sucessores de L. Eu vou encontrar quem matou meus pais. Até sei quem fez isso, mas nunca encontraram provas o suficiente. Mas eu vou. E, quando encontrá-lo, vou lhe entregar uma coisa. Só uma coisa, mas vai mudar a vida dele para sempre. Algo que vai me colocar para sempre em seus piores pesadelos. A culpa finalmente o consumirá por dentro. E este é o pior castigo que se pode ter. Culpa.

Olho para a foto debaixo de meu travesseiro. Está toda amassada, mas nela ainda pode ser reconhecida uma família sorridente e feliz. Eu ainda tinha os cabelos lisos, negros e com um brilho azulado. A mão de minha mãe estava pousada em meu ombro. Ino-kun estava ao meu lado, me abraçando. Meu pai se encontrava atrás dele, ao lado de minha mãe. Lembro-me da ocasião. Um casamento de uma amiga muito íntima da família, no qual eu fui dama de honra ao lado de Ino-kun. Isso explica o vestido lilás e delicado com alguns detalhes de renda que eu estava vestindo na foto. Adoro usar saias e vestidos, mas nada tão estravagante quanto aquele vestido.

Pego a fotografia e a viro, lendo pela milesima vez na vida a carta que escrevi para o assassino de meus pais.

Eu sei quem você é. E o que fez. Assim como você sabe, certo,  Gustavo-kun?

Atrás desta carta está uma imagem da família que você destruiu. Minha família. Eu e o garoto somos os únicos sobreviventes, é claro. Mas você se lembra, não é, Gustavo-kun? Se lembra dos rostos deles. Se lembra de como os esfaqueou até a morte. Deve ter visto o medo nos olhos deles, não é? Espero que se lembre, porque eles jamais esquecerão de você, que os matou.

Agora que nos viu juntos, talvez entenda o que fez. O quanto isso dói. Em mim, vai doer para sempre, e para sempre espero que estejam em sua mente os rostos de meus pais.

Mei.

Só há uma coisa que pode aliviar minha dor, mesmo depois de tanto tempo. Ver a expressão de Gustavo Oliveira ao ler esta carta e ver a foto.

-  Shio-chan... O que está fazendo? – Ino entra no quarto e puxa meus fones de ouvido, interrompendo a música “Melody”, de Nightmare. – Esta carta de novo, Mei? Isso não é bom para você.

-  Deivid, fale com sinceridade. Se pudesse fazer isso, não faria com que o assassino da sua mãe se arrependesse para sempre? Porque é isso o que eu quero.

-  H-Hai, Shio-chan. Mas... Mas eu não quero que faça algo de que se arrependa depois.

-  Ino-chan, eu não vou matá-lo. Assim estaria me tornando alguém como ele. Só quero que ele se sinta culpado. Para sempre. – Ino se senta ao meu lado.

-  Mi hermosa... – Ele me abraça, falando comigo em espanhol. Eu mencionei que ele é espanhol? Pois é... Foi assim que nos conhecemos, porque nenhum de nós falava português como primeira língua. Para ele era bem mais fácil, uma vez que minha primeira língua é japonês e a dele, uma língua latina.- Pare de se torturar. Por favor. – Ele leva os lábios aos meus, beijando-me suavemente. Só fizemos isso uma vez na vida, aos doze anos. Um arrepio percorre minha coluna enquanto o beijo de volta. Mesmo sendo o segundo beijo de minha vida, isto já não me é assustados. Estou acostumada a contatos muito íntimos vindos de Ino. Não sexualmente,  claro, temos 15 anos, mas nossa amizade é colorida, ainda que de um jeito inocente de ser.

-  Ino-chan... Gomenasai... Eu não consigo. – Digo depois do beijo, deitando a cabeça em seu peito. Meu amigo se deita na cama, acariciando meus cabelos violetas.

Algum tempo depois,  destistimos de ficar deitados sem fazer nada e começamos a fazer palavras cruzadas enquanto escutamos música no meu iPhone. A tarde passa rápido. Logo Íris e Kim voltam e expulsam Ino-kun para que possamos tomar banho antes de descer para o jantar.


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Notas finais do capítulo

Curtiram? Espero que sim! deixem reviews, por favor.
Eu fiz vocês esperarem muito? Espero que não...
Uma pergunta, respondam nos reviews, vocês estavam curiosos sobre a Ushio e o Ino?
Outra pergunta, querem que haja mais momentos de casais que não KimxMello? Quais?
Só querendo satisfazer vocês, amores!
Outra coisa: Tenho 7 leitores e só o Inovador, a Ayame Kioshi e a Sarah comentam (AMO os seus reviews, Sarah, Ayame-chan e Ino-kun! Vocês são as pessoas que me dão a motivação para continuar escrevendo!)
Bem, BEIJOS!