Distância escrita por Ushio chan


Capítulo 11
Sonhos.


Notas iniciais do capítulo

Oiê. Cá estou eu, postando durante a abertura das olimpiadas (que por sinal eu achei meio desiteressante, mesmo que bem feita).
Leiam aí a primeira referência que faço à Death Note.
Boa leitura.



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(…)

Ótimo. Você está conseguindo pensar. Espere a resposta. Se ele faltou a aula é provável que esteja apena fazendo alguma besteira por aí. Senão, Kim... Talvez seja melhor preparar a si mesma e aos outros moradores da casa.

***

Fico aterrorizada com o que Beyond diz. Yukiteru… Morto? Será possível? Mesmo depois de ter brigado com ele, mesmo com sua implicância com Mello, mesmo não o vendo como irmão mais velho, Yuki é meu amigo! Ele não pode ter morrido, não vou aguentar isso. Fecho os olhos e rezo para que ele tenha faltado enquanto pequenas lágrimas enchem a parte interna das pálpebras. Mas não vou chorar. Não vou chorar. Tenho que me manter pensando. Se eu não pensar não terei a capacidade de agir direito.

- Kim? Ainda está na linha? – A voz mudou outra vez. Agora quem fala é Íris.

- Estou.

- Kim, vai ficar tudo bem, ok? Ele vai aparecer. O máximo que vai acontecer é vocês o encontrarem se drogando num beco qualquer.

- Mas e se acontecer alguma coisa, Íris? E se não for só isso? Yuki-kun não usa nada!

- Ok. Então… O pior que vai acontecer é você virar tia. – Íris altera seu pensamento.

- Certo, tentarei ser otimista. Espero que isso seja o pior que vai acontecer mesmo. Mas tenho a sensação de que não é, Íris. Não é isso. É alguma coisa séria. O Yuki nem tem namorada, até onde eu sei.

- Até onde você sabe. Mas você não tem certeza disso, não é?

- Não. Não tenho certeza.

- Já é um começo. O próprio L disse que há uma grande probabilidade de ser isso.

- L disse isso? – Pergunto esperançosa.

- Disse. Você precisa manter a calma e pensar. – Continua minha ex-colega de quarto.

- Eu estou calma. – Respondo, mas minha afirmação não soa convincente nem para mim mesma.

- Não, não está calma. – Agora é o meu irmão quem fala.

- Não. Só me explique como eu fico calma numa situação assim! – Quase grito com ele, e gritaria mesmo se minha voz não estivesse demasiado embargada pelas lágrimas que eu milagrosamente consigo conter.

- Você ficou calma quando os nossos pais morreram! Você cuidou de mim e não nos deixou chorar alto. Você se conteve e se manteve pensando. Não é diferente agora.

- Eu só me mantive daquele jeito para você não se desesperar. Porque se eu chorasse alto você ficaria ainda mais assustado. Agora não tem por quem não me desesperar. – Explico.

- Ok. Nesse caso, Kim, se você chorar e se desesperar eu também vou chorar e me desesperar. Vou fazer um escândalo sem tamanho aqui, entendeu? E todos aqui estão de acordo comigo, então acho que eles farão o mesmo, entendeu? – Não posso conter um risinho com a imagem que me vem à mente.

- Entendi… Mas isso não é algo que vá ajudar muito. Vou tentar me manter calma de qualquer forma.

- Então não importa qual seja a resposta da escola, você me promete que vai continuar pensando?

- Prometo, Ne-Ne.

- E se acontecer alguma coisa, você vai se manter sã como aconteceu naquela noite?

- Vou. Desde que eu pegue quem fez isso.

- O L já disse que vai ajudar a pegar o assassino ou sequestrador, caso haja um. – Isso me alivia muito. L não falha.

- Fico muito contente. Acho que agora eu tenho que desligar. Preciso pensar. – Concluo.

- Ok. Mello está mandando um beijo.

- Para ele também. Beijos, Ne-Ne.

- Ligue se precisar de algum conselho. Ou só por ligar mesmo. Tchau.

Coloco o telefone de volta no gancho. A ligação demorou mais do que eu esperava, mas o resultado dela é claro. Minha mente está mais livre de pensamentos aleatórios agora. Estou mais focada em meus objetivos. Tiro os sapatos e me sento na cama com os pés sobre o colchão, como faço para pensar. Também é um hábito em comum com Near. E L, mas já fazíamos isso desde pequenos e só nos sentamos assim para pensar, ao contrario do detetive e de Beyond. Automaticamente minha mão direita voa para o cabelo e passa a enrolar uma mecha nos dedos.

Onde Yuki pode estar? Para onde Yuki iria? Minha agenda eletrônica! Há meses não a uso, mas todos os dados sobre as pessoas que conheço estão nela. A partir dos dados de Yuki posso tentar descobrir onde ele iria… se foi por vontade própria.

