...O Reborn está ansioso para te ver e te avaliar –essa última palavra me deu um arrepio na espinha, mais alguém iria me avaliar, pelo menos dessa vez não estaria mentindo pra mim como a Hikari-chan fez.

Tsunayoshi-san me conduziu ao andar de cima e abriu a porta... E...caiu no chão.

-Eu não acredito que até agora você não aprendeu a lição, bom-em-nada-Tsuna, você não pode deixar sua guarda baixa assim!

-REBORN!- ele faz uma cara engraçada de susto, que me fez dar uma risadinha inaudível- Mas o que você está fazendo? Eu estou voltando pra casa!

-Nunca deixe sua guarda baixa bom-em-nada-Tsuna –a criança se virou pra mim- você deve ser a filha do nono, certo?

-sim sou eu... Eu acho.

-ótimo, meu nome é Reborn eu sou um hitman* da Vongola vou avaliar você! Sente-se na cadeira, por favor –ele apontou onde eu deveria sentar.

Eu me sentei onde ele apontou, e então fiquei nervosa, aquela criança estava me observando de cima abaixo e eu não entendia o por que.

-Há algo que você goste muito e queira proteger?-ele me perguntou um pouco impaciente.

Olhei séria pra ele e pensei um pouco em minha resposta.

-Na verdade não senhor!-respondi sem muita emoção.

-Nada mesmo? Sua família, seus amigos até a si mesma serve, não tem nada?

-não senhor, minha família está bem, eu não tenho amigos e não me importo comigo agora –respondi tristemente.

-Como assim não tem amigos e a Natsuki-san e a Clara-san?-Tsunayoshi-san se meteu na conversa.

Não respondi por alguns instantes só abaixei a cabeça.

- se a Natsuki-chan fosse mesmo minha amiga ela teria me dito que estava na máfia ou pelo menos teria tentado explicar essa situação antes e a Hikari-chan... a Hikari-chan não foi minha amiga desde o primeiro instante, afinal ela era apenas uma avaliadora -nesse ponto já havia começado a chorar, eu realmente gostava delas, mas elas me enganaram durante muito tempo, não havia por que elas continuarem a ser minhas amigas agora, elas já tinham se livrado do trabalho de me achar. Tsunayoshi-san olhou pra mim sem saber o que dizer.

-Mas e você? Porque você também não liga pra você mesma? –o “bebê” perguntou.

Virei meu olhar pra janela e Tsunayoshi-san a fechou rapidamente, dessa vez eu não havia pensado em fugir, mas eu não queria ter que responder.

- Minha vida... bem, eu acabei de descobrir que toda minha vida foi uma mentira, não importa o que eu faça todas as minhas lembranças... – eu chorava mais ainda- tudo que pra mim era concreto e sólido na minha vida desmoronou e eu... tudo que restou de mim é medo, é como se tivessem me tirado o direito de respirar... Tenho medo de recomeçar, de pedir desculpas, de não ser aceita, de não estar á altura...

-Bem então talvez você deva recomeçar morrendo –o “bebê” apontou a arma pra mim e atirou então eu comecei a pesar:

Está tudo acabado. Eu vou morrer agora, eu queria ter tido tempo pra me desculpar com a Hikari-chan e a Natsuki-chan, talvez eu pudesse tentar entender o lado delas, acho que eu também posso estar sendo muito mimada, mas agora isso tudo...já foi...me senti incrivelmente cheia de energia e apesar de não saber porque gritei REBORN e sai correndo atrás das minhas amigas, mas por um motivo, ainda desconhecido, eu vi o Tsunayoshi-san super corado. Achei engraçado, mas continuei meu caminho totalmente animada, então eu encontrei a Hikari-chan.

-Menina, o quê diabos você está fazendo? –ela perguntou surpresa.

-Hikari-chan... – as palavras me escapavam, eu não conseguia segurar elas dentro da boca, não me controlava nem um pouco- você esteve mesmo fingindo ser minha amiga todo esse tempo?

-claro que NÃO! Eu realmente comecei apenas fingindo, mas eu gosto de você. Muito mesmo! Você e a Natsuki-chan são minhas melhores amigas, mas eu não podia contar, afinal a minha família dependia desse favor para o nono pra ser defendida pela Vongola, nós não somos uma família muito grande por isso precisávamos desse acordo com a Vongola. Me entenda eu gosto muito de você e da Natsuki-chan não quero deixar de ser sua amiga, você me perdoa?

-sim! –queria falar um pouco mais, mas meu corpo se movia sozinho, estava agora atrás da Natsuki-chan.

Natsuki-chan entrou pela porta bem na hora que iria sair então eu falei:

-me perdoa Natsuki-chan eu sei que fui muito infantil!