Abro minha mochila e pego o aparelho antes de levá-lo para a escrivaninha e pegar uma folha de papel e uma caneta. Abro no “perfil” de Yuki.

Traço 1- Possessivo. Isso poderia levá-lo a uma briga com uma namorada, mas nada em sua rotina sugere um relacionamento sério. E sua rotina se mantém a mesma desde que vim morar aqui. Acordar, ir para a escola e falar comigo sobre como eu sou solitária no caminho. Sair da escola. Às sextas ele vai para a casa de Raito ou Raito vem para cá. Nesses casos eu o acompanho, por causa de Sayu, de forma que não pode ser uma desculpa par air ver uma namorada secreta. Além disso, Sayu tem uma certa obcessão por Raito e o idolatra – como irmã, claro, não é uma relação incestuosa-, de forma que muitas vezes nós ficamos escutando a conversa de Raito e Yuki e em nenhum momento nenhum deles mencionou um relacionamento. Isso exclui a possibilidade de Yuki ter brigado por uma namorada ou estar com uma.

Yuki é muito ligado à sua rotina e é feliz com ela, de forma que não faria uma mudança muito grande nela em questão de poucas horas, isso exclui a possibilidade de ele ter fugido ou de estar se drogando ou bebendo. Oh, merda! Onde está Yukiteru?

Abraço os joelhos. Minhas esperanças com relação ao retorno de Yuki estão quase no fim. Não posso evitar uma pontada no coração por causa deste fato. Volto ao papel onde estou listando as possibilidades, a essa altura quase todas riscadas.

A única coisa que me tranquiliza, e mesmo assim não muito, é saber que Yuki nunca teve a intenção de fazer nada a si mesmo. Ele sempre gostou da vida, mesmo em momentos tristes. Ainda assim, há tantas possibilidades... Ele pode ter sido sequestrado ou assassinado. Volto a cahear uma mecha de cabelo. A frustração agora é maior do que qualquer outro sentimento que cresce dentro de mim. Maior ainda que o medo. Supera de longe a última gota de esperança que eu adoraria matar. Odeio ter esperanças. Odeio ter esperanças porque, quando a esperança vem, ela é mesmo a última a morrer e, quando se esvai, machuca mais ainda.

Tomoya entra no quarto mais uma vez. Desta vez seguido por uma Kyou que carrega no rosto a espressão mais desesperada que já vi em minha vida. Uma expressão que mostra toda a sua dor, todo o seu medo. O medo de uma mãe que pode ter perdido o filho. Ainda assim, no fundo de seus olhos, vejo um brilho que conheço bem. Um brilho que vejo em meus olhos toda vez que escovo os dentes antes de dormir e torço para, no dia seguinte, estar de novo em casa. O brilho de um fantasma de esperança. Um brilho que reluz ainda mais por causa das lágrimas que escorrem de seu rosto. Um brilho que me impede de dizer o que eu realmente penso. Nas mãos apertadas contra o peito, minha mãe adotiva carrega um telefone. Suspiro longamente antes que qualquer um deles possa falar.

- Ele foi à escola, não foi? – Pergunto e prendo a respiração.

- Foi. – Responde Tomoya. – E não está na casa de nenhum amigo.

- Imaginei. – Preparo-me para dizer à eles o que Beyond falou. Sim, eu acredito mais que ele esteja em maus lençois do que na possibilidade de ele estar fazendo alguma besteira. Então vejo novamente o olhar de Kyou. Para que dizer à ela algo em que nem eu mesma quero acreditar? Então acabo dando outra opinião. – Talvez não devêssemos nos preocupar. Talvez ele apareça aqui ainda hoje. Se Yuki não aparecer até amanhã, então sim poderemos realmente entrar em pânico. Talvez ele esteja em algum lugar para, sei lá, esvaziar um pouco a cabeça. Talvez nem esteja fazendo nada de ruim, só pensando.

- Talvez, Kim. Ainda assim, eu sinto que não é isso. – Diz Kyou com uma voz embargada. – Vá dormir, já é tarde. – Manda ela. Olho para o relógio. 23:00hrs! Nossa, eu passei mesmo muito tempo no telefone.

- De que adianta dormir se eu vou voltar para essa mesma situação assim que eu fechar os olhos? – Resmungo em inglês.

- O quê? – Pergunta Tomoya. Kyou também parece estar desligada demais para entender.

- Nada. Vou só tomar um banho para ver se eu me acalmo um pouco. – Improviso.

- Ok. – Dizem em uníssono antes de sairem do quarto. Entro no banheiro e tiro o uniforme antes de ligar a água quente e quase me atirar sob ela. O calor desfaz os nós dos músculos, mas não os de meu cérebro. Onde está Fujibayashi Yukiteru?

Saio do banho e coloco o pijama antes de sentar na cama novamente. Não há mais nada que eu possa fazer além de ir dormir e torcer para que, amanhã ou ainda hoje, Yuki apareça.

Deito-me e me enrolo no cobertor antes de fechar os olhos. Abraço um travesseiro, fingindo que é meu irmãozinho. Quando eu fui visitá-lo no Wammy’s eu dormia ou no chão ao lado da cama e perto de Mello, ou deitada com ele, usando-o como ursinho de pelúcia. O travesseiro não tem o cheiro de Near, mas ainda assim é bom abraçar alguma coisa para dormir. Assim não me sinto tão longe de casa.

O tempo passa, mas meus olhos se recusam a fechar-se. Simplesmente não querem e não vão. Sempre retornam para a parede oposta a da cama. Para a parede que separa meu quarto do de Yuki.

- Onde está você, Yuki-kun? – Digo em voz alta antes de forçar meus olhos a ficarem fechados. Desta vez eles obedecem e me levam à inconsciência.

*____________________*

No sonho, eu estou na rua. Estou indo para a escola, sozinha. Onde está Yuki? Ele deveria estar comigo. Continuo seguindo para a escola. É o que devo fazer, não é? Não devo me meter no caso.

Então chego ao grande prédio. Mas não é como me lembro. Vejo Sayu, Akira e Yue aqui, mas também estão comigo Matt, Íris, Mello, L, Beyond e…

-         NEAR! – Grito e corro para abraçá-lo.

- Chame-me de Nate agora. Você não está mais no Wammy’s House, não deve me reconhecer pelo codinome, Katherine.

- Nate… Eu vou voltar. Eu juro!

- Acredito em você. Mas você foi embora. Enquanto não voltar não terá seu codinome de volta.

- Obrigada… Nate. – Choro.

- Vá encontrar Yukiteru, Katherine. É o que deve fazer. É o seu caminho que deve seguir. Eu segui o meu.

- Ne-Ne…

- Vá, Kim! – Grita.

- Como?

Então eu estou em outro lugar. É um beco escuro, onde uma enorme sombra alada toma o chão. O que é isso?! Olho para cima, de onde a sombra obviamente vem. O céu, no entanto, está vazio. Sem estrelas. E uma voz ressoa em todo o ambiente. “Não há mais nada que possa fazer. Ele já foi, Kukukukuku. Eu já escrevi o nome dele”.

- O que é você? – Pergunto. “Shinigami”. A voz grave e zombeteira, meio rouca, me responde. Shinigami? Deus da Morte em japonês. “É tarde demais para Fujibayashi Yukiteru”. Diz a voz. E a sombra se afasta, iluminando o beco. E, ali à minha frente, está Yuki. Deitado no chão. O rosto especialmente branco, assim como deve estar todo o resto da pele, oculta pelo uniforme. O tecido pinga sangue. Sangue que se espalha também em uma poça ao redor do corpo de Yuki. Ajoelho-me sobre a poça, ignorando o sangue que suja meus joelhos. É inútil, mas ainda assim sacudo o corpo morto e tento acordá-lo. – YUKI!

*____________________*

-   YUKI!!!!! – Acordo com o som agudo de meu próprio grito. Minha respiração está assustadoramente acelerada, assim como meu coração. Não consigo controlar meu corpo durante algum tempo, mas depois eu finalmente me acalmo, ao mesmo tempo em que Kyou entra no quarto.

-   Kim, o que aconteceu? Você nunca gritou tão alto!

-   Foi só um pesadelo. Com… O Yuki-kun.

-   Sim eu ouvi… O que você viu, Kim?

-   Ele… Morto. Num beco e… E tinha… Sh… Shinigami. – Digo, não mais contendo as lágrimas. As lágrimas foram a única parte de minha dor que não pude conter. Lágrimas por estar aqui. Lágrimas por meus pais. Lágrimas por Yuki. Lágrimas de dor, de tristeza, saudades e medo. Agora, principalmente medo. Kyou me abraça e chora também. Foi o momento mais aberto que já tive desde a morte de meus pais. Ao menos com alguém que não Near, Mello, Íris e, talvez, Matt.

-   Um Shinigami? – Diz quando paramos de chorar.

-   Eu só ouvi a voz dele e vi a sombra. Era uma sombra enorme e alada. Ele disse que era tarde demais para o Yuki e foi embora. Quando ele foi… Eu vi o corpo.

-   O shinigami disse alguma outra coisa? – Por que Kyou está me perguntando isso?

-   S…Sim. Ele disse que… Que já tinha escrito o nome dele, mas não sei o que isso significa. – Soluço.

-   Nem eu. Volte a dormir. Foi só um sonho. – Ela se levanta e deixa o quarto e mais uma pergunta em minha mente.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Dei uma brisada básica, né? AAHHH!!! FICOU UMA MERDA, DESCUULPEM!!!! (Crise histérica).
De qualquer jeito, deixem Reviews!!! Até deixo vocês me apedrejarem. (não de verdade, só pelos reviews, ok?)
Beijos da Ushio.