-Me desculpe você também né Kagura-chan eu deveria ter tentado explicar! –ela me perdoou

Eu sorri e meu corpo deixou de se mover sozinho. Xanxus entrou atrás de Natsuki-chan.

-Nee-chan o quê diabos você esta fazendo vestida assim?-ele perguntou.

-Hm...

olhei pro meu corpo e entendi porque o Tsunayoshi-san havia ficado vermelho, eu estava de calcinha e sutiã na frente de todos, na mesma hora eu fiquei super vermelha e comecei a pensar droga eu ainda estou de roupa de baixo com rendas... começou a me dar vontade de chorar, eu tinha deixado pessoas que nem conhecia direito me verem seminua. Fiquei ainda mais vermelha e pra completar minha desgraça, Tsunayoshi-san saiu rolando as escadas e caiu a minha frente, o que me assustou então eu pulei pra de detrás da Natsuki-chan pra que ele não me visse mais.

-Vim te trazer uma blusa – ele estendeu a blusa de frio pra mim – você pode até não acreditar, mas já fiquei assim varias vezes na frente dos outros, graças ao Reborn – ele riu e me estendeu novamente a blusa de frio ela era laranja e branca e tinha uma caveira- tó.

Eu estendi a mão, ainda atrás da Natsuki-chan, e peguei a blusa me virei para o nii-chan e fiquei de costas para a Natsuki-chan e coloquei a blusa, que ficou um pouco grande, mas estava com um bom comprimento, afinal se fosse qualquer outro menino da minha idade me emprestando uma blusa ela ficaria ENORME, mas Tsunayoshi-san também não era muito alto (apesar de ser mais alto que eu) por isso ficou de um bom tamanho.

-O–obrigada! –eu falei a ele depois de me vestir, ainda com muita vergonha.

-temos que ir Kagura-chan. Voltamos depois! – Natsuki-chan falou.

-certo tchau onii-chan, Natsuki-chan – falei.

Depois de alguns minutos, em que eu e o Tsunayoshi-san trocamos olhares sem falar nada, um homem abriu a porta...

-Voltei Iemitsu! – um homem entrou pela porta, ele tinha barba e cabelos grisalhos, parecia ser uma pessoa bastante gentil- ora Tsunayoshi-kun, você já voltou pra casa? Eu pensei que você tinha ido á Itália a negócios, mas você já voltou?

-Sim eu já trouxe meu “pacote” –ele disse apontando pra mim que imediatamente pensei ele me chamou de PACOTE E fiquei brava.

- Ei eu não sou um PACOTE! Muito menos o SEU pacote! Hupf! –eu disse o interrompendo.

-Olá meu nome é Kagura! –tentei ser simpática, mas acho que não havia dado certo. Depois de me olhar um pouco ele ficou com uma cara séria, me surpreendendo, mas eu não conseguia entender aquele olhar.

Ele praticamente pulou em cima de mim, me deu um abraço e começou a chorar...

-Eu não a-acredito você... –ele apertou o abraço- eu finalmente posso te conhecer... – ele deu uma longa pausa- ...minha filha! –me surpreendi, então aquele era meu pai? Então aquele senhor era um chefe da máfia? Mesmo que eu não entendesse muito bem “como” eu sabia, aquela era a verdade, esse homem era meu pai então, eu comecei a chorar também e respondi ao abraço que o homem me dava.- não acredito que finalmente eu posso te ver! Ah, querida isso é tão bom você era tão pequena quando te vi pela última vez, você cabia na minha mão! Olhe pra você agora, esta tão grande!

-nem tanto, mas tudo bem – brinquei, sem saber o que dizer.

-Mas porque, exatamente, você esta vestida com a jaqueta de frio do Tsunayoshi-kun?... –ele deu uma pequena pausa e antes de podermos esclarecer os fatos continuou- Tsunayoshi-kun, não me diga que com “meu pacote” você queria dizer que vocês...

-Não! – nós dois falamos em coro.

-Eu não faria isso nono! – Tsunayoshi-san falou.

-Mas porque não? Me deixaria feliz se você fosse o namorado da minha filha –eu corei violentamente- além disso eu entenderia, ela é muito bonita e vocês dois formariam um belo par!

-O QUÊ? –eu gritei meio sem motivo, mas eu simplesmente não sabia o que fazer.

- Porque, isso não passou pela sua mente, criança? –ele perguntou ao Tsunayoshi-san, mas nos fez corar- ou você vai me dizer que não achou minha filha bonita Tsunayoshi-kun... –o meu pai falou praticamente fazendo biquinho.

-S-sim ela é bonita, mas...

-Parem de me ignorar, eu também estou aqui! –eu disse o interrompendo. Ele me olhou com uma cara de “obrigado mesmo” e eu ri daquilo, era engraçado apesar de tudo.